Autoria: Diogini Albano Gomes
Em seus primeiros escritos, Freud já mencionava a existência do ego, mas não o especificava com tanta riqueza de detalhes, até porque o descrevia como a personalidade em seu conjunto e esta noção só foi sendo renovada a partir das contribuições feitas pelos estudos da psicanálise e principalmente, pela experiência clínica das neuroses. Muitos autores dedicam-se ao estudo do ego procurando estabelecer as diferenças entre o ego, enquanto instância psíquica e o ego como pessoa, como “eu”, como objeto de amor para o próprio indivíduo, investido de libido narcísica. O ego possui um conceito muito estreito com o conceito de consciência. O ego é uma instância psíquica como o id e o superego. Do ponto de vista tópico, a psicanálise refere-se ao ego como mantendo uma relação de dependência com as reivindicações do inconsciente e com a censura exercida pelo superego e pela realidade, tendo uma autonomia relativa. Freud define o ego sob o ponto de vista dinâmico como defensor da personalidade, na medida em que aciona os mecanismos de defesa, que impedem que conteúdos inconscientes e ameaçadores passem para o campo da consciência. O ego ainda possui uma definição do ponto de vista econômico, onde é definido como fator de ligação entre os processos psíquicos, sem perder de vista que nas operações defensivas as tentativas da ligação da energia pulsional sofrem interferência das características específicas do processo primário, assumindo um aspecto compulsivo, de repetição e distanciado do real. Na histeria, o ego funciona com instância defensiva. Neste caso o ego, como campo da consciência, defende-se de um situação conflitiva incapaz de ser dominada, e inconciliável com ele, defendendo-se dela. Diz-se que, neste caso, acontece um recalcamento pelo ego. O ego é parte do conflito e isto é motivo para agir de forma defensiva. Apesar da operação defensiva da histeria ser atribuída ao ego, ela não é considerada consciente e voluntária. Outra idéia caracteriza o ego como instância responsável pela diferenciação que o indivíduo é capaz de realizar entre seus próprios processos internos e a realidade. Apesar das características deste conceito, Freud trata de deixar claro que o acesso direto à realidade é realizado pela percepção e não pelo ego, como se pode pensar. O ego é descrito como uma organização de neurônios que facilita as vias associativas interiores a este grupo de neurônios, investimento constante realizado por uma energia de origem pulsional e a distinção entre uma parte, que é permanente e outra que tem características variáveis. Para Freud o ego possui um nível de investimento permanente que permite a inibição de processos primários, que poderiam não só levar o indivíduo a alucinações como também provocar desprazer.