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quarta-feira, novembro 20, 2024

Formações de Valores Morais

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO 
2LEITURA DA REALIDADE 
3LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA 
4ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST
NA LOCALIDADE 
5CONSIDERAÇÕES FINAIS (OU CONCLUSÃO) 
REFERÊNCIAS

1INTRODUÇÃO

Considero-me uma pessoa com muitas vitórias e realizações no esporte. Nos primeiros passos de minha vida as atividades físicas estavam sempre presentes, primeiramente por ordens médicas devido a uma forte e insistente bronquite no qual meu tratamento fora simplificado na dedicação ao meio aquático. A natação enquanto bebê proporcionou-me autonomia suficiente iniciando assim, a vida fisicamente ativa, com interação social de maneira prazerosa. Conseqüentemente, a natação continuou fazendo parte de todo meu crescimento e desenvolvimento e a partir daí, descobri desde cedo a importância do exercício físico e como isso valorizou sobremaneira minhas atitudes, minha interação social e minha formação pessoal. 
Dediquei-me a outro esporte: o basquetebol que por sua vez levou-me ao profissionalismo. Apesar do curto espaço de tempo aprendi muitas lições sobre a dedicação intensiva ao desporto desde a infância, por isso considero a Educação Física de suma importância e fonte inesgotável de realizações. 
Depois de muitos problemas de saúde e uma cirurgia (tornozelo) decorrente do basquetebol, abdiquei de alguns sonhos para que outros pudessem ser realizados nos estudos. Assim, ingressei ao Curso de Bacharel em Esportes na Universidade Estadual de Londrina, agarrando a idéia de ser uma técnica implacável e melhor do que os profissionais dos clubes por que passei. Uma garota ignorante hoje eu diria, mal sabia o quanto eu deveria ainda aprender. E com certeza a minha escola foi a dos estágios e trabalhos nos quais sempre realizei com muita persistência e amor. Eu sabia quais rumos eu tinha que tomar, eu sempre soube o que eu realmente queria mas nem sempre as oportunidades acadêmicas e o mercado de trabalho são acessíveis. 
Creio que o que mais me auxiliou ao entrar para o mercado de trabalho foi estar apaixonada sempre pelo meu trabalho mais a prática decorrente dos estágios atualizados, pois não tive tantas dificuldades para com a prática de ensino. Atualmente, no município onde resido (Estância Turística de Piraju) faço parte do Programa Segundo Tempo, sou personal trainner, professora de basquetebol e natação/hidroginástica (academia). E sei a cada dia que aprendo algo novo com erros e acertos de modo que nunca me canso de continuar. 
Descrever sobre minha formação faz-me lembrar o quão forte foram as influências de meus professores para com meu desenvolvimento e crescimento no esporte. A afetividade, convivência, empatia, obediência e objetivos comuns só nos ajudaram mutuamente (atleta-treinador) a ultrapassar tantas barreiras, transformando assim objetivos em metas. Essas recordações, tanto eu como qualquer atleta nunca se esquecerão, principalmente na iniciação esportiva onde os laços afetivos são bem mais intensos para com a figura do professor. Portanto, acredito que todo o profissional especificadamente da área de Educação Física tenha a consciência e noção de que estruturamos a formação básica das crianças e jovens e que nosso papel não só faz parte da cultura corporal mas da formação integral de um futuro cidadão.
O crescimento e o desenvolvimento das atividades físicas têm aumentado significativamente dentro do contexto esportivo abrangendo toda a população principalmente crianças. Inúmeros estudos têm mostrado o aumento de crianças envolvidas com o esporte (CRUZ, 1997) sendo também veículo transformador das políticas públicas governamentais.
Verifica-se ainda que as crianças iniciam cada vez mais cedo a prática de alguma modalidade esportiva. Segundo DE OLIVEIRA (1993), em algumas modalidades olímpicas já se observa a presença de crianças de doze anos de idade participando de eventos internacionais. Isto pode ser explicado por fatores como trabalho intensificado da mídia esportiva que relaciona a prática de um esporte ou atividade física com o bem estar, saúde, melhor qualidade de vida, desenvolvimento de habilidades, desenvolvimento corporal e fisiológico e a integração social (BECKER, 2000). Além desses fatores, outros devem ser considerados como a identificação dos ídolos, torcida, gosto pelo esporte, a influência dos pais e às circunstâncias como por exemplo ser filho do treinador ou morar próximo a um centro esportivo (CRATTY, 1984). 
Na iniciação esportiva aponta-se considerável relevância ao gosto pela atividade realizada. Uma vez obtido o gosto pelo exercício (prazer) é só aproveitar dos benefícios que essa prática traz no decorrer de nossas vidas, e esses benefícios vão além do desenvolvimento físico e fisiológico. As crianças aprendem a conviver em grupo, a dividir as coisas, enfim um sentimento social de lealdade à equipe (DE OLIVEIRA, 2000), entre outros valores que poderão ser apresentados. Atualmente a literatura registrou a eficiência do exercício e do esporte para a melhoria de diversos fatores relacionados aos aspectos emocionais de homens e mulheres, jovens, idosos, crianças sendo esses: a ansiedade, a agressividade, auto-agressão, depressão, estilo de vida e estados de humor (BECKER, 2000).
