João Miguel – Raquel de Queiroz
O romance se faz sobretudo com situações e fatos tomados como elementos de ambientaÇão, num presídio de interior, no Nordeste, em que avulta a figura de João Miguel. Pela sua presença e com suas relações humanas na cadeia, ele se torna o eixo do romance e o principal ângulo de observação e pesquisa da romancista. Forma-se assim um agrupamento humano, que continua a manter no presídio o sentido e os hábitos da vida cotidiana em liberdade. Compõem-no : Santa, companheira de João Miguel, e que o abandona pelo cabo Salu, maria Elói, Filó, Zé Milagreiro, uma visitante diária, Angélica – filha do coronel Nonato, também criminoso, mas preso somente pro ser inimigo do delegado ou por ser da oposição política – além de outros. Nesse caso, a prisão vigra apenas restrições circunstancial do espaço de relações, mas sem nenhum reflexo corretivo ou punitivo sobre os que aí vivem. É destacável a linguagem romancista, pela riqueza psicológica da frase, notadamente no diálogo. Considereda do ponto de vista regionaista, apresenta acentuadas características peculiares ao linguajar caboclo ou próprio da massa sertaneja.