ÉTICA E A EDUCAÇÃO
Pedagogia (PED5311) – Fundamentos da educação: temas transversais e ética
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
2010
RESUMO
Este artigo apresenta uma breve reflexão sobre ética e a educação. Buscando conceituar objetivamente ética e moral para evitar equívocos sobre os termos. E demonstrando o verdadeiro papel exercido pelas instituições de ensino e educadores no processo de formação dos indivíduos. Tendo consciência que a mudança social e comportamental é possível, os conceitos éticos devem ser abordados em todos os segmentos institucionais, garantindo o conhecimento qualitativo e significativo.
Palavras-chave: Ética; Educação; Sociedade.
1 – INTRODUÇÃO
Para compreender o verdadeiro valor de desenvolvimento da conscência ética em todos os segmentos sociais, basta perceber o que está acontecendo ao nosso redor. Na realidade fomos perdendo nossa sensibilidade para perceber o outro e nos fechamos em nossos mundos egoístas. Por isso é tão importante ser trabalhado nas instituições de ensino uma educação embasada na ética e na construção de valores morais, para que as gerações futuras e a atual possam aprender a pensar na coletividade e na parceria como peças fundamentais de uma sociedade democrática.
Percebendo a necessidade de ser abordado transdisciplinarmente, a Proposta Curricular Nacional (1998, p. 61) define a importancia de trabalhar ética nas unidades de ensino:
[…]enfrentar o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento, uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização das ações e relações e dos valores e regras que os norteiam. Configura-se, assim, a proposta de realização de uma educação moral que proporcione às crianças e adolescentes condições para o desenvolvimento de sua autonomia, entendida como capacidade de posicionar-se diante da realidade, fazendo escolhas, estabelecendo critérios, participando da gestão de ações coletivas.
2 – DEFININDO ÉTICA E MORAL
Analisando a origem das palavras ética e moral, percebe-se que ambas vem de línguas antigas, o grego e o latim respectivamente e possuem o mesmo significado: se refere à conduta e a caráter, ou relativo aos costumes e valores sociais. Mas em nosso idioma as duas palavras possuem significados distintos, apesar de estarem diretamente interligados. Por isso costuma gerar grande confusão na hora de se conceituar ética e moral. Segundo Valls (apud ROSAS, 2002), “a ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”.
Sendo assim, é necessário dar enfoque as principais diferenças conceituais desses termos em nosso idioma, para termos uma melhor compreensão e utilizá-las adequadamente em nossas relações sociais. Podemos afirmar de maneira clara e objetiva que ética é tem fundamentação teórica e reflexiva, sendo considerada universal, determina o princípio e as regras. Enquanto a moral é a prática dessa teoria, podendo ser adaptada a situações diversas, sofre influência cultural e religiosa para definir o procedimento de aplicação da regra no grupo social.
Tendo agora discernimento conceitual dos termos, podemos analisar e refletir sobre nossa postura enquanto cidadãos e educadores. Devido à importância que esse princípio tem na formação de uma sociedade mais justa, ética está incluída nos temas transversais para ser trabalhada transdisciplinarmente em todos os seguimentos educacionais. Porque é a partir da educação formal e empírica que vai sendo estruturado e desenvolvido o conceito de ética nas novas gerações que ajudamos a formar. Para tentar mudar essa triste realidade descrita por Rosas (2002), “afinal, o que é ética? Ética é algo que todos precisam ter. Alguns dizem que têm. Poucos levam a sério. Ninguém cumpre a risca […]”.
3 – A ÉTICA E A EDUCAÇÃO
Educação segundo o dicionário Aurélio (2004) é o “processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a melhor integração individual e social”. A escola faz parte das instituições encarregadas de garantir o pleno desenvolvimento da criança, em conjunto com a família, a igreja, o estado e a comunidade. Não é possível aceitar a cobrança social que as instituições de ensino e os educadores sofrem, sendo responsabilizados em garantir um ensino de qualidade com todos os princípios éticos impostos pelo grupo social e ainda assegurar que seus alunos tenham liberdade para refletir e criticar alguns desses valores e regras.
