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domingo, dezembro 22, 2024

CRÍTICA DO FILME: A VILA

Universidade Federal do Maranhão.

Crítica do filme: A Vila

A construção da realidade.

O filme “A vila” trás em seu enredo pontos pertinentes e interessantes que se refere à sociedade e seu campo relacional. Entretanto é inevitável não focalizarmos o sujeito enquanto seu discurso e prática.
As sociedades se organizam a princípio por interesses comuns, passando a congregar culturas e também hábitos. O indivíduo enquanto agente dessa sociedade constrói seu próprio espaço, seus discursos, compondo noções de conceitos e verdades.
O interesse da organização de uma vila na Floresta Covington gira em torno da fuga da realidade. Penso que não há como fugir desta, apenas recriá-la, por isso que ainda se mantém instituições, leis e culturas da realidade antes habitada, existente.
Se o que une os indivíduos é o interesse o que as mantém unidas é o discurso, que possibilita a manipulação de conceitos e direciona as práticas.
Definida a partir do discurso, e não por um método experimental, a verdade adquire um caráter de falseamento.
O discurso promove uma limitação do sujeito em sua prática. Ele não se questiona, mas sim ao outro que é pensado enquanto errado, mal. As caracterizações derivam da significação atribuída aos símbolos que ajudam a compor a noção de medo, morte, amor… Entretanto o signo tem maior destaque, se atribuem a cor vermelha como ruim é como se a idéia se sobrepusesse ao objeto, pois a associação da forma (significante) e a idéia (significado) tivesse como conseqüência a simbologia, neste caso, que a cor vermelha deve ser temida.
Quanto aos personagens, o diretor faz algumas ressalvas interessantes como à ação do Cego (a protagonista Yve) e o Louco (Nolah) a princípio nenhuma relação seria notada. Mas quando colocamos em pauta a realidade observo certa dualidade aonde: O cego percebe a realidade, mas não a vê. Enquanto o louco compreende a realidade, mas prefere não vê-la.
A noção de louco vai além quando estabelecemos uma noção dicotômica com a normalidade. Pois se os indivíduos “fugiram” do lugar que integravam e, daqueles tidos como normais, como então serão caracterizados? Penso que a normalidade, enquanto conceito é fruto daquele que discursa e assim o impõe como tal e qual.
O caso de Nolah torna-se mais complexo, se pensarmos que ele não era louco, mas foi levado à loucura. Pois caracterizado como um dos poucos com coragem de ultrapassar as fronteiras da floresta passou a ser inserido na sociedade normal, como um ser anormal, ou seja, aquele que quebra as regras contesta os limites e não é visto como um criminoso, apenas distinto, diferente.
Penso que o filme trás uma discussão que muitas vezes esquecemos, ou seja, a realidade se constrói de subjetivismo e de forma relativa. Os argumentos promovem discursos conceituais e cabe a nós selecioná-los, congregando-os em nossa normalidade imaginária para que na prática a sociedade organize seus signos modelando sua cultura, hábitos e regras.

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