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sábado, dezembro 21, 2024

MORTALIDADE INFANTIL

Como diminuir a mortalidade infantil?

Todos os anos 11 milhões de bebês morrem de causas diversas. É um número escandaloso, mas que vem caindo desde 1980, quando as mortes somavam 15 milhões. Os indicadores de mortalidade infantil falam por si, mas o caminho para se atingir o objetivo dependerá de muitos e variados meios, recursos, políticas e programas — dirigidos não só às crianças mas a suas famílias e comunidades também.

Para medir as condições de saúde – considerando-se que a saúde é um direito de todos e dever do Estado, como preconiza a nossa Constituição – fazemos uso de indicadores, ou seja, dados que possibilitem a verificação da ocorrência de um fato específico. Assim, um dos indicadores fundamentais para se avaliar a qualidade de vida é o da mortalidade infantil, que mensura quantas crianças menores de um ano, dentre as que nasceram vivas, morreram em determinado tempo, período e local, permitindo-nos comparar a qualidade de vida de uma região com outra.

O coeficiente de mortalidade infantil pode ser obtido através da seguinte fórmula: número total de óbitos em crianças menores de um ano dividido pelo número total de crianças nascidas vivas (no mesmo tempo, período e local) e multiplicado por 1000. O resultado obtido nos permitirá conhecer quantas crianças menores de um ano morreram em cada 1.000 nascidas vivas.

As principais causas de morte de menores de um ano podem ser divididas em três grupos:

A – Crianças que morrem até 28 dias de vida

1. Causas referentes à má assistência ao pré-natal e ao parto:

• falta de pré-natal adequado;
• má assistência ao parto: demora de atendimento, falta de vagas em hospitais;
• ausência de pessoal capacitado para o atendimento do recém- nascido.

2. Crianças com baixo peso (menos de 2.500g), nascidas de mães:

• fumantes, alcoolistas ou drogadas;
• que tiveram graves problemas de saúde durante a gestação;
• gravemente desnutridas.

3. Crianças:

• com má formação congênita (proveniente de problemas gestacionais, algumas vezes produzidos por doenças infecciosas das mães);
• com má formação genética;
• que nasceram prematuramente (antes de completarem 9 meses de gestação);
• nascidas de portadoras de HIV positivo (mães com AIDS), não tratadas.

B – Crianças que morrem entre 28 dias e 1 ano de vida

• crianças que sobreviveram aos primeiros 27 dias de vida e morreram posteriormente em conseqüência de doenças (patologias) anteriores;
• crianças que sofreram desmame precoce;
• crianças que não receberam as vacinas adequadas;
• crianças desnutridas (com maior facilidade de apresentar infecções);
• crianças com problemas respiratórios;
• crianças com doenças diarréicas (adquiridas por infecções transmitidas pela água, lixo ou falta de saneamento básico).

C – Causas mal definidas, violência e acidentes

Atualmente, muitas crianças morrem em decorrência de maus tratos, acidentes domésticos e de trânsito, além de outras violências.

Total de óbitos em menores de um ano, em 1990 e 1995, segundo as principais causas de morte

Fonte: Fundação Nacional de Saúde/Ministério da Saúde- Sistema de Informação de Mortalidade

O coeficiente de mortalidade infantil nos informa quantas crianças morreram antes de completar um ano (no mesmo tempo, período e local). No entanto, ele representa a média das mortes. Por exemplo: no Brasil, em 1997, de cada mil crianças que nasciam 36,7 morriam antes de completar um ano. Entretanto, estas mortes não se distribuem igualmente pelo nosso país e/ou cidade, haja vista que a presença de condições socioeconômicas críticas, em decorrência da falta de emprego, ausência de saneamento básico, desnutrição e precária assistência à saúde, faz com que o número de mortes aumente proporcionalmente, o que é facilmente percebido pela análise dos indicadores regionais: Norte: 32,6; Nordeste: 48,1; Sudeste: 36,3; Centro-Oeste: 40,3 e Sul: 31,0.

Após a década de 90, como resultado de uma maior atenção à saúde da mãe e da criança, a mortalidade vem caindo como um todo no Brasil, principalmente a de crianças de 28 dias a 1 ano, cujas causas principais são passíveis de redução desde que sejam adotadas medidas de atenção básica de saúde (saneamento, estimulo ao aleitamento materno, vacinação, etc.) e de melhoria das condições socioeconômicas da população. Atualmente, as principais causas são as chamadas afecções perinatais (aquelas que ocorrem nas crianças de até 28 dias de vida) e a desnutrição.

