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quinta-feira, dezembro 26, 2024

ORAÇÕES SUBORDINADAS

Você já deve saber que período é uma frase organizada em orações. Já deve saber também que no período simples existe apenas uma oração, chamada “absoluta”, e que no período composto existem duas ou mais orações.

Essas orações podem se relacionar por meio de dois processos sintáticos diferentes: a subordinação e a coordenação . Na subordinação, um termo atua como determinante de um outro termo.

Essa relação se verifica, por exemplo, entre um verbo e seus complementos: os complementos são determinantes do verbo, integrando sua significação. Conseqüentemente, o objeto direto e o objeto indireto são termos subordinados ao verbo, que é o termo subordinante. Outros termos subordinados da oração são os adjuntos adnominais (subordinados ao nome que caracterizam) e os adjuntos adverbiais (subordinados geralmente a um verbo).

No período composto, considera-se subordinada a oração que desempenha função de termo de outra oração, o que equivale a dizer que existem orações que atuam como determinantes de outras orações. Observe o seguinte exemplo:
Percebeu que os homens se aproximavam.

Esse período composto é formado por duas orações: a primeira estruturada em torno da forma verbal “percebeu”; a segunda, em torno da forma verbal “aproximavam”. A análise da primeira oração permite constatar de imediato que seu verbo é transitivo direto (perceber algo).

O complemento desse verbo é, no caso, a oração “que os homens se aproximavam” . Nesse período, a segunda oração funciona como objeto direto do verbo da primeira. Na verdade, o objeto direto de percebeu é “que os homens se aproximavam”.

A oração que cumpre papel de um termo sintático de outra é subordinada; a oração que tem um de seus termos na forma de oração subordinada é a principal. No caso do exemplo dado, a oração “Percebeu” é principal; “que os homens se aproximavam” é oração subordinada. Diz-se, então, que esse período é composto por subordinação.

Ocorre coordenação quando termos de mesma função sintática são relacionados entre si. Nesse caso, não se estabelece uma hierarquia entre esses termos, pois eles são sintaticamente equivalentes. Observe:

Brasileiros e portugueses devem agir como irmãos.

Nessa oração, o sujeito composto “brasileiros e portugueses”, adjetivos substantivados, apresenta dois núcleos coordenados entre si: os dois substantivos desempenham um mesmo papel sintático na oração.

No período composto, a coordenação ocorre quando orações sintaticamente equivalentes se relacionam. Observe:

Comprei o livro, li os poemas e fiz o trabalho.

Nesse período, há três orações, organizadas a partir das formas verbais “comprei”, “li” e “fiz”. A análise dessas orações permite perceber que cada uma delas é sintaticamente independente das demais: na primeira, ocorre um verbo transitivo direto (comprar) acompanhado de seu respectivo objeto direto (“o livro”); na segunda, o verbo ler, também transitivo direto, com o objeto direto “os poemas”; na terceira, outro verbo transitivo direto, fazer, com o objeto direto “o trabalho”. Nenhuma das três orações desempenha papel de termo de outra.

São orações sintaticamente independentes entre si e, por isso, coordenadas. Nesse caso, o período é composto por coordenação. Note que a ordem das orações é fixada por uma questão semântica e não sintática (os fatos indicados pelas orações obedecem à ordem cronológica). Existem períodos compostos em que se verificam esses dois processos de organização sintática, ou seja, a subordinação e a coordenação. Observe:

Percebi que os homens se aproximavam e saí em desabalada carreira.

Nesse período, há três orações, organizadas respectivamente a partir das formas verbais “percebi”, “aproximavam” e “saí”. A oração organizada em torno de percebi tem como objeto direto a oração “que os homens se aproximavam” (perceber algo); “que os homens se aproximavam”, portanto, é oração subordinada a percebi.

Entre as orações organizadas em torno de percebi e saí, a relação é de coordenação, já que uma não desempenha papel de termo da outra. O período é composto por coordenação e subordinação.

As orações subordinadas se dividem em três grupos, de acordo com a função sintática que desempenham e a classe de palavras a que equivalem. Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Mais uma vez, valem os conceitos morfossintáticos, que, como você já deve saber, combinam a morfologia e a sintaxe. Para notar as diferenças que existem entre esses três tipos de orações, tome como base a análise de um período simples:

Só depois disso percebi a profundidade das palavras dele.

