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sexta-feira, novembro 22, 2024

EXERCÍCIO FISICO E ESTRESSE

1. TÍTULO

Exercício físico e estresse: suas relações com a freqüência cardíaca e pressão arterial.

2. AUTORES

CAMPOS, Tarcila; CORREA, Luciana; CURTISS, Luciana; DAMMOUS, Raquel; LANNA, Carolina; MININEL, Ana Camila; NEVES, Ádila; OLIVEIRA, Patrícia.

3. ENDEREÇO

Centro Universitário São Camilo

Av. Nazaré, 1.501 – Ipiranga – CEP 04263-200 – São Paulo – SP- Brasil

4. PALAVRAS–CHAVE

Pressão arterial, freqüência cardíaca, baroceptores e débito cardíaco.

5. RESUMO

Uma das funções mais importantes de qualquer sistema de controle fisiológico consiste em manter certas variáveis em níveis ótimos. Em relação ao sistema de controle cardio-respiratório, este esforça-se para manter a ventilação, a pressão arterial e o fluxo sanguíneo em níveis ótimos, nas condições de repouso, durante o exercício e por ocasião de exposição a extremos térmicos e gravitacionais. O sistema cardiovascular funciona no sentido de integrar o corpo como uma unidade, bombeando sangue, nutrientes e oxigênio para os músculos. Em geral, quanto mais vezes o coração bate por minuto, mais sangue ele bombeia. No ciclo cardíaco ocorre um período de relaxamento (diástole) quando o coração se enche de sangue e depois um período de contração (sístole). Em uma pessoa em repouso, o coração bombeia somente de quatro a seis litros de sangue por minuto, contudo durante o exercício físico intenso o coração pode bombear de quatro a sete vezes esse volume. Quando o volume do sangue aumenta, há uma vasoconstrição, a pressão arterial conseqüente aumenta e quando o volume de sangue cai, há uma vasodilatação e a pressão fica abaixo do normal. A partir desses conhecimentos, tem-se por objetivo ilustrar o efeito da postura estresse sobre a pressão diastólica e sistólica. Foi medida a pressão arterial de oito voluntários pelo método auscultatório e a freqüência cardíaca pelo mesmo método e pelo palpatório. Essas medidas foram tiradas no relaxamento, antes e depois de exercício físico e do estresse. Os voluntários apresentaram resultados diferentes, tendo em vista a diversidade de metabolismo de cada indivíduo normal. A freqüência cardíaca varia de acordo com o sexo, idade e a intensidade do treinamento físico que certo indivíduo pratica. Quando uma pessoa executa um exercício que mobiliza o corpo todo, ocorre aumento da pressão arterial.

ABSTRACT

One of the most important functions of any physiological control system consists in keeping certain variables in good level. Concerning to the cardio-respiratory system control, it strains to maintain the ventilation, the arterial pressure and the blood flux in good level, during rest and exercises conditions; and when there is an occasion of exposition to thermical and gravitational boards. The cardiovascular system works integrating the body into an unity that pumps blood, nutrients and oxygen to the muscles; usually the more the heart beats in a minute, the more quantity of blood it pumps. The cardio cycle occurs in a period of relaxing (diastole), when the heart fills with blood and after in a period of contraction (systole). In a person that is resting, the heart pumps only about 4 to 6 liters of blood in a minute, however, during an intensive physical exercises it pumps about 4 to 7 times this volume. When the blood volume increases, a vasoconstriction occurs and consequently the arterial pressure also increases. When the blood volume falls it occurs a vasodilatation and the arterial pressure gets lower than normal. From this knowledge the objective is to illustrate the stress posture effect under the systolic and diastolic pressure. Eight voluntaries had their arterial pressure measured by the auscultatory method and the cardiac frequency by the same method and by the palpatory one. This measure was taken during relaxing, before and after physical exercises and stress. The voluntaries showed different results considering the diversity of the metabolism of each one of them. The cardiacal frequency varies according to the sex, age and intensity of physical training that somebody does. When a person practices exercises that mobilize the whole body, like running, the arterial pressure increases.

I. Introdução

Uma das funções mais importantes de qualquer sistema de controle fisiológico consiste em manter certas variáveis em níveis ótimos. Em relação ao sistema de controle cardio-respiratório, esforça-se para manter a ventilação, a pressão arterial e o fluxo sangüíneo em níveis ótimos na condição de repouso, durante o exercício e por ocasião de exposição aos extremos térmicos e gravitacionais. (Foss; Keteian, 2000.)

