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terça-feira, novembro 19, 2024

Dificuldade de Aprendizagem na Leitura e na Escrita

INTRODUÇÃO

O cérebro humano é uma estrutura complexa. Nele encontra-se o córtex cerebral, onde cada região microscópica é responsável por uma função diferente. (O pensamento; a memória, a percepção; a linguagem e habilidade motora). Estas regiões comunicam-se entre si, trocando mensagens e dados mediados por substâncias denominadas neurotransmissores; formando uma rede complementar de informações.

Alguns autores dividem as dificuldades de aprendizagem em primárias e secundárias. As primárias são aquelas cuja causa não pode ser atribuída à elementos psiconeurológicos bem estabelecidos ou esclarecidos. Dentro dessas disfunções, teríamos os transtornos de Leitura, da Matemática, da expressão escrita, bem como os transtornos da linguagem falada.

As dificuldades de aprendizagem consideradas secundárias são aquelas conseqüentes de alterações biológicas específicas e bem estabelecidas. Em relação às alterações neurológicas, teríamos as lesões cerebrais, Paralisia Cerebral, Epilepsia e Deficiência Mental.

Diante da revisão da literatura apresentada acerca do aprender e do não aprender, parece consensual a imperiosa necessidade de se identificar, tratar e/ou prevenir o mais cedo possível as dificuldades de aprendizagem; de preferência ainda na pré-escola. É de suma importância uma avaliação global da criança ou adolescente, considerando as diversas possibilidades de alterações, que resultam nas dificuldades de aprendizagem.

O tratamento deverá ser o mais específico e objetivo possível, já que, todo caso é um caso. Nem toda dificuldade de aprendizagem é causada por lesões cerebrais; ou seja, nem todo distúrbio é perceptível e comprovado, através de exames neurológicos. Os sintomas de algumas síndromes podem estar relacionados com as falhas no processamento das informações necessárias para a aprendizagem do conteúdo estudado.

Enfim, não se deve tratar o não aprender como problemas que nunca poderão ser resolvidos; antes disso, deve-se encarar como desafios que fazem parte do próprio processo de aprendizagem.

Na realidade temos visto, que a família só é mobilizada a procurar ajuda especializada para suas crianças, quando fica evidente ou ameaçado o rendimento escolar e a aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem continuam a ser alvo de uma grande quantidade de alunos com problemas escolares. No entanto, o apoio que estes necessitam ainda hoje é praticamente inexistente e muitas vezes são geradores de graves prejuízos favorecendo cada vez mais para a evasão escolar e conseqüentemente a marginalização social.

O objetivo geral é averiguar na aprendizagem as dificuldades e leitura e escrita na psicopedagogia.

Os objetivos específicos são: explicar o enfoque psicológico da aprendizagem, citar as dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita e caracterizar a atuação do psicopedagogo na dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita.

A escolha do tema em pauta deve-se que a psicopedagogia busca compreender o lado humano nos espaços de aprender, para fazer emergir potencialidades que provoquem a desterritorialização daquilo que está instituído e, ao assim fazer, estruturar outras territorialidades e possibilidades.

Torna-se importante o estudo desse assunto porque devemos entender que a psicopedagogia é um campo de ação prática e de conhecimento teórico voltado para os processos de aprendizagem e às dificuldades que são decorrentes do desenvolvimento humano.

A contribuição do estudo desse tema é de grande valia, para divulgar cada vez mais as teorias e estudos psicopedagógicos, pois a atuação preventiva da psicopedagogia no espaço/tempo da escola, da família e da empresa, pode ser uma alternativa para a identificação antecipada de sujeitos que podem ter algum tipo de dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita.

1 – REVISÃO DA LITERATURA

1.1 Abordagem da psicologia como uma ciência

A moderna psicologia também chamada de psicologia científica, não estuda a alma, não se ocupa do problema de existir ou não uma alma e, entre os psicólogos, como em qualquer grupo humano, encontram-se os que acreditam e os que não acreditam nela (alma), os que professam uma crença religiosa e os que não o fazem (BOCK, 1999).

A psicologia pretende fornecer subsídios para que o homem possa saber lidar consigo e com as experiências da vida. É, pois, a ciência do comportamento, compreendida em seu sentido mais amplo (TELES, 1994).

O estudo da psicologia gira em torno do comportamento e dos processos mentais, investigando, entre outras coisas, as bases fisiológicas do comportamento, o desenvolvimento, a aprendizagem, a percepção, a consciência, os comportamento normal e patológico e seus possíveis tratamentos (TELES, 1990).

Bock (1999) diz que a psicologia do senso comum resulta do hábito à tradição e passa de geração para geração. Em outras palavras, é tudo aquilo que é aprendido no dia-a-dia com nossas experiências, observações e, também, nos diálogos com as pessoas que nos rodeiam.

