O artigo científico escolhida para a realização de uma resenha tem o objetivo de comparar o gasto energético decorrente de atividades físicas entre crianças obesas ou não, em uma população escolar de baixa renda da cidade de São Paulo. Foi elaborado por cinco autores: Mario Maia Bracco, Fernando Colugnati, Jefferson Jenovesi da graduação de Nutrição e Metabolismo do Departamento de Pediatria da UNIFESP; Maria Beatriz R. Ferreira da graduação de Educação Física da UNICAMP e André Moreno Morcillo da graduação de Ciências Médicas da UNICAMP.
O texto foi publicado na edição de julho de 2002 da Revista Brasileira de Ciência e Movimento, que é um órgão de divulgação científica. É uma revista trimestral, lançada pela editora da Universidade Católica de Brasília (UCB) e realizada no Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS).
Após uma avaliação do IMC (Índice de Massa Corporal) de 26 crianças, houve uma atividade física de intensidade leve para registrar as diferenças ocorrentes entre sete crianças obesas e dezenove não obesas.
Concluiu-se que as crianças de baixa renda apresentam um perfil insuficiente de atividade física independente do estado nutricional, além das obesas apresentarem maior gasto energético em menor tempo comparado a crianças não-obesas.
O referido texto apresenta um fato interessante da sociedade moderna, que é o de crianças e adolescentes ficarem cada vez mais sedentários, devido aos avanços tecnológicos, aumentando os riscos da obesidade, que poderiam ser controlados pela prática regular de alguma atividade física.
O que falar das tantas horas perdidas na frente de uma televisão, ou com um joystick de vídeo-game na mão? Com tantas oportunidades para realizar tarefas e ter momentos de lazer com computadores e afins, percebemos que as crianças tendem a deixar de lado as brincadeiras e os esportes. Ainda sim, o campo de pesquisa sobre os efeitos das atividades físicas na criança é pouco explorado.
Sabe-se que as atividades melhoram a aptidão física e o desempenho, ajuda no crescimento e incentiva à prática de esporte no futuro. Essas possibilidades se concretizam quando há um contato maior das crianças como mundo dos esportes.
Com sete crianças obesas e dezenove não obesas de 3ª e 4ª série de escola pública estadual e maior parte moradora das favelas da região, foram utilizados sensores de movimento uniaxiais durante um período de quatro a sete dias da semana. Tais sensores de movimento podem ser mecânicos ou eletrônicos e registram a atividade física de acordo com a freqüência e intensidade dos movimentos corporais através de um circuito piezo-elétrico. É uma alternativa de fácil utilização, menor custo e ainda apresenta dados confiáveis de gasto energético.
Esses sensores ficaram nas crianças cerca de uma semana, e classificava os movimentos delas em: leves, moderados ou intensos e fornecia o gasto energético a cada hora.
No dado período, observou-se que atividades físicas leves preenchem a maior parte do dia das crianças, com poucos momentos de atividade moderada ou mais intensa.
Um número importante relata que a cada minuto de atividade física realizada pelas crianças obesas corresponde a quase dois minutos de atividade física realizada pelas crianças não obesas. Assim o autor evidencia que as obesas precisam de mais esforço para realizar a atividade, por isso gastam mais energia.
Acredito que esse estudo veio a partir de uma curiosidade despertada em torno dos preconceitos envolvendo os “gordinhos”. Principalmente na escola, onde começa a surgir os apelidos que muitos carregam pela vida toda, há um grande fenômeno no grupo de crianças obesas, havendo até casos de grandes brigas e revoltas por se sentirem atingidas por aquelas crianças que insistem em provocá-las.
Com estudo na área, o autor afirma que o nível de escolaridade materna é correspondente à obesidade infantil, porém distinguindo-se entre as regiões do país e até mesmo em outras regiões do mundo.
Apesar dos meninos serem mais ativos que as meninas, ou seja, praticarem mais atividades intensas, eles foram predominantes no grupo dos obesos. Mesmo assim, os autores alegam que nesse estudo não houve maior influência por se tratar de atividade física leve.
Outra conclusão citada é que as crianças não obesas permanecem mais tempo em atividades físicas. Sendo assim, concluo que como a criança obesa gasta mais energia em menos tempo de atividade, ela fica cansada mais fácil, e então opta por fazer menos esforço.
O estudo relatado aqui traz informações relacionadas ao gasto de energia no decorrer de atividades físicas, porém não entra no mérito da alimentação. Posso dizer aqui que teríamos que dispor de muito mais tempo/espaço para levar em consideração os fatos que levam à obesidade, ou à desnutrição.
O artigo ainda alerta que não podemos afirmar com certeza qual a recomendação exata para atividades físicas com as crianças, apesar de estudos comprovarem que 4 a 6 horas semanais de atividades físicas em crianças obesas, reduziriam significativamente o percentual de gordura.
Sou totalmente favorável à prática de esportes desde as séries iniciais da escola. Além do foco principal, tal prática leva ao aprendizado de vivências em grupo que tangem questões como concorrência e competição, tão esperadas no decorrer da vida do ser humano.
Assim, finalizam ressaltando os resultados: crianças obesas gastam mais energia em menor tempo, e crianças não obesas realizam mais atividades físicas leves.
Referência Bibliográfica:
BRACCO, M.M., FERREIRA, M. B. R., MORCILLO, A. M., COLUGNATI, F. e JENOVESI, J. “Gasto energético entre crianças de escola pública obesas e não-obesas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, volume 10, pág. 29-35, 2002.