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domingo, dezembro 22, 2024

PSICOLOGIA DO ESPORTE: A BUSCA PELA EXCELÊNCIA DO RESULTADO

Instituto Presbiteriano Mackenzie
2011

SUMÁRIO

Resumo
Abstract
Introdução
I. Referencial Teórico
I.1 Psicologia do Esporte x Psicologia no Esporte
1.1 Psicologia do Esporte
1.2 Psicologia no Esporte
1.3 Momento Psicológico
1.4 Modelo Multidimensional e Modelo Antecedente – Conseqüência
1.5 Competências Psicológicas
II. Método
III. Análise dos Dados
IV. Considerações Finais
V. Referências Bibliográficas
VI. Anexos
Anexo 01 Questionários direcionados aos técnicos
Anexo 02 Questionários direcionados aos jogadores
Anexo 03 Carta de informação à instituição
Anexo 04 Carta de informação e Termo de consentimento do sujeito

Resumo

O trabalho a ser apresentado procurou caracterizar quais eram as competências psicológicas de um atleta de alta performance, no caso o jogador de futebol. O processo de coleta de dados foi marcado por dificuldades de acesso, com respostas evasivas e de indiferença de jogadores e técnicos, que se diziam ocupados com os jogos (campeonatos). Apesar desse problema realizamos entrevistas com 3 jogadores de futebol, do gênero masculino e faixa etária mínima de 18 anos, e 3 técnicos de futebol do mesmo time do jogador. Como resultados, em decorrência dos problemas enfrentados acima e da dificuldade dos profissionais de trabalharem essas competências positivamente em seu dia a dia, encontramos nas respostas dadas pelos sujeitos uma insuficiência de caracteristicas para se entender as competências psicológicas e traçar um perfil psicológico dos atletas de alta performance estudados.

Palavras-chave: Psicologia do esporte, futebol, competências psicológicas, performance, atletas de alta performance.

Abstract

The paper to be presented seeks to characterize the psychological skills of a high-performance athlete, a soccer player in this case. The data gathering process was marked by access difficulties, with evasive answers and indifference on the part of players and coaches, who claimed to be busy with the games (championships). Notwithstanding that problem, we conducted interviews with three male soccer players at an age of at least 18, and three soccer coaches from the same team as the players. Because of the aforementioned problems and the professionals’ difficulty in dealing positively with said skills in their day-to-day lives, the result that we found in the answers given by the subjects was an insufficiency of characteristics for understanding the psychological skills and outlining a psychological profile of the high-performance athletes which were studied.

Keywords: Sport psychology, soccer, psychological skills, performance, high-performance athletes.

INTRODUÇÃO

O trabalho a ser apresentado procurará caracterizar quais são as competências psicológicas de um atleta de alta performance. A escolha do futebol como o esporte para a referência do estudo, se deu pelo fato de ser esse o mais importante esporte brasileiro, assim como mostrar a mesma importância ao nível global.

O futebol é, longe, o esporte mais popular do mundo. São tantas as pessoas, sejam homens, mulheres, adolescentes e crianças das mais variadas idades, todos amantes do futebol, que seu número ultrapassa em muito a soma total dos envolvidos com as demais competições esportivas existentes no mundo.

Como outro referencial na valorização do futebol como esporte, vale lembrar que existem mais países filiados à FIFA, do que associados à Organização das Nações Unidas, ONU.

Na mesma linha de valorização, não se pode esquecer que o evento esportivo mais lucrativo no mundo é a Copa Mundial de Futebol, que ocorre de quatro em quatro anos e é acompanhada por mais da metade da população global. Esse esporte movimenta anualmente quantias imensuráveis de dólares, com contratos milionários, patrocínios, mídia, transações de jogadores e técnicos, além de ser também fonte de referência para políticos.

Por tudo isso que o futebol impacta nas diversas sociedades, pela valorização dada aos atletas nos diversos meios e pela importância dos impactos que acabam incidindo na economia de um país como o Brasil, entende-se fundamental a necessidade de maior atenção aos principais atores desse negócio – jogadores de futebol – trabalhando as suas competências psicológicas, nas mais variadas funções, com diversos tipos de jogadores e suas personalidades e formação cultural. … “Quem quer que esteja fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu corpo; mas quem junta a um corpo em forma e uma cabeça bem cuidada é capaz de efeitos excepcionais…” (POPOV, apud FLEURY, 1998).

O futebol exerce fascínio sobre os torcedores, que se posicionam de diferentes formas quando vão aos estádios: alguns vão como se fossem aos campos de batalha, enquanto outros vão para um espetáculo, onde os atletas “desfilam” suas competências. Assim, o modo como os atletas se posicionam em campo, tem importante reflexo sobre os torcedores. Como exemplo, quando se consegue formar um time com jogadores possuidores de “alma de guerreiro” e com qualidades físicas e psicológicas ideais, tem-se o conjunto que atrai imensa torcida que se identifica com o seu time. Dificilmente se consegue um conjunto que vista essa “camisa” de luta, dedicação e empenho; a história mostra que os times que conseguiram unir e desenvolver essas competências fizeram grande diferença na história do futebol.

Os atletas vão aos jogos conhecendo as exigências da sua torcida e mostram as mais variadas reações: uns se escondem no jogo mesmo possuindo alta competência técnica, porém com baixa competência psicológica; outros se agigantam diante de suas deficiências técnicas, trabalhando melhor suas emoções.

É justamente a somatória desses aspectos psicológicos que explica o comportamento dos craques do futebol, seja pela omissão, pela coragem e pela superação, independentemente de seu talento.

O foco desse trabalho está em mostrar quais são essas competências psicológicas no jogador de futebol de alta performance.

Entende-se por alta performance, o atleta que atende a maioria das expectativas definidas para a sua função, sendo esta estabelecida pela Instituição que o tem como funcionário, que, no caso desta pesquisa, cabe ao Clube que o jogador de futebol pertence.

Entende-se por competências psicológicas, focando o conceito de ação e comportamento, o modo como são executadas essas ações para resultarem em elevados níveis de performance do atleta. Dito de uma forma mais simples: de pouco interessa que uma pessoa possua um conjunto de traços ou características pessoais, eventualmente preditoras de um bom desempenho, se esse bom desempenho não ocorrer. Ou seja, a competência só existe e só pode ser considerada como tal na ação, mostrando-se visíveis, observáveis e naturalmente mais mensuráveis.

I. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Wahl (apud CORRÊA et. al., 2002) o futebol é o esporte mais popular do mundo. Possui papel fundamental na sociedade capitalista, movimentando trilhões de dólares por ano. Cada vez mais, esse esporte internacional ganha novos adeptos, aumentando a atenção da mídia e o interesse de uma infinidades de pessoas do mundo inteiro.

Atualmente os clubes começam a valorizarem os aspectos psicológicos dos jogadores, e a necessidade de trabalhá-los, com o objetivo de efetivamente melhorar o desempenho dos atletas. Muitos deles apresentam déficit em sua performance que poderiam ser evitados se tivessem um acompanhamento psicológico.

Cada jogador, independente da sua profissão, é um ser humano único sujeito a oscilações, dúvidas e conflitos, que determinam os seus comportamentos na competição.

I.1 Psicologia do Esporte x Psicologia no Esporte

1.1 Psicologia do Esporte

A psicologia do esporte foi reconhecida como ciência independente da psicologia geral somente em 1965. De acordo com a Sociedade Internacional da Psicologia do Esporte, a Psicologia do Esporte é um termo usado para se referir aos aspectos psicológicos do esporte, recreação física, educação física, exercício, saúde e atividades físicas correlatas.

Por se tratar de uma área nova e em crescimento, é importante abordar algumas definições diferentes de psicologia do esporte:

1. “É a ciência da psicologia aplicada ao esporte e as situações esportivas” (SINGER apud RUBIO, 2000).
2. “É o efeito do esporte sobre o comportamento humano” (ALDERMAN apud RUBIO, 2000)
3. “É o campo de estudo no qual os princípios da psicologia são aplicados ao ambiente esportivo” (COX apud RUBIO, 2000).
4. “É o ramo das ciências do esporte e do exercício que busca respostas para questões sobre o comportamento humano no esporte” (GILL apud RUBIO, 2000).
5. “É uma subárea da psicologia que focaliza o atleta e o esporte” (CRATTY apud RUBIO, 2000).

Cada profissão tem um potencial para gerar dificuldades ou transtornos e o futebol não foge à regra. Na formação do profissional do esporte, aspectos como insegurança, medos, ansiedades, stress e somatizações, são fatores de potenciais impactos sobre o desempenho do atleta.

Quando se encara o esportista como portador de dificuldades, pode-se compreender suas disfunções próprias e suas disfunções no mundo esportivo, sendo que essa visão estende-se ao treinador da equipe onde o atleta participa.

A psicologia do esporte no Brasil, assim como em todos os países, surge associada ao esporte de alta performance. A contínua preocupação com o resultado tem despertado interesse nos conhecimentos psicológicos, para que os mesmos sirvam de instrumento para alcançar a excelência nesses resultados.

De acordo com Thomas (1983) “no esporte o homem tem a vivência de si próprio e de seu meio ambiente e age de uma forma e com uma intensidade que não pode ser observada em nenhuma outra área”. É fácil compreender que o esporte competitivo representa um campo de ação e vivência no qual se podem estudar intensamente os processos psíquicos antes, durante e depois das performances extremas. Processos emocionais com sua influência sobre vivência e ação de uma pessoa, raramente podem ser observadas com tanta expressão como no esporte como, por exemplo, alegria, entusiasmo, raiva ou decepção…

1.2 Psicologia no Esporte

A psicologia no esporte tem como foco os tipos de intervenção psicológica que o esporte pode requerer podendo ser de diferentes tipos e origens. Segundo Feijó (apud RUBIO, 2000), existem três requisitos na prática intensa do esporte que mereceriam uma atenção especial do psicólogo no esporte:

O primeiro requisito é a concentração: sem esse enfoque continuo da atenção, o jogo perde qualidade, na prática dos fundamentos.

O segundo é o relaxamento: gerenciamento do estresse, sem a perda da motivação. E por fim, o automatismo, sem a concorrência da robotização.

1.3 Momento Psicológico

De acordo com Venzon (1998), em toda ação presente em um jogo de futebol, existe um momento psicológico, sendo esse consciente ou não, mas a qualidade desse envolvimento terá fundamental importância no resultado da ação. Dividir uma bola com um adversário, desperta no atleta sentimento de posse, de levar vantagem, de triunfo da competição. A partir da conscientização desses aspectos, a preparação atlética passou a envolver também objetivos afetivos.

O momento psicológico é definido como uma alteração positiva ou negativa nos aspectos cognitivos, emocionais, fisiológicos e comportamentais, causadas por um evento ou uma série de eventos. Essa alteração pode resultar em uma mudança na performance e no resultado da competição.

Becker (1998) afirma que, no esporte, há um momento em que toda a responsabilidade está nas mãos de um só atleta, e este tem a noção da responsabilidade que incide sobre ele e o ato motor que irá executar dentro de alguns segundos. Um desses momentos, por exemplo, é o da execução de um lance livre no basquetebol, em períodos cruciais da partida. Durante o lance livre, o atleta tem alguns segundos para tomar a postura prescrita no regulamento, fazer alguns ajustes táteis com a bola, regular sua ativação interna, bloquear os estímulos ambientais que o perturbam, colocar toda sua atenção no objetivo (fazer a cesta) e, finalmente, realizar o arremesso. Numa situação estressante como esta, os atletas podem apresentar diferentes reações de sucesso ou fracasso. Para o futebol, o momento da execução da falta dentro da área, ou o pênalti, tem a mesma característica.

A preparação de um atleta é composta por fatores físicos, técnicos, táticos e psicológicos. Embora estas quatro áreas sejam reconhecidas como importantes para aumentar o rendimento esportivo, devem ser apontadas algumas particularidades. Em primeiro lugar, tem-se a capacitação e atualização do treinador e, em segundo, o equilíbrio psicológico dos atletas. Becker (1998) lembra que se deve levar em conta um fator muito importante que é a individualidade, pois cada um tem uma percepção do ambiente que o rodeia. Essa percepção varia de acordo com a personalidade de cada um, podendo haver, portanto, reações diferentes a situações semelhantes.

O ser humano é um ser de desejo e pulsão Freud (apud THILL, 1989). É atraído para finalidades invisíveis e tende constantemente a ultrapassá-la. Sendo assim, pode-se considerar a afetividade como elemento dinâmico ou energético da personalidade, ou seja, como um conjunto de móbiles que desencadeiam e suportam a ação do indivíduo.

