Universidade Estadual do Centro-Oeste
Guarapuava-PR
Um existir sedicioso
Apresentação
O conceito textual que será apresentado nos tópicos aborda um conjunto de concepções e ideologias que compõe a corrente filosófica, que, se manifestou após a Primeira Grande guerra, o existencialismo.
Inspirado em obras de filósofos alemães, como Arthur Schopenhauer e Fiódor Dostoiévski, o conceito existencialista ascende com as obras de Jean-Paul Sartre.
A corrente filosófica que se desenvolveu na Europa, meados do século XX, manifesta reações referentes às formas de existência e experiências vitais do homem. Origina da idéia de que o homem é quem cria sua própria existência, a partir de seus sentimentos, escolhas, ações e desejos. Ou seja, para os existencialistas a consciência não antecede o experimento de vida.
Origens
Podem ser atribuídos ao existencialismo muitos termos para marcar suas origens. Encontramos no contexto, por exemplo, existencialistas ateus e cristãos. Jean-Paul Sartre, portanto, aponta um aspecto em comum entre eles.
Vale ressaltar que, uma característica importante do existencialismo é o uso de termos lingüísticos para expor as teorias dos filósofos. Termos que, por vezes, tornam-se ambíguos e imprecisos. Sendo assim, ao longo de tempos a linguagem atribuída ao existencialismo conquistou espaço além dos pensa-mentos e ampliou seus domínios pela sociedade, destacando-se pelas crônicas, músicas e poesias.
Sartre, porém, critica a ascensão do termo. Pois segundo o filósofo, o uso do termo tornou-se moda e, com isso, os indivíduos passaram a valer-se desse pensamento, sem importar com o verdadeiro significado das palavras e da teoria.
Uma curiosidade é o fato do existencialismo ascender-se após a guerra, já que grandes combates eram, para muitos, a falência de ideais filosóficos. É exatamente nesse contexto que se encaixa a negatividade e o tom pessimista dos filósofos da corrente existencialista.
É nesse cenário de guerra, mais precisamente, após a Segunda Guerra Mundial que o existencialismo é visualizado como um reflexo fiel, a partir do caráter autêntico em relação à situação precária que predominava a sociedade européia da época.
O caráter pessimista transmitido pelas teorias da corrente influenciou significativamente as produções literárias da época. Gerou, ainda, grandes discussões em defesa ou não da fé. Pois segundo o existencialismo a religião não é um instrumento fundamental para a existência do homem.
Independente da existência de Deus o homem é livre para escolher seu caminho e definir suas metas. Segundo a tese dos filósofos é necessário que todo homem reencontre o seu ‘eu’ para, então, assim conseguir convencer de que nada poderá salvá-lo de suas ações. Sendo assim, a religiosidade perde sua valorização.
Destaca-se, ainda, na corrente existencialista o termo má fé, caracterizado pelo fato do individuo evitar se responsabilizar por suas próprias escolhas. Uma idéia que parte em contradição à tese existencialista, já que na teoria o individuo é visualizado pelo conjunto de obras que escolhe por si próprio, afastando-se, assim, da oportunidade de apontar o outro como culpado.
Jean-Paul Sartre
Escritor e dramaturgo, possui um histórico vasto entre teatro, novelas, romances, artigos filosóficos, entre outros. O foco central defendido por Jean Sartre é a intenção pela existência. Para isso, o filósofo afirma teses de que toda ação ou pensamento realizado por um indivíduo está voltado à consciência intencional.
Sartre constata em suas teorias, que a consciência é composta por objetos e que, ausente de tais objetos a consciência não tem valor significativo. É necessário obter os objetos para que estes fundamentem a própria consciência.
O filósofo era adepto da idéia de que cada indivíduo necessita encontrar uma verdade para si, afirmando o direito ao livre arbítrio, ausente das regras e padrões universais. Valorizando, com isso, a liberdade de escolha e dando asas às decisões que vão delinear a historia de um determinado indivíduo.
Sartre defende a idéia de que se Deus realmente existisse, não haveria tanto cenário de sofrimento entre os grupos sociais. Portanto, aderente à liberdade do ser humano, Sartre não acreditava em Deus.
A pretensão do filósofo em relação à religiosidade é que a existência de Deus não é o ponto fundamental, mas sim que o individuo compreenda que nada poderá livrá-lo de suas decisões e seus próprios atos, independente de religiosidade ou crença em Deus.
Críticas
Vale considerar ainda, que a corrente, que defende o homem como um ser ainda em desenvolvimento, ou seja, um projeto, e aponta o outro como condição essencial para a existência, é criticada pelos pensamentos marxistas. As idéias que dão ênfase às acusações apontadas ao existencialismo envolvem afastar o individuo da clareza que submerge o conceito da vida e, ainda, de dar sustento ao desprezo humano.
O existencialismo recebe críticas também das influencias do cristianismo, já que segundo o conceito existencial, se não há a presença de Deus entre os indivíduos, não existe a possibilidade de condenar uns aos outros.
Outro aspecto é o fato de o existencialismo visualizar a vida humana como um segmento repleto de sofrimentos e lutas. Com o ideal de que o individuo precisa tomar suas próprias decisões, a liberdade pessoal acaba, muitas vezes, se tornando um tormento de culpas e angústias para determinados indivíduos.
Considerações finais
Segundo as teorias e ideologia dos autores da corrente existencialista, pode-se afirmar que a identidade e imagem de um indivíduo são construídas baseadas no conjunto de obras que ele próprio consumou.
Para os existencialistas a posição conformista diante das decisões é inadmissível, sendo assim, prezam pela responsabilidade e constância das escolhas de vida de um determinado indivíduo.
A moral existencialista não acredita que há votos de confiança no ser humano, já que ele é regido pelos seus próprios atos, pensando e realizando suas próprias emoções.
A corrente aborda, também, a dúvida em relação à existência de Deus. Vale ressaltar, porém, que mais forte que a dúvida, o que rege a sociedade em direção a crença é a fé e a necessidade de apoio em algo que, julga-se, não deixará o ser humano sozinho. Independente de ser algo abstrato ou objeto concreto.
Alguns conceitos da filosofia existencialista são evidentes, ao passo que outros são questionáveis. Como exemplo a relação do livre arbítrio e a religião. Não há duvidas de que o homem necessita responsabilizar-se por suas próprias ações, mas nem por isso, precisa desacreditar dos conceitos religiosos. Afinal, se o livre arbítrio existe, pode ser um bem concedido por Deus, a fim de manter o respeito e uma boa relação social entre os indivíduos. Portanto, se padecemos, é porque escolhemos padecer e não porque somos castigados por considerações religiosas.