As redes sem fio surgiram inicialmente como complemento às redes utilizando cabeamento convencional, possibilitando dessa maneira um maior alcance para as redes locais, através das chamadas Wireless Local Area Networks (W-LAN’s). Atualmente o que vemos é a competição entre as redes sem fio e as redes cabeadas nas aplicações em redes locais (LAN’s), nas redes metropolitanas (MAN’s) e mesmo nas redes de cobertura nacional (WAN’s).
Um outro fato que podemos observar é que as tecnologias de redes wireless atuais apontam para um objetivo comum: a implantação de inúmeras redes de comunicação, tantas quanto forem necessárias, para criar uma rede de âmbito mundial e proporcionar a inclusão total das pessoas, em todos os lugares, no ciberespaço (a tão falada inclusão digital). Essa tendência é apontada por diversos pesquisadores que prevêem ainda que, em um futuro bem próximo, onde quer que um indivíduo esteja, ele estará coberto por uma rede, seja ela individual, doméstica ou coletiva, com acesso à Internet vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
Faz parte dessa idéia de uma rede com cobertura em todos os lugares, uma espécie de trilogia tecnológica iniciada há alguns anos atrás com o desenvolvimento dos padrões wireless. Iniciada com o padrão Bluetooth, desenvolvido inicialmente para uso em redes individuais, seguiram-se nessa trilogia o padrão Wi-Fi, para uso em redes coletivas e, mais recentemente, o padrão UWB (Ultra Wide Band – ou banda ultra-rápida), para utilização nas redes domésticas emergentes.
O padrão Bluetooth visa principalmente facilitar as transmissões de voz e dados em tempo real, assegurar proteção contra interferência e a segurança dos dados transmitidos, além de permitir a interoperabilidade dos dispositivos de rede de forma automática, sem a interferência do usuário. É uma especificação aberta (royalty-free) que estabelece um padrão para comunicação sem fio ad hoc, de curto alcance (até 100 metros) e de baixo custo, estabelecido através de um enlace de rádio na freqüência de 2.4 GHz, que não necessita licença e com velocidade que pode chegar a 721 Kbps. O padrão baseia-se em um chipset conhecido pelo mesmo nome e que se encarrega de estabelecer a conexão com dispositivos que possuam a mesma tecnologia, por exemplo, computadores, impressoras, scanners, PDA’s, telefones celulares, etc, de uma forma simples e segura.
O segundo elemento dessa trilogia é o padrão Wi-Fi, abreviatura para Wireless Fidelity (fidelidade sem fios), utilizado para descrever os produtos que respeitam o conjunto de normas 802.11 criado pelo IEEE. As normas mais conhecidas são a 802.11b, para dispositivos que operam na banda de 2,4GHz (a mesma freqüência usada em microondas e no telefone sem fios), que permite transferir dados com taxas de 11Mbps e o padrão 802.11a, para dispositivos que operam na banda de 5GHz, que permite transferir dados com taxas até 54Mbps. Um padrão mais recente, o 802.11g, é compatível com o 802.11b (trabalha também na banda de 2,4GHz) e com o padrão 802.11a, (pode transferir dados até 54Mbps). Esta tecnologia tem um alcance de cerca de 1 quilômetro.
Devido a ocupação quase total do espectro de bandas de freqüências até 3GHz, o mercado de redes sem fio se voltou recentemente para a UWB – UltraWideBand (banda ultra-larga), o terceiro elemento dessa trilogia.
O UWB opera na faixa de 3,1GHz a 10,6GHz para aplicação em redes de computadores. Primeiramente desenvolvido para aplicações militares, o padrão de transmissão sem fio UWB utiliza sinais de rádio de baixa energia na forma de pulsos curtos. Com a geração de milhões de pulsos por segundo, o UWB pode transmitir grandes quantidades de dados por segundo. Por essa característica, suporta melhor as aplicações de banda larga como, por exemplo, streaming de vídeo. Comparado às demais tecnologias wireless, o UWB pode transmitir dados a mais de 100Mbps, enquanto a máxima velocidade da tecnologia 802.11 é de 11Mbps por segundo ou 1Mbps para o Bluetooth. As aplicações para o UWB incluem as redes locais sem fio, redes multimídia domésticas, comunicação direta entre aparelhos móveis, radares e sensores de proximidade.
A questão que se coloca atualmente é que o padrão UWB uma vez no mercado de redes de computadores vai competir no segmento dominado pelas redes sem fio baseadas no Bluetooth (utilizado em redes locais de curto alcance conhecidas como PAN’s) e com o padrão 802.11 (mais utilizado em redes locais LAN’s). Aguarda-se que essa “competição” represente um novo impulso para uma nova evolução nos padrões de redes sem fio em direção a tecnologias ainda mais eficientes em termos de velocidade de transmissão e segurança para a informação.
A realidade é que, independente da tecnologia, as redes wireless atuais possibilitam soluções viáveis para os projetos de redes onde a utilização de cabeamento convencional não é possível ou economicamente inviável, oferecendo uma melhor relação custo/benefício. Embora ainda permaneçam algumas dúvidas e discussões sobre a confiabilidade e a eficiência das redes sem fio no que diz respeito à segurança na transmissão da informação, as redes wireless atuais oferecem um gerenciamento mais fácil, simplicidade na instalação e configuração quando comparadas às redes estruturadas. Somado a esse fato, a grande maioria das tecnologias de redes wireless permite plena conectividade e atende aos padrões e normas dos organismos internacionais.