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domingo, dezembro 22, 2024

Qualidade de vida no Trabalho

1 INTRODUÇÃO

Atualmente há uma forte tendência em todos os setores em resgatar o lado humano, já que para crescer profissionalmente são necessárias qualidade e excelência no que se faz e isto só é possível quando se leva em conta o principal capital de uma empresa, ou seja, seus recursos humanos. Muitos autores debatem e estabelecem critérios e de forma abrangente reconhecem que além do conhecimento técnico, o grande diferencial é a motivação e o comprometimento com o trabalho e que ambos possuem necessariamente uma relação direta com a satisfação.
A Qualidade de Vida do Trabalhador – QVT é de fundamental importância para as organizações, além de ferramenta para atingirem maiores níveis de produtividade, com motivação e satisfação do indivíduo.
Muitos empresários estão percebendo que melhorar a qualidade de vida de seus trabalhadores e de suas famílias torna a empresa mais produtiva e competitiva e o fenômeno da motivação, na situação do trabalho, é um grande aliado para alcançar este objetivo.
O que precisa o homem para se sentir motivado, para trabalhar com satisfação, para alcançar a produtividade desejada pela empresa sem estresse, com saúde e harmonia? O que motiva um trabalhador tem o mesmo grau de importância para o outro? Qual o aspecto de maior relevância para atingir as metas da QVT? A personalidade de cada indivíduo influencia em sua motivação? Estas são questões que se pretende analisar neste trabalho.

2 SER HUMANO – IDENTIDADE

O que é identidade? A resposta não é fácil, pois embora a aparência seja de ser ou o que o indivíduo é, sua personalidade nata, na verdade ela é metamorfose, ou seja, pode ser construída, transformada.
O termo identidade sempre desperta interesse, tanto das pessoas comuns, representantes do universo consensual, quanto de cientistas sociais.
Inúmeras questões estão associadas à identidade. Historicamente, o termo empregado para significar o que hoje se entende por identidade foi personalidade, privilegiando não só a perspectiva individualista, mas também uma visão em que os princípios da ciência médica sustentavam toda proposta de compreensão. Nesse contexto, os debates versavam sobre o normal e o patológico, o natural e o inerente. Para Maria das Graças Corrêa Jacques (UFRGS-RS):
O vocábulo identidade (do latim idem, o mesmo, a mesma) propõe uma noção de estabilidade que se contrapõe à processualidade e ao caráter de construção permanente que lhe são próprios. Sugere ao mesmo tempo, o igual e o diferente, o permanente e o mutante, o individual e o coletivo. (1996, p.21)
Nesta perspectiva, diferença e igualdade, surgem como base deste conceito, dependendo dos diversos grupos que ao longo da vida, o indivíduo se relaciona. No convívio com os outros, a consciência individualizada vai sendo construída e ao mesmo tempo vai se tornando diferente.
A utilização do conceito de identidade nos permite descobrir os indivíduos, encontrá-los no tempo e espaço e mesmo em metamorfose, reconhecê-los. Identidade tem a ver com consistência e com a relação com outros seres humanos (Eugène Henríquez).

3 O TRABALHO E O HOMEM

Para Valéria Abritta Drummond (Centro Universitário Newton Paiva):