As mudanças impostas pela evolução da sociedade a partir do século XV, com os descobrimentos e, posteriormente, com a revolução industrial, dentre outras, levam o homem a uma necessidade de adaptação e evolução paralelas às mudanças sofridas (DAVIDOFF, 2000).

Ao se transformar, a sociedade gera conflitos e desejos e constrói novos parâmetros de estudo para resolver seus problemas. Surgem estudiosos, teóricos que aproveitam ou se vale de ensinamentos anteriores, para formar novas opiniões. Estudando os sintomas e os sintomas e as causas, tentam organizar o casos gerado por transformações.

Com a virada do século, surgem as escolas psicológicas com os discípulos de Wundt, que deixaram de acompanhá-lo e espalharam-se pela Europa e, principalmente, pelos Estados Unidos, continuando seus estudos e dando novos enfoques às suas teorias.

A psicologia tem, atualmente, seu campo próprio de estudo. Muito se tem discutido, porém, sem saber sobre qual seria esse campo; ela se preocupa com o homem, diferentemente de qualquer outra ciência. Tem objeto determinado, objetivos claros, sua métodos especiais, embora seu campo de estudo ainda se confunda em suas fronteiras com a fisiologia, por um lado, e com as ciências sociais, por outro, motivo pelo qual é, também considerada uma ciência biossocial.

1.2 Visão de alguns teóricos sobre o desenvolvimento e a aprendizagem

Segundo Oliveira (2005) a compreensão do desenvolvimento humano faz-se necessário em três concepções históricas:

Concepção inatista: destaca a preponderância dos fatores hereditários e o papel da maturação no processo de desenvolvimento humano. Nessa perspectiva, o papel do ambiente é minimizado diante dos padrões inatos de comportamento do ser humano. O ditado popular “filho de peixe, peixinho é” elucida os pressupostos da concepção inatista.

Essa concepção influenciou muitas teorias e práticas pedagógicas dos primeiros jardins, nos quais a criança era considerada como uma semente cujas aptidões seriam desabrochadas mediante os cuidados dos adultos.

A aprendizagem, na visão inatista, estaria relacionada apenas à questão de maturidade do organismo, ou seja, somente pode-se ensinar quando as crianças apresentam maturidade para aprender. Dessa forma, qualquer manifestação de curiosidade sobre determinado assunto pode ser adiada em razão de uma ausência de maturidade.

Concepção ambientalista: Em contrapartida à concepção anterior, temos a concepção ambientalista, na qual o ambiente é fator preponderante para o desenvolvimento humano. Nessa concepção, considera-se que o homem tem ampla capacidade de adaptar-se a diferentes situações de existência, apresentando novos comportamentos desde que sejam dadas condições satisfatórias.

Na perspectiva ambientalista do desenvolvimento, o conhecimento e a aprendizagem são determinados pela estimulação externa. O ambiente assume a responsabilidade de moldar o ser humano, o que significa a passividade e a dependência da criança ao adulto no processo de aprendizagem.

Essa perspectiva influenciou os programas de educação compensatória desenvolvidos na educação infantil no Brasil, nas décadas de 60 e 70 do século passado.

Concepção interacionista: contrapondo as duas visões anteriores sobre o desenvolvimento infantil, temos a concepção interacionista, a qual concebe o desenvolvimento humano resultante de trocas recíprocas, ao longo de toda a vida, entre o indivíduo e o meio, em que ambos influenciam-se e modificam-se.

Segundo Oliveira (2005, p. 126) ao constituir seu meio, atribuindo-lhe a cada momento determinado significado, a criança é por ele constituída; adota formas culturais de ação que transformam sua maneira de expressar-se, pensar, agir e sentir.

Os três métodos mais importantes para se medir a retenção são:

• Evocação: é a lembrança sem a ajuda de pistas, dicas ou lembretes (não vale colar). É a medida menos sensitiva, ou seja, menos concreta, pois o sujeito deve reproduzir apenas a aprendizagem original.
• Reconhecimento: é mais fácil, com maior freqüência medida, mais concreta e de maior retenção que a evocação. O indivíduo reconhece por similaridade outro fato ou situação assimilado.
• Aprendizagem: pode ser medida facilmente pelo método de economia, comparando-se o número original de tentativas ou de tempo despendido necessários para aprender uma tarefa com aqueles requeridos para reaprendê-los.

Piaget (1987) afirma que o conhecimento se constrói na interação do sujeito com o objeto, isto é, objeto da relação interacional com a criança pode ser o próprio corpo, diferentes objetos, as pessoas, os animais, a natureza e os fenômenos do mundo físico em geral; por isso sua teoria ser chamada de construtivismo.

Segundo Piaget(1987) o desenvolvimento se processa por meio de uma seqüência de estágios de um complexo e crescente que engloba o gradual amadurecimento do organismo e a evolução da construção de estruturas ou esquemas de ação.

