Trata-se de um estudo voltado para a análise e reflexão das práticas metodológicas adotadas no âmbito da urgência e emergência na unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU de Parnaíba – PI e sua relação com conhecimento adquirido pelos profissionais de saúde integrantes desse serviço. Portanto, esse trabalho tem o objetivo de avaliar e verificar a existência da educação continuada, bem como sua freqüência e a presença de estrutura física e materiais adequados para a realização das atividades educativas na unidade.
A população foi composta por 20 profissionais correspondente a 5 médicos, 2 enfermeiros, 6 socorristas e 7 técnicos de enfermagem.
A metodologia utilizada foi entrevista com perguntas abertas e questionário pré-elaborado para coleta de dados, a fim de avaliar o processo de educação continuada entre os profissionais do SAMU. Os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente durante os 3 turnos de trabalho.
Os resultados permitiram constatar que uma pequena parcela respondeu que o SAMU não oferece o processo de educação continua explicando que o mesmo ocorre apenas uma vez ao ano e a metodologia adotada é constituída basicamente por aulas teóricas e praticas, sendo que 20 % dos entrevistados não aprovam esta metodologia.
Profissionais manifestaram a vontade da abordagem de outros temas nas atividades de educação em saúde e afirmam a falta de local apropriado para a realização de atividades educativas e a necessidade de implantação da mesma.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
DISCUSSÃO DOS DADOS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
O presente artigo está voltado para a análise e reflexão das práticas metodológicas adotadas no âmbito da urgência e emergência na unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU de Parnaíba – PI e sua relação com conhecimento adquirido pelos profissionais de saúde integrantes desse serviço. Portanto, esse trabalho tem o objetivo de avaliar e verificar a existência da educação continuada, bem como sua freqüência e a presença de estrutura física e materiais adequados para a realização das atividades educativas na unidade.
O SAMU é responsável por prestar um atendimento móvel a nível pré-hospitalar procurando chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à saúde (de natureza traumática ou não-traumática ou, ainda, psiquiátrica), que possa levar a sofrimento, seqüelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde de referencia. O trabalho desenvolvido pelo SAMU é realizado por um grupo composto por enfermeiro, médico, socorrista e técnico de enfermagem 9.
No serviço de emergência o ambiente é dinâmico, sujeito a constantes transformações que envolvem toda a equipe multiprofissional que atua nesse setor. Atualmente, o perfil do profissional que atua nas unidades de emergência exige uma formação geral com capacidade de prestar atenção integral, sendo capaz de solucionar problemas, tomar decisões, trabalhar em equipe, enfrentar situações e intervir no processo de trabalho para melhoria da qualidade do serviço de saúde 9.
Segundo as Diretrizes da Educação para Saúde (Ministério da Saúde; 1980. P. 370) define-se Educação em Saúde como “uma atividade planejada que objetiva criar condições para conduzir as mudanças de comportamento desejadas em relação à saúde”. Dessa forma, a educação em saúde se faz necessária, e traz novos desafios na busca de estratégias metodológicas ao longo do processo ensino-aprendizagem, a fim de favorecer o acesso às informações e as inovações tecnológicas, aproximando os profissionais do conhecimento científico, garantindo o estabelecimento de ações integradas para a assistência em saúde 5.
O campo da saúde depara-se ainda com o avanço da tecnologia informatizada, que revolucionou os métodos de acesso à informação e ao conhecimento. As ferramentas tecnológicas estão hoje disponíveis para impulsionar e favorecer a educação, dispondo-se de ambientes virtuais de estudo que podem propiciar aos profissionais, atualização constante. Esse crescente reconhecimento da importância do processo de aprendizagem e suas implicações no contexto do ambiente de trabalho contribuem para a consolidação de um campo de estudo que enfoca a educação continuada 4.
Também inseridas neste contexto, as organizações de saúde, vêm cada dia mais, interessadas em introduzir, bem como manter a qualidade da assistência prestada aos seus clientes. Considerando assim, a aprendizagem contínua como o mecanismo de desenvolver estes profissionais para desempenharem suas atividades com segurança e dinamismo 7.
Por essa razão, se faz necessário estabelecer estratégias de educação permanente a fim de atingir duas metas indissociáveis: qualificação profissional e assistência humanizada de forma a promover mudança e inovação nos serviços de saúde, onde a educação seja incorporada pelos profissionais como uma necessidade e como investimento estratégico, através da translação da teoria para a prática, visto que com o avanço tecnológico, a cada dia novas teorias são descobertas no que diz respeito ao cuidar de vidas.
