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sábado, dezembro 21, 2024

Gestão Ambiental na Hotelaria

Autoria: Edson Saraiva

Gestão Ambiental na Hotelaria

Belo Horizonte

2004

Dedico este trabalho à minha orientadora, Renata e minha ex-professora Ângela , que, com delicadeza e sensibilidade, conseguiu conduzir o meu eu interior e mostrar-me, com competência, os caminhos de um trabalho sério e coerente.

AGRADECIMENTOS

Agradeço Deus, que me orienta, me fortalece com sua presença, me conforta nos momentos difíceis por permitir mais uma conquista.

Dedico este trabalho, aos meus pais que me instruíram com dedicação, paciência e sabedoria, dando-me todo o auxílio e força para que eu continue neste caminho por mim escolhido. Essa vitória é graças a vocês e aos meus irmãos.

Aos meus amigos, Andréa, Aparecida Maria, Carmelita (in memorian), Cristiano Henrique, Elaine Moreira, Eliane Moreira, Herogina Beatriz, Jaqueline Monteiro, Jakeline Silveira, Marcelo Aviz, Rafael Bevilaqua, Sonia, Veve, por me ensinarem o verdadeiro sentido da palavra amizade, pelo muito que aprendemos juntos, pelo companheirismo, por fazerem da minha vitória.

Ao Professor Paulo Queiroga, amigo e coordenador, por despertar em mim à vontade de aprender, por compartilhar sem medida todo seu conhecimento, pela disponibilidade e seriedade em suas orientações.

A Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, que ao oferecer este curso de Administração Hoteleira, me permitiu a realização de um sonho.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

RESUMO

O presente estudo é descrever e caracterizar os principais impactos ambientais causados pela operação do Setor Hoteleiro sobre o meio ambiente, identificando os fatores que o hotel levou a implantar o SGA, os critérios para a obtenção da norma ISO14001 e os principais benefícios alcançados. Este estudo apresenta, ainda, uma análise do processo de manutenção do sistema de gestão ambiental, descrevendo a política ambiental da empresa.

1 INTRODUÇÃO

A questão da proteção ambiental nas organizações transformou-se em um dos fatores de maior influência da década de 90. Atualmente, a utilização de recursos naturais já não é mais possível sem um prévio planejamento, de sua substituição ou recuperação integral, através de regulamentações, ou ainda da necessidade natural das empresas em competir num mercado sem fronteiras.

O uso racional dos recursos disponíveis na natureza já não é exigência apenas dos ecologistas ou entidades governamentais, passando a fazer parte, também, do planejamento estratégico das organizações. Considerando que as preferências dos consumidores tomam como alvo às entidades ecologicamente correta, na sua prestação de serviço, na produção de produtos ou a forma de interagir com seus fornecedores, funcionários e a comunidade em geral, existindo a necessidade de adequação aos novos padrões exigidos, sendo essenciais para uma convivência pacífica e longínqua, humanitária e protetora ao ambiente.

Pode-se observar na moderna administração, o comprometimento das empresas com o meio ambiente, preocupação esta, presente em todos os ramos de negócios e em todos os sentidos de desenvolvimento.

Segundo Donaire (1999, p. 29), “… temos o poder de reconciliar as atividades humanas com as leis naturais e de nos enriquecermos com isso. E nesse processo, nossa herança cultural e espiritual pode fortalecer nossos interesses econômicos e imperativos de sobrevivência”.

A proteção do ambiente constitui um dos maiores desafios da geração atual, ao qual nenhum setor de atividade pode ficar indiferente. O estado de degradação a que o planeta chegou e, a necessidade de aplicar medidas vigentes que minimizem os efeitos causados pelas agressões ambientais é alguns dos objetos de estudo do referido trabalho.

De acordo com Embratur, (2003) a posição do Brasil vem evoluindo de forma gradativa no concorrido ranking da OMT, Organização Mundial de Turismo, de destino turístico mais demandado no mundo. Porém, muito ainda tem a ser feito de forma a garantir a posição que o país realmente merece, considerando a sua dimensão continental, situação geográfica e o rico acervo natural, cultural e histórico que dispõe.

Embora o turismo no Brasil já tenha conquistado um patamar consolidando na política econômica nacional, muito ainda tem que ser feito, principalmente no que se refere a ações relacionadas com a proteção ambiental, já que o crescimento do turismo numa determinada região está associado a uma gestão sustentada do seu patrimônio natural e cultural. EMBRATUR, (2003).

Segundo Domasio (1998), “as atividades ligadas ao turismo foram, durante muitos anos, consideradas inofensivas, em termos de agressão ambiental, quando comparadas com os setores industriais tradicionais, os quais, já vêm aplicando práticas ambientais há alguns anos”. Os profissionais responsáveis ligados aos setores de turismo, em especial os gestores ligados à hotelaria, reconheceram a importância de incluírem práticas ambientais na gestão dos negócios.

De acordo com Salvati (2001), há dez anos as grandes redes de hotelaria norte-americanas e européias adotaram práticas de valorização dos recursos ambientais demonstrando que o conceito de consumo responsável chegou ao turismo. Alemanha, Japão e EUA são os países com maior número de turistas com essa preocupação. Na Europa, já existem grupos de operadoras voltadas para o turismo sustentável.

Segundo Abreu (2001), de um modo geral, está ocorrendo um crescente envolvimento da sociedade com as questões ambientais. O número de pessoas sensibilizadas com essas questões cresce a cada dia, principalmente nos países da Europa. Estas pessoas saem por aí, viajam, se hospedam, observam e exige uma prática mais responsável, fazendo com que o segmento hoteleiro, em particular, seja cada vez mais pressionado a demonstrar um bom desempenho em relação às suas questões ambientais. Assim, os hóspedes, sejam estes turistas ou pessoas que estão viajando a negócios, já começaram a exigir dos hotéis um novo tipo de requisito que não está apenas atrelado à qualidade dos serviços a eles prestados, mas, fundamentalmente, associado à qualidade ambiental. É o chamado turismo sustentável, destinado a atrair os viajantes “verdes” de todas as partes do mundo.

Grandes redes de hotéis e empresas preocupadas com o desenvolvimento ambiental estão implantando em sua cadeia de gerenciamento o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), onde este inclui a estrutura organizacional, as atividades de planificação, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e os recursos para elaborar, implementar, realizar, rever e manter a política ambiental, além do almejo da ISO 14001. ABIH (2003).

ABIH (2003), informa que para atender essa preocupação de alguns hotéis que vivem do turismo ecológico, introduziu no Brasil o programa internacional Hóspede da Natureza, um selo ambiental criado pela ONG Internacional Hotels Envionment. Para obter o selo, o hotel ou pousada tem de colocar em prática um programa de preservação ambiental que envolve medidas de uso racional dos recursos naturais (água, energia e gás), medidas para reciclagem de lixo e até a conscientização ecológica de funcionários e hóspedes.

O objetivo fundamental deste estudo de caso, Estalagem das Minas Gerais, é identificar quais os fatores que levaram o hotel a buscar a implantação do Sistema de Gestão Ambiental e a forma como estabeleceram sua política ambiental, os critérios adotados pela empresa para a obtenção de certificação da norma ISO 14001, bem como os meios utilizados para a manutenção do SGA e finalmente a avaliação dos impactos ambientais, realização de auditorias, sistema de comunicação, e os principais benefícios estratégicos da empresa depois da Certificação ISO 14001, através de um diagnóstico minucioso das principais etapas.

O referido trabalho de pesquisa pretende mostrar, através de pesquisa qualitativa , como vem se desenvolvendo o sistema em questão, procurando principalmente desenvolver estudos científicos sobre a gestão ambiental na hotelaria, neste caso, se apoiando no estudo de caso, Estalagem das Minas Gerais.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Descrever o processo de implantação do Sistema de Gestão Ambiental e da certificação da norma ISO 14001 na hotelaria, tendo como base, o estudo de caso, Estalagem das Minas Gerais em Ouro Preto – MG.

