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terça-feira, novembro 5, 2024

Indivíduo Cultura e Sociedade

Já está comprovado por estudos científicos, que existe uma organização social entre os animais, não apenas entre os mamíferos superiores, mas também entre os insetos como: formigas, cupins, abelhas, etc. Entre esses insetos existe algo que podemos chamar de “hierarquia social” ou “poder político”, “divisão de trabalho” etc. A questão é; Qual a diferença entre a “sociedade” desses animais e a sociedade do homem?

Quando comparamos as “sociedades” animais constatamos em seu comportamento certa padronização parecida com algumas padronizações entre os seres humanos, ou seja, ambos apresentam formas regulares de ação diante de determinadas situações.

Se observarmos os insetos como abelhas e formigas constatarão que ambos apresentam comportamentos constantes, enquanto, obviamente os padrões de comportamentos humanos assim como suas formas de organização social, são extremamente mutáveis tanto no tempo como no espaço.

As pessoas apresentam comportamentos diferentes de acordo com o lugar onde vivem (país estado, região) e também não se comportam mais hoje como se comportavam a cinco ou dez anos atrás.

A diferença é que as formas de comportamento dos animais irracionais e insetos são transmitidas geneticamente, ou seja, decorrem da natureza, enquanto o padrões de comportamento do homem são artificiais, criados pelo próprio homem.

Como já foi provado que as abelhas se comunicam através de uma espécie de “dança” durante o vôo, esse comportamento assim como outros não foram inventados por elas, mas fazem parte de seu organismo, pois resultam de impulsos inatos, já nascem com elas assim como todas as outras espécies animais. Isto não significa que os animais não humanos sejam incapazes de aprender, mas, significa que eles apresentam um comportamento fortemente padronizado pela herança biológica enquanto o comportamento humano é acima de tudo padronizado pela aprendizagem através da comunicação simbólica.

Apesar de a espécie humana ser dotada de certas características orgânicas que só ela possui, estas não são suficientes para o desenvolvimento da sua personalidade e do comportamento na sua forma social. Essas características servem para dar ao indivíduo condições necessárias ao desenvolvimento próprio do homem se associar a outros e viver em grupo, mas não basta para que o homem desenvolva sua sociedade; quer dizer sem elas o homem não se torna social, mas elas não são suficientes porque a forma típica de sociabilidade do homem não é uma conseqüência direta das peculariedades do seu organismo como os animais não humanos.

Isso significa que é necessário um organismo normal como condição do desenvolvimento da sociabilidade do homem e que sem essa condição, a aprendizagem através da comunicação simbólica se processará de modo deficiente, ou seja, as deficiências orgânicas congênitas, dependendo do seu tipo me grau, impede o desenvolvi mento da capacidade humana de conviver em sociedade.

Apesar de possuir características orgânicas normais, isso ainda não é o suficiente para tornar o homem social, pois ele não nasce social, ele adquire comportamentos tipicamente humanos através da socialização.

Na sociologia, socialização não significa como s usa em outros contextos, distribuição igualitária de bens e serviços; mas significam transmissão e assimilação de padrões de comportamento, normas, valores e crenças, assim como o desenvolvimento de atitudes e sentimentos coletivos pela comunicação simbólica. Assim sendo, socialização é o mesmo que aprendizagem no sentido mais amplo dessa expressão.

A comunicação entre os animais acontece através da linguagem emocional, por isso, são tão limitadas as possibilidades de comunicação entre os animais não humanos. Já comunicação humana se processa através de símbolos, ou seja, segundo Leslie White, símbolo é alguma coisa cujo valor é atribuído pelas pessoas que o usam.

Esse antropólogo explica que assim qualquer forma física como objeto material, cor, som cheiro o movimento de um objeto, um gosto está presente em todos os momentos de nossa vida, pois ele não se limita à palavra quer um símbolo por excelência; mas não é a sua única expressão.

O símbolo verbal permite ao homem conduzir suas ações conforme as situações, objetos e pessoas fisicamente distantes, de acordo com os acontecimentos passados ou futuros permite a transmissão de conhecimentos, técnicas e idéias em geral; permite enfim elaborar um universo de idéias tão real quanto o ambiente e as pessoas. Por isso é tão rica a possibilidade de comunicação entre os homens.

Apesar de a socialização ser mais intima durante a infância e a adolescência, ela é um processo permanente porque os indivíduos precisam adaptar a novas situações sociais e essas adaptações acontecem através da aprendizagem de novos modos de agir e mesmo de pensar; afinal todas as sociedades estão sempre se transformando, mudando os padrões de organização.

Sejam transformações mais lentas como as sociedades indígenas, ou, mais rápidas como as sociedades tipo urbano/industrial, qualquer que seja o tipo de sociedade, está sempre em mudança e isso requer do indivíduo, a assimilação de novos padrões de comportamento desenvolvidos na sociedade, para que ele possa se adaptar às transformações do seu ambiente social.

A socialização, seja primaria ou secundária que dá ao individuo padrões de comportamento básicos para uma vida normal na sua sociedade ou padrões de comportamento especiais para posições e situações sociais, é ela um processo que não apenas integra o indivíduo na sociedade como também para os sistemas sociais.