De acordo com Vallerand e Calavecchio (apud CORRÊA et. al., 2002), a influência do momento psicológico sobre a performance das pessoas depende de variáveis situacionais e pessoais como o nível de ansiedade e de motivação, assim como a própria natureza da tarefa que estava sendo executada. Dessa forma, o grau de facilidade e de dificuldade de uma ação esportiva também influencia a performance.

Existem diversos fatores que podem ajudar na percepção do momento psicológico positivo. A união do time e o placar favorável são alguns desses fatores.

Quando Becker destaca que essas particularidades devem ser levadas em conta devido à individuação de cada atleta, as características psicológicas desses atletas exercem grandes mudanças e limitações nas performances dos mesmos.

Eisler e Spink (apud CORRÊA et. al., 2002), membros de um time mais coeso e unidos em prol de um objetivo comum de ganhar o jogo avaliam sua equipe como tendo um momento psicológico mais positivo que aquele outro que não se apresenta tão coeso. A configuração de um escore positivo na partida, ou seja, o fato do time estar ganhando cria um clima favorável à percepção e a vivencia de um momento psicológico superior ao time adversário.

Há formas de se explicar ou auxiliar o momento psicológico para um atleta durante uma competição. Para isso, pode se utilizar dois modelos: Modelo Multidimensional e Modelo Antecedente – Conseqüência.

1.4 Modelo Multidimensional e Modelo Antecedente – Conseqüência

No primeiro modelo (Modelo Multidimensional), proposto por Taylor e Demock (apud CORRÊA et. al., 2002), a relação entre momento psicológico e a performance pode ser analisada como uma seqüência de fatos; essa seqüência é desencadeada por uma reação a um ou a uma série de eventos. O modelo também ressalta a importância dos fatores do oponente, isto é, o momento psicológico do adversário. Por exemplo: se um centroavante dribla um oponente, esse atacante vivencia um momento psicológico positivo; ou seja, em função de ter acertado o lance, cumprindo seu objetivo, levando vantagem sobre seu adversário, há uma mudança positiva na sua cognição, no afeto e no sistema imunológico. Dessa forma, ele se sente mais confiante, aumenta sua auto–estima, seus músculos se enrijecem com maior intensidade. Essa mudança positiva influencia seu comportamento, ou seja, o jogador cresce em desempenho realizando a jogada com mais vigor e conseqüentemente melhora a sua performance.

O segundo modelo, o Modelo Antecedente – Conseqüência, proposto por Vallerand e Collavecchio (apud CORRÊA et.al., 2002), afirma que o momento psicológico refere-se à percepção do jogador no que concerne sua performance, quando progride em seu objetivo numa jogada, tendo como resultado desse sucesso em um lance um aumento de motivação, da percepção de controle do otimismo e do sincronismo de suas ações. Caso o atleta não seja bem sucedido numa jogada inicial, há uma redução desses mesmos aspectos.

Ainda nesse modelo, o mesmo postula que variáveis situacionais que antecedem uma jogada podem afetar o momento psicológico. No caso um momento positivo, no qual o atleta se sentindo motivado, otimista e com bastante energia, tem controle e sincronismo em suas ações que resulta em uma melhora na sua performance. Da mesma forma que uma diminuição na motivação, no otimismo pode resultar em um momento negativo extremamente prejudicial ao desempenho do jogador na partida disputada.

No decorrer da partida, conseguir controlar as emoções, lidar com a alternância de placar e conseguindo também dar uma resposta satisfatória às diferentes situações a que o atleta enfrenta durante o jogo, são importantes e, no caso, muitas vezes decisivas para a performance máxima dos jogadores. As vivências das vitórias e derrotas contribuem também para a maturidade do jogador, possibilitando aprender com os erros e se entusiasmar com os acertos, aumentando a confiança para as novas conquistas.

A identificação desses aspectos psicológicos pode trazer subsídios de grande valia para o trabalho sobre essas competências psicológicas dos jogadores e para a busca da performance esperada.

De acordo com Cratty, Frischnecht e Machado (apud CORRÊA et.al., 2002), não é incomum para os atletas se sentirem nervosos antes das competições esportivas, já que sua auto-imagem, sua auto-estima, depende do seu desempenho nestas competições e dessa forma, tais situações podem tornar – se muito assustadoras. Ao invés de lutarem por medalhas, campeonatos, dinheiro e honras de campeão, o atleta luta com o próprio valor, ao invés de aguardar entusiasticamente a oportunidade de atuar. O atleta passa a recear, nervosamente, a aproximação das competições pelo simples medo de falhar.

Cada atleta reage de modo diferente aos estímulos externos durante as competições, pois essa pressão transfere-se para a área emocional. Dessa forma, os atletas bem preparados psicologicamente se destacarão nas partidas.

1.5 Competências Psicológicas

As competências psicológicas são numerosas para cada jogador, sendo cada uma delas sentida de um modo particular para cada atleta. Por isso, nesse trabalho buscar-se-á descobrir quais são essas competências psicológicas desejadas para um jogador de futebol alcançar seu desempenho máximo. Assim, de acordo com Mario Cetil (2006), se passa a designar as competências como modalidades estruturadas de ação, requeridas, exercidas e validadas num determinado contexto.

Ainda de acordo com o autor supra citado, as modalidades estruturadas de ação, as competências, serão consideradas como tal e não meras expressões de comportamentos, ou seja comportamentos específicos que as pessoas evidenciam, com uma certa constância e regularidade, no exercício das suas diferentes atividades profissionais. Essa constância e regularidade constituem fatores determinantes para que as referidas ações ocorram casuística e esporadicamente no exercício das atividades profissionais. Neste sentido, as competências são consideradas como outputs de desempenho, quer dizer, são resultados específicos que as pessoas trazem para o exercício das suas atividades profissionais e são realidades susceptíveis de serem observadas, permitindo, pela sua constância e regularidade, sustentar avaliações relativamente objetivas e consistentes sobre a performance profissional dos seus detentores.

Serem requeridas, significa que as competências não são quaisquer ações que as pessoas tenham, mas sim as modalidades de ação que se pretende que sejam realmente exercidas face a um determinado contexto, que pode ser o exercício de uma função, de uma missão, de um papel profissional, numa organização específica e em condições ambientais externas e internas igualmente específicas.

Na verdade, competências que são requeridas num determinado contexto podem não ser exatamente as mesmas que são requeridas em contextos diferentes e para populações e missões ou papéis profissionais diferentes.