1.1.2 Objetivos específicos

identificar os fatores que levaram o hotel a implantar o SGA;
identificar os critérios utilizados pela certificadora para a obtenção da norma ISO 14001;
analisar o processo de manutenção do sistema de gestão ambiental;
descrever a política ambiental da empresa;
identificar os principais benefícios alcançados após a implantação do SGA, bem como sua influência no planejamento estratégico da empresa.
1.2 Justificativa

Organizações empresariais de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho ambiental correto, controlando o impacto de suas atividades , produtos ou serviços no meio ambiente e levando em consideração sua política e seus objetivos ambientais. Este comportamento insere-se no contexto de uma legislação cada vez mais exigente, do desenvolvimento de políticas econômicas, de outras medidas destinadas a estimular a proteção ao meio ambiente e de uma crescente preocupação das partes interessadas em relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável.

Neste final de século, a humanidade se preocupa muito com os problemas ambientais, pois os níveis de sustentabilidade do processo de desenvolvimento colocam em risco a qualidade de vida. Dentro desta perspectiva, todos os setores têm responsabilidades no processo de mudança, podendo contribuir, de forma decisiva, para as transformações necessárias.

Este estudo se faz importante para a hotelaria na medida em que ela é entendida e ligada ao fator ambiental. A gestão ambiental está presente em todos os ramos de negócios e em todos os sentidos de desenvolvimento. E foi com base neste que se deu o desenvolvimento do presente trabalho. Partiu-se da premissa que a proteção do ambiente constitui um dos maiores desafios da geração atual, ao qual nenhum setor de atividade pode ficar indiferente. O estado de degradação a que o planeta chegou e, a necessidade de aplicar medidas vigentes que minimizem os efeitos causados pelas agressões ambientais.

2 DESENVOLVIMENTO

Recentemente o número de seres humanos no planeta atingiu a casa dos cinco bilhões. Segundo projeções demográficas apresentadas pela Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1999, p.110), essa cifra será superior a oito bilhões já no ano de 2020.

Conforme o relatório Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1999, p.99), pode-se observar grandes fatores que propiciam esta imersão populacional no mundo e, entres estes, o aumento da qualidade de vida, a tecnologia sofisticada relacionada com a medicina e fontes de pesquisas que freqüentemente atraem cientistas a descobrir novas formas de combater doenças, epidemias e, em alguns casos até mesmo o desemprego. Devido a fatos como estes, o mundo detecta uma profunda mudança no ambiente natural baseado no aumento da densidade demográfica nos grandes centros, juntamente com os fatores que provêm dela.

Diante desta preocupação, a mentalidade ecológica da sociedade tem ganhado um destaque significativo em face do papel fundamental que exerce para a qualidade de vida da população.

Desde a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em 1972 em Estolcomo, na Suécia, até a consolidação do termo “Desenvolvimento Sustentado” na linguagem do dia-a-dia, a sociedade atual está cada vez mais convicta de que é possível uma nova gestão dos recursos naturais que possibilita ao mesmo tempo, eficácia e eficiência na atividade econômica e que se possa manter a diversidade e estabilidade do meio ambiente.

As atividades turísticas também estão diretamente ligadas à questão ecológica porque o turismo feito de forma desordenada e além da capacidade de recepção de um local em determinado tempo, acaba se transformando num fator de poluição e de destruição não só do patrimônio natural existente, mas também do próprio patrimônio cultural da comunidade. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (1991, p. 35)

Neste ritmo acelerado pelo controle do meio ambiente, o desenvolvimento sustentável atribuído por muitos autores tem sido o principal tema ligado ao turismo nos últimos anos, conforme relatório da Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991, p.46), “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidade”.

No entanto, é importante lembrar que no âmbito do turismo, é sempre mais indicada a prevenção do que a cura, visto que essa última pode apresentar seqüelas irreversíveis. Assim, o processo da pesquisa visando o desenvolvimento sustentável se adapta a outro tema ainda mais específico para o meio ambiente, o sistema de gestão ambiental, ao qual aborda um gerenciamento ecológico buscando algumas diretrizes e estratégias que se classificam em: inovação, cooperação e comunicação.

Na tentativa de desenvolver uma pesquisa com o intuito de descrever como o processo de sistema de gestão ambiental se desenvolve na hotelaria, faz-se referência ao estudo de caso, Estalagem das Minas Gerais em Ouro Preto.

2.1 A Pesquisa em Turismo

Durante muito tempo o setor industrial foi considerado, para análise de desenvolvimento, o setor que mais gerava recursos dentro de um país, porem a tendência desse quadro tem apresentado um novo perfil. A indústria de transformação vem perdendo lugar para o setor de prestação de serviços, em especial o turismo, MARRA (2001).

Atualmente, as pesquisas no campo do turismo e hotelaria vêm se tornando mais favoráveis ao conhecimento e atuação de mercado e reconhecidas cientificamente, devido às técnicas de pesquisas atuais e às abordagens de grandes estudiosos da área (Lage, Milone, Wearing, Lindberg). Analisar-se-á como a pesquisa voltada ao estudo de caso se caracteriza no turismo.

Assim traduz Lage e Milone (2001, p. 306) “Ponderado como uma pesquisa em que o objeto é uma unidade social que deve ser profundamente observada e analisada, o estudo de caso é praticado no turismo por meio de um trabalho de campo – em situações típicas (usuais) ou incomuns (excepcionais) – visando, por exemplo: à investigação de uma comunidade local receptora de turismo de negócios; ao comportamento dos indivíduos (turistas) quando em viagens de férias e de diversão, entre outros”.

Habitualmente assumido para obter respostas do gênero – “o que, qual, quem, quando, onde, como e por que” – o estudo de caso no turismo tem-se tornado uma estratégia metodológica exploratória e descritiva bastante usual por estudantes, tendo em vista o problema a ser investigado, contribuindo para a difusão das múltiplas experiências que a complexa atividade turística incorpora.

Segundo a Embratur, (2003) (apaud Marra/2001), o desenvolvimento do turismo no Brasil começa depois dos anos 70. Anterior há esta década, o único pólo turístico conhecido no exterior era a cidade do Rio de Janeiro. Na década de 90, principalmente no período de 1994 a 1998, o turismo no Brasil vem acompanhando o desenvolvimento do turismo mundial, resultante de uma “revolução silenciosa”. Os resultados dessa revolução já podem ser sentidos por volta de 1995 quando o Brasil recebeu pouco mais de um milhão de visitantes. Me 1998 esse número saltou para quase cinco milhões. No período entre 1994 a 1998 o turismo no país gerou uma receita da ordem de US$ 38 bilhões, proporcionando uma arrecadação de impostos diretos e indiretos da ordem de US$ 7 bilhões, gerando aproximadamente 5 milhões de novos postos de trabalho.

Assim esta rápida expansão da atividade da “indústria turística”, da qual o setor de hotelaria ocupa uma grande influência, caracterizada por expectativas de um bom rendimento dos investidores, geração de emprego e renda, está modificando o quadro em países, sobretudo os chamados em desenvolvimento, principalmente para aquele que apresentam uma vocação turística por apresentar áreas naturais em que possa ser possível explorar os atrativos naturais através da prática do ecoturismo.

Assim, diante das variáveis adotadas na pesquisa em turismo, o referido estudo se apoiará em um estudo de caso sobre hotelaria, especificamente sobre a Estalagem das Minas Gerais em Ouro Preto, tendo como tema principal sua questão ambiental.

