HIPERPROLACTINEMIA OU PROLACTINA ALTA
Trata-se do excesso de produção do hormônio Prolactina. A dosagem do hormônio prolactina deve ser realizada em todas as mulheres não grávidas nem amamentando que apresentarem galactorréia (presença de leite), distúrbio menstrual ou infertilidade. Nos homens a hiperprolactinemia acarreta distúrbios severos por entrar em choque
com a produção de testosterona.
Para evitar falso diagnóstico de hiperprolactinemia, a dosagem deve ser feita em várias amostras, após o paciente estar acordado por algumas horas, em repouso num ambiente tranqüilo por pelo menos 30 minutos.
CAUSAS
1 – Fisiológicas (consideradas normais):
– Gravidez e amamentação
– Estresse, sono, exercício: o hormônio Prolactina sofre alterações ao longo do dia, sendo mais elevado durante o sono e também em função de exposição a estresse ou a exercícios.
2 – Farmacológicas (devido a medicamentos):
Inúmeros medicamentos são responsáveis pelo aumento da prolactina, dentre eles os antipsicóticos, os antieméticos, os antidepressivos, a ranitidina e a cimetidina, os opiáceos, os antihipertensivos, os estrógenos (o que inclui alguns anticoncepcionais), dentre outros, incluíndo drogas de uso ilícito.
3 – Macroprolactina:
Pessoas com macroprolactina podem apresentar elevadas taxas de prolactina sem que por isso apresentem sintomas, portanto, em geral, não precisarão de tratamento.
Daí a importância de se avaliar a macroprolactina ao se encontrar acidentalmente taxas elevadas de prolactina.
Entretando, caso sintomas de hiperprolactinemia sejam encontrados em pacientes com macroprolactina, deve ser investigado um segundo fator de aumento da prolactina associado.
4 – Patolóticas:
4.1 – Doenças Sistêmicas:
Os níveis de prolactina costumam estar abaixo de 100 ng/ml.
– Hipotiroidismo: O próprio tratamento adequado do hipotiroidismo deve normalizar a prolactina.
– Síndrome dos ovários policísticos: Pode ocasionar um pequeno aumento da prolactina que cede com o tratamento da síndrome.
– Insuficiência Adrenal Primária: cede com terapia de reposição de glicocorticóides
– Outras: falência renal; cirrose; lesões irritativas da parece torácica como as causadas por herpes zóster, toracotomia, mastectomia e queimaduras; eplepsia e lesões do cordão medular.
4.2 – Doenças Hipotalâmico-Hipofisárias:
Uma vez confirmada a hiperprolactinemia é importante à realização de Ressonância Magnética da hipófise (situada no crânio) para diagnosticar presença de tumor benigno ou outras alterações na mesma, especialmente quando valores elevados são encontrados.
– Prolactinomas (Adenomas secretores de Prolactina): São a causa mais comum de hiperprolactinemia patológica. Representam 40% a 50% de todos os adenomas hipofisários. Podendo dividir-se em microprolactinomas (microadenomas) e macroprolactinomas (macroadenomas). Os microprolactinomas representam 65% a 70% dos prolactinomas.
Os microadenomas são tumores menores que 1cm e restritos a sela túrcica, enquanto os macroadenomas tem a partir de 1cm de diâmetro e podem provocar invasão de estruturas vizinhas e destruição das células ósseas. Raramente os microadenomas transformam-se em macroadenomas.
Os valores séricos de prolactina dos macroprolactinomas costumam a estar acima de 200 ng/ml. Já nos microprolactinomas os valores costumam a apresentar entre 100 ng/ml e 200 ng/ml, podendo estar abaixo de 100ng/ml.
O tratamento dos prolactinomas, tanto micro quanto macro é realizada através de medicamentos.
– Adenomas Mistos (secretores tanto de prolactina quanto de outros hormônios): relacionados à acromegalia, doença de cushing e hipertiroidismo tsh-dependente nesta ordem de freqüência.
A causa tanto dos prolactinomas quanto dos adenomas mistos ainda é de origem desconhecida.
– Pseudoprolactinomas (comprometimento da haste hipofisária ou do hipotálamo): Os valores são geralmente inferiores a 150 ng/ml. Não respondem a tratamento através de medicamentos.
– Doenças infiltrativas e inflamatórias, sela vazia e causas pouco frequentes.
– Incidentalomas: Imagem compatível com um prolactinoma, porém detectada acidentalmente.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
1 – Efeitos Diretos:
– galactorréia (presença de leite): Nem todos os pacientes com hiperprolactinemia apresentam galactorréia (especialmente os homens) e a quantidade de leite tampouco é um bom marcador do nível de prolactina.
– hipogonadismo
Nas mulheres pode manifestar-se por: fase lútea (fase pós-ovulatória) curta, anovulação, infertilidade, oligomenorréia, amenorréia, diminuição da libido, menor lubrificação vaginal, seborréia, hirsutismo moderado, dispauneria (dores durante o ato sexual) e abortos espontâneos recorrentes.
Nos homens pode ocasionar disfunção erétil, diminuição da libido e infertilidade (oligospermia e diminuição do volume ejaculado). Pode também ocasionar ginecomastia (desenvolvimento excessivo das mamas no homem), redução no crescimento de pêlos, hipotrofia muscular e aumento da gordura abdominal.
Uma das principais conseqüências do hipogonadismo é a diminuição da massa óssea levando a osteopenia e osteoporose.
O hipogonadismo normalmente cede com os níveis de prolactina normalizados.
– manifestações psicológicas: ansiedade, depressão, fadiga, instabilidade emocional e irritabilidade.
2 – Efeitos Secundários e Lesões Estruturais:
– Cefaléia: Podendo ser causada tanto por microadenoma quanto por macroadenoma. Na maioria dos casos a cefaléia tende a regredir com a normalização dos níveis de prolactina.
– Manifestações Neuro-Oftamológicas: Alterações visuais entre outras. Ocorrem em macroadenomas, quando o tumor cresce comprimindo ou invadindo estruturas vizinhas.
– Hipopituitarismo: deficiência de outros hormônios da hipófise em macroadenomas por compressão hipofisária ou por desconexão hipotalâmica.
TRATAMENTOS
O tratamento visa normalizar os níveis de prolactina e no caso de prolactinomas também diminuir ou estabilizar o tamanho do tumor.
O tratamento é quase sempre através do uso de medicamentos. Existindo também em casos específicos a cirurgia hipofisária e radioterapia.
GESTAÇÃO
Ocorrendo gravidez pode-se suspender o medicamento na hiperprolactinemia de causa funcional ou por microadenoma. A amamentação também não trás riscos expressivos.
Já no caso de macroadenoma não existe consenso médico sobre a conduta a ser utilizada. Alguns médicos optam pela manutenção dos medicamentos durante a gestação e contra indicam a amamentação.
BIBLIOGRAFIA:
– Hiperprolactinemia – Causas e Manifestações de Hiperprolactinemia
Mauri José Piazza
Cezar Luiz Boguszewski
– Armadilhas no Diagnóstico da Hiperprolactinemia
Lucio Vilar
Luciana A. Naves
Mônica Gadelha
– Síndrome Hiperprolactinêmica e Prolactinomas
Mirta Knoepfelmacher
– Hiperprolactinemia
Aloísio José Bedome
Cristina Laguna Benetti Pinto