1.INTRODUÇÃO
Comportamento animal é o modo de atuação dos diferentes tipos de animais, tema que fascinou os pensadores desde os tempos de Platão e Aristóteles. É particularmente enigmática a habilidade de algumas criaturas simples para desenvolver tarefas complexas: tecer uma teia (aranha), construir um ninho ou cantar (pássaro), encontrar abrigo ou conseguir comida; tudo isso no momento certo e com escassa ou nenhuma aprendizagem prévia. Tais comportamentos foram estudados partindo de duas perspectivas diferentes, opostas em suas afirmativas: enfoque comportamental (aprendizagem) e o enfoque etológico (que subtrai o papel da herança).
2.O ADQUIRIDO: OS BEHAVIORISTAS
A escola dominante na explicação do comportamento (animal e humano) tem sido o behaviorismo, cujas figuras mais conhecidas foram J.B.Watson e B.F. Skinner. Sustentavam que todo comportamento, incluindo respirar e a circulação do sangue, é aprendido; acreditavam que os animais nascem como uma “página em branco” sobre a qual o acaso e as experiências irão escrevendo suas mensagens. Os behavioristas diferenciavam dois tipos de condicionamento: o clássico de Pavlóv e o operante ou instrumental de Skinner.
3.O INATO: A ETOLOGIA
A etologia, disciplina desenvolvida prioritariamente na Europa, sustenta que o comportamento dos animais é inato (instintivo). Os defensores deste enfoque sustentam que os comportamentos tardios na vida dos animais não são fruto da aprendizagem, mas da maturidade do indivíduo, como acontece, por exemplo, com o vôo das aves. Os três prêmios Nobel fundadores da etologia, Konrad Lorenz, Nikolaas Tinbergen e Karl von Frisch, mostraram quatro mecanismos básicos com os quais a programação genética ajuda diretamente a sobrevivência e adaptação dos animais: os estímulos desencadeantes: os modelos e padrões fixos do comportamento, os impulsos e a aprendizagem programada. Os estímulos desencadeantes permitem aos animais reconhecer objetos e indivíduos importantes para sua sobrevivência quando os encontram pela primeira vez. São usados mais freqüentemente nos comportamentos de comunicação, caça e fuga dos depredadores. A vespa caçadora de abelhas reconhece as produtoras de mel mediante uma série de estímulos desencadeantes, o cheiro da abelha atrai a vespa, a vista de qualquer objeto pequeno e escuro a conduz ao ataque e, finalmente, o cheiro do objeto enquanto a vespa prepara seu ferrão determina se o ataque se completa ou não. Por outro lado, a maioria das espécies animais são solitárias, exceto quando acasalam e procriam. Para evitar confusão, os sinais que identificam o sexo e a espécie do animal são claros e inequívocos. Os padrões fixos de comportamento são uma espécie de circuitos completos capazes de dirigir e sincronizar os movimentos coordenados de músculos diferentes para realizar uma tarefa. A conduta dos gansos é típica: quando vêm um ovo fora do ninho esticam o pescoço até rodeá-lo e, com o bico, suavemente, o devolvem ao ninho. O ovo é o estímulo desencadeante que provoca uma resposta. O terceiro conceito geral da etologia é o impulso ou motivação. Os animais sabem até onde emigrar, quando fazer a corte e quando alimentar sua cria. Estas habilidades são unidades de comportamento que se ativam ou desativam no momento apropriado. A quarta contribuição é o conceito de aprendizagem pré-programado. Os etólogos mostram como muitos organismos animais estão concebidos para aprender habilidades concretas de forma específica em determinados momentos de suas vidas. Um exemplo famoso são os filhotes de certas espécies. Os patos, por exemplo, devem seguir os seus pais desde que nascem para sobreviver. Cada cria destas espécies deve aprender rapidamente a distinguir seus progenitores dos demais adultos. Um estímulo acústico dirige a resposta de seguimento. Este tipo de comportamento tem quatro características básicas que a diferenciam da aprendizagem normal: primeiro, um período de tempo crítico onde a aprendizagem terá lugar; segundo, um contexto específico definido pela presença de um estímulo desencadeante; terceiro, uma restrição na aprendizagem para que o animal recorde só uma qualidade estimular específica, como o cheiro, e o quarto, não é necessário nenhum tipo de prêmio ou recompensa (esforço positivo) para que o animal se lembre do que aprendeu.
4.MODELOS DE COMPORTAMENTO COMPLEXO
A evolução tem gerado uma série quase interminável de comportamentos assombrosos aos quais os animais parecem estar perfeitamente adaptados. Exemplos deste fato são os sistemas de navegação, comunicação e organização social das abelhas: elas servem-se do sol como referência de navegação e mostram excelente capacidade comunicativa na execução de danças para indicar onde está o alimento.
5.A QUESTÃO DO ALTRUÍSMO
Um aspecto fascinante de algumas sociedades animais é o tipo de comportamento altruísta que apresentam: a seleção natural favorece uma conduta de ajuda mútua. Por exemplo, os leões machos se unem para derrotar um companheiro de outro bando. As abelhas são ótimo exemplo de altruísmo pelo benefício extra que seu sistema genático lhes confere, os leões machos que se unem para derrotar um companheiro de outra manada, os urogallos e os chimpanzés, são exemplos de como a seleção natural favorece uma conduta de ajuda mútua.