O sistema cardiovascular que funciona no sentido de integrar o corpo como uma unidade, proporciona aos músculos uma corrente contínua de nutrientes e oxigênio, de forma que possa ser mantido um alto rendimento energético por um período de tempo considerável (Mc Ardel; et al, 1992).

No músculo cardíaco o potencial de ação é causado pela abertura de canais rápidos de sódio (presentes no músculo esquelético) e canais lentos de ­­cálcio, que possui uma abertura mais lenta, porém permanecem abertos durante­ um maior tempo (vários décimos de segundos), e é nesse momento que grandes quantidades tanto de íons sódio como de íons cálcio passam através desses canais para o interior da fibra muscular cardíaca. Esse potencial de ação desempenha um papel importante, pois ajuda a estimular a contração do músculo cardíaco (Guyton, 1998).

Os eventos cardíacos que ocorrem desde o início de um batimento cardíaco até o início do batimento seguinte denomina-se ciclo-cardíaco, que consiste em um período de relaxamento denominado diástole, durante o qual o coração se enche de sangue, seguido por um período de contração denominado sístole.

Em geral quanto mais vezes o coração bate por minuto, mais sangue ele bombeia, mas há certos limites em relação a esse efeito. Um exemplo disso é quando a freqüência cardíaca se eleva acima de um nível crítico, diminuindo a força de contração devido ao fim de substratos do metabolismo do miocárdio. Além disso, o sangue não consegue fluir direto dos átrios para os ventrículos porque o período de diástole entre as contrações reduz muito. Então, quando a freqüência cardíaca aumenta, artificialmente, por estimulação elétrica, o coração bombeia ao máximo grandes quantidades de sangue numa freqüência cardíaca entre 100 a 150 batimentos/minuto (Guyton, 1987).

O sangue flui continuamente das grandes veias para os átrios. A contração atrial faz com que ocorra um enchimento adicional dos ventrículos, por esse motivo os átrios funcionam basicamente como “bombas de reforço”.

Durante a sístole ventricular, grande quantidade de sangue se acumula nos átrios, com o término da sístole e a diminuição das pressões ventriculares diastólicas, ocorre um aumento moderado das pressões nos átrios que força a abertura da válvula atrioventricular (AV), fazendo o sangue fluir rapidamente para os ventrículos. Essa fase é denominada enchimento rápido dos ventrículos. Imediatamente após o início da contração ventricular, a pressão dos mesmos aumenta provocando fechamento das válvulas AV para que comece a contração ventricular, ou seja, a sístole ventricular. Após, inicia-se o relaxamento dos ventrículos e as pressões intracelulares diminuem, em seguida as válvulas AV se abrem, dando início a um novo ciclo de bombeamento ventricular.

A cada batida do coração um novo jorro de sangue enche as artérias. Se não fosse pela distensibilidade do sistema arterial, o fluxo sanguíneo pelos tecidos ocorreria apenas durante a sístole cardíaca, e nenhum fluxo sanguíneo durante a diástole. Felizmente, a combinação da distensibilidade das artérias com sua resistência ao fluxo sanguíneo reduz as pulsações da pressão a quase zero no momento em que o sangue chega aos capilares; portanto, o fluxo sanguíneo pelos tecidos usualmente é contínuo em vez de ocorrer em pulsos (Guyton, 1998). Quando uma pessoa está em repouso o coração bombeia somente 4 a 6 litros de sangue por minuto. Contudo, durante o exercício físico intenso, o coração pode ser solicitado a bombear de 4 a 7 vezes esse volume.

A pressão arterial é a força da parede da artéria contra o sangue e existe sangue constante para manter o fluxo (velocidade, movimento).

A pressão arterial normal num adulto jovem é de 120mmHg como pressão máxima (pressão sistólica) e de 80mmHg de pressão mínima ou pressão diastólica. A pressão do pulso é de 40mmHg que é a diferença das duas pressões.

Quanto maior a subida e a queda da pressão durante a sístole e a diástole, causando um aumento da pressão do pulso, maior é a quantidade de sangue dentro da árvore arterial a cada batimento cardíaco, pois houve um maior volume do débito sistólico.

Por outro lado, quanto maior o volume do débito sistólico, maior a quantidade de sangue que tem que ser acomodada na árvore arterial a cada batimento cardíaco e, portanto, maior a subida e a queda da pressão durante a sístole e a diástole, causando assim uma pressão do pulso maior (Guyton, 1998).