Por sua vez, o acesso à educação (especialmente para as mães), a melhoria de condições de vida e moradia, os cuidados diários de higiene pessoal e do ambiente em que se vive e o desenvolvimento de programas de educação em saúde – que orientem as comunidades e famílias – são também fatores essenciais para a redução da mortalidade infantil. Ressalte-se que esses programas devem trabalhar com grupos comunitários diversos, no sentido de difundir informações sobre cuidados para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Representam apoios importantes para aprimorar o processo de atenção à saúde das crianças, a humanização do atendimento e a melhoria das condições de vida das populações menos favorecidas.

COMO REDUZIR A MORTALIDADE INFANTIL

• Atenção à gravidez

A saúde de um bebê sadio está implicitamente ligada às condições de desenvolvimento da gestação e aos cuidados de saúde no seu primeiro ano de vida, principalmente o primeiro mês (período de maior risco de vida), o que permitirá à criança boas condições para enfrentar as incertezas do ambiente extra-útero.

Considerando tal fato, é absolutamente importante que as gestantes façam um bom pré-natal no serviço de saúde mais próximo do seu local de trabalho ou moradia – comparecendo fielmente aos atendimentos, realizando os exames solicitados, tomando os remédios receitados e adotando as orientações educativas, garantindo, assim, o efetivo acompanhamento de sua gravidez.

• Atenção adequada ao parto

Um dos mais importantes fatores para a redução da mortalidade perinatal, com significativo impacto na mortalidade infantil, é a disponibilidade de assistência ao parto – segura e humanizada, adequada às condições de vida da mulher e ao seu estado e riscos de gravidez. Ressalte-se que a qualidade dessa assistência não é garantida apenas pela existência de equipamentos especializados em determinado hospital ou maternidade, mas sim pelo número de leitos disponíveis e profissionais realmente capacitados. Além disso, a assistência deve ser realizada de acordo com as alternativas e possibilidades regionais e locais (Casas de Parto, parteiras tradicionais, etc.), sempre visando à melhoria da qualidade.

• Aleitamento materno exclusivo

A adoção do aleitamento materno contribui para a redução da mortalidade infantil, quer melhorando o estado nutricional, quer impedindo o surgimento de diarréias – além disso, fornece imunidade e propicia uma troca intensiva de amor entre a mãe e a criança.

• Identificação do recém-nascido de risco

Logo após o nascimento, é necessário identificar, de acordo com os seguintes critérios de risco, se a criança apresenta maior probabilidade de morrer, para que receba atenção especial dos serviços de saúde:

• Baixo peso ao nascer (menos de 2.500 gramas)
• Crianças com má formação congênita
• Crianças filhas de mães portadoras de HIV
• Crianças resultantes de gravidez indesejada.
• Crianças cuja mãe perdeu um filho com menos de 2 anos de vida
• Mãe sem companheiro, analfabeta e/ou sem condições de manter a família (ela ou o companheiro desempregados, por exemplo).

Conclusão do grupo:

Significativo número de mortes podem ser controladas mesmo em comunidades que apresentem precárias condições de desenvolvimento socioeconômico; entretanto, tal fato depende, sempre, de decisão política, organização dos serviços de saúde e da área social e adoção de ações educativas permanentes tanto nas escolas como em grupos comunitários.

Numa outra vertente, as causas relacionadas à mortalidade perinatal requerem unidades de saúde em condições de pleno e adequado atendimento às mulheres durante o período de gestação e no momento do parto.

Em toda a trajetória empreendida contra a mortalidade infantil observa-se não existir apenas um caminho, mas diversos, que, se adotados seriamente, conduzem à sua redução. Nesta luta, o papel das comunidades, das famílias, dos profissionais de saúde, educação e sociais – e especialmente das mães – é condição estratégica de apoio e envolvimento, uma vez que as crianças são parte integrante das famílias e comunidades.

Como exemplos de programas sociais implementados no país, a partir da ação governamental, destacam-se os programas dos Agentes Comunitários de Saúde, inserido no Programa de Saúde da Família (PSF), do Ministério da Saúde, e o Comunidade Solidária, coordenado pela Presidência da República. Existem ainda, entre outros, o Programa de Qualidade Integral de Saúde (QUALIS/PSF), do Governo do Estado de São Paulo, e o Saúde da Família, das prefeituras municipais de Niterói (RJ), Sobral (CE) e Chopinzinho (PR).

Esses programas têm contribuído – e muito – não só para diminuir as taxas de mortalidade infantil como para modificar e organizar o perfil das organizações não-governamentais. Ressalte-se, entre as ações diretamente voltadas à diminuição da mortalidade infantil, o excepcional trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança.

