Você já sentiu medo alguma vez? Se sim, passou pela sua cabeça a opção de usá-lo a seu favor? Será que isso é mesmo possível?
Vamos mostrar aqui que o medo faz parte de um processo de avaliação que de fato é seu apoio para vencer.
Agora considere uma pessoa que tenha medo de altura; em certas situações, ela sente medo de cair. Como pode o medo ser um aliado para o sucesso, conforme apregoa o título desta matéria? Para entender isto, vamos lembrar que somos movidos às direções que temos instaladas na nossa mente.
Imagine alguém sem medo, o que pode fazer! O medo será um problema apenas quando ficarmos prestando atenção ao que não queremos que aconteça e apenas reagindo a isto, ou seja, paralisados e sem opção de ação.
Principalmente, o medo é uma força, tem energia, e nós podemos usar essa energia como impulso para algo que queiramos. Usando uma estratégia adequada, podemos fazer como no judô: se vamos usar a energia do adversário, quanto mais energia ele tiver, melhor para nós!
Uma vez tendo boas percepções a respeito do medo, precisamos aplica-lás, colocá-las em prática. Uma estratégia estruturada que pode ser usada para aproveitar o impulso e a energia do medo é:
a) Conscientização – tudo começa quando você detecta algo que pode ser bem descrito pela palavra “medo”. Você sabe que é um processo da mente (eventualmente com reflexos no corpo), que é mais específico: medo de que alguma coisa aconteça. Para isso, tire a atenção dos sintomas corporais e direcione-a para imagens e sons internos, diretamente ou por meio de perguntas: medo de quê? O que pode acontecer de potencialmente ruim? O que estou imaginando?
b) Interpretação – Neste momento uma avaliação deve ser feita: o medo é um alerta? Procede? No caso dos medos que causam sensações no corpo, como o de altura, uma opção que pode ser usada é a observação das sensações: localização, intensidade, qualidade. Caso você decida canalizar a energia, vai para o próximo passo.
c) Escolha do contexto alvo da energia – Aqui você define para onde quer canalizar o impulso do medo. Por exemplo, se está fazendo um relatório e sente receio ou medo de que seja malvisto, pode imaginar-se relendo o relatório procurando por correções ou possibilidades de melhoria.
d) Transferência da energia – Neste ponto você tem dois cenários internos, um do medo e outro do objetivo. Para transferir a energia do primeiro para o segundo, você tem várias opções. Seguem algumas sugestões:
Diminuir a luminosidade de um e aumentar a do outro.
– Dissociar-se (“sair do filme”) de um e associar-se ao outro.
Aproveite para usufruir do prazer desse momento de descanso e também do possível prazer que possa estar sentindo pela sua atitude e iniciativa.
Algumas sugestões para aplicação da estratégia descrita:
– Medo do escuro: ações de certificação da existência de perigos, como acender a luz e explorar o local, ou ações de proteção.
– Medo após um filme de terror: ações de observação de imagens internas e de controle delas, como alterar a cor e tamanho.
– Medo de perder o emprego: ações de revisão de produtos, de maior atenção aos objetivos e prioridades, ações de melhoria de relacionamento, ações de aquisição de conhecimento e novas habilidades.
– Medo de dor física: se evitável, descobrir ações que poderiam prevenir a dor; se inevitável (como talvez uma injeção), a saída pode ser estimular uma atitude de extensão dos próprios limites (dores superadas fortalecem), sentir apenas a dor do momento (e não a dor subjetiva resultante da antecipação da dor) ou ainda fortalecer a percepção do momento presente, prestando atenção às sensações físicas do agora (por exemplo, “dor na cabeça” é presente, “dor de cabeça” faz menção às experiências passadas e pode ser pior).
E de agora em diante, fique atento aos seus medos, agradeça a eles e aproveite-os da melhor maneira possível: eles estão aumentando suas chances de sucesso.