Universidade Federal do Maranhão
Disciplina: História do Brasil III _6° período.
Prof°: Régia Agostinho
Guerra de Canudos
Tayssa Lília Conceição Costa.
São Luís – MA
O objeto de estudo trata-se de um filme exposto no ano de 1997, Guerra de Canudos, ambientado no início da República brasileira, com a direção de Sérgio Rezende que pretende discutir as questões que envolviam a dita República, assim como as idéias e movimentos que se levantaram de forma contestatória.
É sobre a grande escassez do Sertão e o modo de vida simples das famílias necessitadas; de um apoio ou motivação que lhes indicasse uma melhoria nas condições de subsistência que a história de canudos começa a se desenrolar.
As dicotomias que por várias vezes o filme apresenta, inicia-se com o Campo x a Cidade. Os jornalistas que a priori identificam-se como, fotógrafos trazem da cidade o progresso das máquinas, pois a novidade de se ter a imagem guardada em um papel é curiosamente contestada, ou seja, duvida-se que a ação seja realmente possível.
O modo de vida simples das famílias sertanejas caracteriza-se por um pequeno espaço que compreende uma modesta casa, onde as tarefas estão bem definidas e temos a figura de pai em destaque. Aplica-se uma economia de subsistência que segundo o contexto mostra-se insuficiente, pois o quantitativo de impostos aumenta enquanto as possibilidades de pagamento diminuem que varia desde a mão-de-obra aos objetos e animais. O diretor coloca clara a idéia da situação dessas famílias (com relação ao que pensavam) de que a chegada do sistema republicano foi um fator agravante da situação. Apesar de apresentar essa versão não diz que a monarquia resguardava em seu sistema uma situação diferente e favorável.
O predestinado líder Antonio Conselheiro surge em meio a essa situação como a luz que guiará os passos desses indivíduos. Diferente da Republica ele é a luz que inclui este populacho demonstrando perspectivas de uma vida mais justa enquanto aquela trás a luz de idéias que não se enquadram enquanto prática na visão de melhoria, pois a posição de submissão continuaria. Essa caracterização de Conselheiro o coloca como um ser divino e heróico.
A imagem construída à cerca do arraial de Belo Monte passa receio, no sentido de ameaça aos militantes republicanos. Enquanto motivados pela esperança de que o projeto fosse concretizado ou mais ainda a fé no denominado santo Antonio Conselheiro, os rebeldes persistiam.
Símbolos como a fé e principalmente a devoção das mulheres, crianças e idosos se destacam, algo também a ser caracterizado seria o desconhecimento de discurso ou da própria mudança para o sistema Republicano não constituindo assim um grupo de interesses monarquistas.
Com relação aos militantes da Republica ao que parece fica mais nítida a luta pela gloria de ter derrotado os rebeldes de Belo Monte do que a defesa daquele sistema que se constituía como liberal nacionalista, progressista… ou seja, contraditório em sua prática.
Pensar no caráter romântico da obra requer uma percepção das relações que se desenvolvem na narrativa. A família retrata muito bem essa questão, pois desde sua formação (pais e filhos) se mostra definida, no sentido da distribuição de tarefas, e canudos ou as questões que a envolvem promove a desestruturação dessas relações. O núcleo da sociedade, ou seja, a família é o primeiro a fragmentar-se. Assim apresenta-se histórias individuais que se fundem e se confundem com interesses. O pai que antes muito prezava pela família torna-se ou mostra-se capaz de matar a própria filha a fim de ter ou ver o sonho de Conselheiro concretizado, e digo de Conselheiro devido à confusão de interesses, pois o discurso do santo milagreiro tornou-se tão dominante sobre seus seguidores que passou a representar seus próprios interesses.
Recai aqui mais uma discussão nítida o discurso paternalista de Antonio Conselheiro que guia esses homens livres, escravos de um sistema econômico que os colocam em uma posição inferior. O interessante também a ser observado é que estes fogem de um sistema republicano, mas estabelecem um projeto de convivência que muito se assemelha ao sistema em decorrência da voz do povo, de um líder eleito dentre outros.
Assim pensar nos acontecimentos de canudos é possibilitar a reflexão sobre temáticas como paternalismo, o sentido de progresso ou o próprio conceito de Republica.