2.2 A Hotelaria no Mercado Atual

O desenvolvimento do turismo, quando aplicado ao fator econômico movimenta grandes receitas no mundo atualmente. E, dentre seus principais produtos, a hotelaria lidera como forte meio de hospedagem aos principais destinos e também se tornando “o destino”, se destacando entre os principais hotéis de negócios espalhados pelo mundo.

No Brasil, o setor de serviços é o que tem apresentado os maiores índices de crescimento nas ultimas décadas, em 1980 representava 48,8% do PIB, enquanto o setor industrial representava 41% e o setor agropecuário representava 10,2%. Em 15 anos, estes índices evoluíram para 55,7%, 32% e 12,3% respectivamente. No mesmo período, o setor de turismo e evolui de 2,62% do PIB Nacional para 8% (IBGE, 1998) (apaud EMBRATUR, 2003).

Segundo Carvelho (2000, p. 209) afirma que “a indústria hoteleira internacional está imersa em profunda transformação. As mudanças afetam tanto a estrutura empresarial quanto à concepção de negócios. Os fluxos turísticos estão variando substancialmente, mudando os sistemas de administração e gestão de administradores ortodoxos e clássicos e dos donos de hotéis. A visão moderna transformará todos os empresários de vanguarda em empreendedores hoteleiros, prevendo a mudança inclusive no Brasil”.

O mesmo autor salienta que o foco do mercado hoteleiro tinha na Europa seu feudo, e isso se devia ao fato de que o velho continente era o destino turístico de maior volume e também o que vivia maiores índices de crescimento. Hoje, esta mentalidade já não prevalece mais, e já não é o continente americano, como se poderia pensar, mas a Ásia e o Pacífico que desenvolverão esta indústria com mais intensidade, nos próximos anos. Um dos aspectos que mais incidem na transformação da indústria hoteleira internacional é a permanente evolução das tendências do mercado, geradas, sobretudo pela forte concorrência de preço e qualidade.

Destaca o autor Carvelho (2000, p. 300) que a hotelaria brasileira começou a crescer desde meados do século XIX, quando muitas das capitais e cidades principais de nosso país ganharam grandes e elegantes hotéis. No entanto, a expansão da atividade hoteleira só foi intensificada depois da II Guerra Mundial, e hoje está em níveis bem próximos dos vigentes na hotelaria internacional.

O mesmo autor salienta que a hotelaria no Brasil, não poderia deixar de aparecer entre os principais destinos da atual temporada, devida principalmente a certas ocorrências dos países Latinos Americanos, que até então eram líderes do turismo mundial. Assim, o Brasil, destaca-se no mercado turístico, pela sua diversidade de produtos e também pela qualidade de serviços, ainda estando um pouco longe dos moldes americanos e europeus, mas já inserido na indústria turística como destino provável.

Conforme afirma Bini (1998), a hotelaria é um dos pilares mestre na infra-estrutura para o desenvolvimento do turismo em nosso país. O setor hoteleiro está atravessando um momento de crescimento ou grande desenvolvimento, em função do aumento no fluxo de turistas e de viajantes a negócios, o que tem atraído atenção de empresários e investidores tanto nacionais como estrangeiros. O crescimento do parque hoteleiro e a importância do turismo na economia brasileira podem ser comprovados pelo surgimento, em nosso mercado, de cadeias nacionais e pela chegada de grandes grupos internacionais de hotéis, resorts e parques temáticos.

2.3 A ISO 14001 e o Setor Hoteleiro

De acordo com o site Isovirtual, (2003) as normas ISO 9000 e ISO 14001 são normas opcionais no setor empresarial das empresas. Na era da modernidade e da tecnologia, ainda não há exigência internacional oficial para as empresas alcançarem a certificação ISO 14001. Mas isso não significa que não haverá pressão para que se alcance a certificação ISO 14001. Grandes empresas, principalmente aquelas associadas à poluição ambiental, provavelmente serão as primeiras a alcançar a certificação ISO 14001.

A ISO 14001 não estabelece exigências absolutas para o desempenho ambiental, mas tão-somente um compromisso (estabelecido na política ambiental da empresa) de cumprir a legislação e regulamentos aplicáveis e de realizar melhorias contínuas. Não há nada na norma ISO 14001 que especifique a quantidade de materiais perigosos que podem ser despejados como efluentes. Ao contrário, a norma simplesmente estabelece (entre outras coisas) que a gerência sênior deve definir a política ambiental da organização e assegurar que: inclua um compromisso de obedecer à legislação ambiental relevante, as regulamentações e outras exigências às quais se propõe a organização “(ISO 14001 Parágrafo 4.2 Política Ambiental). A ISO 14001 é mais genérica. Sob o escopo, por exemplo, leia-se”: Esta Norma Internacional é aplicável a qualquer organização que deseja:

a) implementar, manter e aprimorar o sistema de gestão ambiental;

b) garantir-se de que está em conformidade com a política ambiental estabelecida;

c) demonstrar tal conformidade com a política de gestão ambiental estabelecida;

d) procurar certificação/ registro do sistema de gestão ambiental de uma organização externa;

e) afirmar autodeterminação e autodeclaração de conformidade em relação

Percebe-se que a norma é propositalmente ampla em seu escopo. As palavras “qualquer organização” podem aplicar-se a um hotel ou restaurante, assim como a indústrias químicas e fábricas de papel.A norma simplesmente estabelece que qualquer um que deseja a certificação ISO 14001, perceba que a certificação é uma opção e não uma exigência, sendo assim, a empresa terá de identificar e ter acesso a exigências legais e outras a que a organização se proponha, que sejam aplicáveis a aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços.

O alcance da certificação ISO 14001 por uma empresa de turismo e, principalmente por um hotel demonstra que ambos implementaram um programa de gestão ambiental rigoroso. Este fato certamente atrai o interesse de um grupo substancial de turistas para os quais o ecoturismo é um aspecto importante. Naturalmente, não se pode sugerir que a certificação ISO 14001 seja equivalente para o ecoturismo. De fato, muitos proponentes do ecoturismo argumentariam que uma experiência de ecoturismo verdadeira está além das exigências estabelecidas na norma ISO 14001. Argumentariam, por exemplo, que o ecoturismo engloba tais conceitos nebulosos, como desenvolvimento sustentável, manutenção da biodiversidade, redução do consumo exagerado, sustentação da economia local e, geralmente, prática do turismo responsável.

Segundo Lindberg (2003, p.19) afirma que “o ecoturismo é uma oportunidade de demonstrar que o desenvolvimento econômico e a preocupação pelo ambiente podem coexistir simbioticamente. Em uma tentativa de abordar o turista ecologicamente engajado, alguns dos programas chamados Green Label têm pouco a ver com proteger o ambiente”.

Observa-se, no entanto, que o ecoturismo é apenas uma das formas de proteger o meio ambiente e aprimorar o desenvolvimento sustentável, podendo se manifestar outros produtos tão importantes quanto, sendo de extrema importância esta preocupação por todas as empresas de turismo.

Pode-se recomendar que as empresas interessadas na ISO 14001 implementem um sistema simples e prático desenvolvido para adicionar valor. O sistema de gestão ambiental não pode se tornar o sistema oneroso que é bem conhecido, mas não é praticado. O sistema deve ser desenvolvido de forma que aumente a eficiência e o lucro. Sob a orientação adequada, a norma ISO 14001 pode ajudar as empresas.

2.4 Turismo e Desenvolvimento Sustentável

“O turismo contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua evolução, nas últimas décadas, ocorreu como conseqüência da” busca do verde “e de” fuga “dos tumultos dos grandes conglomerados urbanos pelas pessoas que tentam recuperar o equilíbrio psicofísico em contato com os ambientes naturais durante seu tempo de lazer”. Swarbrooke (1997 p. 9).