É indubitável que o trabalho ocupa um lugar central na vida de quem o realiza. Seja pelo fato de ser um meio de sobrevivência, seja pelo tempo da vida a ele dedicado (várias horas por dia, vários dias por semana, várias semanas por mês, vários meses por ano, etc), seja pelo fato de ser um meio de realização profissional, mas também pessoal, o trabalho é um dos principais instrumentos através do qual o homem dialoga com seu meio social e com seu tempo.
(2002, p.1)
Ao longo da história, a concepção de trabalho sofreu várias modificações.
Nas sociedades tribais, por exemplo, não se pode partir do mesmo ponto de vista que se adota para analisar o trabalho nas sociedades modernas. Isso porque as atividades vinculadas à produção eram associadas aos ritos e mitos, ao sistema de parentesco, às festas, às artes, enfim a toda vida social, econômica, política e religiosa. Já para os romanos, a palavra trabalho significava dor, sofrimento. Para os gregos, o trabalho não era valorizado e era associado à satisfação somente das necessidades básicas do homem, como vestir-se, alimentar-se, produzir, comerciar e por esse motivo era relegado aos escravos.
Na Idade Média, o trabalho continuou sendo considerado uma atividade pouco nobre, uma vez que os nobres não deviam trabalhar.
A mudança significativa na concepção do trabalho, veio em XVIII, quando Eugène Enriquez apreendeu magistralmente seu sentido afirmando que:
Neste momento […] justamente porque a indústria se desenvolve, começou-se a perceber que os homens não somente sofrem sua história, mas também podem produzir sua história. E para produzi-la, é preciso também produzir economia. O trabalho, que não era tido em alta consideração […] de repente passou a ser valorizado, porque se transformou num símbolo de liberdade do homem, para transformar a natureza, transformar as coisas e a sociedade (1999. p.70).
Karl Marx afirmou também que o trabalho cria o homem e, por força da dialética, que o homem cria a si mesmo pelo trabalho, conferindo-lhe nova dignidade. (LAFER, p.13).
Já Engels, na mesma linha de pensamento, afirma que o trabalho é mais do que o ato de transformar a matéria-prima em riqueza, é o fundamento da vida humana. Afirma, ainda que sob determinado aspecto, o trabalho criou o próprio homem. (1984, p.9)
O homem precisa trabalhar para manter sua vida e essa é a principal idéia de trabalho que foi sendo aperfeiçoada através do tempo e assim chegou ao capitalismo e na modernidade, sendo considerado, então, referência para todas as atividades da vida.

4 O TRABALHO E A MOTIVAÇÃO

Muitos cientistas e especialistas no comportamento humano pesquisaram sobre a motivação. Um desses estudiosos é conhecido por ter desenvolvido a teoria que diz ser a motivação um estado de ânimo que tem como objetivo a satisfação das necessidades humanas. Em 1943, Abraham H. Maslow, professor de Psicologia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, classificou essas necessidades em fisiológicas, de segurança, sociais, de auto-estima e de auto realização. 
Segundo Maslow, o ser humano persegue a satisfação dos seus desejos e motiva-se para atendê-los. Quando suas necessidades não são satisfeitas, geram tensão. 
Na tentativa de diminuir essa tensão o indivíduo ganha força motivadora para buscar a realização de suas necessidades. Outros pesquisadores estudaram o assunto e alguns discordaram de Maslow, como Frederick Herzberg, professor da Universidade de Chicago, que dizia, em 1969, que a motivação é influenciada por fatores que levam à satisfação e fatores que levam à insatisfação. Segundo Herzberg, a motivação depende do atendimento de ambos.
Como é possível perceber, faz tempo que a motivação do ser humano é tema de estudos e pesquisas. Muitos outros cientistas procuraram e ainda procuram, entender o mecanismo desse sentimento tão importante para o desenvolvimento, na tentativa de promover o equilíbrio e o bem-estar das pessoas.
Então, como motivar o trabalhador e conseguir a produtividade eficaz nas organizações? Há várias respostas para esta pergunta, porém nenhuma é totalmente correta ou esgota o assunto. 
A vida do ser humano e sua identidade está fundamentada em pilastras de sustentação, como na construção de um prédio, por exemplo. Nesta pilastra vem a família (hereditariedade, vínculos emocionais), as crenças e valores, aspectos econômicos, o trabalho. Quando uma dessas pilastras não vai bem, as outras ficam sobrecarregadas, enfraquecidas, desmotivadas. 
Se desejamos saber como as pessoas sentem qual sua experiência interior, o que lembram, como são suas emoções e seus motivos, quais as razões para agir como o fazem por que não perguntar a elas? (G. W. ALLPORT). (DESCHAMPS, Marcelo 2007)
É preciso conhecer o outro para descobrir os fatores que provocam uma resposta positiva que não deve ser interpretada apenas como aumento da produção, mas também como melhoria da qualidade do clima da organização, assiduidade e comprometimento. 
Segundo Cecília W. Bergamini, autora do livro Avaliação de Desempenho Humano na empresa, Editora Atlas, embora as pessoas façam coisas idênticas, as razões de agir são particularmente diferentes (1998).
Cada indivíduo na sociedade é único e tem sua visão própria da vida. Cada um tem seus interesses pessoais.
Descobrir o que cada um persegue pode ajudar no despertar da motivação do trabalhador, pois cada pessoa tem sua identidade e junto com ela seus desejos, valores sociais e culturais, dons, necessidades.
O mais importante para um profissional pode ser gostar do que faz, já outro um ambiente competitivo lhe dá prazer.
As necessidades dos seres humanos são muitas e se manifestam de forma alternada ou simultaneamente, de forma que algumas vezes está satisfeito em algumas delas e frustrados em outras. 
As pessoas dizem freqüentemente que a motivação não dura. Bem, nem o banho e é por isso que ele é diariamente recomendado. (Zig Zglar), mencionado por Prof. Massaru Ogata, em palestras sobre motivação nas empresas. (2010).