Por meio da vivência em cada estágio a criança amplia e conquista novas formas de interação com o mundo ao seu redor. O período do nascimento da criança até os sete anos de idade é marcado por dois estágios:

– estágio sensório motor: até dois anos de idade.
– estágio pré-operatório: de dois até sete anos de idade.

O primeiro estágio, sensório motor, apresenta como principal característica a construção de esquemas de ações iniciais resultantes de reflexos e instintos, esquemas esses que formarão a base para outros mais complexos. Ao nascer, a criança apresenta uma inteligência que orienta suas ações, as quais serão modificadas com suas experiências concretas sobre o mundo.

É fundamental que os educadores saibam que nos berçários as crianças não poderão ficar presas nos berços. É preciso que tenham oportunidades para manipular objetos diversificados, escutar histórias, ouvir músicas, enfim, é fundamental que o ambiente promova situações e oportunidades de desenvolvimento das suas habilidades.

Pensar a criança pequena como sujeito sociocultural significa compreender que a construção do conhecimento far-se-á através do encontro com o outro: o adulto, as crianças, os livros, os filmes, a observação do mundo real, etc. Aprende-se a partir do que o grupo já sabe, na tomada de decisões, na convivência diária, nas discussões, na participação dos ritos próprios da cultura, capacidade de utilizar, criativamente, os recursos disponíveis na construção de relações. Apreende-se através de uma multiplicidade de linguagens: brincando, falando, escrevendo, lendo, construindo coisas, explorando o mundo, exprimindo os afetos através do corpo, do desenho, do olhar. Tudo que aprendemos faz parte da nossa cultura e, através dela, damos significado ao nosso mundo particular (GOULART, 2003, p. 54).

Para Vygotsky(1993) aprendizagem é uma condição prévia para o desenvolvimento, pois por meio da aprendizagem na interação com o outro é que a criança poderá avançar em seu desenvolvimento psicológico e nas funções psicológicas superiores.

As autoras Bassedas, Huguet e Sole (1999) ao discutirem o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças na etapa da educação, afirma ser o desenvolvimento:

[…] a formação progressiva das funções propriamente humanas (linguagem, raciocínio, memória, atenção, estima). Trata-se do processo mediante o qual se põe em andamento as potencialidades dos seres humanos. Consideramos que um processo interminável, no qual se produz uma série de saltos qualitativos que levam de um mesmo estado de menos capacidade (mais dependência de outras pessoas, menos possibilidades de respostas, etc) para um de maior capacidade (mais autonomia, mais possibilidades de resolução de problemas de diferentes tipos, mais capacidades de criar, etc).

Para as autoras o conceito de aprendizagem apresenta as seguintes características:

Mediante os processos de aprendizagem, incorporamos novos conhecimentos, valores, habilidades que são próprias da cultura e da sociedade em que vivemos. A aprendizagem que incorporamos faz-nos mudar de condutas, de maneiras de agir, de maneiras de responder, e são produtos da educação que outros indivíduos, da nossa sociedade, planejaram e organizaram (BASSEADAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p. 21).

Conforme Bassedas, Huguet e Solé (1999, p. 31) o desenvolvimento das crianças na faixa etária até seis anos é um processo global; porém, para que possa ser melhor compreendido é possível caracterizá-lo em três grandes áreas do desenvolvimento:

Área motora: inclui tudo aquilo que se relaciona com a capacidade de movimento do corpo humano, tanto de sua globalidade como dos segmentos corporais.

Área cognitiva: aborda as capacidades que permitem compreender o mundo, nas diferentes idades, e de atuar nele, através do uso da linguagem ou mediante resoluções das situações problemáticas que se apresentam. Mesmo assim, é necessário fazer referência às capacidades que a criança dessa idade tem para criar ou comunicar-se através do uso de todos as linguagens.

Área afetiva: engloba os aspectos relacionados com as possibilidades de sentir-se bem consigo mesmo (equilíbrio pessoal), o que permite confrontar-se com situações e pessoas novas (relação interpessoal) e ir estabelecendo relações cada vez mais alheias, distanciadas, bem como atuar no mundo que o rodeia (atuação e inserção social).

A seguir discorre-se o desenvolvimento de cada área citada anteriormente separada somente sob a perspectiva didática, pois o desenvolvimento de cada uma acontece de maneira interligada à outra:

Capacidades motoras: o bebê ao nascer apresenta movimentos involuntários, caracterizados pelos reflexos de sucção, de pressão e movimentos automáticos que serão ampliados para movimentos conscientes e voluntários graças a um sistema nervoso que está em constante maturação.