De acordo com o IBGE, (2003) atualmente, o grande afluxo de pessoas residente em áreas urbano tem aumentado significativamente em função do trabalho e melhores condições de vida. Devido a este, e outros fatos relevantes, nota-se freqüentemente a preocupação de toda a população pelo controle do meio ambiente natural, visto que, as conseqüências deste grande afluxo de pessoas nesses ambientes, extremamente sensíveis, fazem com que o planejamento dos espaços, dos equipamentos e das atividades turísticas se apresente como fundamental para evitar os danos sobre os meios visitados e manter a atratividade dos recursos para as gerações futuras.

Assim, o planejamento dos espaços turísticos e não turísticos, de modo geral, tem a finalidade de preservar e precaver quaisquer danos que possam causar a natureza, para que várias gerações possam usufruir forma adequada todas as atratividades e espaços do empreendimento.IBGE, (2003).

O turismo nos espaços naturais não é apenas modismo de uma época e a opinião pública tem se conscientizado, cada vez mais, da necessidade de proteger o meio ambiente. Segundo Swarbrooke (2003, p.84) se, pelo lado da demanda, a motivação “contato com a natureza” se torna cada vez mais intensa, a natureza intacta e protegida passa a ser um argumento comercial importante. Assim, o turismo de qualidade pode tornar-se economicamente viável, desde que associado à proteção dos espaços naturais e excelência dos serviços e equipamentos oferecidos pelos clientes.

É preciso que o turismo e o meio ambiente encontrem um ponto de equilíbrio, a fim de que a atratividade dos recursos naturais não seja a causa da sua degradação.IBGE, (2003).

Diante dos tópicos acima descritos, abordar-se-á como mais uma base de estudo, o desenvolvimento sustentável, aplicável constantemente no planejamento das empresas. De acordo com o relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991, p.46), o “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem ás suas próprias necessidades”.

Então na necessidade de adequar modelos de gestão que visem um desenvolvimento econômico e social saudável, referindo-se ainda à Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, observa-se que a satisfação das necessidades essencial depende em parte do crescimento potencial pleno, sendo várias as questões que podem determinar ou não esta satisfação, como o crescimento desordenado da população desencadeando então a privação de certos benefícios como a alimentação, a saúde pública e a educação.Portanto observar-se-ia o desenvolvimento como ferramenta para a equidade desde que bem administrada.

Andrade (2000), refere-se á Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, destacando a preservação do ambiente na realização do desenvolvimento sustentável, e ainda paralelamente a Carta Empresa para o Desenvolvimento Sustentável, declara que uma das prioridades de qualquer organização, hoje, é a preservação do meio ambiente, considerando que as organizações precisam ter consciência de que deve existir um objetivo comum, e não um conflito, entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras.

Em essência, relata a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991), o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. Declarando que será necessária a adoção de princípios básicos para estabelecimento das políticas ambientais e desenvolvimento sustentável, entre os quais destaca-se:

Alteração da qualidade do desenvolvimento;
Atender as necessidades de emprego, alimentação, energia, água e saneamento;
Manter um nível populacional sustentável;
Conversar e melhorar a base de recursos;
Reorientar a tecnologia e administrar o risco;
Incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de decisões;
Conscientizar a população local da importância do turismo sustentável;
Estar atento a possíveis riscos ambientais, visando uma demanda apurada e a qualidade dos serviços prestados;
Finalmente, entende-se que o planejamento deve ser propício a todos os níveis de negócios, e em especial ao turismo, pois a atividade turística tem a capacidade de envolver inúmeros setores e, entre estes o setor ambiental.
2.5 Mercado

O setor do lazer e entretenimento no Brasil está em pleno apogeu. Este reflexo começa a tomar corpo a partir dos anos 90, segundo estudos realizados pelo WTTC – World Travel & Tourism Council (1990); em que grandes modificações ocorridas no mundo foram capazes de proporcionar mais conforto, facilidades e maior tempo livre para as pessoas, juntamente com crescimento do ócio nas sociedades popularmente constituídas.

O mundo dos negócios e grandes centros urbanos são responsáveis em parte por essa nova tendência mercadológica. A intensa era da economia, a globalização, e a busca da informação são fatores que de certa forma exercem influência sobre as pessoas, principalmente aquelas que convivem nesses centros urbanos, onde o fator do stress e o excesso de trabalho a atividades fazem com que se sintam atraídas pela ociosidade e lazer.

Grandes transformações no país podem ser caracterizadas como conseqüências de tendências na busca do mercado de Turismo de Lazer. De acordo com o IBGE (2003) “o crescimento demográfico diminuiu, as nações amadureceram e o número de aposentados vem aumentando”. Isto explica o desenvolvimento, com acelerado crescimento, das viagens e turismo por todos os países dos diversos continentes.

O turismo de lazer de acordo com a OMT (2002) será o principal motor propulsor da expansão da atividade turística ao longo da primeira década do século XXI.

Embratur (2003) nos últimos anos, o rápido crescimento do turismo europeu para a América do Norte foi baseado em países como Cancun (México), Flórida e Havaí (EUA), refletindo a tendência da exploração não somente dos destinos close – to- home, mas também de localidades que ofereçam diferentes experiências e tidos como exciting and unspoilt.

ABIH (2003) salienta-se que os hotéis de lazer sempre existiram, porém modestamente no país. O diferencial na hotelaria do novo século foi um novo conceito tanto no aspecto físico quanto no de serviços. O Brasil, como país continental, foi um campo aberto para a edificação de turismo no campo ou ecológico, que já não encontravam espaços físicos em outros países.

A Embratur (2003) em sua nova norma de classificação, admite que o hotel ecológico esteja localizado em área de conservação e equilíbrio ambientais. Sua construção deve ter sido precedida por estudos de impacto ambiental e planejamento da ocupação do solo. Precisa dispor de infra-estrutura de entretenimento e lazer significativamente similares, e deve classificar-se nas categorias de luxo ou luxo superior.

Os hotéis ecológicos que se encontram dentro dos padrões necessários exigidos pela Embratur (2003) dispõe de arquiteturas horizontais, sendo esta a característica mais fiel, contando com amplos espaços aquáticos, áreas de recreação, health clubs e spas. Nos serviços, uma estrutura completa, alguns com sistema all inclusive, outros com sistema de meia pensão. Todos com qualidade e capacidade de alto luxo.

“Os Hotéis Ecológicos hoje têm como preocupação maior o ser humano, oferecendo o lazer, sempre agregados à saúde, esporte, cultura e ecologia”. (OMT, 2001, p.28).

Lindeberg, (2003) tendo como base o estudo da hotelaria internacional destacar-se-á algumas características dos hotéis ecológicos do Novo Milênio: ao estilo da região ou temáticos; ar livre. locais exóticos e desconhecidos; locais com apelo ecológico; agregação de cultura e conhecimento (artesanato, pintura, técnicas de relaxamento, etc); decoração.

Atualmente sabe-se que diversos projetos destinados à construção de novos hotéis ecológicos estão saindo do papel, no embalo da retomada do turismo interno e na perspectiva de atração de mais turistas estrangeiros.

2.6 Gestão Ambiental

Beto (2002) afirma que atualmente, o ambiente ganhou um lugar de destaque como preocupação mundial, quer em nível do simples cidadão, quer em nível das organizações, agentes econômicos e sociais que, através da sua intervenção no nosso cotidiano, apresenta uma interação direta ou indireta com o ambiente.

Sendo de interesse primordial da atualidade e, principalmente deste estudo, faz-se oportuno resgatar o entendimento conceitual sobre o termo “meio ambiente”, palavra chave e referência central desta abordagem. Segundo Pires (2001, p.229), “o termo” meio “(do latim médium) se refere ao lugar onde pode ser encontrado qualquer ser vivo, enquanto o termo” ambiente “(do latim ambire) se refere a tudo que envolve este lugar. Dessa forma, o termo ambiente completa a idéia de meio reforçando a idéia de entorno ou de realidade física que envolve todos os seres vivos do planeta”.

