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quinta-feira, novembro 21, 2024

O EXERCÍCIO FÍSICO NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL

Autor: Marcelo Cardoso

INTRODUÇÃO

A pressão arterial é a força que o sangue exerce sobre as paredes das artérias. A PA sistólica (PAS) depende do débito cardíaco e a diastólica (PAD) depende da resistência vascular periférica (RVP). A pressão arterial média (PAM) é a pressão média durante todo o ciclo cardíaco. Ela tende mais para a PAD, porque a diástole dura mais que a sístole.

Não existe uma combinação precisa de medidas para se dizer qual é a pressão normal, mas em termos gerais, diz-se que o valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal. Contudo, medidas até 140 mmHg para a pressão sistólica, e 90 mmHg para a diastólica, podem ser aceitas como normais. A hipertensão arterial ou “pressão alta” é a elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados normais (140/90mmHg), já a hipotensão é a queda da pressão em valores inferiores a 90/60mmHg.

A hipertensão é uma condição séria. A maioria dos pacientes não apresenta sintomas, logo, a adesão ao tratamento é pequena. Aproximadamente 90% das hipertensões predispõem ao paciente a AVC, infarto do Miocárdio, hemorragias e infarto de outros órgãos vitais. A pressão sanguínea tende a aumentar com a idade. A pressão sanguínea elevada resulta do aumento da resistência vascular periférica, desta forma, as medicações prescritas reduzem a pós-carga do miocárdio e a resistência vascular periférica.

Para a contração cardíaca, a pré-carga é normalmente, considerada como sendo a pressão diastólica final, já a pós-carga é a pressão na artéria que se origina do ventrículo. Mecanismo de Frank-Starling é a capacidade intrínseca do coração para se adaptar aos volumes variáveis de sangue que chega, ou seja, quanto mais o músculo é distendido durante seu enchimento, maior a força de contração e maior a quantidade de sangue bombeada. Este mecanismo só é válido até uma pressão arterial sistólica de 160mmHg, pois se passar disso aumenta a pós-carga, zerando o DC, podendo gerar Choque Cardiogênico.

Segundo FUCHS, 1993 “O exercício físico sobre os níveis de repouso da pressão arterial grau leve a moderado é essencialmente importante, uma vez que o paciente hipertenso pode diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos ou até ter sua pressao arterial controlada, sem adoção de medidas farmacológicas. A tendência de utilizar precocemente agentes farmacológicos foi substituída por agentes não farmacológicos, dentre estes, o exercício físico aeróbico tem sido recomendado para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica leve”.

FATORES QUE INTERFEREM NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL

Entre os fatores que interferem nos níveis pressóricos estão a idade, sexo, raça, obesidade (colesterol alto), fumo, álcool, sedentarismo, ocupação, stress e sensibilidade ao sal. A pressão arterial oscila normalmente em qualquer pessoa e adapta-se às variações orgânicas de acordo com a atividade desempenhada e o estado emocional do indivíduo num mesmo dia, não significando necessariamente, que haja problema se a pressão estiver diferente entre uma ou outra mensuração. O controle destes fatores é de extrema importância para pressão arterial e devem ser valorizados.

Ritmo Diurno: A PA diminui durante a noite em conformidade com a atividade vagal. A Hipertensão Matinal ao acordar deve-se à inibição vagal e à ativação adrenérgica. Durante o dia, a PA vai diminuindo.
Stress Emocional: O stress emocional aumenta os níveis circulantes de adrenalina e de noradrenalina. A freqüência cardíaca aumenta de forma considerável, mas a PA apenas sofre um pequeno aumento. A explicação provável é que a ativação adrenérgica dilata as arteríolas e contrai os vasos esplênicos.
Exercício Físico: O exercício físico isotônico produz um moderado aumento na pressão arterial (mais significativo na PS do que PD). Contrações musculares isométricas sustentadas conduzem a um aumento rápido nas pressões sistólica, média e diastólica.
Idade: Com o avançar da idade a pressão sistólica aumenta por duas ordens de razões. A perda de elasticidade da Aorta e o aumento da pressão aórtica intraluminal pelo aumento da RVP. Deste modo, a aorta rígida conduz a onda de pulso mais rapidamente nas duas direções, o que explica o aumento e a diminuição abruptos da onda de pulso que se verifica nos velhos.