A relação entre o volume do débito sistólico e a complacência da árvore arterial determinam qual é a pressão do pulso que mudará se uma condição da circulação afetar esses fatores.

Há fatores que alteram a pressão arterial (hemodinâmica). A parede da artéria –músculo liso- é controlada pelo Sistema Nervoso Vegetativo, ocorrendo uma contração ou diminuição do calibre (vasoconstrição) pelo S. N. Simpático causando um aumento da P.A. Ocorre também o relaxamento ou aumento do calibre (vasodilatação) pelo S.N.Parassimpático causando a diminuição da PA, o que causa a hipotensão.

Para os indivíduos, cuja artéria se tornaram “endurecidas” em virtude de substâncias adiposas que se depositaram dentro de suas paredes (graças ao espessamento da camada de tecido conjuntivo do vaso) ou cujo sistema arterial oferece uma resistência excessiva ao fluxo sanguíneo na periferia por causa da sobrecarga nervosa ou da disfunção renal, a pressão sistólica em repouso pode chegar a 250 ou até mesmo 300 mm Hg. A pressão diastólica ou de escoamento também se eleva acima de 90 mm Hg. Essa pressão arterial alta, denominada de hipertensão, impõe um esforço crônico ao funcionamento normal do sistema cardiovascular.(McArdle; et al, 1992)

Ainda não se sabe até que ponto o exercício consegue minorar uma condição hipertensa, porém parece que a pressão arterial tanto sistólica quanto a diastólica pode ser reduzida num grau moderado com um bom programa de exercícios aeróbicos.(McArdle; et al, 1992)

No sangue também há uma alteração na PA quando o volume plasmático é modificado, mexendo na água. Quando o volume sanguíneo aumenta, a pressão arterial conseqüentemente aumenta. Ocorre o contrário quando o volume sanguíneo cai, a PA fica abaixo do normal. As alterações no volume de água no sangue causam sede, quando o volume plasmático é baixo e o indivíduo ingere água para tentar aumentar o mesmo, ou quando o sangue está hipertônico, quando há muito sal que absorve água do espaço intersticial ou de citoplasmas de algumas células.

Outra alteração da pressão arterial ocorre em relação ao volume urinário, quanto maior a eliminação de água pela urina, menor é o volume sanguíneo e assim menor é a PA. Quando há reabsorção de água pelo sangue, essa não sendo eliminada, o volume sanguíneo aumentará e a pressão arterial se elevará também.

A alteração do volume sanguíneo na circulação sistêmica é o trabalho do coração. O exemplo disso é quando há elevação da freqüência cardíaca (f.c), ocasionando uma elevação do volume de sangue que sai do coração, o que quer dizer um maior volume de sangue circulante no corpo e, assim, um aumento no débito cardíaco e na PA. Quando a f.c. diminui, o débito cardíaco diminui, diminuindo o volume sanguíneo e a pressão arterial. Quando ocorre da PA estar abaixo do normal, pode estar havendo um maior número de batimentos cardíacos por minuto (aumento da f.c), pois o organismo está tentando reverter a situação de hipotensão (essa situação será mais bem explicada a pouco).

A viscosidade sanguínea é outro fator que altera a pressão arterial. Quanto maior o número de células, mais aumentada estará a viscosidade do sangue o que causa um estado de hipertensão ou PA elevada. Quando o número de células é baixo, ocorre a diminuição da pressão arterial, ocorrendo num determinado momento, o mais rápido possível, mecanismos para a regulação da mesma.

Os mecanismos de regulação se dão por dois tipos diferentes: Regulação Nervosa e Regulação Endócrina-renal. A primeira possui baroceptores que têm a função de perceber o grau de estiramento das paredes arteriais, detectando se estão estiradas ou relaxadas e informando o calibre aumentado ou diminuído para o Sistema Nervoso Central (SNC). Um exemplo: quando os baroceptores mandam uma informação para o SNC de que o calibre de uma certa artéria está diminuído, esse percebe um aumento no volume sanguíneo e um aumento nos níveis de PA, tentando de alguma maneira regulá-los. Esses receptores serão estudados ao longo do texto.

