Introdução
Na actualidade, existem inúmeros estudos sobre como validar escalas de medidas e testes psicométricos de acordo com as diferenças culturais de cada população. Para se validar um teste psicométrico, este deverá passar por diversas provas, onde será medido o nível de confiança e validade do mesmo (Viana & madruga, 2008).
As adaptações de testes psicométricos em países cuja língua e cultura sejam diferentes daquele onde o teste foi criado, passam por um longo processo que envolve não somente a tradução de dito teste, como também a avaliação das suas propriedades psicométricas depois do teste ter sido traduzido (Viana & madruga, 2008).
O processo adequado de tradução, adaptação cultural e validação de um teste psicométrico é o tema desse artigo.
Enquadramento Teórico
De acordo com Pasquali (2001), “ um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas.” Portanto, o teste psicométrico é indispensável para medição padronizada e objectiva de um dado comportamento. Este teste é aplicado através de escalas de medição que indicam que, em determinadas escolhas de um indivíduo estão caracterizados certos tipos de comportamento.
De acordo com Anastasi & Ubina (2000), adaptações substanciais de testes existentes, podem ser desenvolvidos dentro de cada cultura, validados em comparação com critérios locais e usados apenas dentro da cultura apropriada. Nesses casos, os testes são validados em comparação com critérios educacionais e vocacionais específicos que eles pretendem medir, o desempenho é avaliado em termos das normas locais. Cada teste é aplicado apenas na cultura em que foi desenvolvido, e não se tenta nenhuma comparação transcultural.
Ainda de acordo com as autoras os testes mais utilizados foram construídos nos Estados Unidos e Europa, assim sendo, países menos desenvolvidos ou, países que tenham interesse em utilizar ditos testes psicométricos ou questionários psicológicos, deverão adoptar critérios de validação específicos à sua cultura (Anastasi & Ubina, 2000).
Existem diferentes métodos para a realização da adaptação cultural de testes psicométricos, métodos estes que devem contemplar: Validade, precisão e padronização de procedimentos (Pasquali,2001). Ainda na questão de fidedignidade e padronização dos testes psicométricos, na APA existe um capítulo somente dedicado a padronização de testes psicológicos e educacionais, que tem como objectivo estabelecer critérios para avaliação de testes.
De acordo com as pesquisas efectuadas os principais critérios de validação são de um teste psicométrico são:
Tradução Inicial: Duas traduções devem ser realizadas por tradutores independentes, um que conheça a temática da escala e outro que não conheça. Eles não devem trocar informações entre si. Os tradutores devem ser nascidos no país aonde a escala estará sendo validada e ter domínio do idioma nativo e do original da escala (Viana & madruga, 2008).
Síntese das duas traduções: Trabalhando com o instrumento original e com as duas traduções, uma terceira pessoa deve compor uma versão final (síntese) das duas traduções. Um relatório detalhado deve ser feito neste momento, descrevendo todas as discrepâncias ocorridas e como foram resolvidas (Viana & madruga, 2008).
Retro-tradução: Neste estágio trabalha-se com a versão sintetizada das traduções. Os (retro) tradutores dessa fase devem ser nascidos e alfabetizados em país de língua igual à da escala a ser adaptada tendo domínio lingüístico e cultural do idioma original e dominarem a língua para qual o instrumento está sendo adaptado (Viana & madruga, 2008).
Revisão do comitê de especialistas: O comitê deverá ser formado por especialistas bilingues e deve conter no mínimo: um metodologista; um profissional de saúde; um linguista; todos os tradutores (versão e retroversão) e o pesquisador que fez a síntese. Todos os membros do comitê deverão receber todas as versões da escala a ser adaptada. Deverão receber também as instruções de aplicação da escala, bem como calcular os escores. Neste estágio os juízes deverão avaliar as equivalências semântica e idiomática, que corresponde ao significado das palavras e ao uso de expressões nos respectivos idiomas (Viana & madruga, 2008).
Teste da versão Pré-Final da escala: Segundo Viana & madruga, 2008, deve ser aplicado, entre 30 e 40 pessoas do grupo alvo. Primeiramente os sujeitos respondem o questionário e depois são entrevistados para verificar se eles entenderam o significado das questões e responderam adequadamente. Após a aplicação do pré-teste se faz uma avaliação qualitativa da escala. Caso haja muitas dúvidas por parte dos respondentes pode-se voltar ao comitê de especialistas para possíveis alterações nas questões.
Portanto, respeitando os parâmetros normativos que podem ser diferentes em cada cultura e tomando em atenção para que não se modifiquem o significado dos conceitos, pode-se então adaptar/construir e validar testes psicométricos à cultura portuguesa com maior fiabilidade e fidedignidade (Gonçalves, Simões, Almeida & Machado, 2003).
Devido a indisponibilidade de tempo, não foi possível um estudo mais abrangente e aprofundado de todos as pontos que são importantes numa construção adaptação e validação de testes psicométricos, seria interessante empreender um estudo mais abrangente com exploração de tema mais detalhadamente no futuro.
Referências Bibliográficas
Gonçalves,M. M., Simões,M.R., Almeida, L.S. & Machado, C.(2003). Avaliação Psicológica: Instrumentos Validados para População Portuguesa. Coimbra: Quarteto ed. P 8.
Pasquali, L. (2001). Técnicas de exame psicológico: Fundamentos das Técnicas psicológicas. São Paulo: Casa do Psicólogo. P.18.
Viana,H.B. & Madruga, V.A. (2008). Diretrizes para adaptação cultural de escalas psicométricas. . |Electronic version|. Revista Digital: Buenos Aires, Ano 12, N° 116. Retrieved, 05 de Março, 2010 from http://www.efdeportes.com/efd116/adaptacao-cultural-de-escalas-psicometricas.htm