Andrade (2000), diz que: até por volta dos anos 1970 a expressão meio ambiente era difundida e utilizada genericamente referindo-se ao meio natural, ou seja, à natureza ou aos ecossistemas naturais, acepção esta que ainda predomina na maioria leiga da população.Assim, o termo “meio ambiente” inclui não só o meio natural, mas também o meio artificial pleno de realizações materiais humanas, como os meios sociocultural e político-institucional em toda a sua dimensão.

De acordo com Beto (2003, p. 25) o desenvolvimento do sistema de gestão ambiental relaciona-se a toda organização, no entanto, fazendo referência à preservação dos recursos naturais renováveis e não-renováveis, buscando acima de tudo a qualidade total e o desenvolvimento sustentável como um todo.

A necessidade de que atividades que de alguma forma ofereçam risco à comunidade, sejam desenvolvidas ambientalmente corretas, tem levado as empresas a buscarem alternativas para diminuir ou até sanar este tipo de problema, através da implantação de modelos de gestão ambiental nos mais variados setores de atuação das empresas, sendo indústrias ou prestadoras de serviço, indiferente do segmento de mercado. O mesmo autor diz que o dilema do empresariado brasileiro, atualmente, é o de adaptar-se ou correr o risco de perder espaços arduamente conquistados.

Embratur, (2003) em se tratando do segmento turístico, a preocupação tende a ser cada vez maior, visto que os impactos ambientais nas comunidades receptoras ou até mesmo nos equipamentos turísticos são relativamente freqüentes. A busca pelo desenvolvimento sustentável tem levado muitas empresas do setor turístico a implementar modelos de gestão ambiental, a fim de garantir sua qualidade e sanar qualquer tipo de problema que por ventura venha a ocorrer em função do turismo, como por exemplo, a falta de capacidade de carga, que se caracteriza por ser um sério problema dos produtos naturais (ambientes naturais).

Andrade, (2000) com a implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) a empresa deve visar a sua própria sobrevivência, como sinônimo de melhoria contínua, não significando necessariamente a implantação de tecnologias caras. O setor empresarial do país pressionado por exigências cada vez mais fortes do mercado internacional viu-se impelido a adotar estratégias de gestão ambiental, não só para eliminar não-conformidades legais e atender às crescentes investidas dos órgãos ambientais, mas também para garantir sua permanência num mercado altamente competitivo.

Segundo
Czaja (2001), a empresa não deve implantar um sistema de gestão ambiental visando apenas o melhoramento de sua imagem ou para se enquadrar às leis ambientais vigentes, mas implantar de forma que os resultados sejam transferidos para os objetivos centrais da organização, a partir de uma avaliação estratégica dos problemas e soluções, fazendo-se perguntas básicas como: Onde a organização pretende estar no futuro? Como chegar até lá? Onde a organização será bem-sucedida? Como medir o sucesso?

Quando uma organização implementa um SGA, está concordando em manter uma responsabilidade ambiental, como um contrato invisível com o meio ambiente. O que implica numa tomada da consciência de seu papel na sociedade, sendo que em alguns casos fica mais barato ter o sistema, em fase dos riscos ambientais que esta sujeita. Segundo Andrade (2000), uma vez que o sistema de gestão ambiental se aproxima de uma administração participativa e inovadora, exigem a participação da comunidade na gestão, bem como a busca do consenso, cooperação, democracia e autonomia, demonstrando um claro estágio de desenvolvimento.

Numa visão da busca pela certificação ISO 14000, a definição de sistema de Gestão Ambiental (SGA), segundo a Agência de Consultoria Contato Agência Aquariana (2000), é um conjunto de normas referentes a métodos e análises, que possibilitam certificar que: determinado produto (seu carro, seu inseticida, o papel que você usa, entre outros) quando da sua produção, sua distribuição e descarte; e/ou a organização que o produziu, utilizando um processo gerencial e técnico: não proporcionam, ou reduzem ao mínimo, os danos ambientais, e que estejam de acordo com a legislação ambiental.

Um exemplo de como o SGA pode repercutir positivamente, é o caso da SANEMG (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) – Belo Horizonte (2003), que na busca pela melhoria contínua, no atendimento e nos processos que geram impactos ambientais, visando a redução de risco de acidentes ambientais, implantou o SGA. A diretoria da SANEMG, para isto, inicialmente estabeleceu uma política ambiental, definiu um comitê para implanta-la e deu claras demonstrações aos seus colaboradores da importância do SGA para a empresa e que não era uma jogada de marketing, nem modismo gerencial SANEMG (2001). O resultado foi à certificação ISO 14001.

Döbereiner (2000), afirma que o gerente de consultoria ambiental da Shell do Brasil S. A, falando do processo de implantação do Sistema de Gestão Ambiental na Shell, descreve como sendo o primeiro passo, a definição de uma política ambiental clara, que assinada pelo presidente da companhia, foi divulgada em toda a organização, incluindo companhias associadas e contratadas.

2.6.1 Implantação de um SGA de acordo com a norma ISO 14001

Tomando como fonte, Valle (1996), enumerar-se-a, abaixo, as normas e diretrizes mínimas que a empresa deve estabelecer a partir da política ambiental, alcançando assim o sistema de gestão ambiental, que deve ter como objetivo o aprimoramento contínuo das atividades da empresa, através de técnicas que conduzam aos melhores resultados, em harmonia com o meio ambiente:

a) Manter um sistema de gestão ambiental que assegure que suas atividades atendam à legislação vigente e aos padrões estabelecidos pela empresa;

b) Estabelecer e manter um diálogo permanente com seus empregados e a comunidade, visando ao aperfeiçoamento de ações ambientais conjuntas. Por exemplo, a coleta seletiva de lixo;

c) Educar e treinar seus funcionários para que atuem sempre de forma ambientalmente correta. (economia de energia, eletricidade, etc);

d) Exigir de seus fornecedores produtos e componentes com qualidade ambiental compatível com a de seus próprios produtos;

e) Desenvolver pesquisas e patrocinar a adoção de novas tecnologias que reduzam os impactos ambientais e contribuam para a redução do consumo de matérias-primas, água e energia;

f) Assegurar-se de que seus resíduos são transportados corretamente e em segurança até o destino estabelecido, de acordo com as boas práticas ambientais.

Sendo que uma política serve para dar maior clareza às ações que se pretende efetivar, evitando assim o desperdício desnecessário de recursos de todas as ordens.

A norma ISO 14001, segundo Ribeiro (1999), especifica os requisitos para estabelecer uma política ambiental; determina os aspectos e impactos ambientais dos processos (produção, serviços, distribuição, etc); implementação de ações para cumprir as metas e objetivos estabelecidos; avaliação e ações corretivas, quando necessário; revisão. Para tanto deve preparar-se previamente, seguindo os passos descritos abaixo:

Definição da Política Ambiental – Deve ser por escrito, e ser distribuídos a todos os interessados e envolvidos. Tendo com principais pontos o compromisso do cumprimento da legislação ambiental e a melhoria contínua de desempenho ambiental.

Diagnóstico Ambiental Inicial – Com o objetivo de permitir conhecer detalhadamente o estado atual da empresa.

Avaliação dos Impactos Ambientais – Conhecer os impactos ambientais vindouros de sua atividade. Impacto ambiental segundo Sanare, (2001) É qualquer modificação no meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, (produtos ou serviços de uma organização), para servir de base para definição dos objetivos e metas ambientais da mesma.

Elaboração de um Programa Ambiental – Determinar estratégias, linhas de atuação e a descrição de responsabilidades que permitam à empresa alcançar os objetivos e metas ambientais definidos.