No Sistema Nervoso Central essa interpretação é feita pelo Centro Cárdio Motor (CCM) que regula a pressão arterial. Por exemplo, quando o CCM estimula o parassimpático, faz este liberar acetilcolina que se liga aos receptores M2 das artérias fazendo com que ocorra um relaxamento da musculatura lisa, havendo uma vasodilatação, diminuindo o fluxo sangüíneo e conseqüentemente diminuindo a pressão arterial. A acetilcolina também se liga aos receptores M2 do coração fazendo com que abaixe a freqüência cardíaca ocorrendo uma bradicardia. Como conseqüência diminui o débito cardíaco, diminuindo o volume sangüíneo e também a pressão arterial. O CCM atua também no sistema simpático liberando a norepinefrina que se liga em dois receptores: a2 das artérias, ocorrendo uma contração da musculatura lisa, uma vasoconstrição, aumentando o volume sangüíneo e também a pressão arterial; b2 que se liga no coração aumentando a freqüência cardíaca ocasionando uma taquicardia, aumentando o débito cardíaco e conseqüentemente elevando o volume sangüíneo e a pressão arterial.

A pressão arterial pode também ser regulada pela Regulação Endócrino-Renal, que se divide em: (1) eixo hipotálamo-neurohipófise, o qual é ativado quando o volume sangüíneo está baixo, ativando os osmoceptores do hipotálamo ocasionando: adipsia (sede), promovendo a ingestão de água e a absorção desta no trato digestivo e no sangue, aumentando o volume sangüíneo, equilibrando a tonicidade deste e elevando a pressão arterial. A estimulação da neurohipófise que libera o hormônio antidiurético atua nos rins ocasionando a reabsorção de água, o que aumenta o volume de sangue e a pressão arterial. O hormônio antidiurético atua também nas artérias promovendo uma contração da musculatura lisa, uma vasoconstrição moderada, elevando o volume sangüíneo e a pressão arterial; também há o apetite pelo sal que, ao ser ingerido, torna o sangue extremamente concentrado, atraindo moléculas de água para o sangue, aumentando o volume deste e também a pressão arterial; (2) Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona, ativa-se quando o volume de sangue geral está baixo e também o volume sangüíneo da artéria renal, ocasionando uma baixa irrigação da glândula supra-renal, liberando o hormônio aldosterona. Este atua nos rins, reabsorvendo o sódio, que faz com que o sangue fique super concentrado, atraindo moléculas de água e causando um aumento da pressão arterial, pois ocorre uma elevação do volume de sangue. Os rins também liberam a renina no sangue. Através desta, a angiotensina I (inativa) transforma-se em angiotensina II (ativa), fazendo com que haja uma contração da musculatura lisa das artérias, uma vasoconstrição generalizada, elevando a pressão arterial.

Os baroceptores são receptores que captam a variação no calibre das artérias, sendo encontrados principalmente nas paredes das artérias carótidas internas e na croça da aorta. Esses receptores sensíveis à pressão respondem com intensidade máxima às modificações através das paredes arteriais.

Além dos baroceptores aórticos e carótideos aqui mencionados, outros estímulos podem afetar a pressão arterial e o fluxo sangüíneo. Esses outros mecanismos incluem: (1) os baroceptores de pressão baixa encontrados no coração e na árvore pulmonar; (2) quimioceptores encontrados nos corpúsculos carótideos na bifurcação da artéria carótida comum e nos corpúsculos aórticos localizados junto a aorta, e que serão melhor explicados adiante.

Os baroceptores de pressão baixa não identificam as alterações na pressão com tanta precisão como identificam as modificações bruscas no volume sangüíneo. Entretanto, sua importância durante o exercício continua obscura e como resultado, não serão discutidos em mais detalhes. (Foss, 2000).

No início do exercício, o ponto operacional dos baroceptores carotídeos e aórticos, é regulado rapidamente para um nível mais alto, que contribui para uma redução ainda maior no tônus parassimpático.

Sabemos que, por razões fisiológicas, um aumento na freqüência cardíaca eleva a pressão arterial. Se esse aumento na pressão (que é normal durante o exercício) fosse induzir o reflexo baroceptor durante o exercício da mesma maneira como o faz em repouso, a freqüência cardíaca e o volume de ejeção acabariam diminuindo em vez de aumentar. Felizmente, os baroceptores são “desligados” temporariamente ou, mais especificamente, eles são “reorganizados” mais rapidamente num limiar mais alto quando o exercício é iniciado. Isso permite que a freqüência cardíaca e a pressão arterial possam aumentar com pouca oposição.