Bassedas, Huguet e Solé (1999, p. 35) relatam que as experiências que a criança vive em relação com seu corpo dão-lhe a imagem que será um dos aspectos que a ajudarão a delimitar uma determinada maneira de ver-se a si mesma. Se suas experiências ajudarem-na a ter uma percepção positiva de si mesma, ajustada, com possibilidade de superação, como a aceitação dos próprios defeitos, a criança poderá ter uma boa auto-imagem e uma boa auto-estima, que lhe permitirão também ter confiança em suas possibilidades.

Capacidades cognitivas: a aquisição da linguagem verbal é um marco no desenvolvimento das capacidades cognitivas e na definição da espécie humana.

Ao nascer, o bebê apresenta capacidades perspectivas relacionadas à visão, à audição, ao tato, à gustação e ao olfato. Essas capacidades perceptivas são bastante elaboradas e constituem-se de base para o desenvolvimento de futuras capacidades cognitivas.

Para Piaget, o período até dois anos é caracterizado pela inteligência sensório-motora, ou seja, a criança descobre o mundo e desenvolve capacidades cognitivas por meio de ações, a criança descobre o mundo e desenvolve capacidades cognitivas por meio de ações diretas sobre os objetos que estão a seu redor.

O processo de comunicação estabelecido entre a criança e o adulto, permeado pela formação de vínculos afetivos, será fundamental nesse período de desenvolvimento da criança.

A partir dos dois anos de idade, a conquista da linguagem possibilitará a expressão da função simbólica na criança. Ela apresentará uma compreensão do mundo, ou seja, um raciocínio diferenciado do adulto, dando explicações muitas vezes ilógicas aos olhos dos adultos.

Piaget abordou as características do pensamento das crianças dessa faixa etária por meio dos conceitos de:

Egocentrismo: dificuldade de ver sob a perspectiva do outro.

Artificialismo: considerar que os fenômenos naturais são provocados por vontade humana.

Animismo: considerar o mundo como animado.

Segundo Piaget, a irreversibilidade caracteriza o raciocínio das crianças de dois aos seis anos e é compreendida como dificuldade para representar a seqüência de ações contrárias, a fim de resolver corretamente mudanças na matéria.

Capacidades afetivas: os cuidados e as relações de afeto estabelecidas com as crianças, ao nascerem, são fundamentais para todo o seu desenvolvimento.

A formação de vínculos afetivos e o sentimento de segurança transmitido pelos cuidadores das crianças serão as bases para que elas possam desenvolver-se com tranqüilidade e explorarem o mundo a sua volta.

A partir dos dois anos de idade, a autonomia conquistada com o desenvolvimento das capacidades motoras e cognitivas contribuirá para que a criança, paulatinamente, torna-se cada vez mais independente dos cuidados do adulto. Será preciso uma atenção cuidadosa dos adultos envolvidos no processo educacional das crianças para que possam ajudá-las a reconhecer os limites e as possibilidades de suas próprias iniciativas.

A auto-estima será construída nos primeiros anos de vida da criança, sendo uma dimensão da identidade pessoal que influenciará decisivamente na sua saúde mental, no processo de escolarização e nas relações socioconstrutivas.

Pensar em situações que favoreçam a formação da auto-estima positiva é essencial na educação infantil. A criança precisa sentir-se valorizada, confiante em suas opiniões e estabelecer vínculos de confiança e de respeito entre seus pares e com os adultos.

1.3 A relação da aprendizagem e psicopedagogia

Todo sujeito tem sua modalidade de aprendizagem e os seus meios para construir o próprio conhecimento, e isso significa uma maneira muito pessoal para se dirigir e construir o saber (ALÍCIA FERNÁNDEZ, 2001).

Já Piaget (1976) busca elementos na linha cognitivista para ampliar uma diferenciação do processo de aprendizagem, afirmando que a aprendizagem constitui um procedimento basicamente equilibrante, pois faz com que o sistema cognitivo busque novas formas de interpretar e compreender a realidade enquanto o educando instruir-se.

Fernández (2001) aborda sobre a importância da família, que por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e os mesmos determinam algumas modalidades de aprendizagem dos filhos.

A aprendizagem ocorre no vínculo com outra pessoa, a que ensina, “aprender, pois, é aprender com alguém”. É no campo das relações que se estabelecem entre professor e o aluno que se criam às condições para o aprendizado, seja quais forem os objetos de conhecimentos trabalhados (ALMEIDA, 1993).

De acordo com Parisi (1979), a aprendizagem é o ato de adquirir conhecimentos e ter capacidade para desenvolver o que se aprendeu. A aprendizagem é processo de relação e de ajuste do indivíduo ao meio em que vive, ocasionando, dessa maneira, transformação em sua conduta.

A aprendizagem é primordial para o desenvolvimento do ser humano. Fernández (1991) diz que, no processo de aprendizagem sugere-se quatro níveis de elaboração do saber: organismo, corpo, inteligência e desejo. A aprendizagem ocorre na medida em que todos esses níveis estejam em sintonia.