O desempenho esportivo está associado a uma série de fatores de ordem técnica, física e psicológica. Com o início da prática esportiva a chave para o sucesso talvez esteja no desenvolvimento de habilidades psicomotoras e um clima agradável que possibilite ao futuro atleta otimizar sua aprendizagem e seu rendimento de uma forma prazerosa respeitando a individualidade de cada um. Segundo VILANI (2004), dentre as diversas variáveis que visam o aumento das habilidades na aprendizagem esportiva, o desenvolvimento de um clima agradável de respeito mútuo e de confiança no ambiente de treinamento constitui um pré-requisito fundamental para propiciar o crescimento das potencialidades dos futuros atletas sejam técnicas, físicas, táticas ou psicológicas.
Dentro do contexto acima podemos conceituar os valores morais no desenvolvimento das crianças em sua iniciação esportiva. Segundo De Luca (2007) o valor moral reside no próprio homem. As coisas que nos rodeiam são percebidas em função do valor que o homem lhes atribui. Assim sendo, a Educação seria o veículo capaz de fazer brotar no Homem, sua capacidade de valoração. O professor seria apenas o orientador dos princípios que o aluno adotaria como seus valores morais, de acordo com seu sentir.
Para nós, educadores a perspectiva da prática esportiva é um processo a longo prazo que deve combater ao imediatismo e o consumismo, se quiser contribuir para a transformação de uma sociedade. A iniciação esportiva educacional para ser transformadora e libertadora precisa construir entre educadores e educandos uma consciência integral. Essa consciência aponta questões que norteiam o desenvolvimento de valores morais na iniciação esportiva bem como sua pedagogia durante projetos e políticas públicas de atividades físicas regulares na sociedade. Assim, ressaltamos se é possível desenvolver ações que apresentem os valores do ser humano e se a prática do profissional e/ou monitor esportivo tem definido com clareza seus objetivos, sua metodologia; bem como se as divergências entre o esporte escolar e o esporte de rendimento. O esporte deve ser trabalhado respeitando-se primordialmente de acordo com as perspectivas bem como sua realidade do grupo e de cada aluno. Aqui percebemos como devemos atuar prontamente em cada aula para que muitos alunos não sejam excluídos e que cada um realize as tarefas de acordo com suas habilidades. Estas questões nos remetem a uma reflexão crítica do nosso trabalho, de nossa metodologia.
A contribuição do esporte aplica-se a cada indivíduo de qualquer idade ou condição social, resultando na possibilidade de crescimento e de enriquecimento nas relações individuais e coletivas. Sendo assim, o esporte é considerado em nossa sociedade moderna como uma prática social. Porém, o esporte pode ter um significado mais específico, intrínseco às suas regras fundamentais. Dentro destas perspectivas, o esporte apresenta-se como prática de cunho social formativo e informativo, onde a escola é o melhor local para se oferecer a possibilidade de vivência e ampliação de práticas esportivas da população em idade escolar (7 a 14 anos). Segundo CAPITANIO (2006), o esporte pode tornar-se um excelente meio que através de uma abordagem educativa pode contribuir para formação integral e crítica do ser humano indo muito além da fundamentação esportiva técnico e tática priorizando outros aspectos ou valores como cooperação, participação, solidariedade, criatividade, entre outros.
No presente trabalho os valores cultivados na iniciação esportiva e a influência dos profissionais do Programa Segundo Tempo para o desenvolvimento dos mesmos serão apresentados e discutidos como forma de atentar-nos a refletir sobre nossa prática. Se verdadeiramente consideramos nosso papel e importância como educadores, se os aspectos educativos do esporte em sua iniciação estão sendo respeitados no processo de crescimento das crianças e dos jovens, enfim, significar também os valores essenciais para a ética do profissional. Avaliamos portanto, o quanto é complexo o desenvolvimento da prática esportiva e o quanto é necessário uma boa formação dos envolvidos (coordenadores / professores / monitores) para que as crianças, jovens e adolescentes do Programa Segundo Tempo desde seu início sejam orientados em benefício próprio, bem como em relação ao convívio com o outro, satisfazendo suas necessidades, promovendo sua realização pessoal sua formação como ser humano e cidadão.
Partindo desses pressupostos, o presente relato de experiência tem como objetivos:
Discutir a importância do desenvolvimento de valores morais na iniciação esportiva de crianças e adolescentes;
Apontar quais os valores que permeiam a proposta de iniciação esportiva do Programa Segundo Tempo; 
Ressaltar o compromisso (papel formador) dos monitores/profissionais envolvidos com as atividades esportivas no PST; 
Observar a importância das orientações técnicas pedagógicas quanto aos objetivos do PST.

