No cenário atual, preocupar-se com a logística tornou-se fundamental nas empresas.
O ambiente em que as empresas operam atualmente é muito complexo e fortemente competitivo. Portanto, elas estão buscando a diferenciação e o estabelecimento de vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes. Para alcançar esses objetivos, cada um, tenta encontrar o seu próprio caminho; porém, um ponto comum pode ser observado: a opção pela aplicação da logística, que deve ser entendida como o gerenciamento estratégico dos fluxos de materiais e das informações correlatas para levar, de forma eficiente e eficaz, os produtos de uma origem a um destino.
Palavras-chave: Logística, flexibilidade, estratégia.
1 INTRODUÇÃO
A globalização, a mudança no comportamento dos consumidores, a redução do ciclo de vida dos produtos e o enfraquecimento das marcas, exigem que as organizações adquiram e desenvolvam novas competências para conquistar e manter clientes. Ampliam-se as dimensões da competitividade, a qual deixa de ser regional para ser global. A concorrência passa a acontecer entre cadeias produtivas e não mais entre empresas isoladas. Nesse contexto, as vantagens e diferenciais competitivos são cada vez mais efêmeros. Rapidez e flexibilidade deixam de ser apenas um discurso e tornam-se obrigatórias.
Christopher (1997, p.2) define logística como “… o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar a lucratividade presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo”.
2 POR QUE SE PREOCUPAR COM A LOGÍSTICA?
As razões para a logística aparecer como uma escolha lógica e oportuna para fazer frente a essas exigências; podem ser encontradas ao analisar os aspectos seguintes:
2.1 A EVOLUÇÃO DE SEU CONCEITO: ao incorporar e utilizar preceitos de marketing, qualidade, finanças e planejamento, a logística tornou-se uma disciplina multifuncional e, assim, aumentou sua contribuição para a eficiência e a eficácia da gestão. Ainda mais, é capaz de manter a atenção às necessidades internas da empresa e, ao mesmo tempo, voltar os seus olhos aos desejos dos clientes.
2.2 O AUMENTO DE SEU ESCOPO: com o tempo, a logística passou a se preocupar com um número cada vez maior de atividades e deixou de ser vista como operacional para tornar-se estratégica. Assim, deve ser considerada em decisões importantes e receber a atenção dos mais altos escalões da empresa.
2.3 A AMPLIAÇÃO DE SUA ABRANGÊNCIA: inicialmente tratada de forma funcional, passou a integrar as diversas funções internas da empresa e, hoje, funciona como elo entre clientes e fornecedores.
2.4 ENFOQUE SISTÊMICO E ORIENTAÇÃO PARA PROCESSOS: permitem uma visão global da empresa e da cadeia produtiva como um todo. Desse modo, de forma integradora, propicia que, todos os interesses e pontos relevantes sejam analisados na tomada de decisão.
2.5 PREOCUPAÇÃO COM A GESTÃO DE FLUXOS: o primeiro fluxo é o dos materiais, o qual se inicia no fornecedor e termina na entrega ao consumidor final. O segundo é o das informações, o qual tem um sentido inverso ao do anterior. Então, pela sincronização e racionalização destes fluxos, procura-se, simultaneamente, a redução de estoques, que são consumidores de recursos, e o aumento da disponibilidade dos produtos. Essa sinergia favorece, também, o fluxo financeiro da empresa.
3 A LOGÍSTICA COMO ESTRATÉGIA
Ao ser corretamente entendida e aplicada, a logística permite desenvolver estratégias para a redução de custos e o aumento do nível de serviço ofertado ao cliente. Como essas duas condições, isoladamente ou em conjunto, possibilitam o estabelecimento de diferenciais competitivos, justifica-se que este seja o caminho escolhido por um número crescente de empresas para buscar vantagens sobre a concorrência. Essa idéia pode ser reforçada ao se constatar que alguns dos segmentos mais competitivos do mercado, como o automobilístico e o grande varejo, adotam a estratégia de focar-se na logística. No Paraná, o pólo automotivo de Curitiba é uma prova inquestionável dessa tendência.
As montadoras ali instaladas se utilizam os mais modernos conceitos de logística, o que permitiu a construção de plantas compactas, de alta eficiência operacional e capaz de produzir automóveis de classe mundial. Alguns desses veículos são exportados para mercados exigentes, como o norte-americano, por exemplo. Ao expandir esse raciocínio, pode-se perceber que as empresas e os países competitivos no cenário mundial, como os Estados Unidos e o Japão, não só utilizam-se da logística, como também vêm pesquisando-a e desenvolvendo-a. A competência logística foi fundamental para que eles expandissem seus mercados para além de seus limites territoriais, e tornou-se um fator-chave para o seu desenvolvimento econômico.