Tedesco (1997) diz que há condições externas e internas imprescindíveis à aprendizagem:

• Integridade motora para realização dos movimentos envolvidos na leitura escrita.
• Integridade sensorioperceptual, pois déficits sensoriais (visuais e auditivos), mesmo leves, podem gerar dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita. Além disso, habilidades com memória auditiva e visual, capacidade de realizar figura-fundo, discriminação e análise-síntese auditiva e visual estão diretamente relacionados a esses aprendizados.
• Integridade sócio-emocional: é importante que a criança esteja “pronta” para a alfabetização.

Neste caso, a visão de aprendizagem leva em consideração aspectos orgânicos, cognitivos e sócio-emocionais; a ponto de poder afirmar que para haver aprendizagem há intervenção biopsicosociais.

Para Berbaum (1984), a aprendizagem pode ser definida como processo de construção e de assimilação de nova resposta, no sentido de progressão de ajuste do comportamento quer ao ambiente, quer ao projeto que o interessado tem em vista.

O sujeito vai se adaptando e a cada experiência há mudança de acordo com o que foi assimilado.

Davis e Oliveira (1990) dizem que aprendizagem é o processo através do qual a criança se adapta ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que seu grupo social conhece.

1.4 Conceito de leitura e escrita

Para Ferreiro (1992) a escrita é um processo de construção e reconstrução de um saber construído, e neste processo a criança elabora hipóteses sobre a escrita, que vão sendo problematizadas, caminhando assim para a alfabetização formal.

A leitura, tanto quanto a escrita, consiste em atividade bastante intricada. “Ler é uma atividade extremamente complexa e envolve problemas não só semânticos, culturais, ideológicos, filosóficos, mas até fonéticos” (CAGLIARI, 1995, p. 149).

Tudo o que se ensina na escola está diretamente ligado à leitura e depende dela para se manter e se desenvolver. A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. O objetivo da escrita é a leitura (CAGLIARI, 1995).

1.5 Dificuldade de Aprendizagem e o Processo de aquisição da Leitura e Escrita

Segundo Smith (2001), Dificuldades de Aprendizagem (D.A.) são “problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações”.

Dificuldades de aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. Raramente, elas podem ser atribuídas a uma única causa: muitos aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os problemas psicológicos destas crianças freqüentemente são complicados, até certo ponto por seus ambientes domésticos e escolares (SMITH, 2001, p. 15).

Esses comportamentos são causados pelas mesmas condições neurológicas que originam as dificuldades de aprendizagem, as quais se “referem-se às situações difíceis enfrentadas pela criança normal e pela criança com desvio do quadro normal, mas com expectativa de aprendizagem a longo prazo (alunos multirrepetentes)” (COELHO, 1991, p. 23).

De acordo com Coelho (1991), as D.A. no processo de aquisição da leitura podem ser divididas em quatro categorias:

• Dificuldade na leitura oral: devido a percepção visual e ou auditiva alterada, a criança recebe informações cerebrais distorcidas e freqüentemente confunde, troca, acrescenta ou omite letras e palavras.
• Dificuldade na leitura silenciosa: devido a distorção visual a criança apresenta lentidão e dispersão na leitura, perdendo-se no texto e repetindo palavras ou mesmo frases e linhas inteiras.
• Dificuldade na compreensão da leitura: devido a deficiência de vocabulário e a pouca habilidade reflexiva, a criança apresenta sérios obstáculos em entender o que está escrito.
• Dislexia: dificuldade com a identificação dos símbolos gráficos desde o início da alfabetização, acarretando fracassos futuros na leitura e escrita. Quanto à dificuldade de aprendizagem no processo de aquisição da escrita, encontramos a disgrafia; a disortografia e os erros de formulação e sintaxe.
• Disgrafia: falta de habilidade motora para transpor através da escrita o que captou no plano visual ou mental, a criança apresenta lentidão no traçado e letras ilegíveis.
• Disortografia: incapacidade para transcrever corretamente a linguagem oral; caracteriza-se pelas trocas ortográficas e confusões com as letras.
• Erros de formulação e sintaxe: apesar de ler fluentemente, apresentar oralidade perfeita, copiar e compreender textos, a criança apresenta grande dificuldade para elaborar sua própria escrita. Geralmente omite palavras, ordena confusamente as palavras, usa incorretamente verbos e pronomes e utiliza a pontuação de forma inadequada.

1.6 Causas das Dificuldades de Aprendizagem

As causas das dificuldades de aprendizagem são fundadas em fatores biológicos, sendo que estes podem ser divididos em quatro categorias, conforme Smith (2001):

Lesão cerebral: Qualquer dano causado ao cérebro durante a gestação, parto ou pós-parto, através de acidentes, hemorragias, tumores, meningite, exposição a substâncias químicas entre outros.