Implementação de um SGA – É o estabelecimento de um sistema de procedimentos operativos e de controle que assegurem a implantação com êxito, da política e do programa ambiental.

Realização de Auditorias Ambientais – Depois de implantado deve existir um mecanismo de avaliação, sendo através de auditorias interna periódicas, a freqüência dependerá do grau de risco das atividades.

Estabelecimento de um Sistema de Comunicação – Será necessário para a devida atualização dos processos, visando uma comunicação entre todos os interessados.

2.7 Etapas do programa da Gestão Ambiental

Etapa 1: Execução do levantamento ambiental, o qual incidiu sobre 3 pontos chave e teve a duração de 3 meses;

Etapa 2: Planejamento e Definição da estrutura (prazo irrelevante);

Etapa 3: Realização de Ações de Formação de curta duração destinadas a informar / formar todos os colaboradores dos princípios ligados a SGA, com a duração de 2 semanas;

Etapa 4: Elaboração de Planos de ações relativos a: Energia, Resíduos sólidos, Água, Efluentes e Fornecedores; com definição de objetivos e metas, medidas a implementar, sistemas de monitorizarão e responsabilidades, com a duração de 6 meses;

Etapa 5: Realização de auditorias ambientais durante 3 meses.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a construção deste estudo, foi realizada em uma primeira fase a sistematização das informações encontradas na pesquisa bibliográfica existente sobre o meio ambiente e desenvolvimento na tentativa de desenvolver uma pesquisa com o intuito de descrever o processo de sistema de gestão ambiental se desenvolve na hotelaria que faz referência ao estudo de caso, da Estalagem das Minas Gerais.

A partir da sistematização destas informações, foi identificados os fatores que levaram o hotel a implantar o SGA, os critérios utilizados pela certificadora para a obtenção da norma ISO 14001 e os principais benefícios alcançados após a implantação do SGA, bem como sua influência no planejamento estratégico da empresa.

Em seguida, foi analisado o processo de manutenção do sistema de gestão ambiental descrevendo a política ambiental da empresa. Nessas condições, é importante ressaltar que a confiabilidade dos resultados finais depende da veracidade dos valores fornecidos e, indiretamente, do interesse da empresa neste estudo.

A interpretação dos dados da pesquisa será feita dentro de uma análise qualitativa, tendo como ponto de apoio à legislação ambiental e práticas já existentes em outras organizações de SGA.

A análise deverá ser apoiar em algumas premissas e parâmetros a descrever:

quais as atividades, por setor, que podem comprometer o meio ambiente;
o que está sendo feito, e o que poderia melhorar;
a percepção dos funcionários diante de uma gestão ambiental;
a manutenção do sistema está de acordo com a legislação ambiental e/ ou certificadora ISO 14001;
3.1 Entrevista de profundidade

Foram feitas entrevistas de profundidade com três principais executivos da Estalagem das Minas Gerais em Ouro Preto. A Cleusa Maria Reis Salvador é sócia-proprietária, da assessoria comercial Delusa hotéis com mais de 40 anos e uma experiência de aproximadamente 30 anos na hotelaria. A Carla de Fátima Salvador é sócia-proprietária, da assessoria comercial Delusa hotéis, com mais de 30 anos e uma experiência na hotelaria de, também, mais 25 anos. A gerente geral da Estalagem das Minas Gerais, com 25 anos e uma experiência de 5 anos na hotelaria.

Devido ao fato da gerente da Estalagem das Minas Gerais ser mais jovem e ter estado em contato com as novas tecnologias em prol do seu trabalho, a tendência para a mudança de cultura da empresa é iminente. Ela reconhece que no mundo de hoje, é possível, com base em tecnologias hoje disponíveis, transformar um grande problema em uma oportunidade de negócio, com resultados ambientais e sociais relevantes.

Sem dúvida, o trabalho da gerente geral da Estalagem das Minas gerais é um tanto difícil, dado o alcance, volume e diversidade de suas responsabilidades. Junto com o resto da equipe de administração do hotel, ela está atualmente está tentando contribuir coma minimização dos impactos ambientais decorrentes do processo de operação do setor de hospedagem sobre o meio ambiente.:

Os tipos de serviços prestados pela Estalagem das Minas Gerais são divididos em três grandes grupos:

Hospedagem;
Lazer;
Convenções.
A Estalagem das Minas Gerais tem em seu quadro 250 funcionários, sendo que 50 são terceirizados.

De acordo com a observação e com o depoimento dos dirigentes do SESC a Delusa Hotéis, trabalha de forma moderna e prática com uma política de marketing coerente, a maior e melhor representação de hotéis de Minas Gerais, utilizando estratégias eficazes para alcançar os seus objetivos.

Desde o surgimento da produção em larga escala, a indústria teve que se situar frente às comunidades antrópicas e biológicas. Tendo de compartilha seu espaço físico com as comunidades de um determinado contexto, teve que sempre estabelecer postura agressiva diante do dilema da produção contra impactos. O resultado dessa postura agressiva, é a quebra da sustentabilidade do ambiente, têm levado a sociedade a longas e intermináveis discussões, que embora sempre levem à conclusão genérica da necessidade de conservação do ambiente, poucos resultados práticos têm trazido, visto que a destruição de ecossistemas importantes é contínua.

Para a cidade industrializada, existe o momento onde é questionado seu papel como consumidor de energias e gerador de poluição. Tanto no sistema industrial como no urbano prevê-se a adoção de procedimentos para controlar seus processos de crescimento e interações negativas com o mundo natural. Atualmente, as indústrias nacionais e internacionais vêm adotando sistemas voluntários de gerenciamento ambiental do tipo ISO 14001, enquanto que as cidades utilizam o planejamento urbano como método de controle. Observa-se que o planejamento urbano normalmente adotado pouco tem se adequado à realidade, pois geralmente segue os passos de desenvolvimento baseado em um plano diretor que apenas limita o uso do solo. É visível que, tanto as cidades quanto às indústrias gerenciam a aquisição e a troca de energia e informações de tal forma que a continuidade desse processo a longo prazo causa danos ambientais irreversíveis. No final, seus sistemas controlam somente problemas devidos a atos isolados de desenvolvimento e tendem a ignorar os problemas conjuntos.

A Estalagem das Minas Gerais implantou o SGA com adoção de um conjunto de procedimentos para a preservação dos recursos naturais e minimização dos impactos ambientais causados pelo empreendimento.

O hotel foi equipado com uma estação de tratamento de esgoto para reuso de água não potável para serem utilizadas em vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagem de pátios. Há também um sistema para captação de águas de chuva que são encaminhadas para estação de tratamento para reuso. De acordo com os dirigentes do SESC, estas medidas foi possível assegurar uma economia no consumo de água potável. A Estalagem das Minas Gerais também utilizam uma área com painéis coletores solares para aquecimento de água, os quais produzem 80% da água quente para banheiros do hotel. O equipamento de ar condicionamento tem um dispositivo que desliga automaticamente o ar em um quarto, quando as janelas estão abertas. A Estalagem das Minas Gerais reduziu aproximadamente em 40% os custos com a energia elétrica. Para completar o SGA, foi implantado um sistema de coleta seletiva para a redução do lixo e encaminhamento do material coletado para a indústria de reciclagem.