ATIVIDADES SUGERIDAS

I – Antes de assistir ao vídeo

Primeira fase:

• O coordenador (professor, educador ou agente de saúde) poderá solicitar a cada participante – no caso, crianças ou adolescentes – que pergunte, em casa, como foi seu primeiro ano de vida, desde o nascimento. Para tanto, algumas questões poderão ser propostas :
• Quando nasci, minha mãe fez um parto normal ou uma cesariana?
• Que tipos de doença tive antes de completar um ano?
• Minha mãe teve algum tipo de complicação durante a gravidez?

Caso os participantes sejam adultos, poderão narrar às experiências próprias de ter filhos, ou contar histórias de amigos e familiares que os tenham.

Cada pessoa deverá apresentar, à turma, as informações obtidas em casa, o que possibilitará uma troca de conhecimentos práticos – sempre com a orientação do coordenador -, já que esta conversa propicia às crianças, pais e toda a família dialogar com naturalidade a respeito de questões relacionadas à saúde, sendo também uma forma de relacionar o conteúdo do vídeo com a vida prática de cada um.

Segunda fase:

• O coordenador deverá discutir com os participantes os tipos de cuidados que devem ser adotados com relação às crianças menores de um ano:
• O que a mãe deve fazer ao descobrir que está grávida?
• Ela deve consultar o médico, pelo menos, quantas vezes durante a gravidez?
• Vocês conhecem alguma mulher que está grávida?
• Alguém tem um irmãozinho com menos de um ano?
• Que tipo de cuidados seus pais tomam com o bebê?
• Qual o papel do pai durante a gravidez da mulher?
• E os irmãos maiores, como devem tratar a mãe que vai ganhar outro bebê?
• Além do parto normal, existe alguma outra forma de nascimento do bebê? Qual a mais segura?
• A saúde da mãe influi na saúde da criança que está dentro da barriga?
• Como deve ser feita a alimentação da criança nos primeiros seis meses de vida?
• Quais os principais cuidados que os pais devem tomar com a criança durante seu primeiro ano de vida?

A partir de perguntas como estas, o coordenador identificará o grau de conhecimento dos participantes sobre os cuidados que devem ser adotados com as mulheres grávidas e os bebês, e as principais dúvidas a respeito do tema. Assistindo ao vídeo, a turma deverá buscar, com o auxílio do coordenador, respostas às suas perguntas, além de novas informações sobre o assunto.

Terceira fase:

Outra alternativa é convidar os participantes a escreverem, no quadro, os cuidados que os pais devem ter desde a descoberta da gravidez até o primeiro ano de vida da criança. Compartilhando suas experiências pessoais com os colegas, os participantes terão maior interesse em assistir ao vídeo e buscar respostas para suas perguntas. Ao relacionar o vídeo com suas próprias vidas, compreenderão melhor a importância das medidas de prevenção e dos cuidados especiais durante a gravidez e o primeiro ano de vida do bebê.

II – Após assistir ao vídeo

• Muitas vezes, doenças como a diarréia e a pneumonia causam a morte de crianças com menos de um ano de idade. Visando trabalhar esta questão, poderão ser formuladas as seguintes questões:
• Como é possível evitar ou tratar a diarréia?
• O que se deve fazer para evitar a desidratação das crianças?
• Como se pode descobrir que uma criança está com pneumonia?
• O que fazer em caso de dúvida a respeito dessas doenças?.
• Que tipos de vacina o bebê deve tomar antes de completar um ano de idade?
• Por que a criança deve tomar essas vacinas?

Conclusão

A partir das discussões anteriores, os participantes deverão pensar sobre como podem contribuir para a diminuição da mortalidade infantil nos níveis pessoal, familiar e comunitário.

Como fator de grande importância, o coordenador deverá lembrar à turma que o leite materno é uma alimentação saudável para o bebê, e também uma forma de aprofundar o elo de carinho entre a mãe e a criança. Adicionalmente, deve falar sobre a relevância do acompanhamento pré-natal, com consultas periódicas ao médico, e da alimentação saudável da mãe durante a gravidez – modos simples de garantir que o bebê nasça com saúde.

A saúde é um direito de todos, mas inicia-se com o dever de cada um de cuidar do corpo e buscar uma vida saudável.

No caso dos pais, o dever de cuidar da saúde do bebê começa quando a mulher descobre estar grávida.

Cidadãos conscientes da importância da saúde ajudarão a diminuir as taxas de mortalidade infantil em nosso país, contribuindo, também, para que as crianças sejam mais fortes, saudáveis e felizes.

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