Alterações no desenvolvimento cerebral: Perturbação ocorrida em qualquer ponto do processo contínuo de ativação neural, ocasionando o não desenvolvimento normal de alguma parte do cérebro. Podemos citar como exemplo a dislexia, que consiste em sérias dificuldades de leitura e, conseqüentemente, de escrita, apesar da criança apresentar nível normal de inteligência. Geralmente a dislexia apresenta-se associada a outros distúrbios como dificuldade de memorização.

Desequilíbrios neuroquímicos: Dissonância entre os neurotransmissores (mensageiros químicos), causando a má comunicação entre as células cerebrais, acarretando prejuízo à capacidade de funcionamento do cérebro.

Hereditariedade: Herança genética, ou seja, transmissão de caracteres biológicos aos descendentes.

No entanto, seja qual for o fator biológico contribuinte para a dificuldade de aprendizagem, o ambiente mostra-se como fator decisivo, podendo facilitar ou complicar o quadro do portador da mesma. “Embora supostamente as dificuldades de aprendizagem tenham uma base biológica, com freqüência é o ambiente da criança que determina a gravidade do impacto da dificuldade” (SMITH, 2001, p. 20).

O ambiente escolar, familiar e social exerce influência direta não só no comportamento das crianças como também em suas atitudes e posturas diante dos problemas.“As condições em casa e na escola, na verdade, podem fazer a diferença entre uma leve deficiência e um problema verdadeiramente incapacitante” (SMITH, 2001, p. 30).

A modificação no ambiente pode fazer uma diferença impressionante no progresso educacional de uma criança. (…) embora as dificuldades de aprendizagem sejam consideradas condições permanentes, elas podem ser drasticamente melhoradas, fazendo-se mudanças em casa e no programa educacional da criança (SMITH, 2001, p. 21).

Segundo Morais (2002), para que se aprenda a ler e escrever, são necessárias habilidades ou pré-requisitos, que devem ser trabalhados no período pré-escolar, o que muitas vezes não acontece adequadamente. Quanto aos métodos, o autor salienta os diversos tipos, suas vantagens e desvantagens e conclui que (…) o ideal é que quando se percebe que as dificuldades de aprendizagem que a criança apresenta são oriundas ou ampliadas por um método de ensino que não está adaptado à criança, propõe-se uma mudança metodológica para facilitar o processo de aprendizagem.

Ao abordar os fatores emocionais, o autor deixa clara a dificuldade de se estabelecer com precisão, quando o transtorno emocional precede as D.A., ou quando é a própria causa das mesmas. “Para se chegar a esta conclusão, é necessário um estudo detalhado da personalidade da criança e de seu comportamento, assim como da dinâmica familiar e social, na qual ela se encontra inserida” (MORAIS, 2002, p. 87).

Devido à complexidade causal das D.A., muitas vezes sendo resultado da combinação de vários fatores, fica clara a dificuldade de diagnóstico certeiro. (…) deve ficar claro que a aprendizagem da leitura e da escrita é um processo complexo que envolve vários sistemas e habilidades (lingüísticas, perceptuais, motoras, cognitivas) e, não se pode esperar, portanto, que um determinado fator seja o único responsável pela dificuldade para aprender (MORAIS, 2002).

1.7 A importância da psicopedagogia na dificuldade de aprendizagem

Não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. (FREIRE, 1993).

A interação entre o mestre e o estudante é essencial para a aprendizagem, e o mestre consegue essa sintonia, levando em consideração o conhecimento das crianças, fruto de seu meio. (FREINET, 2002).

A aprendizagem está diretamente relacionada à conduta. É aprendendo que reformulamos nossa maneira de atuar no mundo e sobre ele. (SOARES, 2003).

Embora possamos considerar um conjunto de fatores, como o são a motivação e auto-estima do aluno e o envolvimento dos pais, entre outros, será a qualidade do ensino ministrado que fará a diferença. A paciência, o apoio e o encorajamento prestado pelo professor serão com certeza os impulsionadores do sucesso escolar do aluno, abrindo-lhe novas perspectivas para o futuro. (CORREIA, 2005)

Segundo Freire (2003), o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado, “escrito” e “reescrito”. Essa leitura do espaço pedagógico pressupõe também uma releitura da questão das dificuldades de aprendizagem.

Como bem define o papel da Psicopedagogia e seus interesses, o Prof. João Beauclair (2004) diz que: enquanto área de conhecimento multidisciplinar interessa a Psicopedagogia compreender como ocorre os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento.

