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sábado, novembro 23, 2024

SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

O Serviço Social no Brasil teve uma influência enorme dos movimentos sociais que se desenvolviam na Europa. Lá, os termos: Serviço Social e Assistente Social eram muito comuns e tinham fortes influências, em razão da consolidação da atividade, já considerada uma profissão.

No Brasil, a deflagração do processo se deu pelo ano de 1932, quando da visita de uma senhora Belga, Adèle de Loneux, que aqui esteve e realizou palestras no Rio de Janeiro e em São Paulo, palestras estas, que lançaram as primeiras idéias do Serviço Social. Retornando ao seu país, acompanharam-na duas brasileiras: Maria Kiehl e Albertina Ramos que, na Escola de Serviço Social de Bruxelas estudaram e se formaram, retornando ao Brasil em 1936, dando início à implantação dos primeiros momentos do Serviço Social. Ao seu retorno ao nosso país, fundaram a primeira Escola de Serviço Social de São Paulo. Apoiada pela igreja, no ano seguinte é fundada no Rio de Janeiro o Instituto Social, também, uma escola voltada para a formação de profissionais da área, surgindo de ambas os primeiros Assistentes Sociais que vão se empenhar em organizar e criar a maioria das escolas que vão surgir nos próximos 10 anos.

O Serviço Social, até então, era considerado eminentemente um serviço assistencialista, tendo como objetivo básico, a ajuda aos pobres, uma vocação de ministério, não um trabalho, em razão de seu estreito relacionamento com a igreja. Nos primeiros anos de sua existência no Brasil, até idos de 1950, foi muito influenciada e seguiu uma corrente francesa, cujo foco principal era incentivar a disseminação de um serviço médico-social, centrado no propósito de ajudar os pacientes a utilizar de forma adequada o serviço médico-hospitalar.

A função paternalista como sempre foi visto, no período em que se consolidava no Brasil e nos anos subseqüentes, tinha como função, escolher clientes para obtenção de benefícios de ordem diversificada. Traçava suas estratégias centradas na organização social trabalhista, com extensão, não só ao trabalhador, como também à sua família, seguindo basicamente os preceitos da escola francesa. Esse quadro começa a sofrer alteração a partir de 1942, quando o governo dos Estados Unidos, dentro de um programa de cooperação, concedeu bolsas de estudo a diversos estudantes brasileiros e os levou a cursar suas Escolas de Serviço Social. Ao retornar, introduziram aqui o processo de Serviço Social de Casos e a Supervisão de Estágios.

Nos primeiros momentos do retorno dos bolsistas, a influência da escola norte-americana já se fazia sentir em alguns ensaios do Serviço Social de Grupos voltados para atividades de recreações e em Organizações de Comunidades. Para melhorar ainda mais o status da profissão, o Serviço Social se viu introduzido na Previdência Social, com a organização da Divisão do Serviço Social. Essa inserção do Assistente Social em uma grande entidade elevou o seu conceito e permitiu que um leque de opções para o desenvolvimento da profissão passasse a ser melhor observado e a profissão mais valorizada.

Aconteceu nesse período, diversos encontros e congressos e a cada um deles a profissão mais se consolidava ganhando espaço e em 1952, um projeto idealizado pelo Serviço de Informações Agrícolas do Ministério da Agricultura, convidou a assistente social Aylda Pereira para orientadora no que se referisse ao Serviço Social. Outros técnicos: agrônomos, veterinários, enfermeiras de saúde pública e educadora familiar integravam a equipe. O projeto se revelou de pleno sucesso e mostrou o quanto se podia fazer, resultando em modelo para outras iniciativas que viriam a surgir mais tarde.

Mesmo com as evoluções, o Serviço Social nesse primeiro período, mantinha-se com características assistencialistas, centradas nos problemas do ajustamento individual, apoiando-se nos valores convencionais e com uma atuação empírica. Os assistentes sociais ainda não tinham a capacidade de percepção crítica da utilização de outros processos e técnicas, numa situação de desenvolvimento que começavam apenas a descobrir.

