A Cólera é uma doença infecciosa exótica caracterizada no Homem por uma gastrenterite aguda que atinge particularmente o intestino delgado. Predomina endemicamente nos países do Médio e Extremo Oriente. A doença é provocada pelo vibrião colérico, um bacilo que, pela sua capacidade antigénica, pode ser dividido em três tipos (Inaba, Ogawa, Hikojma).
A miséria, os aglomerados populacionais, a promiscuidade , o baixo nível de higiene sanitária, as guerras, as carestias, as calamidades, são todos factores predisponentes para o aparecimento da cólera.
A doença propaga-se por contágio. A transmissão pode ser feita através das fezes, ou pela introdução de dedos infectados na boca, ou ingerindo alimentos e bebidas contaminados, ou ainda por intermédio de moscas, que podem ser vectores que transportam o vibrião de fezes contaminadas para os alimentos ou para a boca.
As primeiras manifestações da cólera começam poucas horas depois da infecção (12 a 48 horas), com diarreia súbita, aquosa, sem dor, que nos dias seguintes pode atingir os 6 a 7 litros por dia. Nas fezes aparecem numerosos flocos brancos mucosos que têm o aspecto de grãos de arroz compostos por proteínas que testemunham o comprometimento epitelial.
A doença completa o seu curso em 2 a 7 dias, consoante a gravidade, condicionada pelo choque hipovolémico, acidose descompensada e anemia; a morte do doente acontece com frequência se não se intervém adequadamente com uma terapêutica correcta e meticulosa.
O diagnóstico é bastante fácil nas zonas epidémicas, enquanto nos casos isolados tem de ser valorizado pela cultura das fezes. A terapêutica adequada visa restabelecer as perdas intestinais por via endovenosa, re-hidratando inicialmente e mantendo a hidratação com soluções salinas e lactato de sódio. Além disso, é necessário o uso de antibióticos.