24 C
Sorocaba
sexta-feira, novembro 8, 2024

O Escravocrata – Artur Azevedo

O Escravocrata – Artur Azevedo

O escravocrata foi escrita em 1882 por Artur Azevedo, em colaboração com Urbano Duarte (1855-1902), teatrólogo e jornalista baiano. É um típico exemplo de peça abolicionista do Segundo Império, quando o teatro foi um dos veículos mais populares de divulgação das idéias anti-escravagistas no Brasil. Entretanto o texto, que intitulou-se inicialmente A família Salazar, dado ao seu teor extremamente polêmico, não recebeu o aval do Conservatório Dramático Brasileiro, sendo, portanto, impedido de ser encenado. Dois anos depois, os autores o publicaram em volume (Ed. A.Guimarães, Rio de Janeiro, 1884) “a fim de que o público o julgue e pronuncie. ” Do ponto de vista do estilo, O escravocrata é um drama, ou melhor, um dramalhão, pois o acúmulo de situações escabrosas solucionadas de modo abrupto e radical o classifica como tal. Há poucas nuances no terceiro ato, que, comparado aos dois primeiros, parece ter sido terminado de modo apressado e insatisfatório. Essa aliás é uma das principais características do teatro dramático brasileiro no século XIX, presente tanto nos raros dramas de Martins Pena (Leonor Telles), quanto nos de José de Alencar (Mãe) e Gonçalves Dias (Leonor de Mendonça). A vertente da comédia de costumes envelheceu menos e vai ser nela que encontraremos os melhores exemplos da nossa dramaturgia novecentista. O próprio Artur Azevedo vai se tornar futuramente um mestre nesse gênero mais ligeiro. O que mantém o interesse dessa peça e justifica sua inclusão na Biblioteca Virtual é a possibilidade de conhecermos um exemplo típico de teatro militante (tão militante que foi proibido) e observarmos o tratamento entre patrão/escravo nos últimos anos do cativeiro, uma intimidade que beira o sado-masoquismo e que foi igualmente retratada por Joaquim Manoel de Macedo no livro As vítimas algozes. Em ambos os casos, os autores denunciam que, se o escravo é inegavelmente vítima de um regime desumano, a sua presença igualmente desagrega a sociedade branca no que ela teria de mais recomendável. Daí a necessidade urgente da abolição. Em O escravocrata, encontramos um exemplo raríssimo de uma sinhá que trai o marido fazendeiro com um negro, e também uma revolta armada dos escravos contra o patrão. Sem dúvida foram esses os motivos que determinaram o veto do Conservatório Dramático.

Outros trabalhos relacionados

QUESTÕES SOBRE LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO

Fundamentos históricos do Neoliberalismo Questões sobre Liberalismo e Neoliberalismo 1. Origem do neoliberalismo (resumo). O neoliberalismo surgiu como resposta à crise de 1929 que foi deflagrada na...

Os Desastres de Sofia – Clarice Lispector

Os Desastres de Sofia - Clarice Lispector O conto “Os desastres de Sofia”, de Clarice Lispector, tem sua unidade temporal – o tempo da parte...

RESENHA: POSITIVISMO JURÍDICO

RESENHA: POSITIVISMO JURÍDICO A obra se baseia exclusivamente nas origens do positivismo jurídico, suas características fundamentais podem ser divididas e resumidas em sete pontos são...

Dom Quixote de La Mancha – Miguel de Cervantes

Dom Quixote de La Mancha - Miguel de Cervantes A batalha dos moinhos de vento Dom Quixote e Sancho Pança chegaram a um local onde...