À medida que a intensidade do esforço de trabalho aumenta até além de um nível ligeiro de intensidade (freqüências cardíacas maiores que 100 batimentos/min- bmp), o débito cardíaco (freqüência cardíaca e volume de ejeção) aumenta ainda mais em virtude da privação adicional da atividade parassimpática e de importantes aumentos no tônus simpático cardíaco e vasoconstrutor. O aumento no tônus simpático é causado pela ativação do metabolorreceptores musculares, provavelmente por uma maior participação dos baroceptores e, possivelmente, pela ativação dos mecanoceptores musculares.

Nem todos os estímulos foram identificados ou explicados. No entanto, existem vários de importância primária, no sentido de influenciar a função cardio-respiratória. Esses incluem:

1) maior atividade do córtex motor;

2) modificações na bioquímica muscular, na contração e desenvolvimento de tensão estática;

3) Alterações na concentração sangüínea de H+ e PCO2;

4) Modificações na pressão arterial;

5) Maior secreção de noradrenalina e adrenalina pela medula supra-renal.

Os quimioceptores também são importantes na regulação da pressão arterial, mas não tanto como os baroceptores. Os quimioceptores percebem as alterações de PO2, PCO2 e íons de H+. Estes receptores então estimulariam o bulbo e causariam alterações corretivas na ventilação das artérias (Foss, 2000).

As pressões sistólica e diastólica podem ser determinadas pelo método de ausculta.

Para esse método é necessário possuir um estetoscópio e um manguito de pressão arterial que é inflado em torno do braço enquanto o estetoscópio é colocado sobre a artéria antecubital. Enquanto o manguito comprime o braço com pouca pressão, permitindo que a artéria fique distendida pelo sangue, nenhum som é ouvido através do estetoscópio, apesar de o sangue dentro da artéria estar pulsando. Quando a pressão do manguito é suficientemente grande para fechar a artéria durante a parte do ciclo da pressão arterial, é então ouvido um som de cada pulsação. Estes sons são chamados de sons de Korotkoff (Guyton, 1998).

Ouvem-se esses sons pela volta do fluxo sanguíneo no vaso que estava parcialmente ocluso. O jato de sangue causa turbulência no vaso aberto além do manguito provocando sons que serão ouvidos através do estetoscópio.

Para determinar a pressão sanguínea pelo método da ausculta, a pressão no manguito é, primeiro, elevada bem acima da pressão sistólica arterial. Enquanto essa pressão estiver mais alta do que a pressão sistólica, a artéria braquial permanece em colapso e nenhum sangue jorra para dentro do segmento inferior da artéria durante qualquer parte do ciclo da pressão. Portanto, nenhum som de Korotkoff é ouvido na artéria inferior. A pressão do manguito é diminuída gradativamente, e quando a pressão cai abaixo da pressão sistólica, o sangue, o sangue começa seu fluxo novamente e começa-se a escutar batidas leves na artéria. Esses sons estão em sincronia com o batimento cardíaco. O nível de pressão é indicado no manômetro ligado no manguito, essa é aproximadamente igual à pressão sistólica.

Quando a pressão do manguito cai até ficar igual à pressão diastólica, os sons têm uma característica rítmica e forte, ficam abafados e somem após 5 ou 10 mm da queda da pressão no manguito. Isso ocorre, pois a artéria não se fecha durante a diástole (Guyton, 1998). O jato de sangue está mais fluído, pois não está mais presente uma artéria comprimida. Os sons de Korotkoff estão abafados quando as pressões são iguais, a pressão diastólica representada pela pressão do manômero.

O método de ausculta geralmente dá valores dentro de 10% dos determinados por medidas diretas a partir das artérias.

Ii. Objetivo

Ilustrar o efeito da postura e estresse sobre as pressões sistólica e diastólica.

II. Material e Método

Foram utilizados os seguintes materiais:

– Esfingmomanômetro;

– Estetoscópio;

– Becker;

– Água gelada.

Como método para se obter os resultados de pressão arterial e freqüência cardíaca, oito voluntários, todos do sexo feminino, foram submetidos a medições nas seguintes posições:

Posição Método utilizado

Sentado auscultatório

Em pé auscultatório, palpatório e f.c.

Deitados (10 min.) auscultatório

Após exercício auscultatório e f.c.

Após estresse auscultatório e f.c.

