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terça-feira, novembro 19, 2024

FUNÇÕES DA PALAVRA QUE

A palavra QUE pode pertencer a várias categorias gramaticais, exercendo as mais diversas funções sintáticas. Veja abaixo quais são essas funções e classificações.

– Advérbio
Intensifica adjetivos e advérbios, atuando sintaticamente como adjunto adverbial de intensidade. Tem valor aproximado ao das palavras quão e quanto.
Ex1: Que longe está meu sonho!
Ex2: Os braços… Oh! Os braços! Que bem-feitos!

– Substantivo
Como substantivo, tem o valor de qualquer coisa ou alguma coisa. Nesse caso, é modificado por um artigo, pronome adjetivo ou numeral, tornando-se monossílabo tônico ( portanto, acentuado). Pode exercer qualquer função sintática substantiva.
Ex1: Um tentador quê de mistério torna-a cativante.
Ex2: “Meu bem querer tem um quê de pecado…” ( Djavan) Também quando indicamos a décima sexta letra do nosso alfabeto usamos o substantivo quê.
Ex : Mesmo tendo como símbolo kg, a palavra quilo deve ser escrita com quê.

– Preposição
Equivale à preposição de ou para, geralmente ligando uma locução verbal com os verbos auxiliares ter e haver. Na realidade, esse QUE é um pronome relativo que o uso consagrou como substituto da preposição de.
Ex1: Tem que combinar? (= de)
Ex2: Amanhã, teremos pouco que fazer em nosso escritório. (= para) Além disso, a partícula QUE atua como preposição quando possui sentido próximo ao de exceto ou salvo.
Ex : Chegara sem outro aviso que seu silêncio inquietante.

– Interjeição
Como interjeição, a palavra QUE (exclamativo) também se torna tônica, devendo ser acentuada. Exprime um sentimento, uma emoção, um estado interior e, equivale a uma frase, não desempenhando função sintática em oração alguma.
Ex1: Quê! Você por aqui!
Ex2: Quê! Nunca você fará isso!

– Partícula expletiva ou de realce
Neste caso, a retirada da palavra QUE não prejudica a estrutura sintática da oração. Sua presença, nestes contextos, é um recurso expressivo, enfático.
Ex1: Quase que ela desmaia!
Ex2: Então qual que é a verdade? Obs: Pode aparecer acompanhado do verbo ser, formando a locução é que.
Ex: Mas é que lá passava bonde.

– Pronome relativo
O pronome relativo refere-se a um termo (por isso mesmo chamado de antecedente), substantivo ou pronome, ao mesmo tempo que serve de conectivo subordinado entre orações. Geralmente, o pronome relativo introduz uma oração subordinada adjetiva, nela desempenhando uma função substantiva. Neste caso, pode ser substituído por qual, o qual, a qual, os quais, as quais.
Ex1: João amava Teresa que amava Raimundo.
Ex2: Às pessoas que eu detesto diga sempre que eu detesto.

– Pronome indefinido substantivo
Quando equivale a “que coisa”.
Ex1: Que caiu?
Ex2: A fantasia era feita de quê?

– Pronome indefinido adjetivo
Quando, funcionando com adjunto adnominal, acompanha um substantivo.
Ex1: Que tempo estranho, ora faz frio, ora faz calor.
Ex2: Que vista linda há aqui!

– Pronome substantivo interrogativo
Substitui, nas frases da língua, o elemento sobre o qual se deseja resposta, exercendo sempre uma das funções substantivas, significando que coisa.
Ex1: Que terá acontecido? (= que coisa)
Ex2: Que adiantaria a minha presença? (= que coisa)

– Pronome adjetivo interrogativo
Acompanha os substantivos nas frases interrogativas, desempenhando função de adjunto adnominal.
Ex1: Que livro você está lendo?
Ex2: “Por aquela que foi tua, que orvalho em teus olhos tomba?” ( Cecília Meireles)
Obs: Caso semelhante (o qual não figura entre os tipos de pronomes registrados pela NGB) ocorre em frases exclamativas. Nesse caso, teríamos um pronome adjetivo exclamativo, sintaticamente atuando como adjunto adnominal.
Ex1: Que poema acabamos de declamar!
Ex2: Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela!

– A conjunção QUE
O QUE pode ser conjunção coordenativa ou subordinativa.

– Conjunção coordenativa
Como conjunção coordenativa, a palavra QUE liga orações coordenadas, ou seja, orações sintaticamente equivalentes.

– Aditiva
Liga orações independentes, estabelecendo uma seqüência de fatos. Neste caso, o QUE não tem valor bastante próximo de conjunção e.
Ex1: Anda que anda e nunca chega a lugar algum.
Ex2: Fica lá o tempo com aquele chove que chove…!

– Explicativa
A oração coordenada explicativa aponta a razão de se ter feito a declaração contida em outra oração coordenada. Quando introduz esse tipo de oração, o QUE tem valor próximo ao da conjunção pois.
Ex1: Mantenhamo-nos unidos, que a união faz a força.
Ex2: Deixe, que os outros pegam.

– Adversativa Indica oposição,
ressalva, apresentando valor equivalente a mas.
Ex1: Outro, que não eu, teria de fazer aquilo.
Ex2: Outro aluno, que não eu, deveria falar-lhe, professor!

– Conjunção subordinativa
A conjunção QUE é subordinativa quando introduz orações subordinadas substantivas e adverbiais. Essas orações são subordinadas porque desempenham, respectivamente, funções substantivas e adverbiais em outras orações ( chamadas principais ).

– Integrante
O QUE é conjunção subordinativa integrante quando introduz oração subordinada substantiva.
Ex1: “E ao lerem os meus versos pensem que eu sou qualquer coisa natural.”( Alberto Caeiro)
Ex2: Parecia-me que as paredes tinham vulto.

– Causal
Introduz as orações adverbiais causais, possuindo valor próximo a porque.
Ex1: Fugimos todos, que a maré não estava pra peixe.
Ex2: Não esperaria mais, que elas podiam voar

– Final
Introduz orações subordinadas adverbiais finais, equivalendo a para que, a fim de que.
Ex1: “…Dizei que eu saiba.” ( João Cabral de Melo Neto)
Ex2: Todos lhe fizeram sinal que se calasse.
– Consecutiva
Introduz as orações subordinadas adverbiais consecutivas.
Ex1: A minha sensação de prazer foi tal que venceu a de espanto.
Ex2: “Apertados no balanço Margarida e Serafim Se beijam com tanto ardor Que acabam ficando assim.” ( Millôr Fernandes)

– Comparativa
Introduz orações subordinadas adverbiais comparativas.
Ex1: Eu sou maior que os vermes e todos os animais.
Ex2: As poltronas eram muito mais frágeis que o divã.

– Concessiva
Introduz orações subordinada adverbial concessiva, equivalente a embora.
Ex1: Que nos tirem o direito ao voto, continuaremos lutando.
Ex2: Estude, menino, um pouco que seja!

– Temporal
Introduz oração subordinada adverbial temporal, tendo valor aproximado ao de desde que.
Ex1: “Porém já cinco sóis eram passados que dali nos partíramos.” ( Camões)
Ex2: Agora que a lâmpada acendeu, podemos ver tudo.

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