Considerando este aspecto, as competências podem ser divididas em transversais e específicas. Competências comportamentais como inteligência emocional, trabalho em equipe, comunicação ou resiliência, podem ser exemplos de competências transversais, porque são requeridas em contextos muito amplos e gerais.

As competências específicas, como o próprio nome indica, são aquelas que são requeridas para atividades ou contextos mais restritos, geralmente associadas a domínios técnicos e instrumentais.

II. MÉTODO

Este estudo aborda uma investigação que tem como objetivo analisar quais são as competências psicológicas necessárias de um atleta de futebol para que este alcance o aproveitamento máximo das suas capacidades, sendo assim, considerado um jogador de alta performance. Através da visão de técnicos e jogadores, buscou-se investigar os aspectos considerados relevantes para a performance dos atletas nos jogos, bem como os fatores que facilitam este desempenho dos atletas. Para tal, utilizar-se-á uma metodologia qualitativa.

A pesquisa foi realizada com 3 jogadores de futebol, do gênero masculino e faixa etária mínima de 18 anos. Deveriam atuar na categoria profissional e apresentar ao menos 3 anos de experiência nesta. Outra colaboração veio por meio de 3 técnicos de futebol, com curso superior, atuantes na categoria profissional, também do gênero masculino e com pelo menos 3 anos de atuação na área. Foram selecionados através de 3 clubes distintos, sendo eleitos um técnico e um jogador de cada clube.

Os sujeitos atuavam profissionalmente no estado de São Paulo e foram escolhidos a partir dos critérios já estabelecidos, assim como disponibilidade dos mesmos.

Riscos: o risco estimado é praticamente ausente, no máximo um eventual desconforto pela situação da entrevista, visto que esta não se refere à vida pessoal do sujeito.

Para esta investigação foram feitas entrevistas individuais e semi-estruturadas com os profissionais selecionados para a realização deste estudo. (ANEXO 1 e 2).

Os resultados e análises serão apresentados em relatório final de pesquisa e sumarizadas na Mostra de TGI do curso de Psicologia da UPM, preservadas as identificações dos entrevistados e dos clubes.

Foi feito um pré-contato com a direção de clubes, por telefone ou e-mail, solicitando autorização para a execução da pesquisa. Confirmada a disponibilidade do clube, encaminhamos a Carta à Instituição. (ANEXO 3)

Agendadas as entrevistas com os indicados pelo clube, fornecemos uma Carta de Informação, bem como o Termo de Consentimento do sujeito. (ANEXO 4)

Foram investigados os seguintes aspectos: idade, tempo de profissão, se há o reconhecimento da existência destas competências, bem como sua influência na performance dos atletas.

III. ANÁLISE DOS DADOS

A proposta inicial deste trabalho foi traçar um perfil quanto às competências psicológicas necessárias para se tornar um jogador de futebol de alta performance. Quando iniciada a pesquisa, houve um primeiro obstáculo: a dificuldade de acesso aos jogadores e aos clubes.

Para concluir as entrevistas propostas se fez necessário a prorrogação deste trabalho, pois diversas foram as ocorrências durante a execução do mesmo. Inúmeras vezes, entramos em contato com clubes e atletas, sem retorno. As tentativas de contato foram realizadas através de e-mails, telefonemas e até visitas a alguns clubes, mas esses esforços não surtiram efeito.

Dos poucos retornos que se obteve, esses apresentavam-se negativamente, sendo alguns deles devido às respostas evasivas e de indiferença de jogadores e técnicos, que se diziam ocupados com os jogos (campeonatos) e não dispunham de tempo para receber a equipe do trabalho. Com o término dos campeonatos, jogadores e técnicos sairam de férias, impossibilitando qualquer tipo de contato. Tentou-se um acesso aos empresários de jogadores, mas não houve respostas.

Através da ajuda e indicação de amigos, foram realizadas as entrevistas necessárias.

Ao se iniciar a análise dos dados obtidos, percebeu-se a insuficiência de características para se traçar um perfil psicológico, como o assinalado no início deste trabalho. A maioria dos colaboradores identifica a existência destas competências, mas demonstram dificuldade em trabalhá-las.

O discurso de um dos técnicos descreve a importância do momento psicológico (VENZON, 1998) e o reconhecimento da necessidade de trabalhar essas competências. Segundo o técnico de um dos times ao qual tivemos acesso, o primeiro contato do jogador com a bola em campo, quando positivo, exerce grande influência sobre esse jogador e sobre o time pelo resto da partida, assim como quando esse contato se dá de forma negativa. No caso de uma falha, o jogador pode se desestruturar sem conseguir se recompor com o passar da partida. Assim como, se o passe inicial for bem sucedido, o jogador se torna confiante e seguro no decorrer do jogo.

A partir deste trabalho pudemos perceber que a imagem do psicólogo ainda está muito associada aos trabalhos emergenciais. As dificuldades de aceitação e reconhecimento dos ganhos que um trabalho psicológico exerce nos atletas e nos times está no ceticismo da importância deste trabalho realizado de forma contínua, por exemplo, como ocorre com os treinos físicos que antecedem uma partida.

Por ser uma área recente, percebe-se a solicitação e aceitação do psicólogo do esporte somente em “momentos de crises”, onde existe pouco espaço para o estudo dos fenômenos relacionados ao esporte, que se refletem diretamente no comportamento dos atletas. Este é um trabalho que deve ser feito em longo prazo, visando não apenas sanar uma problemática emergencial, mas também construir uma base sólida de trabalho, visando à superação contínua do atleta.

Por fim, outro fato que pode ter contribuído para a dificuldade na obtenção dos dados pode ter sido a própria organização do projeto, visto que as questões apresentadas aos profissionais foram escritas de forma objetiva, quando pretendíamos explorar o subjetivo dos colaboradores.

IV. CONSIDERAÇÕES FINAS

Os resultados deste trabalho mostram a importância de se refletir quanto à necessidade do reconhecimento do trabalho do psicólogo a longo prazo no campo do esporte. Pouco adianta ter um atleta bem treinado se ele não tem controle emocional. Jogadores saudáveis, motivados, satisfeitos consigo mesmos, conscientes do próprio potencial e de suas possibilidades terão melhor excelência de desempenho em qualquer atividade.

A psicologia do esporte desenvolve e oferece ferramentas para a melhora desses acontecimentos, buscando orientar esses indivíduos para que controlem seus comportamentos, evitando que estes sejam prejudiciais em sua atuação.

