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segunda-feira, dezembro 2, 2024

DISFONIA

Autor: Daniela Cristina Alves de Faria

INTRODUÇÃO

Temos como objetivo mostrar o que a disfonia pode causar, passando seus sintomas, a maneira pelo qual podemos estar prevenindo e remediando.

Segundo Jakubovicz, 1997 disfonia é uma perturbação da voz causada. As disfonias podem ser orgânicas e funcionais.

Varias disfonias são encontradas muito freqüentemente em crianças: a voz agravada, a voz rouca, laringite funcional rouquidão, nódulos… No entanto não se exclui a possibilidade de encontrarmos estas mesmas disfonias entre adolescentes e adultos.

Algumas são muito freqüentes de curta duração, outras muito mais graves e duração, outras muito mais graves e duráveis, dependendo de causa muito diversas cuja complexidade e evidente.

POR ALTERAÇÕES FUNCIONAIS.

Podendo se caracterizar por desvio na altura, intensidade na qualidade dos sons da voz. O mal uso da respiração na fonação.

FATORES ETIOLÓGICOS.

Os antecedentes otorrinolaringológicos.
Os antecedentes pulmonares.
Período pós-operatório.
As malformações laríngeas congênitas.
Os traumatismos laríngeos.
As desarmonias dos órgãos vocais e respiratórios.
O comportamento da criança.
Ambiente familiar.

SINTOMATOLOGIA

Nível de fonação

Interrupções da voz – é uma falta súbita da voz em determinado momento.
Alcance vocal restrito – dificuldade com os oitavos, a pessoa não é mais capaz de falar e/ou cantar nos tons agudos.
Fadiga vocal – a pessoa sente que é necessário fazer esforço para falar.
Qualidade vocal alterada – rouquidão, a pessoa fica rouca indicando não haver aproximação total das cordas vocais. É necessário observar as alterações vocais de acordo com determinadas horas do dia:
– Se de manhã a voz está pior, e melhora ao longo do dia e de noite piora de novo; indica hipotonia (cordas vocais flácidas e cansadas).
– Se de manhã a voz está melhor e depois piora ao longo do dia; indica hipertonia (cordas vocais tensas em demasia).

Afonia – ausência de voz que pode durar pouco ou muito tempo.
Nível de dores

Dor na corda vocal – o paciente relata sentir uma dor no interior do pescoço, associando tal dor à corda vocal.
Dor na base da língua – a dor é sentida na altura da garganta, muitas vezes está ligada ao esforço emitido para falar.
Dor no pescoço – tudo indica que esta dor está ligada a rigidez da musculatura.
Dor de cabeça – geralmente indica ser o resultado da tensão, do esforço ou da preocupação com os indícios da voz falha.
3. Nível de reflexos

Acessos de tosse – podem ou não ser conseqüência da patologia vocal.
Sensação de engasgar – igual ao item anterior (1).
Dificuldade para engolir – igual ao item anterior (1).
Alguns dos sinais ou sintomas analisados acima, pode-se dizer que são subjetivos (o indivíduo relata sentir), mas existem também sintomas objetivos, ou seja aqueles observados pelo terapeuta diretamente na sonoridade da voz. Eles são:

Nível da intensidade da voz

Voz fraca, apagada – conseqüência da má aproximação da corda vocal.
Voz forte, alta demais – pode ser a conseqüência de um esforço grande para falar ou uso inadequado.
Nível de tonalidade da voz

Voz aguda demais – pode estar relacionado a fatores emocionais.
Voz grave demais – muito comum nos fumantes de muitos anos.
Voz de falsete ou fora de tom – nem sempre é endócrino pode haver algum edema ou inchação na corda vocal.
Nível de qualidade vocal

Voz velada ou soprosa – nota-se que escapa ar quando a pessoa fala.
Voz rouca – geralmente há problema com a massa, uma inflamação pode impedir a aproximação total das cordas.
Voz dupla – costumam ser os casos em que as falsas cordas vocais entram em funcionamento num mecanismo de compensação.
Voz monótona – falta modulação, o problema pode ser com os ressoadores.
Nível de respiração

Dificuldade em soltar o ar para falar – está ligado ao esforço feito na hora de falar devido ao aumento de massa da corda vocal ou algum fator orgânico.
Necessidade de utilizar muito ar na inspiração – mecanismo compensatório na tentativa de diminuir o esforço. Conseqüência direta do item anterior (1).

PREVENÇÃO

Alguns tipos de roupas podem atrapalhar uma boa produção vocal como por exemplo golas altas e justas e calças apertadas na cintura.
Evitar lugares muito poluídos, pois podem irritar as pregas vocais e o nariz.
Ingerir grande quantidade de líquido durante o dia, com o objetivo de manter as pregas vocais hidratadas, fazendo com que estas funcionem melhor, não exagerar na quantidade de alimentos muito gelados, principalmente quando o corpo estiver quente.
Fazer imitações sem esforço, existem muitas crianças que tem facilidade ou gostam de imitar personagens de televisão, animais, monstros ou mesmo outras pessoas, por isso geralmente requer pessoas, por isso geralmente requer esforço, o ideal é procurar personagens que não exijam tanto abuso vocal.
Evitar em falar em lugares muito ruidoso, caso isso seja impossível, chegar perto da pessoa com quem irá falar.
Falar devagar, baixo e sem esforço.

INTERVENÇÃO

1. Alterar a posição da língua

Para uma posição muito recuada

Mostrar ao paciente as conseqüências da posição recuada na língua durante a fonação que faz a voz ficar anasalada.

