Preâmbulo: É virose das mais conhecidas e das mais contagiosas entre os cães domésticos, sendo também chamada por Enterite Canina Parvoviral. Ataca mais os cães jovens que os adultos, talvez pelo fato destes últimos serem mais resistentes pela imunidade naturalmente adquirida. Era desconhecida até o Verão de 1978 nos Estados Unidos, quando ocorreu de forma epizoótica e dali espalhando-se rapidamente para o resto do mundo, atingindo inclusive o Brasil, onde hoje existe de forma enzoótica. Apresenta alta mortalidade, principalmente entre cães jovens, principalmente àqueles de raças puras ou animais mais fracos ou debilitados por verminoses ou outras moléstias, inclusive carenciais.
Etiologia: A doença é causada por um vírus de tamanho extremamente pequeno, classificado entre outros que atacam ratos, porcos, gado bovino e o homem, além de outros animais. No homem, a Parvovirose aparentemente combina com outros adenovírus, causando infecções do trato respiratório superior e dos olhos, nestes últimos causando uma conjuntivite. Devido tal circunstância, pode a doença ser classificada como Zoonose, por ser comum ao homem e ao cão.
Sintomatologia: No cão, a doença se estabelece principalmente no aparelho digestivo, de início provocando elevação térmica que pode atingir altos índices (41 graus Celsius), exceto em animais adultos mais velhos nos quais ocorre hipotermia. Nessa fase chama a atenção o fato do animal se tornar sonolento e sem apetite, quando ocorrem também vômitos incoercíveis. Alguns animais apresentam também tosse nessa fase , além de inchaço dos olhos ou inflamação da córnea(conjuntivite). O mal começa repentinamente e sem tratamento o animal vem a sucumbir à infecção em poucos dias.
Lesões anatomo-patologicas: Além do estômago, inflamam-se também os intestinos, principalmente as porções delgadas(duodeno, jejuno e íleo), e com eles também anexos do fígado, adquirindo então as fezes aspecto esbranquiçada ou cinzenta, o que denota deficiência de bile na luz intestinal, conseqüente à dificuldade de escoamento da mesma, que continua não obstante a ser elaborada no fígado, porém por se encontrarem inflamados tanto intestinos quanto a porção de desembocadura do canal escretor do fígado(colédoco), denominada Ampola de Vater, fica a bile retida na vesícula biliar, encontrada esta sempre repleta de bile. Apresentam-se os intestinos, com a evolução da doença, fortemente inflamados, principalmente sua camada mais interna, denomina mucosa, com manchas hemorrágicas (em forma de petéquias – pontos), em quase toda sua extensão.
Tratamento: O tratamento dos cães acometidos de Parvovirose consiste basicamente em aplicar-lhes via parenteral e mesmo oral, soluções isotônicas de sais minerais, principalmente de glicose, associadas à vitaminas (Vitamina C que ajuda a proteger as mucosas contra a agressão sofrida e Vitamina B6 que tem efeito anti-hemético) ajudando assim na recuperação do animal e prevenindo sua desidratação pelos vômitos e diarréias que são freqüentes e profusas, durante a evolução da doença. Antibióticos como a Ampicilina e o Cloranfenicol devem também ser administrados, para prevenirem ou combaterem as infecções secundárias que se associam à virose, não tendo no entretanto, qualquer ação contra o vírus causal, como é sobejamente sabido.
Prevenção: O animal doente deve ser isolado de outros animais e mesmo do homem, afim de impedir-se a propagação do mal. Para a prevenção da virose, existe Vacina especificamente preparada por cultura do vírus em ovos embrionados, vacinas essas que conferem imunidade razoável, sendo tais vacinas classificadas como de vírus vivo atenuado por passagem em meio de cultura artificial.
Imunização: Deve a Vacina contra a Parvovirose ser aplicada preferentemente nas fêmeas quando em gestação, mesmo que tenham sido anteriormente imunizadas, pois recebendo uma nova dose da vacina, terão sua imunidade aumentada durante a gestação e a oportunidade de, através da placenta, conferirem a seus futuros filhos uma razoável imunidade passiva. Posteriormente ao parto, então, já na fase de aleitamento de suas crias, tal imunidade conferida pela vacina aplicada na mãe, será passada através do leite (principalmente o primeiro leite, chamado de colostro), transmitida aos filhotes recém-nascidos pelos anticorpos contidos nesse primeiro leite, prevenindo então os filhotes contra a doença, até que venham os mesmos atingir idade em que já possam também serem, com eficiência, imunizados com a mesma vacina. A primeira dose é recomendada ser aplicado nos filhotes, quinze dias após o desmame, ou seja, por volta de 45-60 dias de vida. Revacinações anuais são também recomendadas, tanto aos filhotes quanto aos animais mais velhos susceptíveis de também virem a contrair a doença.
A freqüência em que esses exames parasitológicos de fezes devem ser realizados: Caso o cão viva em ambiente doméstico , sem acesso à terra de jardins e quintais não pavimentados, etc. esses exames podem ser semestrais e a correspondente administração de vermífugos , se necessária, subseqüentemente .
Já os cães que tem acesso à rua, terra, ambientes mais contaminados por terra e com isso também por fezes, esses exames devem ser realizados com mais freqüência (cada 3 meses). É recomendável também que a pessoa que costuma recolher as fezes do animal do ambiente em que ele vive, para obviamente descarta-la para a bacia sanitária, observe sempre sua consistência ou a presença por exemplo de algo diferente(inclusive vermes, algumas vezes até vivos nessas fezes) e nesse caso então tome a providência desses exames de fezes, tão logo tal ocorra.
Carmello Liberato Thadei ( Médico Veterinário -CRMV-SP-0442 )