O psicólogo pode ser extremamente importante para obter um bom resultado no esporte. Seu objetivo é maximizar o rendimento do atleta. Para tanto, faz-se necessária maior concientização da importância deste trabalho por parte da equipe responsável, para que em um trabalho interdisciplinar os resultados sejam positivos.

Quando o psicólogo é visto com um integrante da Comissão Técnica, com importância ao mesmo nível de um preparador fisico, médico ou nutricionista, todos ganham: jogadores e a própria equipe técnica. A valorização parcial do trabalho do psicólogo resulta em falhas no desenvolvimento individual e também no da equipe. Cabe a ele ser o facilitador das interrelações do grupo procurando manter um bom estado emocional dos jogadores.

Outro ponto a análisar é como o psicólogo é percebido pelos técnicos e Comissão Técnica. Os técnicos temem perder o poder com o ingresso do psicólogo na equipe. O poder atríbuído aos técnicos é muito grande, consequentemente, torna-se mais difícil a inserção do psicólogos nos clubes, uma vez que seu trabalho muitas vezes não é valorizado, ou é somente requerido em situação de crise ou fracasso.

Durante as tentativas de contato com os profissionais, pode-se verificar o modo especial e curioso como o psicólogo é percebido. Muitas vezes, o psicólogo acaba sendo uma ameaça ao técnico, pois seus questionamentos não são vistos como importantes. A partir daí, o psicólogo passa a ser visto como uma ameaça às suas crenças individuais, acabando por ficar impossibilitado de realizar intervenções.

O trabalho do psicólogo deve ser feito com tempo, conhecimento, ética e aprovação e participação da Comissão Técnica. Caso contrário, não surtirão efeito as intervenções feitas, quando possíveis. Quando o psicólogo passa a ser visto com um integrante da equipe técnica, e seu trabalho passa a ter tanta importância e respeito quanto o trabalho dos outros profissionais inseridos (médicos, nutricionistas, fisiologistas, etc), as intervenções se concretizam trazendo resultados positivos na performance dos jogadores.

Os resultados tendem a ser muito positivos quando englobam todos os aspectos que circundam o atleta, sendo essencial a parte psicológica. O respaldo e apoio quando necessário, desenvolvem um sentimento de confiança muito produtivo tanto no atleta como no time; a coesão tornando-se mais fortalecida, levanta o espirito de equipe dos jogadores.

O futebol em especial carrega uma enorme carga devido à magnitude desse esporte, por se tratar de uma paixão mundial. É sobre ele que essas características psicológicas atualmente despertam interesse nos estudos e nas formações dos psicólogos do esporte.

Como parte do processo de profissionalização, os clubes de futebol precisam se estruturar para permitir a efetiva presença dos psicólogos com funções estabelecidas e atuação permanente: isso irá requerer da direção do clube clara percepção da atuação do psicólogo.

A inserção do psicólogo no dia a dia dos clubes passa necessáriamente pela compreenssão e aceitação do técnico e de sua comissão de forma que se estabeleça um sistema de trabalho integrado e voltado a valorizar e a trabalhar os aspectos positivos emocionais dos jogadores a fim de reduzir inseguranças e desvios na formação de cada jogador.

Definições importantes como a escolha de jogadores e suas posições no time devem levar em consideração as características psicológicas deles, assim como as condições diferenciadas de cada jogo de que participa.

A Psicologia do Esporte é vista ainda como uma área emergente, mas em expansão. A falta de contato com a área ainda na graduação em Psicologia, a ausência de disciplinas específicas, poucos cursos de especialização, dificultam e atrasam o exercício profissional. O trabalho do psicólogo do esporte é abrangente e exige uma constante busca pela formação e informação. Por outro lado, os profissionais que já estão atuando na área têm exercido um importante papel desbravador, como por exemplo Kátia Rubio e Regina Brandão, entre outros, que realizam constantantes pesquisas e trabalhos buscando a ampliação dos conhecimentos e reconhecimento na área.

V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, P. L. Intervenção psicológica no Futebol: reflexões de uma experiência com uma equipa da liga portuguesa de futebol profissional. Cuadernos de Psicologia del Deporte, Lisboa, Vol. 4, núms 1 y 2, 2004, p 182.

AQUINO. R. Futebol uma paixão nacional. 1 ed. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 2002.

BECKER. B. Psicologia do Esporte: rumos e necessidades. In: RUBIO, K. (org.) Encontros e desencontros: descobrindo a Psicologia do Esporte. São Paulo. Casa do Psicólogo, 2000.

BECKER, B.; SAMULSKI, D. Manual de Treinamento Psicológico para o Esporte. Porto Alegre: Edelbra, 2002.

BRANDÃO, M.R.F.; MACHADO, A.A. Coleção Psicologia do Esporte e do Exercício – Teoria e Aplicação, V. 1. São Paulo: Atheneu Editora, 2007.

FLEURY, S. Competência Emocional: O Caminho da Vitória para Equipes de Futebol, 2 ed. São Paulo.: Editora Gente, 1998.

CETIL, M. (org). Gestão e desenvolvimento de competências. Lisboa: Sílabo, 2006.

CORRÊA, D.K.A. Excelência da produtividade: a performance dos jogadores de futebol profissional. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 15, n. 2, p. 447-460, 2002.

LEHNEN A.M.; RODRIGUES FR; MARQUES MG. ACSI-28: experiências esportivas de um time juvenil de futebol. Revista Digital Efdeportes, Buenos Aires – Año 11 – n° 100 – Septiembre de 2006. Disponível em: < http://www.efdeportes.com> Acesso em 10 Mar 2008.

RUBIO, K. Encontros e desencontros: descobrindo a psicologia do esporte. 1 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: Manual para educação física, psicologia e fisioterapia. São Paulo: Manole, 2002.

THILL, E.; THOMAS, R.; CAJA,J. Manual do Educador Esportivo.Lisboa: Dinalivro, 1989.

THOMAS, A. Introdução à psicologia .Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1983.

VENZON, H. Futebol interativo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998.