4 DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Atualmente muitas empresas já têm consciência que a qualidade dos processos logísticos representa um considerável fator de sucesso para seus negócios. Isto fica mais evidente, quando se considera que o custo logístico em relação ao faturamento nas empresas de manufatura pode perfeitamente chegar a 10% ou mais. Além disso, processos logísticos eficientes oferecem uma oportunidade de criar vantagens em relação à concorrência, aumentando assim seu apelo comercial.
Neste momento, é necessário analisar a realidade do Brasil, pois o que se apresenta é preocupante. Nossos custos logísticos são, no mínimo, o dobro da média dos países desenvolvidos, que gastam nesta área de 8% a 10% do seu PIB anual. A logística é pouco difundida e aplicada pelas empresas nacionais. Nossa infra-estrutura não é favorável, sendo necessários pesados investimentos nesse
setor. A matriz de transporte é fortemente dominada pelo transporte rodoviário, que responde por dois terços do movimento de carga no país. Não existem indicadores de desempenho setorial, há falta de mão-de-obra qualificada e existe pouco incentivo para a pesquisa nessa área.
Esse panorama mostra desafios e oportunidades. Os desafios estão na necessidade de rápida solução dos problemas que impedem o desenvolvimento e o aumento da eficiência da logística. As oportunidades, neste cenário adverso, mostram um enorme espaço para melhorias. Aqueles que fizerem essas melhorias; primeiro; estarão se distanciando fortemente de seus concorrentes e se habilitando para a conquista de novos mercados. Para aumentar a competitividade das empresas e do país, uma das premissas necessárias é a aplicação da logística de forma integral. São necessários esforços de mudança, pois devem ser abandonados vários ranços de nossa cultura empresarial. A iniciativa privada e o governo precisam se unir para desenvolver um plano para o desenvolvimento da logística no Brasil. Caso isso não aconteça, o país continuará assistindo ao desenvolvimento mundial como coadjuvante e ficará condenado a permanecer na periferia da globalização.
Esta situação causou uma mudança nas empresas que atuam no segmento logístico. Paralelamente à clássica tarefa de distribuição – mercadorias no prazo certo, em perfeitas condições e colocadas à disposição nas quantidades necessárias – é oferecida, por algumas delas, uma gama mais completa de serviços logísticos. Quando aproveitados corretamente, estes serviços trazem resultados muito positivos para o contratante. Redução nos custos e interação com os clientes.
Em tempos de concorrência crescente, no qual se fala mais em conceder redução dos custos do que em conseguir repassar um aumento dos mesmos, a otimização dos processos de operação e o aproveitamento de todas as possibilidades de potenciais de redução nos custos se tornam, para muitas delas, um fator crítico para a sobrevivência. Uma área fundamental para este fim é a logística, que engloba a uma cadeia de atividades que envolvem desde suprimentos até a entrega de produtos, passando pela logística interna das empresas.
O alvo prioritário é, naturalmente, a redução nos custos. Paralelamente, a qualidade do desempenho também deverá melhorar consideravelmente. Dentre estas melhorias, destacamos uma maior exatidão do estoque, elevação da flexibilidade e o aumento da disponibilidade de serviços fornecidos.
Segundo Christopher (1997, p.10), “as organizações que serão líderes de mercado no futuro serão aquelas que procurarão e atingirão os picos gêmeos da excelência: conseguirão tanto a liderança de custos como a liderança de serviços.” Isto se traduz na necessidade de coordenar operações e lançar mão de ferramentas de apoio, como é o caso da logística.
5 CONCLUSÃO
A logística é um conceito relativamente novo no vocabulário brasileiro e a grande maioria das organizações desconhece seus potenciais, limitando seu uso ao transporte dos produtos. Porém a logística, aliada ao gerenciamento de processos internos, tem se mostrado uma importante ferramenta para garantir vantagem competitiva à empresa, incluindo melhor nível de serviço ao cliente, bem como redução de custos e maior lucratividade. Além disso, o gerenciamento adequado da logística traduz-se em maior agilidade e flexibilidade. De maneira geral, a gestão logística pode tornar-se uma ferramenta importante para garantir melhorias no desempenho da empresa como um todo.
6 REFERÊNCIAS
CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo : Pioneira, 1997.