Todos os voluntários tiveram suas pressões arteriais medidas assim como a freqüência cardíaca, após foram divididos em dois grupos de quatro cada.

O primeiro grupo foi submetido ao exercício físico correndo por 10 (dez) minutos; o segundo grupo passou por um estresse quando colocaram suas mão mergulhadas num Becker com água gelada por 3 (três) minutos. Após essas duas situações, os voluntários tiveram sua pressão arterial e freqüência cardíaca medidas. Três minutos passados depois dessa primeira medição, passaram por uma segunda para a comparação na discussão dos resultados.

III. Resultados

Os resultados do experimento com os oito voluntários pelos diferentes métodos de medição de pressão arterial foram os seguintes:

O primeiro voluntário através do método auscultatório apresentou uma pressão arterial de 120-80 mmHg estando sentado, e ainda pelo mesmo método porém de pé, o mesmo voluntário apresentou uma pressão arterial de 110-60 mmHg. A freqüência cardíaca obtida foi de 80 batimentos por minuto. Pelo método palpatório o voluntário obteve 72 batimentos cardíacos. Após 10 minutos de relaxamento a pressão dele foi medida pelo método auscultatório e foi obtida uma pressão de 110-70 mmHg. Após 10 minutos de corrida a pressão foi medida novamente pelo método auscultatório e foi de 130-80mmHg, a freqüência também medida pelo método auscultatório foi de 140 batimentos por minuto. Após 3 minutos de encerrada essa corrida mediu-se novamente a pressão que apresentou 120-70 mmHg e freqüência de 100 batimentos por minuto.

O segundo voluntário pelo método auscultatório apresentou uma pressão arterial de 110-50 mmHg enquanto sentado e ainda pelo mesmo método de pé, a pressão também foi de 110-50 mmHg. A frequência cardíaca obtida através do método auscultatório foi de 68 batimentos por minuto. Pelo método palpatório o voluntário obteve 72 batimentos cardíacos por minuto. Após 10 minutos de relaxamento a pressão foi medida pelo método auscultatório e obteve-se 110-40 mmHg e uma freqüência cardíaca também medida pelo método auscultatório de 68 batimentos por minuto. Após 10 minutos de corrida a pressão desse voluntário foi medida pelo método auscultatório, estando em 140-90 mmHg e a freqüência também medida pelo método auscultatório de 96 batimentos por minuto. Após 3 minutos do término da corrida, mediu-se novamente a pressão e a freqüência pelo método auscultatório e obteve-se 120-70 mmHg e 92 batimentos por minuto.

O terceiro voluntário apresentou uma pressão arterial medida através do método auscultatório de 110-60 mmHg em posição sentada. Já quando ficou em pé apresentou uma pressão arterial de 120-40 mmHg. Quando utilizado o método palpatório obteve-se 76 batimentos cardíacos por minuto. A freqüência cardíaca, medida pelo método auscultatório foi de 84 batimentos por minuto. Esse voluntário após 10 minutos de relaxamento obteve uma pressão arterial medida pelo método auscultatório de 100-60 mmHg. Após 10 minutos de corrida a pressão foi 120-80 mmHg e a frequência cardíaca foi 120 batimentos por minuto. Após 3 minutos de descanso a pressão obtida foi de 110-70 mmHg e freqüência cardíaca de 96 batimentos por minuto.

O quarto voluntário teve a pressão arterial de 110-60, medida pelo método auscultatório quando estava sentado. Quando ficou em pé teve a pressão medida também pelo método auscultatório e obteve o mesmo valor de pressão arterial de quando estava sentado. Os batimentos cardíacos medidos pelo método palpatório foram de 80 por minuto. A freqüência cardíaca medida através do método auscultatório foi de 84 batimentos por minuto. Esse voluntário após 10 minutos de relaxamento teve a pressão medida por método auscultatório e o resultado obtido foi de 110-60 mmHg. Após 10 minutos de corrida a pressão foi medida pelo método auscultatório e a foi 130-80 mmHg a frequência cardíaca obtida foi 116. Após 3 minutos de descanso foi medida novamente a pressão pelo método auscultatório e obtido o resultado de 120-70 mmHg. A freqüência cardíaca foi de 96 batimentos por minuto.