5 CONCLUSÃO

Constata-se que, na prática, motivação do trabalhador é assunto complexo e que abrange muitos conhecimentos. Qualquer comentário conclusivo é simples demais, tendo em vista as generalidades que envolvem o quesito motivação seja, no trabalho ou mesmo na vida das pessoas. Mas é bastante evidente que um indivíduo desmotivado não corresponde plenamente aos objetivos de uma organização, porém também é certo que as pessoas não ficam motivadas sempre. Outra constatação possível de se fazer é que a motivação surge a partir das necessidades particulares de cada pessoa e o que pode ser fator motivador para alguns indivíduos, pode não ser para outros, mesmo em situações iguais. Constantemente, as organizações devem estar atentas, pois a motivação é peça chave para alcance dos objetivos de toda empresa e as pessoas, geralmente, não ficam motivadas por muito tempo e precisam de novo foco de interesse. Cada trabalhador deve ser visto, individualmente, tendo em vista que diferem um dos outros através de suas crenças, percepções, vivências de mundo, traços de personalidade, entre outros fatores influenciadores do comportamento de cada indivíduo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERGAMINI, Cecília Whitakers. Avaliação de desempenho humano na empresa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
BRANDÃO, N. L. S. Ninguém motiva ninguém. Disponível em: http://www.ahmg.com.br/index.asp?Metodo=ExibirDet&Chave=1544. Acesso dia 01/04/2010, 20:51 h.
MURREL, Hywel. Motivação no Trabalho. Vol. E5. Rio de Janeiro, 1977.
RODRIGUES, Marcus Vinícius Carvalho. Qualidade de vida no trabalho. 5. ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1998.
PÉREZ-RAMOS, J. Motivação no Trabalho: abordagens teóricas. Psicologia-USP, São Paulo, 1 (2): 127 140, 1990.
JACQUES, Maria da Graça Correa. Identidade e Trabalho: Uma Articulação Indispensável. (UFRGS – RS).
OGATA ML CONSULTORES. Motivação nas Empresas. Disponível em: //www.palestrademotivacao.com.br/palestra_de_motivacao_com_massaru_ogata.asp consulta realizada em 01.04.2010.
LAFER, Celso, no prefácio à edição brasileira da obra ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro, p.13.
ENGEL, Friedrich. O papel do trabalho na transformação do macaco em homem. 2 ed. SP: Global Editora, 1984, p.9.

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