VI. ANEXOS

Anexo 01

Questionário direcionado ao Técnico

1) Gostaríamos de saber se o senhor conhece o conceito de competências psicológicas?
2) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, qual a relevância no desempenho dos atletas?
3) Quais dessas competências julga mais importante na formação do atleta?
4) Durante a sua atuação profissional, alguma vez já trabalhou o desenvolvimento dessas competências?
5) Na instituição que faz parte atualmente existe alguma avaliação psicológica dos jogadores? 6) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, como é feita essa avaliação?
7) Você lembra de algum episódio que mostrou a necessidade de desenvolver essas competências? Caso haja, cite qual (is)?
8) Na sua opinião o equilíbrio emocional dos atletas influencia no desempenho do jogador de futebol? Como?
9) Na sua opinião essas competências devem receber uma atenção especial? Por quê?
10) Existe no seu treinamento algum foco para essa questão?

Questionários respondidos pelos Técnicos

Técnico 1

1) Gostaríamos de saber se o senhor conhece o conceito de competências psicológicas?

Conheço e acredito que essas características se adquirem com o tempo, com o acompanhamento do técnico ou se o time tiver um psicólogo.

2) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, qual a relevância no desempenho dos atletas?

Toda a relevância, porque tudo o que o jogador apresenta em campo, ele o que ele é, sendo assim essas características devem ser conversadas com o jogador para usá-las de uma forma positiva no jogo, para que esse jogador não prejudique o ele e o grupo (time).

3) Quais dessas competências julga mais importante na formação do atleta?

Persistência, força de vontade, equilíbrio emocional, porque muitas vezes o jogador tem que estar preparado para as provocações que ocorrem durante o jogo, os jogadores adversários sempre ofendem a família do jogador, a mãe, a esposa, e o jogador deve estar pronto para isso, ele tem que escutar e não se abalar e nem perder o equilíbrio. E com certeza todo jogador deve ser humilde.

4) Durante a sua atuação profissional, alguma vez já trabalhou o desenvolvimento dessas competências?

Eu sempre converso com os meninos, quando eu percebo que um jogador esta nervoso demais não consegue se manter calmo durante a partida eu sempre chamo o garoto no canto e converso porque muitas vezes esses jogadores prejudicam não somente eles, e sim a equipe inteira.

5) Na instituição que faz parte atualmente existe alguma avaliação psicológica dos jogadores?

Não.

6) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, como é feita essa avaliação?

7) Você lembra de algum episódio que enfatizou a necessidade de desenvolver essas competências? Caso haja, cite qual (is)?

Sim, eu me lembro de vários episódios. Teve um jogador que me causou muitos problemas em jogo, ele ficava muito bravo, explodia e prejudicava toda a equipe. Durante um jogo nos jogos regionais passado eu tive que chamá-lo para conversar durante a partida e depois também.

8) Na sua opinião o equilíbrio emocional dos atletas influencia no se desempenho do jogador de futebol? Como?

Sim, e muito, o equilíbrio do jogador está presente em todo o jogo, manter a calma é necessário, mesmo porque o futebol é um esporte muito violento, não só fisicamente mas emocionalmente também, pois enquanto o jogador tá numa fase boa, todo mundo dá “tapinhas nas costas”, mas quando o jogador não se encontra numa fase boa, geralmente decorrente de problemas emocionais, os mesmos sofrem muita pressão e se não lidar bem com isso pode vir a encerrar uma carreira.

9) Na sua opinião essas competências devem receber uma atenção especial? Por quê?

Sim, um jogador tem a consciência do que é certo e errado na hora da partida. A maioria das coisas que ele faz é consciente, ele deve estar preparado para não revidar e não prejudicar o seu time. Essas competências devem receber uma atenção especial, pois só o treinamento físico robotiza o jogador, o treino físico não supre as necessidades de trabalhar o psicológico dos mesmos.

10) Existe no seu treinamento algum foco para essa questão?

Sempre temos um relaxamento e alongamento que é feito pelo preparador físico do time, mas não voltado para desenvolver ou trabalhar as características psicológicas dos jogadores.

Técnico 2

1) Gostaríamos de saber se o senhor conhece o conceito de competências psicológicas?

Sim, todo técnico que já foi jogador sabe lidar com o psicológico dos jogadores porque já passou por aquilo quando jogava.

2) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, qual a relevância no desempenho dos atletas?

Toda, o trabalho com a parte psicológica dos jogadores é importante, aqui no time temos um psicólogo que faz um trabalho com os jogadores 1 vez por semana, trabalhando com filmes e conversas.

3) Quais dessas competências julga mais importante na formação do atleta?

Na formação de um atleta hoje em dia, temos que saber até sobre os avós do jogador, toda a história familiar do atleta, porque influencia no desempenho do jogador o tempo todo. A personalidade do atleta é importante, a parte técnica do jogador, ele já nasce com ela, mas a postura a personalidade, a ansiedade vem da parte da família e com certeza influencia no desempenho de qualquer jogador.

4) Durante a sua atuação profissional, alguma vez já trabalhou o desenvolvimento dessas competências?

Todo técnico conhece os seus jogadores, porém acontece muito do técnico ter ciúmes da opinião de um psicólogo, muitas vezes por não querer escutar a verdade, não acreditar nem levar a sério.

5) Na instituição que faz parte atualmente existe alguma avaliação psicológica dos jogadores?

Não tinha, mas agora temos um psicólogo no time, ele esta fazendo um trabalho muito bom com os nossos jogadores.

6) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, como é feita essa avaliação?

Eu não sei exatamente, mas cada jogador é observado individualmente; ele coleta informações sobre cada um e com planilhas e testes, traça um perfil sobre cada jogador e passa para o técnico os dados coletados para auxiliar no manejo dos meninos.

7) Você lembra de algum episódio que enfatizou a necessidade de desenvolver essas competências? Caso haja, cite qual (is)?

Sim eu me recordo de vários episódios. Teve um campeonato que tinha um jogador que toda vez que ele perdia um gol ou um passe, ele se irritava com o adversário, e jogava toda aquela raiva, tentava tirar a culpa de não ter feito gol em outra pessoa, geralmente era o adversário, mas em algumas vezes ele entrava no vestiário brigando com os companheiros do time.

8) Na sua opinião o equilíbrio emocional dos atletas influencia no se desempenho do jogador de futebol? Como?

Influencia muito, se o jogador não tiver equilíbrio emocional ele não consegue permanecer os 90 minutos jogando.

9) Na sua opinião essas competências devem receber uma atenção especial? Por quê?

Sim com certeza deve receber uma atenção especial todos os dias, observando, conversando com os jogadores. Cada jogador tem um temperamento, muitas vezes o jogador necessita que você o chame para o jogo e outros que abaixam a cabeça sendo necessário incentivar o jogador a continuar.

10) Existe no seu treinamento algum foco para essa questão?