A quinta voluntária obteve uma pressão de 110-70 mmHg enquanto sentada, pelo método auscultatório. Quando a pressão foi medida com a voluntária em pé, também pelo método auscultatório obteve-se o mesmo resultado. Os batimentos cardíacos medidos através do método palpatório foram 88 por minuto. Sua freqüência cardíaca, medida pelo método auscultatório foi de 80 batimentos por minuto. Após 10 minutos de relaxamento obteve-se uma pressão arterial de 110-70 mmHg, medida através de método auscultatório. Em seguida sua mão foi colocada no gelo durante 2 minutos, medida a pressão arterial através do método auscultatório obteve-se um resultado de 120-80 mmHg e freqüência cardíaca de 96 batimentos por minuto. Após completados 3 minutos com a mão dentro do gelo mediu-se novamente sua pressão arterial pelo método auscultatório e obteve-se 130-80 mmHg e frequência cardíaca de 104 batimentos por minuto.

O sexto voluntário em repouso obteve uma pressão de 110-60 mmHg, medida pelo método auscultatório. Quando estava em pé, teve a pressão medida novamente pelo método auscultatório e obteve-se o mesmo resultado de quando estava sentada. Seu batimento cardíaco, medido pelo método palpatório foi de 80 por minuto. A freqüência cardíaca medida pelo método auscultatório foi de 84 batimentos por minuto. Depois de 10 minutos de relaxamento a pressão foi medida pelo método auscultatório e obteve-se 110-60 mmHg. Sua mão foi colocada na água por 2 minutos e sua pressão e freqüência foram medidas após esse período, pelo método auscultatório, obtendo-se pressão de 120-70 mmHg e 92 batimentos cardíacos por minuto. Completados 3 minutos com a mão dentro do gelo foram medidas novamente a pressão e a freqüência pelo método auscultatório, ficando a pressão arterial em 120-70 mmHg e os batimentos em 100 por minuto.

O sétimo voluntário também teve sua pressão arterial medida pelo método auscultatório, e obteve-se 110-60 em ambas as posições em pé e sentado. Obteve-se um número de batimentos cardíacos iguais a 80 por minuto através do método palpatório e igual a 96 pelo método auscultatório. Após 10 minutos de relaxamento teve sua pressão medida pelo método auscultatório e obteve-se 110-60 mmHg. Depois de ter colocado a mão no gelo por um período de 2 minutos teve sua pressão e freqüência cardíaca medidos pelo método auscultatório e obteve-se 130-70 mmHg de pressão arterial e 104 batimentos por minuto. Completados os 3 minutos com a mão na água sua pressão e freqüência foram medidas novamente pelo método auscultatório e obteve-se 130-80 mmHg e 112 batimentos por minuto.

O oitavo voluntário teve sua pressão medida pelo método auscultatóriop quando estava sentado e obteve 120-80 mmHg, e quando estava em pé obteve 130-90 mmHg. Seu batimento cardíaco medido através do método palpatório foi de 80 por minuto, tendo o mesmo resultado obtido pelo método auscultatório. Após 10 minutos de relaxamento sua pressão arterial medida pelo método auscultatório foi de 110-70 mmHg Após ter deixado sua mão na água por 2 minutos sua pressão foi 120-80 mmHg e sua freqüência cardíaca foi de 96 batimentos por minuto ambos medidos pelo método auscultatório. Depois de mais um minuto com a mão no gelo, completando assim os 3 minutos, sua pressão e freqüência foram medidas novamente pelo método auscultatório e obteve-se 130-90 mmHg e 108 batimentos por minuto.

IV. Discussão

No início do exercício (e até mesmo antes do exercício começar), as alterações cardiovasculares são desencadeadas pelos centros neurais localizados acima da região bulbar. Esses ajustes proporcionam um grande aumento na freqüência e na força da propulsão do coração, assim como alterações previsíveis no fluxo sanguíneo regional, que são proporcionais à intensidade do exercício. À medida que o exercício continua, o fluxo anterógrado colinérgico simpático juntamente com os fatores metabólicos locais, que agem tanto sobre os nervos quimiossensíveis quanto diretamente sobre os vasos sanguíneos, causam dilatação dos vasos de resistência nos músculos em ação. Essa menor resistência periférica permite que as áreas ativas acomodem um maior fluxo sanguíneo. Com a continuação do exercício, observam-se ajustes constritores adicionais em tecidos menos ativos; assim sendo, uma boa pressão de perfusão é mantida até mesmo com a grande dilatação da árvore vascular muscular.(McArdle, et. al, 1992)

