Autoria: Nami Seixas
Introdução Básica e Fundamentos do Judô
Essa brilhante arte que é o Judô foi criada por um homem chamado Jigoro Kano, que nascera em 18 de outubro de 1863 em Mikage, no Distrito de Hyogo. Terceiro filho de uma família de três meninos e duas meninas. Com 17 anos iniciou o treinamento de Jiu-Jitsu, em 1882 fundou seu próprio Dojo e em 1884 foi fundado o Judô, resultante da conjunção de vários sistemas de Jiu-Jitsu e da introdução de seu fundamento filosófico, foi aí que se deu a fundação do Instituto Kodokan.
Em 1891 casou-se com a filha mais velha de um embaixador coreano. Em 1911 tornou-se presidente da Associação Atlética do Japão e o primeiro representante do Japão no Comitê Olímpico Internacional. Ministro da Educação do Japão.
Jigoro Kano faleceu com 78 anos, em 04 de maio de 1938, de uma pneumonia a bordo do navio Hikawa-Maru que o transportava para o Cairo onde participaria da Assembléia Geral do Comitê Olímpico Internacional.
“Os homens são rivais na competição, porém unidos e amigos através do seu ideal na prática do seu esporte e ainda mais no dia-a-dia.” (Jigoro Kano)
O propósito do Judô
De acordo com Jigoro Kano, o Judô é o caminho para a utilização eficaz das forças físicas e espirituais. Treinando os ataques e defesas, o corpo e a alma se tornam apurados e a essência do Judô torna-se parte do próprio ser. Desse modo o ser aperfeiçoa a si próprio e contribui com alguma coisa para valorizar o mundo. Aqueles que pretendem seguir o caminho do Judô, deve inserir este ensinamento em sua alma.
Início e Desenvolvimento do Judô
O Judô originou-se do Jiu-Jitsu, que por sua vez tem suas raízes ligadas ao povo chinês. No Japão tudo teve início por volta do século XI quando apareceram vários tipos de escolas com técnicas de lutas semelhantes ao Jiu-Jitsu. E cada vez mais o Jiu-Jitsu florecia e atingia o seu pleno desenvolvimento de ataque e defesa.
Nessa época, todas as escolas procuravam se aperfeiçoar no ataque e defesa com as mãos, sem o uso de qualquer arma, devido a proibição do porte de armas brancas imposta pelas autoridades. Por esta razão, todas as escolas se desenvolveram dentro de um esquema de arte marcial, atingindo o auge de sua importância nos séculos XVII a XIX.
Em 1876, na restauração do império japonês, as armas brancas cairam em proibição geral e conseqüente desuso. Grande foi a desorientação e desânimo entre os grandes mestres das artes marciais, e em conseqüência disto, iniciou-se violentas lutas pela sobrevivência das diferentes escolas, e assim, brigas e desafios se repetiam , cada qual procurando sobreviver pela destrição e desmoralização da escola rival.
Houve violência e rivalidade em excesso, e a desonestidade imperava por completo, que acabou decretando o fim do Jiu-Jitsu como arte marcial.
Foi a oportunidade em que apareceu Jigoro Kano, um jovem que já cursara diversas escolas de Jiu-Jitsu, compreendera a necessidade de completar e adaptar a decadente arte marcial, tornando-a uma arte esportiva que florescesse e sobreviveria aos tempos e aos costumes modernos.
Assim pensando, Jigoro Kano, eliminou de tudo o que aprendera, as técnicas violentas, e acrescentou algumas técnicas novas, conservando as mais eficientes de cada escola de Jiu-Jitsu da época.
Ele disciplinou e definiu os objetivos da nova arte, o Judô-Kodokan, desta maneira:
* Cultura e desenvolvimento do físico;
* Cultura e desenvolvimento da vontade e da moral;
* Capacidade de competir vitoriosamente.
Como conseqüência direta do significado destes três objetivos, nenhum praticante poderá considerar-se autêntico e legítimo Judoka sendo brilhante apenas na prática de um dos obejtivos, , por exemplo, o de competir vitoriosamente. O verdadeiro Judoka deve cultuar-se harmoniosamente e igualmente os três objetivos acima definidos pelo mestre Kano.
Não foi fácil para Jigoro Kano libertar a sua arte de propriedade feudal da época, e democratizar para poder entregá-la para a prática, em campos de treinamento do Japão, e mais tarde em todo o mundo. Também não foi fácil para Jigoro Kano firmá-la como arte superior e legítima, pois, muitos foram os que desacreditavam-na e combatiam-na por todos os meios. O reconhecimento veio finalmente a público, quando em 1886 numa competição convocada pelo chefe de política metropolitanade Tokio, o Judô-Kodokan enviou seus 15 melhores representantes para enfrentar os 15 melhores do Jiu-Jitsu, lutadores da escola de Hikosuke Totsuka, na época o expoente máximo do Jiu-Jitsu. O resultado da competição foi incontestável e consagrou definitivamente a escola de Judô-Kodokan : 13 vitórias e 2 empates! A partir daí o Judô não mais deteve em sua gloriosa ascenção e afirmação como arte e esporte completo, sendo hoje modalidade oficial dos jogos olímpicos.
A denominação Judô-Kodokan, segundo explicado pelo seu criador, tem o seguinte significado:
“JU” – quer dizer, gentil, suave;
“DO” – quer dizer, caminho, princípio;
“JUDÔ” -quer dizer, portanto, princípio ou caminho da suavidade.
A palavra Kodokan foi acrescentada para positivamente identificar uma nova fase do esporte, agora mais nobre e espiritual e que não deveria ser confundida apenas no lugar chamado Kodokan.
Espírito do judô
* A juventude foi feita para o heroísmo.
* Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar.
* Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e sobretudo, humildade.
* Quando verificares, com tristeza, que não sabes nada, terás dado o teu primeiro progresso no aprendizado.
* Nunca se orgulhe de ter vencido um adversário, pois ao que venceste hoje, poderá derrotar-te amanhã.
* A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.
* O Judoka não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar.
* Judoka é aquele que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam, paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes, e fé para acreditar naquilo que não compreende.
* Saber cada dia um pouco mais e usá-la todos os dias para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros Judokas.
* Praticar o Judô é ensinar a inteligência a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo a obedecer com precisão.
* O corpo é a arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.
* Ceder para vencer.
* Quem teme perder já está vencido.
* Pensar sempre no melhor, trabalhar sempre pelo melhor e esperar somente o melhor.
* Ter tanto entusiasmo e interesse pelo sucesso alheio como dele próprio.
* Viver na certeza de que o mundo estará do seu lado enquanto lhe dedicar o que há de melhor dentro de si mesmo.