Como eu disse anteriormente estamos começando a desenvolver um trabalho agora com um psicólogo.

Técnico 3

1) Gostaríamos de saber se o senhor conhece o conceito de competências psicológicas?

Sim

2) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, qual a relevância no desempenho dos atletas?

É muito importante, pois um atleta precisa estar sempre concentrado e focado na partida ou no campeonato. E para isso ele precisa estar em plenas condições físicas e psicológicas.

3) Quais dessas competências julga mais importante na formação do atleta?

Um atleta precisa ter uma boa motivação para jogar, concentração, controle emocional (ansiedade)

4) Durante a sua atuação profissional, alguma vez já trabalhou o desenvolvimento dessas competências?

Durante um campeonato, sempre ocorre algum problema com o atleta, seja por lesão ou por problemas pessoais. E para não perder o foco do trabalho, você precisa estar sempre trabalhando isso com os atletas.

5) Na instituição que faz parte atualmente existe alguma avaliação psicológica dos jogadores?

Não.

6) Em caso de resposta afirmativa da pergunta acima, como é feita essa avaliação?

7) Você lembra de algum episódio que mostrou a necessidade de desenvolver essas competências? Caso haja, cite qual (is)?

Ocorreu com um goleiro. No começo do campeonato ele estava de titular, jogando sempre. Depois de umas 10 partidas, ele foi expulso de um jogo e no seu lugar entrou o goleiro reserva. Esse goleiro que entrou no lugar dele, começou a jogar bem e ele foi ficando para trás, para trás até se tornar o terceiro goleiro do time (nem na reserva ele ficava mais). Aí ele estava começando a treinar mal, desmotivado, começava a dar “migué” nos treinos. Aí conversando com ele, ele conseguiu concentrar novamente no trabalho e voltou a treinar como antes, mesmo não jogando.

8) Na sua opinião o equilíbrio emocional dos atletas influencia no desempenho do jogador de futebol? Como?

Sim, influencia muito. O atleta sem um equilíbrio emocional perde a cabeça muito fácil no jogo e com isso ele prejudica o time e a ele mesmo podendo ser expulso de uma partida ou sofrendo uma lesão.

9) Na sua opinião essas competências devem receber uma atenção especial? Por quê?

Sim, pois os atletas tem que estar focados naquele objetivo do grupo e no seu próprio objetivo. E para isso ele tem que estar longe de todos os problemas e se manter concentrado no trabalho sempre.

10) Existe no seu treinamento algum foco para essa questão?

Você, no dia a dia, sempre conversa com o atleta o por que ele não está treinando bem ou por que ele foi mal em tal partida ou se há algum problema incomodando e com isso você, indiretamente, vai trabalhando as competências.

Anexo 02

Questionários direcionados aos Jogadores

1) É jogador profissional há quanto tempo?
2) Gostaríamos de saber o que você entende por competências psicológicas?
3) Na sua opinião, quais são essas competências necessárias ao jogador de futebol?
4) Durante o treino você realiza algum tipo de preparação psicológica? Se sim, qual (is) é (são) ela(s)?
5) Reconhecidas as suas competências psicológicas, existe alguma(s) que na sua opinião acha que não possui? Existe algum treino para melhorar as competências psicológicas que você já tem e, buscar as que você não tem?
6) Nesse caso da questão acima, você poderia dar exemplos?
7) Dentro dessas competências que você citou anteriormente, existe alguma que você considera essencial para um melhor desempenho em campo?
8) Você lembra de algum episódio em que essas competências atrapalharam o desempenho de algum jogador? Se sim, qual?
9) Na sua opinião quais são as competências psicológicas necessárias para um jogador de futebol de alta performance?
10) Você sente que se houvesse um profissional no seu clube, que cuidasse desse lado psicológico, você poderia ter um desempenho melhor?

Questionários respondidos pelos Jogadores

Jogador 1

1) É jogador profissional ha quanto tempo?

4 anos

2) Gostaríamos de saber o que você entende por competências psicológicas?

Ah, sei lá, são as características psicológicas, eu sou muito ansioso

3) Na sua opinião, quais são essas competências?

Ansiedade, vontade de jogar, determinação.

4) Durante o treino você realiza algum tipo de preparação psicológica? Se sim, qual(is) é (são) ela(s)?

Eu mentalizo a jogada, penso na família que está longe. Mas eu faço sozinho sabe, por conta própria, porque nos outros clubes que eu joguei eles faziam daí eu aprendi e faço antes dos jogos.

5) Reconhecidas as suas competências psicológicas, existe alguma(s) que na sua opinião acha que não possui? Existe algum treino para melhorar as competências psicológicas que você já tem e, buscar as que você não tem?

Eu acho que eu tinha que ser mais calmo, porque as vezes por questão de segundos você coloca tudo a perder, com uma provocação ou um lance que a torcida te xinga mais você sabe que está certo, eu já perdi a cabeça em um jogo.

6) Nesse caso da questão acima, você poderia dar exemplos?

Como eu falei eu já perdi a cabeça e briguei em campo, por causa de provocação de jogador de time adversário e já vi muitos amigos meus perdendo a cabeça e partindo para agressão física mesmo.

7) Dentro dessas competências que você citou anteriormente, existe alguma que você considera essencial para um melhor desempenho em campo?

Calma e tranqüilidade.

8) Você lembra de algum episódio em que essas competências atrapalharam o desempenho de algum jogador? Se sim, qual?

Já, às vezes o jogador esta com problemas na família e não consegue se concentrar no jogo, daí com certeza ele joga pior, já vi muito isso.

9) Na sua opinião quais são as competências psicológicas necessárias para um jogador de futebol de alta performance?

Calma é muito importante .

10) Você sente que se houvesse um profissional no seu clube, que cuidasse desse lado psicológico, você poderia ter um desempenho melhor?

Com certeza ajudaria, eu passei por clubes que tinham psicólogo e eles faziam dinâmicas com a gente e eu acho muito válido porque ajuda a conhecer os parceiros do time, a conhecer os colegas de campo.

Jogador 2

1) É jogador profissional ha quanto tempo?

É jogador profissional ha 14 anos.

2) Gostaríamos de saber o que você entende por competências psicológicas?

São as características psicológicas do jogador. Influencia muito durante o jogo, o psicológico fica abalado, para ter um bom rendimento precisa ter calma (ser o mais calmo possível), porque é muita pressão, adrenalina, precisa estar feliz consigo mesmo e fazer o que gosta.