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado no período 03 a 28 de novembro de 2008, o espaço geográfico foi à unidade do SAMU de Parnaíba-PI, tendo como população alguns dos integrantes da equipe de atendimento. A amostragem definida corresponde a 5 médicos, 2 enfermeiros, 6 socorristas e 7 técnicos de enfermagem.
Foi realizada entrevista com perguntas abertas e questionário pré-elaborado para coleta de dados, a fim de avaliar o processo de educação continuada entre os profissionais do SAMU. Os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente durante os 3 turnos de trabalho. As informações obtidas através do roteiro de entrevista foram analisadas e quantificadas.
A pesquisa pode ser definida como qualitativa de natureza descritiva, na vertente da análise de conteúdo. Segundo Minayo (1998) “A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, aspirações, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações nos processos e nos fenômenos que podem ser deduzidos á operacionalização de variáveis”. A análise de conteúdo é definida como sendo um conjunto de instrumentos metodológicos, os quais se aplicam aos discursos e tem como objetivo a indução, a dedução e a conclusão 2.
De acordo com Sabino (2001) “Todas as formas de entrevistas com pouca formalização possuem vantagem por permitir um diálogo mais profundo e rico, por apresentar os fatos em toda sua complexidade, captando não apenas as respostas aos questionários, mas também os sentimentos dos sujeitos pesquisados”.
É importante ressaltar que foram utilizados os termos de liberação da instituição e de consentimento. Aos entrevistados será confinado o direito em participar da pesquisa, o direito de sigilo de identidade com o uso de pseudônimos, optar em desistir da pesquisa em qualquer momento e conhecer os resultados do estudo, autorizando sua publicação conforme os aspectos contidos na resolução 196/96 sob pesquisa envolvendo seres humanos.
DISCUSSÃO DOS DADOS
Para a obtenção e análise dos dados foram entrevistados 20 profissionais de diferentes funções na unidade do SAMU de Parnaíba-PI. Inicialmente realizou-se a caracterização da população do estudo segundo a função. Foi verificado que 25% são médicos, 35% são técnicos de enfermagem, 10% são enfermeiros e 30% são socorristas.
Após a caracterização da população e respondendo ao primeiro objetivo do estudo que é identificar e avaliar o processo de educação em saúde na unidade SAMU de Parnaíba, foram feitas analise quantitativas e cruzamento de dados obtidos nos questionários, para qual o instrumento propôs ao individuo questões relacionadas a temas desenvolvidos, existência e tipos de práticas metodológicas adotados no processo de educação continuada.
Na primeira questão do questionário: O SAMU oferece educação continuada? 10% responderam que o SAMU não oferece o processo de educação contínua, justificando que, para que ocorra educação em saúde na unidade deveria haver a existência de encontros periódicos, afirmando que os mesmo não ocorrem com freqüência. A educação em saúde é de grande relevância, devendo ser praticada de forma contínua como indispensável na prática profissional, sendo um instrumento fundamental para prestar uma assistência de boa qualidade. Pode-se fazer uma avaliação mais criteriosa do que foi mencionado pelos profissionais ao se analisar a segunda pergunta: Qual a freqüência da educação em saúde no SAMU? Onde 100% dos entrevistados responderam que ocorre apenas, em média, uma vez ao ano.
Podemos verificar ainda ao analisar as entrevistas, que quando ocorrem atividades educativas a metodologia abordada é constituída basicamente por aulas teóricas e práticas. Os entrevistados, ao serem questionados sobre a eficiência da metodologia utilizada, 20% responderam que não achavam eficiente, afirmando que o tempo disponível para as atividades educativas é reduzido. O restante dos profissionais acha a metodologia abordada suficiente.
“Não, o tempo é curto, falta profissionais capacitados…” (Diazepam)
Ao destacarmos a pergunta: Os assuntos abordados nas práticas educativas atendem suas expectativas? Cerca de 20% responderam que não, enquanto os outros 80% sim, porém, pode-se perceber em relação à pergunta: Você sente necessidade que outros temas sejam desenvolvidos? Que 100% dos profissionais manifestaram a vontade da abordagem de outros temas nas atividades de educação em saúde, como podemos perceber nas falas abaixo:
“Afogamento, RCP em recém nascido, complicações no parto…” (Prancha rígida)
“Atendimento a paciente psiquiátrico e overdose em drogas” (Colar cervical)
“Avaliação clinica do paciente cirúrgico” (Desfibrilador)
“Técnica de atendimento para vitimas de produtos químicos” (Adrenalina)
Quando indagamos sobre a existência de um local específico na unidade para o desenvolvimento da educação em saúde encontramos as opiniões a seguir:
“Não, deveria haver a construção de um auditório, ou sala de estudos” (Seringa)
“Não, mas às vezes são usadas as salas do prédio para reuniões” (Imobilizador)
“Não, mas poderia adaptar alguma sala” (Soro Fisiológico)
Constatamos que todos os participantes do estudo afirmam a falta de local apropriado para a realização de atividades educativas e a necessidade de implantação da mesma. No fim do questionário foi feito a seguinte pergunta: Existem recursos materiais disponíveis para o desenvolvimento de praticas? 100% dos profissionais que participaram da pesquisa responderam que sim.