2LEITURA DA REALIDADE

O município da Estância Turística de Piraju localiza-se na região sudoeste do Estado de São Paulo, ás margens do rio Paranapanema. A cidade caracteriza-se pela grande extensão de áreas verdes e exuberante paisagens, encantando a todos.
Segundo alguns dados, Piraju vem economicamente aumentando sua tradição nas áreas cafeicultoras apresentando a maior produção regional, com 58.500 sacas, ou 23% do total de café. Apesar destas porcentagens o turismo também aparece como desenvolvimento econômico da cidade, oferecendo inúmeros pontos turísticos e diversas opções de lazer e comodidade. 
Esportivamente a cidade sempre se desenvolveu nas Escolinhas de Treinamento de várias modalidades como futebol de campo, futsal, voleibol, handebol e basquetebol. Algumas dessas modalidades destacaram-se ao longo dos anos desde as participações em Torneios Intermunicipais, Jogos Regionais, Jogos Abertos, Jogos Escolares entre muitos outros destaques nos quais influenciaram a realidade desportiva local. Além de dois grandes Ginásios Poliesportivos, Estádios Municipais, apontam nas mais diversas localidades da cidade uma infra-estrutura esportiva presente nas quadras municipais bem como às margens do Rio Paranapanema que corta a cidade, onde os esportes náuticos são praticados, como o remo, a canoagem, a vela, o slalon, entre outros.

3LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA

O Projeto Segundo Tempo surge como a possibilidade de desenvolvimento de atividades esportivas praticadas no contra-turno das aulas de crianças, jovens e adultos entre 7 a 18 anos de idade. Este projeto pode ser considerado como uma proposta política pedagógica, sendo um instrumento de transformação. Tais transformações têm por objetivos a causa comum, a participação efetiva, o referencial conjunto, a autonomia e formação dos participantes, colaborando enfim, a uma cultura corporal, promoção da saúde, educação e diminuição da exclusão social. Podemos citar aqui a ansiedade de todos os participantes para o início dos trabalhos nos núcleos determinados; as crianças perguntavam a toda hora para os professores de suas respectivas escolas quando iria começar o Projeto, ou mesmo nas ruas quando ao encontrar nossos alunos a festa era muita e a saudade também. Isso estimula e muito o trabalho dos professores e envolvidos pois um sorriso ou a boa lembrança de convivência são detalhes importantes não somente para as crianças como todos nós adultos.
O Projeto Segundo Tempo no Município da Estância Turística de Piraju aponta em sua totalidade seis (6) núcleos distribuídos demograficamente nos diversos centros desportivos, atingindo assim, um grande número de bairros e uma grande popularidade. Neste relato de experiência tratarei do Núcleo do Ginásio de Esportes Professor Cyro Barreiros como um dos centros esportivos mais centralizados de nossa Estância. Localizado no Bairro Central do Município, abrange as escolas estaduais (E.E. Nhonhô Braga e E.E. Ataliba Leonel), as escolas Municipais (Iolanda Maria Marinho Lessa/ Creche Municipal) e as Escolas Particulares (Anglo, Objetivo, Positivo) no qual apresentam seus participantes a partir dos 6 anos de idade até os 18 anos. 
Quando iniciadas as atividades do Projeto Segundo Tempo, toda a equipe envolvida concentrou-se em realizar as divulgações necessárias nos meios de comunicação da cidade e em toda a Rede Pública de Ensino. Primeiramente, as crianças foram antecipadamente cadastradas para este determinado núcleo no qual foram oferecidas as modalidades de basquetebol e voleibol (modalidades anteriormente discutidas e organizadas dentro dos seis núcleos). Os participantes foram antecipadamente cadastrados sendo que os alunos da escola centralizada E.E. Cel Nhonhô Braga (fundamental e médio) e E.E. Moreira Porto no qual é desenvolvido a Escola de Tempo Integral vieram a se interessar nas modalidades oferecidas após seus compromissos escolares. O que estamos propondo é o direcionamento da prática de uma atividade física regular e também a prática da educação para valores como o respeito recíproco e a socialização entre todos os participantes.
Nossos primeiros passos de reconhecimento das novas turmas e de todos os alunos trouxeram algumas dificuldades no que se refere à disciplina e convivência positiva entre todas as crianças. A paciência e a persistência nas regras de solidariedade e convivência foram de suma importância para que hoje em dia nossas crianças se alegrem ao alongar e ao auxiliar novos participantes do Projeto. As brincadeiras de cunho educativo e socialização deram início às atividades mais prazerosas e positivas. Fato interessante ocorreu muitas vezes em minhas aulas de basquete no Ginásio de Esportes, onde cada uma das crianças fazia um alongamento e contavam de um a vinte cantando ou em inglês/espanhol; Organizavam-se em ordem alfabética e os mais novos tinham tratamento individualizado e com muita hospitalidade; nos jogos e brincadeiras competitivas de mãos dadas e em outras situações de jogos em equipes os mais habilidosos auxiliavam os alunos com dificuldades. Estes são exemplos desenvolvidos durante todo o Projeto Segundo Tempo apresentando resultados relevantes na formação do participante e cidadão. 
Em relação a minha equipe de trabalho só tenho a agradecer pelo trabalho que vêm sendo realizado. Houve uma reunião com todos os monitores e coordenadores para determinação do plano de trabalho com planejamentos semanais e conteúdos abordados nas modalidades do projeto. Foram necessários muitos encontros com todos ou somente os coordenadores para que os objetivos em comum fossem traçados para que nossa equipe tivesse a oportunidade de falar a mesma língua fazendo o Projeto se desenvolver normalmente. Todas as atividades e eventos realizados foram determinados por toda a equipe envolvida do Projeto Segundo Tempo. O I Encontro de Núcleos do Projeto Segundo Tempo é um exemplo de total socialização onde todos os núcleos se encontraram para um desfile do Rei e Rainha, Príncipe e Princesa do Projeto e também uma mostra de desenhos das crianças. Toda a preparação das crianças para os desenhos e para o desfile foi organizada por todos os coordenadores dos Núcleos. No Ginásio de Esportes achei natural e interessante quando os meninos não quiseram desfilar mas sim desenhar sobre o desporto praticado, enquanto todas as meninas queriam desfilar e desenhar. Para que houvesse uma democracia, fizemos uma eleição para que apenas duas fossem nossas representantes. O respeito pela escolha e a forte torcida apresentaram-se a mim como uma equipe coesa, estimulada pela vontade de participar com integração positiva e saudável. 
Na construção do Projeto Segundo Tempo ressalta-se a importância da figura do treinador/monitor no qual determina o bom crescimento dos envolvidos com o projeto. A iniciação esportiva é a fase formadora da criança e o treinador tem papel fundamental e determinante, orientando a disciplina não somente para o esporte mas sim para o desenvolvimento de valores morais como a capacidade de liderança, competitividade, cooperação, solidariedade, auto-realização, honestidade, autoconfiança, etc. Além desses os valores como o conhecimento mútuo (socicalização/integração), aprendizagem motora e fundamentação esportiva específica neste Projeto têm grande importância quando se torna aliado ao carisma do responsável (monitor/coordenador) por ministrar as lições que serão levadas para toda a vida das crianças. Carinho, atenção, disciplina e muita conversa são indispensáveis como ferramentas de um bom monitor que abre caminhos de um mundo novo, para crianças com sonhos de exercer dignamente sua cidadania.
Considerando-me uma professora brincalhona mas séria e exigente, gosto muito que as crianças se apresentem felizes com meu trabalho. Antes do término deste projeto não me limitei a somente dar minhas aulas mas também vivenciar a realidade de muitos dos meus alunos. Um aluno que há dois anos atrás tinha problemas disciplinares tanto nas aulas regulares como nos projetos sociais nos quais era expulso foi resgatado pelo Projeto Segundo Tempo e também muito mais íntimo dos professores e envolvidos com sua estória de vida e luta pela sobrevivência. Respeitando os limites de meu trabalho juntamente com outra professora unimos forças para que este menino pudesse ter mais oportunidades no esporte e na vida. Ele demonstrou muitas melhoras no que se refere sua disciplina e sua formação social. Levei-o para uma cidade vizinha para fazer seu registro geral (RG) oportunizando-o nas Olimpíadas Escolares deste ano. Nada retribui o olhar marcante e o sorriso de ter uma identidade, mesmo com tanta vergonha de receber dinheiro para fotos e o socorro de uma professora. Seu dia parecia tão real e tão feliz, passeando pelas ruas, comprando meias e bermudas, comendo no Mac Donald´s e rindo a toa mergulhado pela contemplação do novo. Esse é meu papel formador, ele me deu provas de que poderia mostrar educação para valores, dedicado ao esporte e valorizando cada oportunidade dada pela sua família. Relembro comigo que um dia este menino levou para minha aula uma faca para brigar com outro e hoje eu converso com ele todos os dias sobre basquete e valores que a vida nos apresenta, e suas novas oportunidades e seu futuro, então eu penso o quanto sou privilegiada em poder ajudar apenas um de muitos os que precisam. Mas feliz ainda fico de saber que todo o desenvolvimento de um grupo é notável a mim e a poucos, mas este fica para todo e sempre inserido na formação integral de um participante.

4ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA LOCALIDADE.

Quanto aos aspectos positivos do Projeto Segundo Tempo no núcleo Ginásio de Esportes Professor Cyro Barreiros deixo claro a satisfação ao se trabalhar com uma equipe organizada como do Departamento de Esportes do Município da Estância Turísticas de Piraju. Primeiramente a chave para o sucesso foi aumentar as alternativas de modalidades para toda a localidade. 
Muitas crianças do projeto participam semanalmente de várias atividades tais como voleibol, basquetebol e futebol e demais modalidades encontradas em seus respectivos núcleos. No Ginásio de Esportes contamos com alunos nas duas modalidades desenvolvidas (basquetebol e voleibol), sendo que o crescimento psicomotor e a alegria por ter tantas ocupações em suas vidas são visíveis. Chamam-nos a atenção ainda, algumas diferenças quando comparamos as crianças de diferentes classes sociais, pois em se tratando de crianças com mais recursos financeiros, existem mil e uma atividades em sua semana, enquanto as crianças mais carentes sentem-se extremamente valorizadas ao desenvolver as várias modalidades oferecidas pelo Projeto. 
Em relação aos materiais oferecidos temos que agradecer ao Ministério de Esportes e ao Município da Estância Turística de Piraju, pela colaboração desde a distribuição dos materiais do Projeto até o apoio para a realização de muitas atividades sócio-recreativas como: Festivais de Basquetebol, Festivais de Voleibol, Amistosos Intermunicipais, Participação de Eventos Sociais como o I Encontro de Núcleos do Segundo Tempo e outros eventos que com certeza vem somar às crianças sua participação efetiva junto ao projeto bem como fomentar a vontade aos monitores do projeto em repensar a cada dia sua prática, valorizando o que nós temos de melhor em nossas mãos, nossos alunos atuantes e esperançosos de carinho, de reconhecimento e atitudes importantes que levamos juntos cada um em seu caminho – caminho de aluno e caminho de professor – como lembranças importantes em nossa formação integral. 
Talvez como aspecto negativo observado em nosso meio aponta o descontentamento de muitas crianças ao término do Projeto. Para nós educadores, é óbvio que entendemos todo o processo, mas para as crianças isso é como tirar-lhes a oportunidade única de horas descontraídas e/ou horas de aprendizagem prazerosa e lúdica. 
Outra realidade aqui relatada é o fato de que nós educadores lutamos contra o microcomputador em casa, o videogame, os cybercafés, os cybergames entre outras atividades que competem em nível de interesse com nosso trabalho. Por isso é importante que cada educador esteja constantemente inovando e dinamizando sua prática, para manter nossos alunos sempre interessados em nossas aulas e enfim, participantes do projeto.