3) Na sua opinião, quais são essas competências?

Precisa ter calma, e ter vontade de jogar.

4) Durante o treino você realiza algum tipo de preparação psicológica? Se sim, qual(is) é (são) ela(s)?

Geralmente é no dia anterior ou no mesmo dia do jogo, umas 4 horas antes da partida, com conversas palestras e perguntas para os jogadores.

5) Reconhecidas as suas competências psicológicas, existe alguma(s) que na sua opinião acha que não possui? Existe algum treino para melhorar as competências psicológicas que você já tem e, buscar as que você não tem?

Acho que não só para mim, mas para grande parte dos jogadores é a calma na finalização.

6) Nesse caso da questão acima, você poderia dar exemplos?

A falta de competência na hora que você recebe o primeiro passe, se o passe for certo o jogo transcorre bem, caso contrário,se você dominou a bola errado, fica preocupado, e o jogo acaba ficando comprometido, não dá mais para jogar, o fato de você acertar o primeiro passo traz confiança para o resto da partida.

7) Dentro dessas competências que você citou anteriormente, existe alguma que você considera essencial para um melhor desempenho em campo?

Todo jogador tem que ter dentro de campo além da calma, personalidade forte e fazer acontecer.

8) Você lembra de algum episódio em que essas competências atrapalharam o desempenho de algum jogador? Se sim, qual?

Quando eu comecei a jogar, eu fui expulso porque um cara me deu um tapa na cara e eu revidei em seguida, que é o que acontece com a maioria. E além disso quando você não está bem psicologicamente, o cansaço bate mais rápido.

9) Na sua opinião quais são as competências psicológicas necessárias para um jogador de futebol de alta performance?

Ah, é o que eu te falei anteriormente, calma para finalizar e coragem para fazer acontecer.

10) Você sente que se houvesse um profissional no seu clube, que cuidasse desse lado psicológico, você poderia ter um desempenho melhor?

Com certeza ajudaria, tem alguns jogadores que necessitam de uma ajuda maior que os outros, alguns sentem necessidade de conversar, aí o psicólogo mostra o caminho.

Jogador 3

1) É jogador profissional ha quanto tempo?

9 anos.

2) Gostaríamos de saber o que você entende por competências psicológicas?

Acho que é como é o jeito do jogador.Se ele é nervoso ou calmo

3) Na sua opinião, quais são essas competências?

Inteligência, e tem que ter calma.

4) Durante o treino você realiza algum tipo de preparação psicológica? Se sim, qual(is) é (são) ela(s)?

Geralmente é no dia anterior ou no mesmo dia do jogo, umas 4 horas antes da partida, com conversas palestras e perguntas para os jogadores.

5) Reconhecidas as suas competências psicológicas, existe alguma(s) que na sua opinião acha que não possui? Existe algum treino para melhorar as competências psicológicas que você já tem e, buscar as que você não tem?

Acho que não só para mim, mas para grande parte dos jogadores é a calma na finalização.

6) Nesse caso da questão acima, você poderia dar exemplos?

A falta de competência na hora que você recebe o primeiro passe, se o passe for certo o jogo transcorre bem, caso contrário,se você dominou a bola errado, fica preocupado, e o jogo acaba ficando comprometido, não dá mais para jogar, o fato de você acertar o primeiro passo traz confiança para o resto da partida.

7) Dentro dessas competências que você citou anteriormente, existe alguma que você considera essencial para um melhor desempenho em campo?

Todo jogador tem que ter dentro de campo além da calma, personalidade forte e fazer acontecer.

8) Você lembra de algum episódio em que essas competências atrapalharam o desempenho de algum jogador? Se sim, qual?

Quando eu comecei a jogar, eu fui expulso porque um cara me deu um tapa na cara e eu revidei em seguida, que é o que acontece com a maioria. E além disso quando você não está bem psicologicamente, o cansaço bate mais rápido.

9) Na sua opinião quais são as competências psicológicas necessárias para um jogador de futebol de alta performance?

Ah, é o que eu te falei anteriormente, calma para finalizar e coragem para fazer acontecer.

10) Você sente que se houvesse um profissional no seu clube, que cuidasse desse lado psicológico, você poderia ter um desempenho melhor?

Com certeza ajudaria, tem alguns jogadores que necessitam de uma ajuda maior que os outros, alguns sentem necessidade de conversar, aí o psicólogo mostra o caminho.

Anexo 03

CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO

Esta pesquisa tem como intuito analisar quais são as competências psicológicas necessárias a um atleta de futebol, do sexo masculino, para que este alcance o aproveitamento máximo das suas capacidades, sendo assim, considerado um jogador de alta performance. Realizaremos uma investigação dos aspectos considerados relevantes para a performance nos jogos, bem como os fatores que facilitam esta performance dos atletas. Para tal solicitamos a autorização desta instituição para a triagem de colaboradores, e para a aplicação de nossos instrumentos de coleta de dados; o material e o contato interpessoal não oferecerão riscos importantes, físicos e/ou psicológicos, aos colaboradores e à instituição. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento.

Todos os assuntos abordados serão utilizados sem a identificação dos colaboradores e instituições envolvidas. Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em contato pelo telefone abaixo mencionado. De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste documento ficará com a instituição e outra com os pesquisadores. Obrigado.

Anexo 04

CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DE PESQUISA

O presente trabalho se propõe a analisar quais são as competências psicológicas necessárias a um atleta de futebol, do sexo masculino, para que este alcance o aproveitamento máximo das suas capacidades, sendo assim, considerado um jogador de alta performance.

Os dados para o estudo serão coletados através de uma entrevista semi-estruturada, que será realizada pelos (as) pesquisadores (as) responsáveis, no local estipulado pelo clube que este representa e sua execução acarreta riscos mínimos aos sujeitos. Este material será posteriormente analisado, garantindo-se sigilo absoluto sobre as questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes, bem como a identificação do local da coleta de dados. A divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica, esperando contribuir para um maior conhecimento do tema estudado. Aos participantes cabe o direito de retirar-se do estudo em qualquer momento, sem prejuízo algum.

Os dados coletados serão utilizados para a conclusão do Trabalho de Graduação Interdisciplinar, dos alunos da Faculdade de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o (a) senhor (a) ________________________________, sujeito de pesquisa, após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância em participar da pesquisa proposta.

Fica claro que o sujeito de pesquisa pode, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.

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