“Existe material de sobra” (Laringoscópio)
“Com certeza, temos materiais suficientes” (Cânula de Guedel)
CONCLUSÃO
Diante dos resultados apresentados verificamos que por ser a Educação Continuada uma ferramenta para promover o desenvolvimento dos profissionais e assegurar a qualidade do atendimento aos clientes, deve-se para isso ser praticada de forma contínua. Esse processo de educação do funcionário no local de trabalho propicia conhecimentos, além de capacitar o trabalhador para uma execução adequada. É fundamental então, o desenvolvimento de programas educacionais que contribuam para a melhoria da qualidade dos cuidados8.
Durante a pesquisa no SAMU constatou-se a ausência de uma educação continuada eficiente, existem profissionais capacitados para ministrar os treinamentos, porem, não há uma sala específica para atividades e discussões, além da ausência de uma programação anual para esse aperfeiçoamento. Com base nessas observações, o SAMU necessita de um cronograma específico de educação continuada, tendo como assunto abordado as necessidades e deficiências dos membros da equipe, bem como os principais agravos atendidos pelo serviço.
No entanto, para que programas de educação continuada possam ser realizados de forma eficiente, são necessários também, recursos humanos, materiais, financeiros e físicos, de forma adequada, disponível e acessível. Sendo assim, torna-se imprescindível que ofereçam condições básicas indispensáveis para o desenvolvimento dessas atividades, como também, disponibilidade e compatibilidade de horários para a execução das mesmas.
Os programas de educação continuada devem estar em consonância com os interesses de todos os envolvidos, ou seja, devem atender aos anseios e às necessidades daqueles que deles vão participar, aos objetivos da instituição e à finalidade do trabalho, que é a melhoria da assistência.
É de suma importância a adoção de mecanismos estratégicos que incentive a participação dos profissionais envolvidos com a educação continuada, fazendo com que os mesmos desenvolvam suas atividades de maneira eficiente, planejada e contínua, através de programas de educação continuada adequados às reais necessidades de sua clientela.
Ainda existe um grande campo a ser conquistado pelos serviços de educação continuada, porém o estímulo para essa conquista deve partir de todos que compõem a equipe de trabalho. A busca contínua por conhecimento, criatividade, pela capacidade de tomar as decisões certas e realizar as mudanças necessárias são algumas das atitudes que motivam os profissionais a participarem dos programas de educação continuada.
REFERÊNCIAS
1. LEOPARDI, Maria Tereza, Metodologia da pesquisa na saúde, Santa Maria: Palloti, 2001.
2. MINAYO, M.C.S, et.al. Pesquisa Social: Teoria, Metodologia e Criatividade:Rio de Janeiro: vozes, 1998.
3. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.
4. COSTA, Mendes I. A; GODOY, S. da Silva, NOGUEIRA, M. S; TREVIZAM, M. A. Educação Permanente para profissionais de Saúde: A mediação tecnológica e a emergência de valores e questões éticas. Revista eletrônica semestral de enfermagem – n° 10, Maio de 2007.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Política de educação e desenvolvimento para o SUS: caminhos para a educação permanente em saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
6. COSTA, Neto MM (Org). Educação Permanente. Brasília: Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica; 2000. Caderno 3. 32p.
7. GAZZINELLI, Maria Flávia ; GAZZINELLI, Andréa; REIS, D. Carlos; PENNA C. Maria de Mattos. Educação em saúde: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença. Caderno de Saúde Pública – vol.21/ n°01, Rio de Janeiro, Jan./Fev – 2005.
8. L’ABBTE Solange. Educação em saúde: uma nova abordagem. Caderno de Saúde Pública – vol.10 n°4, Rio de Janeiro, Out/Dez – 1994.
9. http://samu.saude.sc.gov.br/> Pesquisado em 15/11/2008