Em maio de 2003, a Estalagem das Minas Gerais publicou os resultados de uma pesquisa internamente com seus hóspedes e colaboradores, a respeito das práticas ambientais aplicadas nos espaços internos da Estalagem, questionando qual seria a sua atitude caso fosse convidado a praticá-las. Todos os hóspedes entrevistados indicaram que estavam dispostos em participar e contribuir com estas práticas ambientais, tais como:

95% concordaram em separar o seu lixo para a reciclagem;
57% concordaram em usar mais de uma vez suas toalhas;
35% concordaram em dormir nos mesmos lençóis, não solicitando sua troca;
83% são favoráveis à idéia de substituir sabonetes individuais por um distribuidor de sabão líquido coletivo;
90% preferem permanecer em um hotel que seja comprometido com uma política de preservação ambiental.
Os resultados relatados pelo SESC não deixam duvidas sobre os resultados do SGA, com adoção de um conjunto de tecnologias limpas, que, além de beneficiar o meio ambiente, representa, para a empresa, como a redução do desperdício e, em conseqüência desse fato, a economia de recursos naturais, financeiros e o aumento da consciência dos hóspedes e das comunidades interna e externa ao hotel. O que significa que a indústria hoteleira passa a exercer importante papel no processo de introdução de soluções sustentáveis contribuir para o turismo sustentável no Brasil.

De acordo com depoimento da Gerente da Estalagem das Minas Gerais ela nos relatou que no sentido de contribuir para implantação de uma produção mais limpa nas atividades diárias do hotel, criando ou estimulando uma atitude de responsabilidade social voltada para a preservação ambiental nos permitiu a minimização dos principais impactos ambientais, tais como, a redução do esgoto doméstico, efluentes orgânicos, eficiência e racionalização no emprego da água. Segundo ela, a geração de energia renovável é uma boa oportunidade para a Estalagem, mas ainda está sendo pouco aproveitada de forma a aumentar a economia de energia e a diminuir os custos relacionados a esse setor.

Segundo informações do arquiteto Sérgio Vasconcelos, da empresa Soletrol Aquecedores de Água Ltda, a placa para coletor solar é um equipamento relativamente simples que permite a circulação da água, que se aquece através da transmissão de calor da luz solar para a água. A água aquecida é armazenada em um reservatório térmico (boiler), que também conserva quente. A quantidade necessária de coletores é definida em função do volume do reservatório de água (boiler). A capacidade do boiler é definida conforme a necessidade diária de água quente consumida, na Estalagem das Minas Gerais.

Conforme os Dirigentes Técnicos do SESC, a partir de dados o custo de um banho com chuveiro elétrico é de R$ 0,89 por litro de água aquecida, e para um aquecedor a gás é de R$ 0,64 por litro de água aquecida, bem maior quando comparado ao aquecedor solar de R$ 0,0035 por litro ou de R$ 3,48 por m3 de água aquecida, retornando o seu investimento inicial na instalação em menos de 24 meses. Nos tempos atuais de alta competitividade e crise de energia, o aquecedor solar vem se destacando como opção para redução de custos operacionais e otimização no uso sem alterar a qualidade do serviço prestado ao hóspede.

De acordo com a Gerente da Estalagem das Minas Gerais, o hotel possui 23 apartamentos externos equipados para duas pessoas com uma taxa de ocupação 100%.

Tabela – 01: Parâmetros para calculo de consumo água quente

Ponto
Consumo Médio Água Quente Hóspede/Dia
Nº de Hóspede/Dia
Volume Max. Água Quente/Dia

Chuveiro 19 litros
200
12.000 L

Lavatório 8 litros
200
1.000 L

Total 65 litros
200
13.000 L

Fonte: SESC, 2003

Segundo os cálculos dos parâmetros acima definidos, pode-se considerar como volume máximo de água quente consumida por dia no hotel de 13.000 litros.

Tabela – 02: Produção energia calórica em relação tipo de energia utilizada

Energia Elétrica -> 1Kwh = 860 Kcal

Gás Natural (com PCI) -> 1Kg = 9.500 Kcal

Fonte: SESC, 2003

Tabela – 03: Estudo quantidade de energia necessária para aquecimento de água

Volume Água Quente Energia Solar Kcal Energia Elétrica Kwh Gás Natural Kg
1 Litro 25 Kcal 0,03 Kwh 0,003 Kg
13.000 Litros/Dia 325.000 Kcal 378 Kwh 34,2 Kg
390.000 Litros/Mês 9.780.000 Kcal 11.340 Kwh 1.026,3 Kg
Fonte: SESC, 2003

Segundo o SESC, para atender um consumo máximo diário de 13.000 litros de água quente e consumo mensal de 390.000 litros, o custo da instalação na Estalagem das Minas Gerais de um aquecedor solar foi de R$ 55.620,62.

Relativo a esse investimento inicial a Tabela – 05, quando comparado a um sistema convencional elétrico, o ganho real está sendo de R$ 2.381,40 por mês, com um retorno do investimento em menos de 24 meses e, quando comparado com um sistema convencional a gás, o ganho real está sendo de R$ 1.128,60 por mês, com um retorno do investimento em menos de 48 meses.

Além do retorno financeiro para esse investimento, tem-se principalmente a redução do consumo de energia elétrica e redução do consumo e queima de gás natural ou GLP, contribuindo para a minimização dos seus impactos ambientais, conforme parâmetros de consumo apresentado na Tabela – 04.

Tabela – 04: Análise para viabilidade econômica sobre o investimento

Volume Água Quente
Energia Solar
Energia Elétrica (**)
Gás Natural (***)

13.000 Litros/Dia
Zero (*)
R$ 79,38
R$ 37,62

390.000 Litros/Mês
R$ 2.381,40
R$ 1.280,60

Fonte: SESC, 2003

(*) Investimento de implantação: R$ 55.605,20

(**) Tarifa Média Kwh CEMIG: R$ 0,21/Kwh

(***) Tarifa Média com gás 1 Kg Gás natural: R$ 1,10/kg

De acordo com a Gerente da Estalagem das Minas Gerais o sistema de tratamento esgoto é viável em pequenas comunidades como Ouro Preto. Este tipo de estação foi instalado nas áreas externas. A primeira do tratamento consistiu na decantação dos sólidos mais grosseiros em tanques de decantação, que foi feito de fibra de vidro. O tratamento do tanque é reduzido em função do descarte de parte do iodo na rede existente. A pós a decantação, o efluente passa por um ou mais biocilindros rotativos responsáveis pelo tratamento biológico do material orgânico. Após esta etapa, os efluentes são encaminhados ao sistema de decantação secundária onde a biomassa degradada é acumulada no fundo e enviada ao sistema de decantação primária uma vez ao dia. Segundo ela, o gasto de energia com todo o sistema varia em torno de 0,5 a 1,0 kwh/usuário/mês. A água tratada é desinfetada podendo ser armazenada em sistemas de onde é bombeada a um reservatório que alimenta os pontos de utilização de água de reuso.

Segundo o SESC, essa aplicação tem por objetivo apresentar um sistema para tratamento e reuso de uma parte do esgoto doméstico gerado pela a Estalagem das Minas Gerais, provenientes de chuveiros e lavatórios, e aí avaliamos a viabilidade econômica. Para a realização desta aplicação foram definidos alguns parâmetros de consumo de água e geração de esgoto, conforme apresentado na tabela 02, são 23 apartamentos, com uma taxa de ocupação 100% com 2 hóspedes por apartamentos.

Tabela – 05: Parâmetros de consumo de água

Fontes Consumo
Consumo Médio Água/Hóspede/Dia
Total Hóspedes/ Dia
Consumo Médio Água/ Dia

Chuveiro
49 Litros
200
9.800 Litros

Lavatório
26 Litros
200
5.200 Litros

Total
75 Litros
200
15.000 Litros

Fonte: SESC, 2003

Portanto, a vazão de geração estimada é de 15.000 Litros por dia ou 15 m3 por dia para um período de operação de 10 horas por dia, considerando os horários de maior consumo do hotel. A água a ser tratada é coletada e transportada, através de tubulação específica segregada das águas de bacias sanitárias, cozinhas, encaminhadas ao sistema de tratamento, somente águas provenientes de lavatórios dos apartamentos e banhos dos hóspedes.