Posição de língua muito avançada; nos casos de ressonância e má qualidade vocal

Discutir o problema . Determinar se a altura da voz é apropriada.

2. Mudar a altura vocal

Para intensidade muito fortes ou muito fracas.

Para diminuir a força vocal

Verificar com um exame audiométrico se é a audição do paciente que provoca a intensidade forte da voz.

Para aumentar a força vocal

Precaução: pode acontecer do paciente esconder causas psicológicas numa voz fraca; perguntar e observar se é por : incapacidade? Personalidade tímida? Fraqueza? Medo? Insegurança?

3. Mastigação

Pedir ao paciente para apenas pensar no método da mastigação e falar ao mesmo tempo. Se for necessário , pode-se praticar algumas palavras com mastigação e outras sem.

4. Manipulação digital

Para baixar a tonalidade da voz tronando-a mais grave. A pressão feita na cartilagem do osso hióideo empurra este na direção do processo vocal o ocasiona o aumento de tamanho de massa na corda vocal, o que provoca um som fundamental mais grave.

5 .Treinamento auditivo

Para casos em que o paciente discrimina mal as diferentes tonalidades da voz.

6 . Eliminar os abusos vocais

Para casos em que o paciente berra, grita , tem o hábito de limpar a garganta etc.

7. Eliminar os golpes de glote

Para os problemas de hiperfunção em que o paciente ataca a voz com muita força em de vez de fazê-lo suavemente.

8. Estabelecer uma nova tonalidade

Para pacientes que adotam uma falsa tonalidade que não é a “ótima”, o que ocasiona grande esforço.

9. Explicação do problema vocal

Para pacientes com hiperfunção, em vez de se dizer que ele está fazendo algo de errado com a voz, dizer que ele está aproximando demais as cordas vocais ou forçando muito as cordas levando-as a diminuírem ou aumentarem de tamanho.

10. Dar um feedback

Para pacientes que são inconscientes de como usam a voz.

11. Análise hierárquica

Para pacientes que são ansiosos ou sem atenção, ou desanimados e que precisam fazer as tarefas por etapas. Bom também para pacientes inseguros que falam rouco com os superiores, patrões etc.

12. Prática negativa

Para casos em que o paciente já está com a voz boa e perto do momento de dar alta.

Pedir ao paciente para imitar sua antiga voz, fazer uma análise da boa voz e má voz.

13. Quando se deseja alterar a abertura da boca

Para ajudar ao paciente a usar seu mecanismo vocal melhor e de modo mais claro. Ajuda nos casos de hiperfunção quando o aparato vocal é usado com esforço e a articulação é incorreta.

14. Modulação da tonalidade

Para pacientes com voz monótona e sem entonação.

15. Pushing

Para afonia funcional e paralisia de cordas vocais. Para todos os problemas de má aproximação das cordas vocais. Para melhorar a qualidade da voz e aumentar a tonalidade.

16. Relaxação

Para casos em que a tonalidade é elevada e há hiperfunção.

17. Treinamento respiratório

Para problemas de hiperfunção.

18. Dar um modelo vocal

Para casos que precisam seguir um modelo e não conseguem emitir a voz sozinhos.

Discutir com o paciente diferente modos de colocar a voz:

FORTE X FRACA
GRAVE X AGUDA
APAGADA X VIBRANTE
BAIXA X ALTA
ROUCA X NORMAL
19. Repouso vocal

Para casos de laringite aguda e de cirurgias.

20. Gemido ou bocejo

Para eliminara o golpe de glote e promover um ataque de voz mais suave. Para úlcera de contato, nódulos , pólipos, laringite e casos de hiperfunção.

21. Disfonia ventricular

Para casos que durante a fonação as bandas ventriculares se aproximam demasiado ocasionando diplofonia.

22. Afonia funcional

Nos casos em que há afonia histérica pedir antes uma semana de repouso vocal. Na afonia funcional as cordas vocais não se tocam e a terapia visa uma aproximaçãos das mesmas.

23. Voz de falsete

Para casos em que a voz tem duas tonalidades ou tem uma tonalidade falsa que não é apropriada ao sexo da pessoa ou a sua idade.

24. Exercícios para sincronismo respiratório

Para profissionais (sobretudo cantores e locutores ):

Cantar num determinado modelo dado e quando for dada a ordem mudar para um tom mais forte. Variar os registros tonais sem que se perceba a transição. Tampar o nariz e cantar para ver se há diferença.

25. Exercícios de respiração

Deitar de barriga para cima e colocar um livro em cima do abdômen. Fazer o livro subir e descer ao ritmo da respiração.

Ficar de pé e respirar em frente ao espelho; o peito estufa na inspiração e o abdômen desce na expiração.

E outros mais….

26. Controle diafragmático

Como foi comentado esse termo é mal empregado , uma vez que nós falamos na expiração que é controlada pelo abdômen.

O termo deveria ser: respiração torácica – abdominal.

CONCLUSÃO

Absorvemos que qualquer alteração que possamos diagnosticar na voz, em tempo longo deve-se procurar uma ajuda profissional, pois uma simples rouquidão pode ser um dos estágios da disfonia, e um dos sintomas de câncer na laringe, sendo que diagnosticado e tempo hábil obtém-se tratamentos.

BIBLIOGRAFIA:

DINVILLE, Clarie – Os distúrbios da voz e sua reeducação, 2º Edição prefácio: Bernard Vallancien

REGINA, Jakubovicz – Disfonia , Disartria e Dislalia, c.1997.

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