Nessa oração, o sujeito é “eu”, implícito na terminação verbal. “A profundidade das palavras dele” é objeto direto da forma verbal percebi. O núcleo do objeto direto é profundidade. Subordinam-se ao núcleo desse objeto os adjuntos adnominais “a” e “das palavras dele”. No adjunto adnominal “das palavras dele”, o núcleo é o substantivo palavras, ao qual se prendem os adjuntos adnominais “as” e “dele”. “Só depois disso” é adjunto adverbial de tempo.

É possível transformar a expressão “a profundidade das palavras dele”, objeto direto, em oração. Observe:

Só depois disso percebi que as palavras dele eram profundas.

Nesse período composto, o complemento da forma verbal percebi é a oração “que as palavras dele eram profundas”. Ocorre aqui um período composto por subordinação, em que uma oração desempenha a função de objeto direto do verbo da outra.

O objeto direto é uma função substantiva da oração, ou seja, é função desempenhada por substantivos e palavras de valor substantivo. É natural, portanto, que a oração subordinada que desempenha esse papel seja chamada de oração subordinada substantiva.

Pode-se também modificar o período simples original transformando em oração o adjunto adnominal do núcleo do objeto direto, profundidade. Observe:

Só depois disso percebi a profundidade que as palavras dele continham.

Nesse período, o adjunto adnominal de profundidade passa a ser a oração “que as palavras dele continham”. Você já sabe que o adjunto adnominal é uma função adjetiva da oração, ou seja, é função exercida por adjetivos, locuções adjetivas e outras palavras de valor adjetivo. É por isso que são chamadas de subordinadas adjetivas as orações que, nos períodos compostos por subordinação, atuam como adjuntos adnominais de termos das orações principais.

Outra modificação que podemos fazer no período simples original é a transformação do adjunto adverbial de tempo em uma oração. Observe:

Só quando cai em mim, percebi a profundidade das palavras dele.

Nesse período composto, “só quando caí em mim” é uma oração que atua como adjunto adverbial de tempo do verbo da outra oração. O adjunto adverbial é uma função adverbial da oração, ou seja, é função exercida por advérbios e locuções adverbiais. Portanto, são chamadas de subordinadas adverbiais as orações que, num período composto por subordinação, atuam como adjuntos adverbiais do verbo da oração principal.

É fácil perceber, assim, que a classificação das orações subordinadas decorre da combinação da função sintática que exercem com a classe de palavras que representam, ou seja, é a morfossintaxe que determina a classificação de cada oração subordinada.

São subordinadas substantivas as que exercem funções substantivas (sujeito, objeto direto e indireto, complemento nominal, aposto, predicativo). São subordinadas adjetivas as que exercem funções adjetivas (atuam como adjuntos adnominais). São subordinadas adverbiais as que exercem funções adverbiais (atuam como adjuntos adverbiais, expressando as mais variadas circunstâncias).

Quanto à forma, as orações subordinadas podem ser desenvolvidas ou reduzidas. Observe:

1. Suponho que seja ela a mulher ideal.
2. Suponho ser ela a mulher ideal.

Nesses dois períodos compostos há orações subordinadas substantivas que atuam como objeto direto da forma verbal suponho. No primeiro período, a oração é “que seja ela a mulher ideal”.

Essa oração é introduzida por uma conjunção subordinativa (que) e apresenta uma forma verbal do presente do subjuntivo (seja). Trata-se de uma oração subordinada desenvolvida. Assim são chamadas as orações subordinadas que se organizam a partir de uma forma verbal do modo indicativo ou do subjuntivo e que são introduzidas, na maior parte dos casos, por conjunção subordinativa ou pronome relativo.

No segundo período, a oração subordinada “ser ela a mulher ideal” apresenta o verbo numa de suas formas nominais (no caso, infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa ou pronome relativo.

Justamente por apresentar uma peça a menos em sua estrutura, essa oração é chamada de reduzida. As orações reduzidas apresentam o verbo numa de suas formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e não apresentam conjunção ou pronome relativo (em alguns casos, são encabeçadas por preposições).

Como você já viu, as orações subordinadas substantivas desempenham funções que no período simples normalmente são desempenhadas por substantivos. As orações substantivas podem atuar como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto.

Por isso são chamadas, respectivamente, de subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas e apositivas. Essas orações podem ser desenvolvidas ou reduzidas. As desenvolvidas normalmente se ligam à oração principal por meio das conjunções subordinativas integrantes “que” e “se”. As reduzidas apresentam verbo no infinitivo e podem ou não ser encabeçadas por preposição.

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