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sábado, novembro 23, 2024

Propostas Curriculares Alternativas: Limites e Avanços

Ao abordar as propostas curriculares da década de 80, Moreira enfatiza que tais propostas tinham como objetivo melhorar a qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas, a fim de reduzir as taxas de repetência/evasão escolar, que afetavam, sobretudo, as classes menos favorecida. Uma outra pretensão das propostas era incentivar a comunidade escolar a participar nas decisões, visando superar o autoritarismo que imperava nas reformas anteriores, impostas sem a participação dos principais interessados, pais, alunos, professores.

Apesar da boa intenção do governo e do alento trazido pela pedagogia crítico-social dos conteúdos (tendência surgida na década de 80), a melhoria da qualidade do ensino, assim como a participação da comunidade escolar nas decisões estava longe de acontecer. Ao se defender a existência de um conhecimento científico, universal e objetivo, a ser dominado por todos os estudantes, a comunidade escolar, sobretudo, os educadores e alunos, foram obrigados a aceitar a organização curricular e/ou disciplinas, sem nada questionar.

Dessa forma, o povo ficou mais uma vez sem participação, pois não se levaram em consideração a cultura local, os conhecimentos prévios. É preciso que se conheça a historia/geografia do país, mas antes de tudo, é preciso que se conheça a história do seu bairro, da sua comunidade, estado.

Mesmo que os estados de Minas Gerais e, São Paulo tenha se sobressaído em alguns aspectos pouca coisa avançou em termos de participação, inovação curricular, prevalecendo apenas à intenção de mudança. Já no Rio de Janeiro, a proposta curricular apresentou-se de forma diferentes de Minas Gerias e São Paulo. Tal proposta tinha por base os pressupostos da educação popular, inspirada em Paulo Freire.

Os currículos pautados nos princípios de Freire, tinham como eixo organizador as necessidades e as exigências da vida social, descartando as disciplinas tradicionais. Mesmo com as inovações sugeridas, diga-se de passagem, modernas para a época, Moreira comenta que muitos dos princípios propostos não foram seguidos, ou seja, a proposta do Rio assim como as demais não vigorou, pois na teoria sugeriu uma coisa e na prática trabalhou-se outra, daí o motivo destas não prosperar.

Dessa forma, chegou-se aos anos 90 com um índice de evasão e repetência semelhantes aos anos 80. As tendências que moldaram o currículo nos anos 90 limitaram-se a algumas sugestões sobre multiculturalismo, gênero e sexualidade. Para os mais conservadores, tratavam-se de temas perigosos, já os da esquerda hesitaram em assimilar as novas idéias. Hoje esse dilema ainda permeia as práticas curriculares, pois apesar dos inúmeros casos de AIDS, gravidez precoce DST, grande parte das escolas brasileiras ainda hesitam em abordar a sexualidade.

Mesmo com a divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais pelo Governo Federal, algumas propostas emergiram nessa década: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Nestas propostas partiu-se da idéia de integração do currículo com o objetivo de inserir o aluno na sociedade enquanto cidadão autônomo, consciente e crítico. Porém, houve divergência na ordenação/integração. São Paulo e Porto Alegre escolheram a interdisciplinaridade, Belo Horizonte a transversalidade e no Rio de Janeiro os princípios educativos e núcleos conceituais.

Analisando as propostas de cada município, observa-se que todas são passiveis de limitações, criticas e elogios. Todas as quatro experiências tiveram como foco de atenção a escola.

Com relação aos pontos positivos tem-se o desvinculamento destas para com as propostas elaboradas pelo Governo Federal, cada uma tentou, ao seu modo, caminhar sozinha, sem precisar de uma orientação política. Isso prova que é possível mudar a educação desde que essa mudança comece aos poucos mesmo que seja quatro municípios é um bom começo.

Ao longo do texto Moreira abordou as propostas curriculares elaboradas pelo Governo Federal que emergiram na década de 80 e 90, seguidas das que caminharam na contramão do discurso oficial. Nesse meio tempo, foi possível perceber que as que seguiram na contramão obtiveram mais êxito do que as propostas pelo governo.

Uma das razões do sucesso de tais propostas reside no fato destas promoverem discussões, debates envolverem a comunidade escolar, algo que não ocorre com as impostas pelo governo, elaboradas muitas vezes por pessoas que não conhecem a realidade da educação brasileira. Um verdadeiro descaso para com os educadores, pesquisadores, e principalmente, com as crianças.

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