O fluxo sanguíneo aumenta em proporção à intensidade do exercício. Ao progredir do repouso para o exercício em ritmo estável, o débito cardíaco sofre um rápido aumento, seguido de uma elevação gradual, até alcançar um platô. Neste ponto, o fluxo sanguíneo presumivelmente é suficiente para atender às necessidades metabólicas do exercício.(McArdle, et. al, 1992)

O exercício físico muito extenuante é a situação mais estressante encarada pelo sistema circulatório normal. Isto é verdadeiro porque em algumas situações o fluxo sanguíneo nos músculos pode aumentar mais que 20 vezes (aumento maior que em qualquer outro tecido do corpo) e também porque há uma grande massa de músculo esquelético no corpo. O produto desses dois fatores pode aumentar o débito cardíaco em até cinco vezes em relação ao nível normal e num atleta bem treinado em até seis ou sete vezes. (Guyton, 1998)

Três efeitos principais que são essenciais ao sistema circulatório para suprir o enorme fluxo sanguíneo requerido pelos músculos ocorrem durante o exercício. Esses efeitos são, a descarga em massa do sistema nervoso simpático por todo o corpo com os efeitos estimulatórios conseqüentes sobre a circulação, o aumento da pressão artérial e do débito cardíaco. (Guyton, 1998)

A freqüência cardíaca em repouso varia em indivíduos normais em 40 bpm (atletas) e valores próximos de 100 bpm. Em média, os indivíduos sedentários possuem freqüência cardíaca em repouso de 70 a 90 bpm. Pode-se observar que a freqüência cardíaca de repouso é mais baixa em indivíduos atletas, pois esta diminuição é devido ao programas de treinamento físico. (Leite, 2000). Os oito voluntários apresentaram freqüência cardíaca em repouso dentro dos valores normais sendo considerados indivíduos sedentários.

A freqüência cardíaca varia de acordo com o sexo, idade e a intensidade do treinamento que certo indivíduo pratica ou seja, com um aumento de intensidade física há um aumento da freqüência cardíaca, como é percebido nos resultados dos indivíduos que apresentaram sua atividade física aumentada através de corrida.(Leite, 2000)

Após o esforço físico, a freqüência cardíaca se comporta como uma curva de débito de oxigênio, apresenta duas fases distintas: uma curva descendente rápida e uma lenta. Normalmente o comportamento da freqüência cardíaca pós-esforço é a seguinte:

1. Nos 3 primeiros minutos, a freqüência cardíaca decai 70% dos valores alcançados;

2. Nos exercícios físicos intensos e exaustivos, a freqüência cardíaca demora a retornar aos seus valores basais;

3. A recuperação da freqüência cardíaca é mais rápida em indivíduos treinados, em relação aos não treinados, para um mesmo esforço físico.(Leite, 2000)

De acordo com os resultados, a freqüência cardíaca dos 4 voluntários submetidos ao exercício decaiu após 3 minutos, porém não foi atingida uma diminuição de 70%. Os indivíduos 1,3 e 4 que praticam atividade física diariamente apresentaram uma rápida e considerável recuperação nos valores de freqüência cardíaca.

Um dos efeitos mais importantes da atividade simpática aumentada no exercício é a elevação da pressão arterial. Isto resulta de inúmeros efeitos estimulatórios, inclusive, a vasoconstrição das arteríolas e das pequenas artérias na maioria dos tecidos além dos músculos ativos, a atividade bombeadora aumentada pelo coração e um grande aumento da contração venosa.(Guyton, 1998)

Quando uma pessoa executa um exercício que mobiliza todo o corpo, como correr, o aumento da pressão arterial é freqüente de apenas 20 a 40 mm hg, como podemos observar nos resultados. A ausência de um aumento enorme da pressão resulta da vasodilatação extrema que ocorre em grandes massas musculares.(Guyton, 1998)

Em alguns tipos de estresse, ocorre um aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, como é constatado nos voluntários submetidos ao estresse. Esse aumento é semelhante ao aumento que ocorre no exercício físico, já que este é considerado um tipo de estresse.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6a ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2000.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Fisiologia Humana e Mecanismos das doenças. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Fisiologia Humana e Mecanismos das doenças. 6a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

LEITE, Paulo Fernando. Fisiologia do exercício: ergometria e condicionamento físico, cardilogia desportiva. 4a ed. São Paulo: Robe editorial, 2000.

McARDLE et al. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 3a ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 1992.

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