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terça-feira, novembro 19, 2024

EM BUSCA DA FELICIDADE

A felicidade é uma constante busca na vida de qualquer ser humano, como objetivo principal da existência muitas pessoas tentam encontra-la a qualquer custo, a qualquer preço.

Ao refletir sobre a temática, cabe uma questão. Existe realmente felicidade? Quem não almeja ter um lugar calmo para repousar sem preocupações com datas, prazos, horários, contas, doenças e tudo mais que é inerente à existência humana? Ora, se felicidade existisse, de verdade, em sua plenitude, nós seres humanos, não teríamos razões para existir.

Felicidade não existe. O que existe são momentos felizes, visto que na vida, muitas vezes, em nosso trajeto nos deparamos com adversidades, dificuldades, lamentações e sofrimentos que apesar de não serem os mais desejados, também ajudam-nos a desenvolver, crescer e aprender a lidar com as diversas situações. Afinal, nosso caminho é incerto. Sabemos que o vento, o ar, é o sopro que nos invade no momento do nascimento, e é também aquele que se esvai quando se finda a existência.

A busca pela felicidade é vendida pela mídia, pela cultura, pelos países de primeiro mundos (os quais vale ressaltar, não são nem de longe exemplos a serem seguidos). Muitas pessoas buscam a felicidade consumindo, outras se anestesiam através dos vícios e compulsões para um pequeno contato com a tal “Felicidade”, outros ainda, sustenta a idéia de que felicidade é estar nos padrões das “celebridades”, ou melhor, da imagem de perfeição que estas pessoas vendem. Outras pessoas acabam levando a vida presa em lembranças do passado, e outras gastam tanto tempo planejando o futuro que se esquecem de estar presente no presente.

A vida tem se tornado cada vez mais superficial. A busca constante pelo mito da felicidade tornou-se uma busca vazia, afinal, quanto mais se tem momentos felizes, mais se quer ter.
Uma questão importante e que quase nunca é feita pelas pessoas, talvez pelo medo de entrarem em contato com uma parte de si que não conhecem é: Qual o sentido da minha vida? Ou Qual o significado de minha existência?

Questões profundas, mas fundamentais a existência humana. Será que existe felicidade em uma vida sem sentido? Com certeza não. A cultura em que vivemos hoje prima por uma utópica felicidade baseado em fantasias inatingíveis. Ora, se não consigo “ser feliz” comigo, se não posso me aceitar, como poderei com os outros? E a perfeição? Existe? Também não. Enquanto muitos padecem tentando atingi-la sem êxito, afinal se perfeitos formos, perderíamos a condição una. A de ser humano. Buscar a perfeição é tão utópico quanto à felicidade. Não se pode buscar o inatingível.

A sociedade padece cada dia mais por focar as atenções àquelas questões que se pararmos para pensar por um momento, se entrarmos em contato com a própria essência, podemos com certeza entender que para todos os nossos questionamentos, basta-se visitar as profundezas da alma, pois a resposta está dentro de cada um de nós.

As relações atualmente estão superficiais, as pessoas também, isto por uma falta de sentido na vida, e uma falta de não aceitar aquilo que não é perfeito. Se não lidarmos com nossas próprias limitações e aceita-las, como o faríamos para aceitar no outro?

Em seu livro “O Manifesto Comunista”, Karl Marx fez uma colocação interessante e que se remete ao atual momento em que vivemos, dizia ele que a família havia sido coberta pelo véu do capitalismo, reduzindo assim, os laços afetivos, limitando-as a relações de interesses.

Outra questão que pode ser colocada é o fato de as pessoas não conseguirem ficar só consigo mesmas. Muitas vezes para tapar os buracos da alma, as carências, os temores, as angustias de estar só, as pessoas acabam por usar outras como escudos contra a solidão. Será tão penoso entrar em contato com nosso lado sombrio? Aceitar que temos sentimentos, afetos e emoções que erroneamente são classificados pelos binômios certo x errado. Essa noção de certo e errado, de valores, de moral, acaba por criar o sentimento de culpa, de obrigação nas pessoas.

Quem sabe um dia, os indivíduos possam se aceitar em sua condição única e singular e serem livres de convenções sociais, e buscar em si mesmo, a sua verdade, o seu prazer, a sua essência e se libertar das amarras que as levam a vagarem sem sentido pela trajetória da vida. Deve se pensar no necessário e no fundamental, pois, muitas vezes, os melhores momentos de nossas vidas, os maiores prazeres estão em gestos simples, mas que nos dão a sensação de completude, de totalidade.

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