1.8 A prática psicopedagógica no problema de aprendizagem

Para Weiss (2000), a prática psicopedagógica deve considerar o sujeito como um ser global, composto pelos aspectos orgânico, cognitivo, afetivo, social e pedagógico. Vamos entender a participação de cada aspecto na compreensão da dificuldade de aprendizagem. O aspecto orgânico diz respeito à construção biológica do sujeito, portanto, a dificuldade de aprender de causa orgânica estaria relacionada ao corpo. O aspecto cognitivo está relacionado ao funcionamento das estruturas cognitivas. Nesse caso, o problema de aprendizagem residiria nas estruturas do pensamento do sujeito. Por exemplo, uma criança estar no estágio pré-operatório e as atividades escolares exigirem que ela esteja no estágio operatório-concreto. O aspecto afetivo diz respeito à afetividade do sujeito e de sua relação com o aprender, com o desejo de aprender, pois o indivíduo pode não conseguir estabelecer um vínculo positivo com a aprendizagem.

O aspecto social refere-se à relação do sujeito com a família, com a sociedade, seu contexto social e cultural. E, portanto, um aluno pode não aprender porque apresenta privação cultural em relação ao contexto escolar. Por último, o aspecto pedagógico, que está relacionado à forma como a escola organiza o seu trabalho, ou seja, o método, a avaliação, os conteúdos, a forma de ministrar a aula, entre outros. Para a autora a aprendizagem é a constante interação do sujeito com o meio. Podemos dizer também que é constante interação de todos os aspectos apresentados. Em contrapartida, a dificuldade de aprendizagem é o não-funcionamento ou o funcionamento insatisfatório de um dos aspectos apresentados, ou ainda, de uma relação inadequada entre eles.

Scoz (1998, p. 45) também agrupa os problemas de aprendizagem segundo a concepção de Visca para quem as dificuldades de aprendizagem referentes à escrita e à leitura, apresentam-se como nível de sintomas. Assim, esses problemas devem ser entendidos como produtos emergentes de uma pluricausalidade e não como decorrente de uma única causa.

Ainda Scoz (1998), vê os problemas de aprendizagem não se restringindo em causas físicas ou psicológicas. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional enfocando fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos. Ou seja, para aprender é necessário que exista uma relação de condições entre fatores externos e internos. Há necessidade de estabelecer uma mediação entre o educador e o educando.

Já Pain (1992, p. 32) destaca que, na concepção de Freud, os problemas de aprendizagem não são erros: “… são perturbações produzidas durante a aquisição e não nos mecanismos de conservação e disponibilidade…”; é necessário procurar compreender os problemas de aprendizagem não sobre o que se está fazendo, mas sim sobre como se está fazendo.

1.9 O papel da psicopedagogia no contexto educacional

Segundo Bossa (2000), a Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda – o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática.

Kiguel (1983) ressalta que a Psicopedagogia encontra-se em fase de organização de um corpo teórico específico, visando a integração das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica e psicolingüística para uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem humana.

Historicamente, segundo Bossa (2000) os primórdios da Psicopedagogia ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com os problemas de aprendizagem na área médica.

De acordo com Bossa (2000), a crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recentemente.

Em decorrência de novas descobertas científicas e dos movimentos sociais, a Psicopedagogia sofreu muitas influências. Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP – Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação professor-aluno.

Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos psicopedagogos organizou-se no país, com a divulgação da abordagem psico-neurológica do desenvolvimento humano.

Atualmente novas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como inúmeras pesquisas sobre os fatores intra e extra-escolares na determinação do fracasso escolar, contribuíram para uma nova visão mais crítica e abrangente.

O campo de atuação está se ampliando, pois o que inicialmente caracterizava-se somente no aspecto clínico (Psicopedagogia Clínica), hoje pode ser aplicado no segmento escolar (Psicopedagogia Institucional) e ainda em segmentos hospitalares, empresariais e em organizações que aconteçam a gestão de pessoas.

O aspecto clínico é realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades ocorrem geralmente de forma individual. O aspecto institucional, como já mencionado, acontecerá em escolas e organizações educacionais e está mais voltada para a prevenção dos insucessos relacionais e de aprendizagem, se bem que muitas vezes, deve-se considerar a prática terapêutica nas organizações como necessária.

A Psicopedagogia aplicada a segmentos hospitalares e empresariais está voltada para a manutenção de um ambiente harmônico e à identificação e prevenção dos insucessos interpessoais e de aprendizagem. Pode ser realizada de forma individual ou em grupo.

Os psicopedagogos devem seguir certos princípios éticos que estão condensados no Código de Ética, devidamente aprovado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia, no ano de 1996.

O Código de Ética regulamenta as seguintes situações:

– Os princípios da Psicopedagogia;
– As responsabilidades dos psicopedagogos;
– As relações com outras profissões;
– O sigilo;
– As publicações científicas;
– A publicidade profissional;
– Os honorários;
– As relações com a educação e saúde;
– A observância e cumprimento do código de ética;
– E as disposições gerais.

