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sábado, dezembro 21, 2024

Esgrima

Autoria: Railton de Oliveira Santos

A Esgrima é um esporte latino e seu nome vem de escrime, originado da palavra germânica “skirmjan”. Podemos dizer que a Esgrima é a arte de duelar com as armas brancas; além das armas convencionais, ( o Florete, a Espada e o Sabre ) armas de corte e de ponta. O objetivo da Esgrima atual é preparar o praticante para demonstrações e campeonatos, já que o duelo está proibido em quase todo o mundo. A principal condição para esgrimir corretamente é tocar o adversário sem ser tocado, através de movimentos ordenados.

A história da Esgrima é muito rica e seu desenvolvimento está ligado à guerras, ao aperfeiçoamento das armas brancas e ao surgimento da pólvora. Podemos dividi-la em três etapas:

– Antiga

– Moderna

– Contemporânea.

A ESGRIMA ANTIGA

O período antigo foi marcado pela Esgrima de impacto que era causado pelo choque de espadas muito pesadas sobre o corpo do oponente, o que o levava ao chão.

Naquela época eram utilizadas grandes e resistentes armaduras com um pulôver tecido em fios de ferro e aço que, usado por debaixo, protegia o corpo durante os combates e duelos, contra as flechas e auxiliando nos confrontos contra machado, bastão e lança.

No século XI eram realizados Torneios, a mais alta inspiração da cavalaria, a glória dos moços e o ânimo do espírito dos velhos. Neste tempo, o Torneio era considerado um exercício de nobres, onde só os homens, representantes da nobreza poderiam participar. Ele era a festa solene onde os cavaleiros mostravam sua agilidade e vigor nos jogos e combates corteses com armas brancas. Eram divertimento em que os cavaleiros podiam dar provas de bravura mantendo, mesmo em tempos de paz, a evolução das artes de combates, entre elas, a Esgrima.

Os juizes, nomeados “Marechais de Campo” eram auxiliados pelos Conselheiros, que tinham seus lugares marcados no campo de batalha, para manter as leis da cavalaria e dar conselho e socorro aos que precisassem. As regras da Esgrima atual são as que mais se aproximam das regras dos duelos, que aprimoraram a arte de lutar e matar seu adversário, mesmo no tempo das armaduras. O pulôver tecido em malha de fios de aço entrelaçados, usado por baixo da armadura, dificultava que flechas e espadas pudessem perfurar o combatente, devido à indumentária o cavaleiro tornava-se extremamente pesado. A espada era usada para derrubar o oponente, que uma vez caído, dificilmente levantava-se, ficando à mercê do seu adversário que para esta hora, normalmente guardava técnicas apuradas para uma morte lenta e com muito sofrimento. Para tentar evitar este problema os soldados romanos não se separavam de suas armas e couraça, este hábito era tamanho, que fazia com que eles nem percebessem mais o peso da indumentária, tornado a armadura parte quase como uma peça integrante ao corpo.

A ESGRIMA MODERNA

Segundo o documento “A História da Esgrima”, EsEFEx, 1989, “Um manuscrito datado de 1410 descreve a Esgrima como esporte na Alemanha, sendo assim, devendo ter aparecido 50 ou 60 anos antes, anulando a concepção de que teria sido criada na Itália no século XV. O guia “Max Bruder”, de Lowenberg, publicado em Frankfurt, 1383, descreve uma organização da Esgrima bem desenvolvida para a época.

Com a descoberta da pólvora e o desenvolvimento das armas de fogo ( Canhões, Arcabuzes e Pistolas ) a vantagem das armaduras foi desaparecendo e só os “Grandes Senhores” continuavam usando-a, muito mais por tradição que por necessidade. Contudo o uso de couraça, para o tronco, e do capacete continuaram.

A espada usada no início da pratica da Esgrima alemã feita em ligas de bronze e ferro e, geralmente, de dois gumes, cortando quando caía e subia, era pesada e grosseira além disto não tinha proteção para as mãos, o “Copo”, que tinha esta finalidade só foi inventado pelo Capitão do exército espanhol Gonçalo de Córdoba, falecido em 1515. Sua espada está em exposição no museu de Madri.

Os italianos aperfeiçoaram o Florete, arma fina e longa, logo aceita pelos alemães que abandonaram suas incomodas lâminas. Na França, usava-se uma espada curta que, muitas vezes, confundia-se com uma Adaga ou punhal pequeno. As armas na Inglaterra eram longas, largas e pesadas. Já na Espanha, os espadachins, ora usavam o florete italiano, ora a espada curta francesa e ainda as longas e pesadas inglesas.

Ainda na Antiguidade podemos citar alguns tipos de espadas:

. A “Estocada” – arma grande de lâmina forte e chata, com corte dos dois lados.

. O “Espadão” – usado com as duas mãos por ser pesado e de lâmina chata, larga e longa.

. A “Braquelarda” – com aproximadamente 80 cm de lâmina chata, ponta arredondada e também com corte dos dois lados.

. A “Rapiera” – similar ao que temos hoje, tinha lâmina longa , entre 1 m e 1,10 m, com corte dos dois lados e feria com a ponta. Possuia “copo” e era a arma mais usada nos duelos. Pode-se dizer que é a arma básica da Esgrima moderna.

. A “Colimarda”- espécie de “Rapieira” com largo talão (parte lateral da lâmina) e de cômodo manejo.

O sabre, arma de hoje, reto ou curvo, com corte lateral, é uma arma tipicamente oriental e foi introduzida na Europa pelos húngaros.