Conforme a informação da Gerente da Estalagem das Minas Gerais a Estação de Tratamento de Esgoto, utiliza a técnica por iodos ativados com um sistema de recuperação do material clarificado, por ultravioleta, para reuso como água de descarga em bacias sanitárias dos apartamentos, irrigação dos jardins e lavagem dos pátios e garagem do hotel, por esse sistema dotado de um alto grau de remoção de carga orgânica, pequena área de instalação, e também, por apresentar um baixo custo operacional, de R$ 0,93/m3 de água tratada.

Tabela – 06: Custo operacional mensal para tratamento 450 m3/mês

Descrição Operação
Custo (R$/Mês)

Agente Desinfetante
R$ 150,00

Energia Elétrica (600 kwh)
R$ 160,00

Operação (4,5 horas / dia)
R$ 168,75

Total Custo Operacional / mês
R$ 418,75

Fonte: SESC, 2003

4 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Um dos objetivos deste estudo, é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto. Difere, pois, dos delineadores experimentais no sentido de que estes deliberadamente divorciam o fenômeno em estudo de seu contexto. As práticas de gestão ambiental na hotelaria são apresentadas sob forma de estudos de casos já realizados na mesma, que se preocupam com a questão ambiental e a qualidade ambiental como planejamento da empresa.

4.1 O caso da Estalagem da Minas Gerais – Hotel Ecológico

A Estalagem das Minas Gerais é um Hotel Ecológico que criou um agressivo programa que provê as bases para a implantação do registro na ISO 14000. É um hotel histórico com uma clientela de classe alta. Sua abordagem agressiva de reduzir o impacto ambiental lhe ajudou a identificar muitos benefícios. As áreas mais focalizadas foram: reciclagem e redução do consumo de energia e água.

As principais ações e resultados do hotel ecológico:

Reciclagem (em R$ mil)

Tabela 07 – Reciclagem

Reciclagem material
Reciclagem
Lucro

Caixa de papelão
980

Contêineres
1.400
56

Desperdício de Alimento
1.50

Vasilhames de vidro
350

Latas de metal
70

Papel de escritório
350

Jornais
350

Listas telefônicas
21

Total anual
1.750
2.877

Fonte: SESC/MG

Redução de Uso de Energia

Lâmpadas eficientes foram instaladas em áreas públicas que necessitam de iluminação 24 horas por dia. Lâmpadas incandescentes de 60 watts foram substituídas por lâmpadas compactas fluorescentes de 15 watts, economizando R$3.622 mil anualmente, ou seja, 90% de redução nos custos de trabalho. Lâmpadas incandescentes de 90 watts em escrivaninhas, saguões e elevadores foram substituídas por lâmpadas compactas fluorescentes de 2 watts, economizando R$1.540 mil anualmente e reduzindo os custos do trabalho. Lâmpadas de 30 watts para sinalização de saídas foram substituídas por lâmpadas de 1,8 LED de sinalização, economizando mais de R$1.179 mil anualmente.

Lâmpadas compactas fluorescentes em forma de tubo foram instaladas nas mesas dos quartos dos hóspedes, dando um retorno igual a 1,81 por ano.

Lâmpadas compactas fluorescentes em forma de tubo foram instaladas nas áreas dos fundos do hotel, as quais ficam ligadas 24 horas por dia, economizando igualmente R$59,57 por lâmpada. Lembrar os funcionários de desligar os aparelhos e lâmpadas fora de uso: sem estimativa de economia.

Redução do Consumo de Água

Substituição nos toaletes de descargas com 1,5 galão de capacidade por outras de 3,5 galões de capacidade, que economizará R$3.276 mil e 430.000galões de água anualmente.

Chuveiros de grande eficiência foram instalados, economizando R$6.546 mil e 859.000 galões anualmente. Foi oferecida aos hóspedes a opção de reutilização de suas toalhas e lençóis no caso de permanecerem por mais de um dia. Esse projeto economizou R$4.000 mil anualmente.

4.2 Estalagem das Minas Gerais – Ouro Preto

A Estalagem das Minas Gerais em Ouro Preto é o mais completo e luxuoso Parque Ecológico do Tripuí – a Estalagem das Minas Gerais, aliando infra-estrutura e serviços de padrão internacional à beleza de uma das mais bonitas reservas nativas do Estado – Ouro Preto– localizada na Rodovia dos Inconfidentes, Km 90.

O empreendimento ocupa uma área imensa de reserva nativa. Do total de sua área, 650 mil m² foram transformados em unidade de conservação (RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural Tripuí).

O complexo possui 74 apartamentos no bloco central, equipados para até 3 pessoas com tv a cores, telefone, frigobar e som ambiente; 23 apartamentos externos com o mesmo tipo de equipamento; 04 suítes completas, sendo uma presidencial, uma nupcial e 02 executivas; 41 bangalôs independentes para até 5 pessoas, com equipamentos completos; Restaurante com capacidade para 200 pessoas, serviço de categoria internacional e cardápio mineiro; Salão de convenções com completa infra-estrutura e equipamentos; Sala de estar; Salão de café; Salão de jogos; Varanda panorâmica; Conjunto esportivo com piscina; Sauna; Bar; Sala de lareira; Serestas; Trilha para caminhadas ecológicas; Heliporto; Quadras de futebol, vôlei, peteca e basquete.

A Conquista do Certificado ISSO 9002 não foi nenhuma surpresa para todos que conhecem a Estalagem das Minas Gerais. Afinal, qualidade sempre foi uma marca do empreendimento. A Estalagem das Minas Gerais é um dos mais premiados empreendimentos turísticos brasileiros. Em sua jovem história –desde a sua inauguração – foram vários prêmios que atestam a qualidade do seu projeto, das suas instalações e dos seus serviços.

Se existe uma palavra que defina a Estalagem das Minas Gerais, essa palavra é qualidade; ainda se tratando de natureza.

A Estalagem das Minas Gerais, desde a sua inauguração, sempre teve um grande envolvimento com a proteção e a valorização do patrimônio natural e cultural do empreendimento e da região. Consciente da importância e necessidade da implantação de uma postura ambiental pró-ativa, já que está situado em meio a um santuário ecológico, a Estalagem das Minas Gerais deu início aos trabalhos de implantação de seu SGA – Sistema de Gestão Ambiental, conquistando a certificação em conformidade com a norma ISSO 14001, concedido pela BRTÜV do Brasil, sendo assim o primeiro Hotel Histórico de Minas Gerais a conquistar a certificação ambiental, que contou com a participação de uma equipe de profissionais da própria empresa e de consultores externos, com a assistência do Instituto FIEMG – Federação das Indústrias do Estado das Minas Gerais.

A conquista do ISO 14001 veio premiar uma política ambiental moderna, abrangente e atuante, que pode ser resumida nas seguintes áreas de atuação:

Melhoria contínua;
Prevenção da poluição;
Requisitos Legais;
Uso de recursos naturais;
Fauna e flora terrestres;
Cultura;
Comunidade local;
Colaboradores;
Política ambiental.
Segundo a coordenadora de qualidade Lima (2000, p. 78), “a implantação do SGA levou à implantação de uma nova ETE – Estação de Tratamento de Efluentes, com maior capacidade de operação, ao desenvolvimento de material informativo sobre a importância da conservação do meio ambiente e à melhoria do gerenciamento de resíduos. Entre outras ações promovidas durante esse processo, podemos citar a coleta seletiva de material reciclável, a geração de adubo orgânico, o destino final adequado dos resíduos tóxicos, recuperação de trechos da reserva ecológica na qual o empreendimento está inserido, programas de educação ambiental e a preservação do patrimônio natural e arqueológico”, a salienta. De acordo com Lima (2000) também foram realizados vários tr

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