EFEITOS FISIOLÓGICOS DO EXERCÍCIO

Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Os efeitos agudos, denominados respostas, são os que acontecem em associação direta com a sessão de exercícios; os efeitos agudos imediatos são os que ocorrem nos períodos peri e pós-imediatos do exercício físicos, como elevação da FC, da ventilação pulmonar e sudorese; já os efeitos agudos tardios acontecem ao longo das primeiras 24 ou 48hs que se seguem a uma sessão de exercício e podem ser identificados nas discretas redução dos níveis tensionais, especialmente nos hipertensos, na expansão do volume plasmático, na melhora da função endotelial e na potencialização da ação e aumento da sensibilidade insulínica na musculatura esquelética. Por ultimo, os efeitos crônicos, também denominados adaptações, resultam da exposição freqüente e regular às sessões de exercício e representam aspectos morfofuncionais que diferenciam um indivíduo fisicamente treinado de outro sedentário, tendo como exemplos típicos a bradicardia relativa de repouso, a hipertrofia muscular, a hipertrofia ventricular esquerda fisiológica e o aumento do consumo máx de O2. O exercício também é capaz de promover a angiogênese, aumentando o fluxo sanguíneo para os músculos esqueléticos e para os músculos cardíacos.

Para indivíduos que possuem uma pressão arterial moderadamente elevada, ou hipertensão (pressão arterial sistólica/diastólica de 140 para 180 / 90 para 105mmHg), faz-se necessário um programa de treinamento onde este visará à manutenção ou diminuição da pressão arterial.

O treinamento físico regular e moderado em humanos promove a queda da pressão arterial por diminuição da atividade simpática periférica e do tônus simpático cardíaco. Este por sua vez, determina a diminuição da FC e conseqüente diminuição do DC. Adicionalmente, o treinamento físico regular melhora a sensibilidade dos presso-receptores em animais normotensos e espontaneamente hipertensos, favorecendo o controle da pressao arterial.

Existem dois tipos de exercícios que respondem com diferentes respostas: O exercício dinâmico (parte superior do corpo e parte inferior do corpo) e o exercício isométrico.

O treinamento físico deve ter uma intensidade de baixa a moderada (50% a 85% do VO2 máx) e ser realizado por pelo menos 20 a 60 min, 3 a 5 dias por semana. As reduções máximas na PA, associadas com esse treinamento, aproximam-se de 10mmHg para as pressões sistólica e diastólicas.

EFEITO DO EXERCÍCIO NA PRESSÃO ARTERIAL

Exercício Dinâmico para Parte Inferior do Corpo

Durante o exercício, as pressões arteriais sistólicas e média aumentam, enquanto a pressão diastólica permanece próxima ou levemente mais alta do que os valores em repouso (80mmhg). Isso indica que durante condições de aumento de débito cardíaco, a ejeção de sangue do ventrículo esquerdo excede as propriedades complacentes dos vasos arteriais, ainda que a RVP reduzida mantenha uma baixa pressão diastólica.

A pressão arterial sistólica e Diastólica diminui de 5 a 7mmHg após exercício físicos de MMII, independentemente de perdas de peso, consumo de álcool ou sal, idade, sexo ou raça. Esses efeitos são observados depois de 4 a 10 semanas do início do programa, com 3 sessões semanais de intensidade moderada e com duração de 50 a 60 min.

Quanto menor o nível inicial de atividade física, maior será a redução esperada da PA para um determinado incremento no exercício.

Exercício para Parte Superior do Corpo

As respostas cardiovasculares ao exercício dinâmico para parte superior do corpo provocam respostas diferentes de FC, volume de ejeção e PA quando comparado a exercício dinâmico para parte inferior do corpo. Isso porque a menor massa muscular e arvore vascular dos braços oferece uma maior resistência ao fluxo sanguíneo que a maior massa e arvore vascular das pernas. Se for utilizado um programa sistemático de exercícios com os braços para o treinamento de pacientes com cardiopatia, as cargas de trabalho deverão ser estabelecidas com base na resposta individual a essa forma de exercício.

Exercícios Isométricos

As contrações isométricas sustentadas são caracterizadas pela resistência vascular aumentada dentro da massa muscular exercitada. As intensidades das contrações isométricas são expressas em relação à contração voluntária máxima (CVM) dos músculos envolvidos. As contrações sustentadas a 20% da CVM induzem a um rápido aumento nas pressões arteriais Sistólicas e Diastólicas, enquanto as respostas da pressão arterial durante o exercício dinâmico com carga de 10% da CVM são muito mais baixos.

Quando o exercício isométrico é realizado, aumentos adicionais na PA podem também ocorrer se a pessoa tentar respirar com a glote fechada. Essa manobra é muito similar ao procedimento clínico conhecido como manobra de Valsalva. O resultado é o aumento das pressões torácicas por causa da contração muscular adicional dos músculos da expiração contra o volume pulmonar quase constante. Essas pressões elevam a pressão arterial sistêmica diastólica, reduz o volume de ejeção e faz com que o coração trabalhe mais intensamente para um determinado débito cardíaco.

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