Cultura

Segundo Kingsley Davis, esses padrões de comportamento animal são denominados sociedades de sistemas biossociais; as formas de organização das relações sociais entre os homens, por serem baseadas em padrões artificiais, são classificadas como sistema cultural.

No sentido sociológico, cultura não é o mesmo significado da linguagem do senso comum. Essa apresenta vários significados como por ex: diz-se que “Fulano tem cultura” ou então como tipo de realização humana pela arte, a ciência, a filosofia; na linguagem cotidiana, essa palavra tem muitos sentidos.

Já na sociologia, ela não se limita a essas acepções, mas é tudo o que resulta da criação humana; e tanto compreende idéias como artefatos.

Segundo Edward B. Taylor, cultura é “um todo complexo que abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades adquiridas pelo homem como integrante da sociedade em que vive”.

Todos os homens possuem cultura pelo fato de estar vivendo em sociedade; participando de alguma cultura. Numa sociedade complexa, mais viável são as sub-culturas não regionais, como as sub-culturas etárias, profissionais, religiosas, etc.

Os indivíduos que participam de formas semelhantes de perceber e enfrentar situações sociais em virtude de alguma profissão, não é confinado a um mesmo espaço geográfico. Pertencer a uma determinada classe social, não significa ter uma determinada renda familiar, exercer algum tipo de profissão e ter certo grau de escolaridade, mas significa também participar de certas crenças, possuírem valores morais e mesmo estéticos ter determinadas aspirações, perceber a existência (de certo modo), pois as classes sociais tendem a possuir modos próprios de vida, ou seja, sub-culturas correspondentes.

Ao conjunto dos valores, das crenças, das atitudes, dos sentimentos, dos motivos, das normas e dos padrões de comportamentos partilhados por todos os adultos socializados podemos chamar de núcleo de integração cultural ou, cultura dominante.

Cultura e Sociedade de Massa

Uma sociedade complexa do tipo urbano industrial, atualmente é a chamada cultura de massa.

Segundo a definição de JU. W.Bennet e Melvin Tumim , a cultura de massa é aquela arte da cultura total de uma sociedade composta de padrões de comportamento e de pensamento “comum `as sub-culturas de uma sociedade heterogênea” (natureza diferente) sendo a sua divulgação resultante da ação da industria cultural, notadamente dos meios de comunicação de massa.

Os padrões de cultura de massa são partilhados por todos ou pela maioria dos indivíduos, independente do nível de renda, grau de instrução, do tipo de ocupação ou localização especial. Sendo comum à maioria dos indivíduos em uma sociedade diversificada os padrões da cultura de massa, não se confundem com os padrões universais da cultura ou cultura dominante, pelo fato desses derivarem da tradição; enquanto a cultura de massa é um produto da indústria cultural.

.Portanto, essa não possui o mesmo grau de estabilidade da cultura dominante que diz respeito principalmente ao idioma dos valores morais e ao sentimento coletivo de participação de uma tradição histórica, pois, a cultura de massa se refere os aspectos superficiais de lazer, de gosto artístico e do vestuário.

A indústria cultural está frequentemente “fabricando” modas no campo da musica através de novos ritmos, mas não altera os padrões resultantes entre nós da fusão de padrões europeus com padrões de origem africana. Da mesma forma acontece com o vestuário, que vem mudando constantemente, mas sem alterar os padrões distintivos de vestuário de homem e de mulher.

Desse modo a cultura de massa coexiste com a cultura dominante nas sociedades heterogenias sem que a primeira substitua a segunda e dessa forma as duas existem como domínios diversos de experiência cultural.

É impossível negar a importância da cultura de massa nas sociedades urbano-industriais atuais como fenômeno procedente somente pela invenção dos meios de comunicação de massa, mas sim porque a cultura de massa passa a ter um lugar importante na experiência cotidiana da maioria dos indivíduos.

Outra parte da cultura que merece atenção nas sociedades é chamada cultura popular. Assim como a cultura de massa, esta não se resume a uma única sub-cultura mas pelo contrário não perpassa todas as sub-culturas.

Enquanto a cultura de massa resulta da indústria cultural, a cultura popular está ligada às sub-culturas nas quais os padrões tradicionais são mais fortes.

No Brasil, a cultura popular existe em varias regiões de todo território nacional, portanto, há desse modo uma cultura popular gaúcha, como há uma cultura popular típica da região Norte, bem como uma cultura popular típica nordestina.

A cultura popular não se associa apenas a manifestações lúdicas, ou a arte em geral, mas é uma realidade bem mais vasta do que estes campos da vida social incluindo as práticas médicas,assim como a linguagem, os meios de conviver, de ver, e de sentir o mundo. Um equivoco constante em identificar a cultura popular com as criações anônimas do povo, pó ex: lendas, cantigas de roda e de ninar, etc.

A cultura popular tanto compreende as invenções anônimas do povo como inclui muitas criações principalmente no campo da arte de autores conhecidos como um autor desconhecido. Como todo fenômeno social, a cultura popular é uma realidade viva, dinâmica em contínua transformação.

A cultura popular é feita e refeita a todo o momento graças à criatividade do povo.

Embora as expressões da cultura popular sejam mais visíveis nas comunidades rurais mais isoladas, ela está presente também no ambiente urbano, nas grandes metrópoles brasileiras, nas quais são muito fortes ainda as marcas da tradição rural, apesar da influencia da cultura da massa.

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