O trabalho é lento e gradativo, feito diariamente em conjunto com os demais segmentos da sociedade. Por isso os educadores vivem em constante contradição, como podemos ensinar conceitos e valores que muitas vezes restringem nossa liberdade de criticá-los? Precisamos enfocar ética de uma forma distinta, diversificada e reflexiva, para fazer o possível dentro das limitações institucionais e do tempo restrito que se passa com a criança, somos participantes e não os principais responsáveis da sua formação moral. Como nos diz Paulo Freire ( apud PAMPLONA, 2008), “a educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não educados, estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos”. Analisando este ponto de vista, podemos refletir amplamente sobre o processo educativo e quanto ao papel que desempenhamos junto ao corpo discente. Nossa busca é constante para nos capacitarmos e aprimorarmos nossa prática, visando de forma reflexiva aprimorar e ampliar as possibilidades de aquisição e reestruturação do conhecimento dos nossos alunos, sendo um mediador do processo e não um detentor do conhecimento absoluto.
Assim, a ação educativa se torna eficaz e significativa para ambas as partes envolvidas, como afirma Pamplona (2008):
A ação educativa implica um conceito de homem e de mundo concomitantes, é preciso não apenas estar no mundo e sim estar aberto ao mundo. Captar e compreender as finalidades deste a fim de transformá-lo, responder não só aos estímulos e sim aos desafios que este nos propõe. Não posso querer transmitir conhecimento, pois este já existe, posso orientar tal indivíduo a buscar esse conhecimento existente, estimular a descobrir suas
afinidades em determinadas áreas.
4 – EDUCAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE ÉTICA
Vivemos em uma sociedade capitalista, onde se busca o ter acima de ser, onde tudo pode ser comercializado. Vemos diariamente nos veículos de informação tantas injustiças, discriminações e corrupção, que para orientar nossos alunos é preciso ter muita esperança e fé no ser humano, para tentar mudar a atual realidade social de nosso país. Somente buscando resgatar os princípios éticos e atitudes morais, teremos a possibilidade de mudanças significativas em todos os segmentos sociais.
As instituições de ensino têm um importante papel na formação dos novos cidadãos. Que devem ter consciência de seus direitos e deveres, querer acima de tudo mudanças que garantam dignidade para todos, oportunidades e qualidade de vida, promovendo a consolidação da cidadania democrática. Por isso a educação formal, tem um papel fundamental na estruturação do pensamento livre, crítico, consciente, mais sensível para perceber o outro. Porque atualmente estamos vivendo com uma grande inversão de valores, nos tornamos individualistas e egoístas, tendo em muitos momentos como filosofia de vida a lei de Gerson – a de levar vantagem em tudo ou ainda usar a celebre frase de Maquiavel – de que os fins justificam os meios. É necessário resgatar valores como a solidariedade, o respeito ao próximo, a liberdade do outro e principalmente justiça, igualdade e a tolerância porque é inadmissível continuar com tantas atitudes nocivas a integridade do ser humano.
Essa busca pela conscientização e resgate moral da sociedade deve ser encaminhada pelas diversas instituições sociais em conjunto com a escola, para que nós e nossas crianças possamos viver e seremos felizes em uma sociedade mais justa e digna. Sendo assim a educação é a melhor forma de tomarmos consciência do papel que desempenhamos na sociedade, seja como cidadãos ou educadores, pois ao nos posicionarmos estamos sendo formadores de opinião. Se conseguirmos transmitir e sensibilizar nossos alunos sobre as mudanças necessárias, haverá uma grande chance de do conhecimento se tornar significativo e aplicável em sua comunidade. A partir da mudança de nossas atitudes cotidianas que demonstramos a consolidação dos conceitos éticos.
5 – CONCLUSÃO
De acordo com todas as informações e reflexões dispostas neste artigo, na atual realidade social em que vivemos não podemos mais nos omitir. É necessário um trabalho efetivo das instituições de ensino para auxiliar na formação dos educandos e garantir uma educação pautada em princípios éticos e valores morais. Buscando sempre a parceria com os demais segmentos sociais, principalmente a família. Os educadores são formadores de opinião e tem grande responsabilidade na mediação e na estruturação dos conceitos de ética e moral de seus alunos. Para que possam ampliar e refletir sobre as possibilidades e principalmente as alternativas para mudar a realidade social em que estão inseridos, visando uma cidadania democrática e justa para todos.
6 -BIBLIOGRAFIA
PAMPLONA, kelma. Conceito de educação.
Disponível em: http://www.paraibanews.com/colunistas/conceito-de-educacao/
Acesso em: 19 mai. 2008.
ROSAS, Vanderlei de Barros. Afinal, o que é ética?
Disponível em: http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei18.htm.
Acesso em: 19 mai. 2008.
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: Terceiro e quarto ciclos; Apresentação dos temas transversais.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf
Acesso em: 20 mai. 2008.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. Ed.rev. atual. Curitiba: Positivo, 2004.