5CONCLUSÃO

A participação de crianças na atividade física vem aumentando a cada dia tanto pelas aulas de Educação Física oferecidas na escola, tanto quanto ao número crescente de academias e centros de recreação e lazer, ou também como o desenvolvimento de políticas públicas envolvendo crianças e jovens a participar de projetos sociais, como o Projeto Segundo Tempo. 
Com base neste relato, não há dúvida de que o treinador tem um papel chave quando se trata de iniciação esportiva. Pesquisas (BLACK e WEISS apud LIMA) apontam a efetividade de programas de orientações para treinadores/monitores no que diz respeito à participação esportiva de crianças e adolescentes. O treinador/monitor deve trabalhar não somente o domínio de movimentos e/ou fundamentos esportivos, mas também proporcionar oportunidades para que as crianças possam interagir com seus companheiros e desenvolver habilidades e valores morais pessoais essenciais para seu crescimento e desenvolvimento saudáveis, enfim, uma abordagem positiva aliada ao objetivo do projeto: o esporte preenchendo algumas horas de lazer com o gosto pela atividade física. 
Desta forma, além de se tornar recompensador o trabalho com crianças na iniciação esportiva creio que, o papel formador é indispensável ao nosso trabalho para que as experiências dessas crianças participantes sejam positivas na luta contra a discriminação social, racial e interativa ocorrendo o encorajamento após o erro sem violência e acreditando no potencial de cada indivíduo. 
Fico agraciada em poder fazer parte de um projeto que significa tanto para as crianças com as quais trabalho. Fico agradecida pela disposição e vontade com que as crianças têm de aprender sobre elas mesmas, de estarem presentes e acreditarem no esporte. Isso revela o trabalho conjunto de pais, envolvidos com o Projeto, o Departamento de Esportes, para a concretização de sonhos, sonhos de esperanças e mudanças tão especiais, vencendo as barreiras da vida e aplicando cada aprendizado em metas futuras. Formamos cidadãos, e a cada aula não me esqueço disso. Não sei descrever minha alegria ao observar o crescimento e evolução dos alunos tanto na técnica como em sua formação integral e isso se realiza com trabalho e determinação. Os treinadores/monitores cada vez mais se apresentam competentes e dispostos a trabalhar pela educação de valores esportivos de cada envolvido. 
Acho que, nós profissionais e os futuros profissionais (monitores), devemos apresentar o desporto aos participantes e fazer com que amem sobretudo a prática de atividades físicas e a si próprios sempre de olho no futuro, isso nos estimula, nos dá resultados tão rápidos de reciprocidade e amizade. São crianças lindas que acreditam sempre em melhorar. E aí eu penso o quanto sou importante para seu crescimento pessoal, me fortalecendo para que minha luta nunca seja em vão. Fomentar esporte e formar cidadãos.

REFERÊNCIAS

BECKER JR., Manual de psicologia do esporte e exercício. Porto Alegre: Editora Novaprova. 2000, p. 399.
BLACK, S.J. ; WEISS, M.R. The relationship amoung perceived coaching behaviors perceptions habiity and motivation in competitive age groups swimming. Journal of sport & exercise psychology, 14(3), 1992, p.309-325.
CAPITANIO, Ana M., Educação através da prática esportiva: missão impossível? Universidade de São Paulo: GEPPE/USP (Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte) 2006.
CRATTY, J.B. Psicologia do Esporte. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Prentice-Hall do Brasil. 1984, p.145.
CRUZ, J.F. Factores motivacionales em el deporte infantil y asesoramiento psicológico a entrenadores y padres. In: Cruz J.F. (ed), Universidad Autônoma de Barcelona: Psicología do Deporte. 1997, p. 1-49.
DE LUCA, Marly M. Valores Morais e Educação. Disponível em: < http://www.olhonofuturo.com.br/pesquisasavançadasemeducação > 04/2007.
DE OLIVEIRA, A.R. Aspectos psicossociais da criança atleta nos Estados Unidos. Revista APEF, v.8, nº15, p.20-25. 1993.
DE OLIVEIRA, A.R. Os benefícios do esporte para a criança e o adolescente. Disponível em: < http://www.olhonofuturo.com.br/capa1htm> 05/2000.
KORSADAS, P. Os comportamentos do técnico esportivo e suas resultantes psicossociais no esporte infantil: Eficiência da comunicação. EEFEUSP, Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte (GEPE). São Paulo, s/d.
LIMA, P.V. , Comentários do treinador durante competições de categorias menores após aplicação de um programa de orientação: Um estudo de caso. Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de título de Bacharel em Esportes/ Universidade Estadual de Londrina.
UEL Londrina. Paraná, 2003.

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