Autoria: Alanderson de Freitas Marron
Naturalmente: Uma vaca poderá dar à luz um clone de uma espécie ameaçada!
Se tudo correr bem, poderá nascer o primeiro animal de uma espécie ameaçada a partir de um animal doméstico usando a tecnologia da clonagem. Noah, um futuro exemplar de uma espécie ameaçada de búfalo selvagem, deverá nascer em Novembro.
É uma notícia sensacional: uma vaca está a preparar-se para dar à luz um clone de uma espécie ameaçada de búfalo selvagem nativo da Ásia. Cientistas americanos afirmam que a gravidez decorre normalmente, sem quaisquer problemas daí que, se tudo correr bem até ao fim desta experiência, poderá nascer o primeiro animal ameaçado usando a tecnologia da clonagem e utilizando uma animal doméstico como “incubadora”. Este búfalo asiático, já baptizado de Noah, deverá nascer em Novembro.
Esta espécie de búfalo selvagem é rara na Índia, Indonésia e Sudeste da Ásia, tendo sido intensamente caçada durante gerações. Mais recentemente os seus habitats de floresta, matas de bambus e pastagens têm diminuído ao ponto de só restarem 36000 exemplares no estado selvagem. Entretanto, o Livro Vermelho elaborado pela World Conservation Union–IUCN listou esta espécie como ameaçada, e o comércio deste animais, ou dos produtos que poderão ser obtidos através deles, foi proibido pela CITES (Convention on International Trade in Endangered Species).
Assim, se esta experiência for bem sucedida, ficará aberto o caminho para a conservação e preservação de outras espécies em vias de extinção Noah será o primeiro de uma lista de outras espécies ameaçadas que estes investigadores tentarão clonar tais como uma espécie de antílope africano, o tigre da Sumatra e o panda gigante.
Esta técnica de clonagem poderá também recuperar espécies ou sub-espécies já extintas! Talvez o caso mais promissor seja o de uma sub-espécie da cabra montês, a Capra pyrenaica pyrenaica, nativa da Península Ibérica. O último exemplar morreu este ano, mas cientistas espanhóis conseguiram preservar algumas células do animal.
Avanços na técnica da clonagem oferecem a possibilidade de preservar e propagar espécies ameaçadas que têm francas dificuldade em se reproduzir em cativeiro, enquanto se tenta fazer um esforço para a recuperação dos seus habitats, de modo a poderem ser novamente reintroduzidas na natureza. Pode ser, por exemplo, uma técnica a empregar no caso do lince-ibérico.
Outra potencialidade da clonagem é a possibilidade de introdução de novos genes novamente na pool genética das espécies que apresentam um número já muito limitado de exemplares. Ou seja, ao clonarem animais cujas células tenham sido preservadas, os cientistas estão a recuperar os seus genes individuais, enriquecendo a diversidade genética das populações ameaçadas destas espécies. As estatísticas da eficiência desta técnica, reflectem o facto de ainda existirem grandes dificuldades para que o resultado final se traduza num sucesso. Por consequência, as primeiras espécies ameaçadas a serem clonadas serão aquelas das quais se têm já bastantes conhecimentos relativos à sua reprodução.
A clonagem de espécies ameaçadas é bastante controversa, embora na opinião destes investigadores americanos, cujo trabalho foi publicado no último número da conceituada revista americana, Scientific American, esta técnica possa contribuir para os planos de gestão de espécies que se encontram presentemente em vias de extinção.
No entanto, têm surgido críticas muito duras reforçando o facto de o principal problema da conservação e restauração de espécies em vias de extinção ser basicamente a preservação e recuperação dos seus habitats.