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terça-feira, novembro 19, 2024

DERRAME – ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

O termo Acidente Vascular Cerebral, também conhecido como ‘derrame’, significa o comprometimento súbito da função cerebral por inúmeras alterações histopatológicas que envolvem um ou vários vasos sanguíneos intracranianos ou extra cranianos.
O grande problema em relação ao derrame não se encontra apenas na mortalidade, mas também na incapacitação que impõe ao indivíduo, como não se alimentar ou locomover sozinho, além do problema social.
A incidência americana está estabilizada em torno de 0,5 a 1,0 caso para cada 1.000 habitantes. Em alguns países da Europa e no Japão, esta incidência chega a 3 para cada 1.000, por motivos que não se pode explicar até o momento. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que 87.338 indivíduos morreram de comprometimento vascular cerebral (a maioria AVC) em 2002, enquanto o infarto provocou 61.477 mortes.
É a terceira principal causa de morte entre as patologias clínicas e a mais freqüente causa de mortalidade entre as doenças neurológicas após a Síndrome de Alzheimer. Estes índices são maiores entre os negros e proporcionais em relação ao sexo (mais freqüentes nos homens, porém mais mortal para as mulheres).
Estaremos vendo mais detalhadamente as causas e o tratamento para esta patologia, bem como o papel do profissional de fisioterapia no decorrer do trabalho.

1 DA PATOLOGIA

Os Acidentes Vasculares Cerebrais podem ser isquêmicos ou hemorrágicos. Aqueles acontecem devido ao acúmulo de placas de gordura, que dificultam a passagem de sangue, ou ao deslocamento de um coágulo que obstrui uma das artérias cerebrais. Isso faz com que o fluxo sanguíneo cerebral diminua, causando a morte das células.
O segundo ocorre quando há rompimento de um vaso sanguíneo, provocando sangramento no cérebro. Esta acumulação de líquido poderá afetar outras estruturas, comprometendo suas funções.

1.1 Como se previne

É importante ficar sempre atento aos fatores de risco e tentar controlá-los. Eles são: hipertensão arterial, uso de anticonceptivos orais, diabetes, hiperlipidémia (gorduras no sangue), tabagismo e alcoolismo. Quanto a este último fator, interessante seria que se evitasse qualquer bebida alcoólica, que podem causar o AVC hemorrágico. Apenas o vinho tinto é fator de risco ao isquêmico.
A idade também é importante. Nos indivíduos acima de 75 anos o número de casos de derrame chega a 30 para cada 1.000 habitantes. Exercícios físicos e uma dieta saudável, à base de cálcio e potássio, são elementos recomendados pelos médicos.

1.2 O tratamento
Profissionais afirmam que é importante para a reabilitação do paciente com derrame que o mesmo receba atendimento em, no máximo, 3 horas após o início do “acidente”. Para isso, deve-se ficar atento aos sintomas, que, em geral são: fraqueza, convulsões, perda sensitiva, alteração da fala e da visão. Nas palavras do Dr. Eli Evaristo:
“(…) às vezes, a pessoa apresenta sintomas transitórios aos quais não é dada a devida atenção. Por exemplo, o braço ficou adormecido por cinco ou dez minutos, depois voltou ao normal e nenhuma providência foi tomada porque o sintoma desapareceu”. (EVARISTO, Eli, 2004. Fonte: www.drauziovarella.com.br/entrevistas).

Isto é um erro, pois a recuperação do paciente depende muito da rapidez com que ele é atendido.
No hospital, devem-se fazer os exames necessários para diferenciar o AVC hemorrágico do isquêmico e, assim, aplicar o devido tratamento a cada um deles. Segundo um dos neurologistas do Hospital São Luiz de São Paulo, Dr. Luiz Manreza, a tomografia fará esta diferenciação e a ressonância poderá dar uma imagem melhor da lesão.
Os problemas que aparecem depois de um derrame dependem do tamanho e do lugar do cérebro que foi lesado. No início, ocorre uma fase de flacidez, isto é, os músculos ficam moles e sem movimento. Esta fase pode durar dias ou meses. Às vezes a perda da sensibilidade é tão grande que o doente não reconhece esta parte do corpo, esquecendo que possui mais um braço ou mais uma perna.
Passando essa fase, os músculos ficam mais duros. Esse aumento na tensão dos músculos chama-se espasticidade. Geralmente ela deixa o braço encolhido, encostado no peito, com a mão fechada. A perna fica encostada e com o pé caído. Se a espaticidade não for controlada podem ocorrer atrofias, deformidades no osso e na articulação e perda dos movimentos no braço, perna e tronco.
Devido à dificuldade de equilíbrio, o doente pode cair facilmente, com possível fratura. Muitos pacientes reclamam de dor no ombro. Essa dor é devido à paralisia que deixa o ombro deslocado com inflamações nessa articulação.
O doente pode ter crises de choro freqüentes, devido à lesão ou à depressão ao ver-se enfermo. Outro sintoma que pode estar presente é a perda da capacidade de falar, necessitando de tratamento fonoaudiólogo.
A recuperação dos movimentos após o derrame pode durar meses ou anos, podendo deixar seqüelas eternas. A fisioterapia, neste caso, visa diminuir e controlar a espasticidade, manter o movimento nas articulações e estimular os músculos paralisados, para melhoras no equilíbrio, nos movimentos e a maior independência dos pacientes.
O tratamento é feito através dos exercícios físicos, realizados pelo fisioterapeuta, sempre procurando deixar o paciente realizar sozinho o que ele consegue. O fisioterapeuta controla e estimula os movimentos, corrigindo posições erradas. O tratamento é modificado de acordo com a melhora do paciente, por isso a importância do acompanhamento com o fisioterapeuta que analisa, modifica e inclui outros exercícios no tempo certo.
“O paciente com derrame deve ter muita paciência, pois o tratamento é longo e os resultados são pouco evidentes em curto prazo” (Evaristo, 2004; citado por Drauzio Varella, 2004). A família deve estar consciente disso, a fim de ajudar o doente em casa e não fazer cobranças excessivas, o que poderá deixar o doente ansioso e atrapalhar o tratamento.

CONCLUSÃO

O AVC, acidente vascular cerebral, é uma das maiores preocupações dos profissionais da área da saúde atualmente. A cada ano que passa cresce o número de casos de derrame, como também é conhecido.
De acordo como grau do AVC, ele pode apagar uma parte da rede de neurônios (células que transmitem informações) e gerar sérias seqüelas motoras e de raciocínio, entre outras, fazendo com que algumas pessoas fiquem totalmente dependentes de terceiros, sem condições, às vezes, de sair da cama.
A fisioterapia é importantíssima na reabilitação completa do paciente. Ainda que ele venha a parar com este tratamento, deve realizar exercícios diários, a fim de não regredir, perdendo as capacidades que adquiriu. Sempre que necessário deve buscar ajuda com profissionais competentes e resolver seus problemas e dúvidas. Muitos pacientes, ainda que não tenham recuperado suas funções como antes do AVC, podem ter uma vida normal, até trabalhar, desde que se façam algumas adaptações tornando melhor a sua qualidade de vida.

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