A arte de esgrimir, como esporte, foi mais rapidamente desenvolvida graças ao aperfeiçoamento de um aço mais leve e com maior resistência, que proporcionou armas que pudessem ser empunhadas com uma só mão, devido ao seu peso e tamanho.

Os espanhóis conseguiram desenvolver aços mais leves graças ao contato com os árabes e o povo bárbaro que habitava a península ibérica, aperfeiçoando um sistema especial de preparo das lâminas ( têmpera ), segredo até hoje bem guardado. Por isso a Espanha atingiu o mais alto grau de cultura de sua época, no que diz respeito à manufatura do aço, proporcionando o desenvolvimento de uma Esgrima de alto nível, com mais fineza. Porém a Esgrima espanhola,como passar dos anos, perdeu-se, pois os conhecimentos eram passados de pai para filho. Com o tempo, desapareceu o interesse na carreira de Mestre d’Armas, enquanto ficava cada vez mais forte na Itália, França e Alemanha.

Em 1410, foi publicado pelo mestre italiano Fiori Dei Liberi um tratado de Esgrima camado “Flor de Bataglia”, mostrando um bom desenvolvimento na Itália e, em 1443, surgiu na Alemanha um manuscrito de nome “Fechtbutch”, de Talhoffer. COMEÇA A FASE DA ESGRIMA MODERNA.

Em 1531 Antônio Mansiolino escreve o primeiro tratado de Esgrima descrevendo movimentos similares aos de hoje e três posições de “guarda”( posição do corpo do esgrimista que lhe permite deslocar-se para frente e para trás estando igualmente pronto para atacar e defender-se ).

Em 1536, Mestre Marozzo, da Itália, publica um tratado com algo mais que movimentos: “O REGULAMENTO DA SALA D’ARMAS”, que continha regras e ordens e começava com o seguinte juramento: “Juro pelo punho desta espada, como se fosse a cruz de Deus, nunca empregar esta arma contra meu Mestre”.

As regras ainda estipulavam que:

– ninguém pode bater-se ( duelar ) sem o consentimento de seu Mestre;

– a nada temer;

– jamais comparar o valor de alguém, a não ser com uma espada na mão;

– não blasfemar.

Todos os alunos do Mestre Marozzo eram obrigados a manejar, além da Espada, o Punhal, a Adaga, o Escudo, o “Espadão”.

O “A Fundo”, golpe que visa perfurar o adversário com a ponta, usado até os nossos dias, consta do tratado mais completo da época, publicado em 1553 por Camilo Agripa, um dos mais notáveis entre os Mestres italianos.

A forte escola francesa se desenvolveu a partir do século XVI quando Catarina de Médicis, esposa de Henrique IV, Rei da França, trouxe Mestres italianos e espanhóis para ensinar a nobreza. Por isso, historicamente, a esgrima da França é mais clássica e polida, enquanto a italiana é cheia de gritos e chamadas ( batidas com os pés sobre a pista de duelo ). Em virtude das diferenças de comportamento e educação, os franceses abandonaram os Mestres italianos e espanhóis e criaram um estilo de Esgrima acadêmico, adaptado ao temperamento de seu povo. No reinado de Carlos V os Mestres d’Armas já se reunião numa associação chamada de “Academia d’Armas”.

A ESGRIMA CONTEMPORÂNEA

O marco da Esgrima contemporânea foi o aparecimento da “Máscara”. O grande número de acidentes ocasionados pela exposição do rosto, fez com que o esgrimista usasse uma proteção de ferro, com uma fenda nos olhos. Ainda assim, aconteciam acidentes e para preveni-los Labouissiëre inventou a “Máscara” de arame trançado , no final do século XVIII, com várias modificações para melhorar sua eficácia é utilizada até hoje.

A “Máscara” começou a ser usada em todo o mundo, trazendo segurança, permitindo a difusão do esporte e aproximando, no máximo possível da realidade, a Esgrima do duelo, mas também trouxe desvantagens, fazendo a Esgrima perder o porte acadêmico e a posição clássica.

Em 1820, La Fangère regulamentou a nomenclatura com a padronização de termos que permanecem até hoje: posição de guarda, deslocamentos como a marcha (deslocamento à frente), o romper (deslocamento à trás) e o a fundo.

Atualmente realizam-se competições oficias em 5 modalidades:

– Florete Feminino

– Florete Masculino

– Espada Feminina

– Espada Masculina

Sabre masculino.

– Sabre feminino.

As categorias competitivas dividem-se em:

– Infantil (até 14 anos)

– Cadete (até 17 anos)

– Juvenil (até 20 anos)

– Adulto (livre)

– Master (acima de 40 anos).

Todos os anos realiza-se o Campeonato Mundial de Esgrima, com exceção dos anos Olímpicos. A Esgrima participa deste grande evento desde os primeiros Jogos Olímpicos em 1896, em Atenas. Nos Jogos Olímpicos de 1924 temos a primeira participação das mulheres.

Na sua maioria, os principais expoentes da Esgrima são dos países Europeus, Cuba, Canadá e China,. No Brasil, esta modalidade está em amplo desenvolvimento com um histórico de atletas de talento e expressão, com especial destaque para a Equipe da Federação Paulista que constitui a grande maioria da Equipe Brasileira.

A Esgrima hoje, no cenário mundial, é um esporte altamente desenvolvido, onde tecnologia moderna e segurança são complementadas pelo treinamento físico e mental dos atletas que a praticam.

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