Psicologia Escolar
A Psicologia Escolar é a especialidade da Psicologia que se interessa pela maneira como a escola afeta as crianças no geral e a interação dela com a escola. Tem como objetivo melhorar o relacionamento entre professores, funcionários, alunos e família, baseando-se no processo de ensino-aprendizagem, se preocupando com as relações que se estabelecem dentro da escola e no entorno dela. A psicologia escolar pretende facilitar o desenvolvimento humano.
Histórico
A psicologia se ligou a educação no final do séc. XIX na Europa e nos EUA. Teve seu início com Francis Galton que em 1869 publicou uma obra, baseada na obra de Charles Darwin “A Origem das Espécies”, tendo como pano de fundo a revolução industrial com a burguesia como vitoriosa. Após esta publicação começou a fazer trabalhos em seu laboratório onde tinha como objetivo principal medir a capacidade intelectual dos indivíduos; provar a determinação hereditária das aptidões humanas e assim separar os mais capazes.
Em 1905 Binet desenvolveu a primeira escala métrica de inteligência infantil, constituindo o primeiro método em psicologia escolar: a psicometria, que tinha como meta desenvolver instrumentos que possibilitassem a seleção, adaptação, orientação e classificação de crianças que precisassem de uma educação escolar especial. Em 1906 o Laboratório de Pedagogia Experimental, usado por Binet, foi trazido para o Brasil.
No começo do séc. XX a Psicanálise foi trazida para o Brasil através dos médicos que foram os primeiros a terem conhecimentos psicológicos em nosso país. Com isso houve uma introdução ao modelo clínico de psicologia escolar, cujo objetivo era psicodiagnosticar e tratar crianças que apresentassem problemas de aprendizagem. Com a Psicanálise, houve novas informações que atribuíam os problemas de aprendizagem aos desajustes familiares e as influências ambientais.
Na década de 20 e 30 surgiu o Movimento de Higiene Mental. Partindo do princípio de que o psicólogo deveria controlar o bem-estar social e individual se antecipando ao problema. Tinha como funções a orientação, assistência e formação de técnicos especializados em desajustamentos infantis.
Na dec. de 70 foi trazido dos EUA a Teoria da Carência Cultural composta por trabalhos que mostravam as diferenças de rendimento escolar observada nos diversos níveis sócio-econômicos.
Na dec. de 80 deu-se inicio a um movimento de analise crítica sobre a atuação do psicólogo escolar. Problemas de aprendizagem começaram a ser vistos como um fenômeno complexo, constituído socialmente, onde a análise deve compreender os aspectos históricos, econômicos, políticos e sociais.
Conceitos Teóricos
A Psicologia Escolar começou se baseando nas teorias sobre o desenvolvimento infantil de Piaget e Vigotski entre outros, centralizando, a princípio, os problemas de aprendizagem no aluno. Seus instrumentos iniciais eram testes que mediam a capacidade dos alunos, separando e classificando-os em aptos e não aptos.
Piaget, que antecedia Vigotski, acreditava que a criança aprendia por si só, e que a função do professor era causar o desequilíbrio para que a criança, sozinha, achasse o equilíbrio. O fundamento básico de sua teoria é a qualidade e o significado daquilo que a criança aprende. Para ele, esse aprendizado depende diretamente de seu estágio de desenvolvimento.
Vigotski elaborou um estudo de como aprendemos, igualando todos em seu processo de aprendizagem, independente das limitações orgânicas ou físicas. Para ele o professor faz papel de mediador. Os principais temas enfocados por Vigotski – o estudo das relações desenvolvimento-aprendizagem, pensamento-linguagem e consciência-emoção – exigem mudanças sobre a pergunta feita ao psicólogo. Em vez de perguntar por que, deveria questionar as circunstâncias nas quais o aluno aprende e o professor ensina. Esta nova pergunta colocaria a Psicologia como área de conhecimento presente no processo educativo e se submeteria a explicar o modo como os conteúdos escolares são apropriados pelos alunos.
Psicologia Escolar no Brasil
No séc. XX a psicologia escolar surgiu no Brasil próximo ao surgimento da própria psicologia no país, vinculado com a criação e o desenvolvimento da educação. Dá-se, então, uma introdução ao modelo clínico da psicologia escolar, cujo objetivo era psicodiagnosticar e tratar crianças que apresentassem problemas de aprendizagem. Mesmo assim muitos estudiosos continuaram a usar os parâmetros de normalidade para classificar as crianças, havendo apenas uma mudança na denominação de crianças anormais, passando a ser chamada de crianças problemas.
Em 1912 a disciplina da pedagogia foi dividida em duas: Pedagogia e Psicologia. No laboratório da escola Normal da Praça da República foram desenvolvidas pesquisas que vieram a atingir seus objetivos maiores na criação de um serviço de psicologia aplicada, dando origem mais tarde ao laboratório de Psicologia Educacional do Instituto de Educação.
Em 1918 inicia-se a reforma pedagógica, fazendo a utilização de modernas técnicas de ensino, testes de aptidão, fazendo com que ocorresse uma substituição da idade cronológica pela mental.
O sistema educacional brasileiro atual é regido pelas leis federais, estaduais e municipais em suas respectivas esferas. O Ministério da Educação e o Conselho Federal de Educação são os órgãos máximos deste sistema.
A proposta do sistema escolar brasileiro é do tipo aberto, pelo fato de tentar manter o relacionamento, direto ou indiretamente com vários outros sistemas e subsistemas, influenciando ou sendo influenciado. Tenta manter um relacionamento direto com o meio social, sendo responsabilizado, muitas vezes, pela situação social.
Função do Psicólogo Escolar
O psicólogo escolar é um profissional capaz de auxiliar os outros professores na reestruturação do equilíbrio escolar, sua atuação se caracteriza pela intervenção na prática.
Os psicólogos escolares trabalham para melhorar o processo de ensino-aprendizagem no seu aspecto global, através de serviços oferecidos a indivíduos, famílias e organizações. Devem ser capazes de, em conjunto, identificar a missão da escola resgatando os objetivos da aprendizagem na escola.
A atuação do psicólogo deve estar no campo da educação formal, realizando pesquisas, diagnósticos e intervenções preventivas, não podendo se limitar somente a identificar os distúrbios e problemas de aprendizagem.
Um psicólogo que entra em uma instituição escolar precisa mostrar uma postura e se reunir com a equipe pedagógica, não só para colher informações sobre a escola, mas para demonstrar que visão do sujeito o psicólogo tem, o que pensa sobre os problemas de aprendizagem e que estratégias têm a oferecer, não podendo deixar de considerar dois aspectos: – O conhecimento da realidade sócio-econômica na qual se encontra a ação educativa da característica cultural da população envolvida e da dinâmica da instituição; – as análises das ações programadas dos processos de ensino-aprendizagem e dos objetivos da escola. Precisa, também, abrir um espaço para executar as demandas da organização, pensar em como lidar com as situações do cotidiano e criar formas de reflexão dentro da escola para trabalhar as relações e os paradigmas de todos.
O psicólogo deve estar atento e possuir um bom senso crítico, para não responsabilizar um ou outro elemento que compõe o sistema educacional, sobre o fracasso escolar, pois este é resultante da inter-relação das instituições que compõe o sistema.