Autoria: Nilton Roque Pires Caruso
A histeria foi o que levou Freud a descobrir o inconsciente e a postular a psicanálise. Ele começou a observar que os sintomas físicos não possuíam causa orgânica. A histeria é causada pela recusa do desejo sexual que é tipicamente reprimido e se manifesta em forma de ansiedades e traumas. Há psicanalistas que acrescentam que a histeria não se refere apenas aos desejos sexuais, mas a outros tipos de desejo ou situações traumáticas. A cura da histeria só acontece quando o paciente, através da associação livre, chega a uma cena traumática, causadora do sintoma. É fundamental esclarecer que a cena pode não acontecer necessariamente, e pode ter sido uma criação do paciente, a partir de desejos “proibidos”. A cena, real ou não, provoca uma ansiedade muito grande e a pessoa esquece-a automaticamente, e somatiza. Os sintomas aparecem como que para impedir o movimento para o desejo. É muito importante saber que a histeria não é proposital e nem uma “frescura”, como pode parecer. A histeria é uma classe de neuroses que apresenta quadros clínicos muito variados. Freud considerou a histeria como uma doença psíquica bem definida e que, portanto, exige uma etiologia específica. Freud nominou diferentes tipos de histeria. A histeria de angústia apresenta sintomas fóbicos que podem ser observados na neurose obsessiva e na esquizofrenia. A libido é libertada sob forma de angústia e a formação dos sintomas fóbicos tem sua origem num trabalho psíquico que tem como objetivo ligar a angústia que se tornou livre outra vez, ao psiquismo. Existem ainda a histeria de conversão, que se caracteriza pela predominância de sintomas de conversão; a histeria de defesa, especificada por uma atividade de defesa que o indivíduo desenvolve para evitar representações que causem afetos desagradáveis (ver amnésia); a histeria hipnóide, que segundo Freud e Breuer teria origem nos estados hipnóides, todas as vezes que a pessoa não consegue aceitar os conteúdos inconscientes revelados por esta técnica; a histeria de retenção, quando a natureza do trauma esbarra em condições sociais ou individuais que impedem a ab-reação; a histeria traumática, que foi descrita por Charcot como sintomas somáticos designados para um traumatismo físico, que, naquela época, era caracterizado pelas paralisias.