20.7 C
Sorocaba
segunda-feira, janeiro 27, 2025

Direito e Economia

Direito e Economia possuem um ponto em comum: ambos só existem na vida em sociedade. Onde há sociedade, há direito. Isso é verdade, pois, em qualquer lugar em que várias pessoas convivam, será necessário o estabelecimento de leis para reger as relações sociais. Da mesma forma, pode-se dizer, também, que onde há sociedade, há economia. Isso acontece porque os bens são limitados, porém os desejos humanos não.

Por isso, cabe à economia dizer como utilizar de modo correto e racional os bens existentes. Como não poderia deixar de ser, as análises e conclusões econômicas, para serem fielmente aplicadas, dependerão de leis, ou seja, do amparo do Direito. Assim, pode-se concluir que, tanto o Direito quanto a Economia existem para regular a vida em sociedade, sendo este o ponto comum entre ambos. Por outro lado, as regras estabelecidas pela Economia podem se transformar em lei, a fim de que todos a obedeçam, o que demonstra a influência dos fatores econômicos na elaboração do Direito.

A globalização é um fenômeno que tem economistas e profissionais do direito como alguns de seus principais atores, na medida em que é um processo caracterizado pela integração econômica internacional cada vez mais regulamentada e dependente de contratos que envolvem essencialmente economistas e profissionais do direito. Dentro de cada país a busca de um modelo econômico capaz de produzir uma integração competitiva na economia mundial tem levado à crescente interação entre direito e economia, como refletido no aumento da regulação e no uso mais intenso dos contratos como forma de organizar a produção, viabilizar o financiamento e distribuir os riscos.

Reformas como as privatizações, abertura comercial, regulação para infra-estrutura e sistema financeiro deram grande impulso tanto à integração do Brasil na economia mundial como ao volume de regulação e utilização de contratos.

Há varias formas de pensar a relação entre o direito e a economia no contexto da globalização. O Brasil não é exceção, economia e direito interagem em torno de temas relativos ao que se convencionou chamar de direito econômico, envolvendo questões de “antidumping”, “antitrust” e comércio internacional.

Se fizermos uma análise comparada de dois casos relativamente homogêneos: o despejo de um inquilino e a cobrança de um cheque, mostra que mesmo causas tão parecidas podem ter tratamento muito diferente em cada país, seja em termos de sua regulamentação, seja na prática do judiciário. O tempo requerido em média para uma definição desses casos e as formas como esses processos correm na justiça podem variar significativamente de um país para outro.

Existem estudos que analisam como direito e economia interagem diferentemente no Direito privado e direito público, não apenas mostrando que o primeiro protege mais fracamente os direitos de propriedade privada, mas também avaliando as implicações dessas diferenças para o crescimento e o desenvolvimento econômico dos países. Como evidência da influência do sistema legal e judicial sobre o desempenho de uma economia, as várias medidas de risco país produzidas pelas agências de rating, que incluem uma avaliação das instituições jurídicas do país, e da garantia com que estas provêem os direito de propriedade.

É partindo dessa percepção que organizações como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pregam que a reforma do Judiciário deve ocupar um papel de destaque nas mudanças que se fazem necessárias para capacitar as economias em desenvolvimento que sustentem o bom funcionamento do mercado. Se um bom judiciário é importante para o funcionamento de qualquer economia, ainda mais para uma que acaba de passar por reformas como as que foram adotadas no Brasil e na maior parte do mundo não-desenvolvido nas últimas duas décadas.

Isso porque, com a privatização o fim de monopólios e controles de preços e a abertura comercial muitas transações que eram realizadas pelo Estado, ou coordenadas por ele, passaram a ser feitas no mercado. Sem o apoio de um bom judiciário, essas transações podem não ocorrer, ou se dar de forma ineficiente, exigindo que as reformas sejam revertidas.

Assim, conclui-se que o Judiciário é uma das instituições fundamentais para o sucesso do desenvolvimento que vem sendo adotado no Brasil e América Latina, pelo seu papel de garantir direitos de propriedade e fazer cumprir contratos. Não é a toa que há vários anos o Congresso Nacional venha discutindo reformas que possam tornar o Judiciário brasileiro mais ágil e eficiente.

Outros trabalhos relacionados

Questões acerca do Fenômeno Bullying

Este texto trata das questões do bullying, para refletirmos sobre a necessidade do conhecimento e da prevenção desse fenômeno, especialmente no ambiente escolar.Ver uma...

ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 2/2

6.4.3 A Questão da Representação da Ofendida Como é cediço, até o ano de 1995, os delitos previstos nos artigos 129, "caput", e 129, §...

USUCAPIÃO

SENTENÇA Usucapião Extraordinário EMENTA – AÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, REJEITADA. SOMA DAS POSSES. POSSE VINTENÁRIA. POSSE EXERCIDA COM "ANIMUS DOMINI"....

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Uma conceituação bastante abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de...