Através de uma discussão sob vários aspectos da história, Carlos Rodrigues Brandão, em seu livro o que é educação, conduze-nos a percorrer o caminho que diversa sociedade enveredou na busca do saber. A obra é composta por nove capítulos, destinados a definir o que é educação?
No primeiro capítulo, Brandão se apropria de Guimarães Rosa para ressaltar que “mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”, é a partir desta apropriação que ele inicia a discursão do termo educação afirmando que ninguém escapa da educação, isto porque ela está nos lugares mais diversos, seja para aprender/ensinar ou aprender -e- ensinar. Não existe uma única forma de educação, nem tampouco um modelo único. A escola não se constituem como sendo o único e o melhor lugar onde acontece educação.
Continuando a discursão, Brandão apresenta o segundo capítulo, ao expor fatos de uma educação onde não é necessário escola, este ressalta que por toda parte pode haver redes e estruturas sociais de transferências de saber de uma geração a outra. Ao ressaltar maneiras diferentes de educação este busca apoio em Jaeger, Radc Liffe-Brown, Emile Durheim.
O terceiro capítulo, Brandão tece discussões sobre o surgimento da escola. Segundo o autor é neste momento que surge às escolas de saber e de ensinar, a saber. É a partir daí que a educação vira o ensino, inventa a pedagogia, reduz a aldeia, a escola transformando “todos” em educadores. O autor relata que a educação escolar é uma invenção recente, tanto para nós brasileiros, como para os gregos, romanos, espartanos, atenienses. Soa desses povos que deriva a educação e sistema de ensino no Brasil.
No quarto capítulo, o autor apresenta a educação grega, ressaltando os primeiros assuntos e problemas, bem como a centralidade do papel da escola, o que se ensina/aprende entre os pastores, a fidelidade da polis, a cidade grega, a primeira educação de Atenas e Esparta. Brandão comenta que a educação do homem existe por toda a parte, esta vai além, pois é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre sues participantes. É o exercício de viver/conviver que educa.
Em seguida Brandão discute a educação romana. A educação que Roma cria ao copiar a forma e alguns aspectos da educação Grega espalhassem pala península Itálica, Europa, Ásia, norte da África, enfim por todo o mundo. Nesta, o educador invade a vida dos conquistados com as armas mais poderosas que a espada. A educação que Roma fez/ensina serve também para impor sobre eles a vontade e a visão de mundo do dominador. Para os romanos, a educação é uma poderosa arma de dominação.
No sexto capítulo, Brandão volta a questionar o que é educação? Nesta busca procurou ver o que dizem as pessoas que tematizam, bem como o dicionário, daí descobriu que não existem idéias opostas/diferentes acerca da essência e dos fins da educação, existe na verdade interesses econômicos/políticos do ponto de vista de quem controla. Definir e legislar educação implicar ocultar a parcialidade destes interesses, pois na realidade estes na maioria das vezes servem a grupos, classes sociais determinadas a não a quem deveria favorecer: A nação.
No sétimo capítulo, o autor discute a relação homem versus sociedade. De início destaca que os termos educação/escola/ensino, são muitos semelhantes, porém tal definição, segundo Brandão é desnecessária, atualmente. Este busca a definição de vários filósofos/educadores, para dizer que a educação é um meio pelo qual o homem desenvolve as potencialidades biopsíquicas inatas, porém esta não atingiria a perfeição se não fosse à aprendizagem proporcionada pela educação.
Surge então o oitavo capitulo. Neste o autor acordar a idéia de que deveria existir “a educação ideal”, perfeita, própria para todos os homens indistintamente. Brandão afirma que cada tipo de sociedade seja ela real, histórica, cria e impõe o tipo de educação da qual necessita, porém este ressalta que afirmar como idéia o que nega como prática é o que movimenta a educação autoritária na sociedade em geral.
No nono e último capítulo Brandão elenca alguns pontos presentes nas discussões sobre educação determinada, fora do poder de controle unitário dos seus praticantes; educandos e educadores. Para ele a esperança na educação não consiste em acreditar na ilusão de que todos os avanços e melhorias dependem apenas do desenvolvimento tecnológico, pois é preciso reinventar a educação e não apenas esperar de forma passiva que as mudanças aconteçam do dia para a noite.
O que é educação é uma admirável obra. Ao analisar as diversas concepções de educação, através dos tempos históricos, o autor nos impulsiona a refletir não apenas sobre a educação, mas sobre nós mesmos enquanto educadores. Trata-se de um livro que todo educador preocupado com a educação deveria ler.