A Psicopedagogia Clínica deve ter como missão, retirar as pessoas da sua condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos de alta auto-estima, fazendo-as perceber suas potencialidades, recuperando desta forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos: cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos. Por isso, podemos dizer com toda a convicção de que a Educação proposta revela-se como prática de inclusão social e de cidadanização das pessoas que estão à margem da sociedade. Portanto, o papel do profissional psicopedagogo deve desenvolver um serviço à comunidade. Dentre as ações a serem desenvolvidas pelos psicopedagogos na sociedade, podemos destacar:

– Avaliar e diagnosticar as condições da aprendizagem, identificando as áreas de competência e de insucesso do aprendente;
– Realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o aprendente;
– Atender o aprendente, estabelecendo um processo corretor psicopedagógico com o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação;
– Orientar os pais quanto a suas atitudes para com seus filhos, bem como professores para com seus alunos;
– Pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia do aprendente, com profundidade;
– Realizar os encaminhamentos necessários para sanar a problemática evidenciada;
– Oferecer cursos para capacitação docente e de Psicopedagogia Preventiva.

Para a prática diagnóstica da(s) dificuldade(s) apresentada(s) pelos aprendentes, são considerados os seguintes aspectos:

– orgânicos e motores: dizem respeito à estrutura fisiológica e cinestésica do sujeito que aprende;
– cognitivos e intelectuais: dizem respeito ao desenvolvimento, a estrutura e ao funcionamento da cognição, bem como ao potencial intelectual;
– emocionais: ligados a afetividade e emotividade;
– sociais: relacionados ao meio em que o aluno se encontra;
– pedagógicos: estão incluídas questões didáticas, ligadas a metodologia de ensino e de avaliação, nível e quantidade de informações, número de alunos em sala e outros elementos que dizem respeito ao processo ensino-aprendizagem.

De acordo com BOSSA (2000), em geral, no diagnóstico clínico, ademais de entrevistas e análises, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas, provas de percepção, provas projetivas e outras, conforme o referencial teórico adotado pelo profissional.

Cabe destacar que cada área avaliada necessita de recursos, provas e testes específicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As dificuldades de aprendizagem são um assunto vivenciado diariamente por educadores na sala de aula. Dificuldades de aprendizagem é um tema que desperta a atenção para a existência de crianças que freqüentam a escola e apresentam problemas de aprendizagem.

A dificuldade de aprendizagem é uma das maiores preocupações dos educadores, pois na maioria das vezes não encontram solução para tais problemas. Acredita-se que as crianças com problemas de aprendizagem constituem um desafio em matéria de diagnóstico e educação.

No entanto, não é raro encontrar educadores, que consideram alguns alunos preguiçosos e desinteressados. Essa atitude não só rotula o aluno, como também esconde a prática docente do professor, que atribui ao aluno certos adjetivos por falta de conhecimento sobre o assunto em questão. Muitos desses professores desconhecem, por completo, que essas mesmas crianças podem apresentar algum problema de aprendizagem, de ordem orgânica, psicológica, social, ou outra.

São tantas as variáveis, que é imprescindível ao professor, antes de rotular os seus alunos, conhecer os problemas mais comuns no processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, conseguirá ampliar o seu horizonte de reflexão e, conseqüentemente, também as suas percepções e a visão do todo.

Acreditar que a dificuldade de aprendizagem é responsabilidade exclusiva do aluno, ou da família, ou somente da escola é, no mínimo, uma atitude ingênua perante a grandiosidade que é a complexidade do aprender. Procurar e achar um corpo que assuma a culpa do fracasso escolar dá-nos a sensação de que está tudo resolvido. A atitude do não aprender traz em si o subtexto da denúncia de que algo deverá ser feito. E este feito não poderá jamais ser a duas mãos.

Nesta perspectiva, a Psicopedagogia contribui significativamente com todos os atores envolvidos no processo de aprendizagem, pois exerce seu trabalho de forma multidisciplinar, numa visão sistêmica.

Por isso, a proposta exposta trabalho reforça o pensamento de que devemos exercer uma prática docente em parceria, em equipe, onde todos deverão voltar seu “olhar” e sua “escuta” para o sujeito da aprendizagem. Não há como refletirmos sobre o trabalho docente e buscar continuamente agregar valores à formação, resignificar os conteúdos e adotar novas posturas avaliativas, se não conhecer o ser que estamos educando e a grande responsabilidade que é a de participarmos da sua formação.

Ao realizar a atuação docente elaborando vínculos afetivos com este ser que aprende, mesmo que não deseje aprender naquele momento, por alguma circunstância, certamente estaremos fazendo a parte que nos cabe: prepará-lo para operar autonomamente seu futuro usando sua cabeça para pensar em alternativas viáveis para os problemas da sua sociedade, seu coração para sentir as exigências e apelos sociais e suas mãos para agir em prol do bem comum.

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