O Serviço Social, entretanto, mantinha-se conservador e via no cliente, um desajustado julgando-o, passível de ajustamento. O pensamento reinante era que o indivíduo, deveria se moldar às condições de tradição e dos valores que regulavam a sociedade e a ela se integrar e se acomodar. O conceito da época, não levava em conta nenhum fator externo, que deveria determinar como fazer essa transição para buscar a integração, a satisfação e o Bem-Estar Social.

De 1949 a 1967, ocorrem mudanças extremamente rápidas para o Serviço Social: de uma prática empírica, para a procura de uma atuação científica, centrada em alguns princípios efetivamente consistentes. As escolas passam a oferecer disciplinas dissociadas e com objetivos voltados para outros pontos merecedores de serem analisados de forma separada, onde treinam-se os alunos, primeiro em Serviço Social de Caso; depois em Serviço Social de Grupo e, finalmente, em Organização da Comunidade, obedecendo, portanto, a uma ordem lógica de complexidade.

Por um bom período predomina no Serviço Social, os três temas centrais de atuação e as escolas as tornam disciplinas separadas. Treinam-se alunos em: Serviço Social de Casos, Serviço Social de Grupo e finalmente, em Organização de Grupo. O Serviço Social de Casos, em razão de sua melhor definição em relação aos demais, predominava. Isso porque tinha sido melhor estudado nos Estados Unidos e tinha tido uma melhor assimilação por parte dos assistentes sociais brasileiros, razão para ser considerado um método básico do Serviço Social.

A influência do SESC e do SESI, no Serviço Social ganha projeções diferenciadas e passa a ser largamente utilizado em hospitais, sanatórios, escolas e outras instituições. A idéia central era trabalhar praticamente na organização das comunidades, em vários campos: família, saúde, menores, área rural, empresas, habitação, etc., cada um com suas especificidades.

Mesmo sendo incluídos quando em processo de criação de órgãos regionais de desenvolvimento como a SUDENE, órgãos de planejamento e administração de grande expressão, o assistente social ainda se via incumbido da realização de projetos inexpressivos e com objetivos limitados, tais como: construção de vias de acesso, chafarizes, fossas, etc. Como parte desse pacote que envolvia mudança de comportamento e forma de atuação, foram construídos centros comunitários ou sociais alem de projetos independentes em vários pontos do país. Alguns, em escala reduzida apresentaram resultado considerado bom e o aproveitamento do Assistente Social se dava de forma discreta e até mesmo secundária. Mais tarde, conselhos de moradores e associações representativas, com o objetivo de obter maior poder de representatividade, esbarraram em dificuldades, tais como: planos regionais de desenvolvimento que nem sempre incluíam aquela comunidade ali representada e falta de recursos técnicos e financeiros para levar avante os projetos dela.

Infiltradas por elementos e grupos políticos, esses representantes passaram a ter uma função de “grupos de pressão”, com pouca ou nenhuma representatividade.

A atuação do Assistente Social em alguns projetos voltados para o desenvolvimento de certas regiões do país, como o Nordeste, os levavam a se envolverem completamente nesses projetos e o processo do Serviço Social era comumente equiparado ao próprio plano de desenvolvimento e isso só servia para tornar mais confuso o verdadeiro papel do Assistente Social e levar a um desvirtuamento de sua verdadeira função.

Mesmo sendo direcionado para interesses divergentes, o Serviço Social sempre teve, até por volta de década de 80, um controle por parte da classe dominante, que o influenciava e direcionava para a execução de seus interesses próprios, influenciando inclusive em sua ética profissional para os interesses maiores aos quais encontrava-se articulado.

Somente a partir dos anos 90, o Serviço Social começa a romper essa barreira e passa a viver uma identidade própria, construída a partir de debates que levaram a uma reflexão ético-crítica na busca de romper com o tradicional conservadorismo a que a profissão se encontrava vinculada. A elaboração de um Código de Ética Profissional ocorrido em 1993, trouxe novo posicionamento para a profissão, tendo como valor ético-central, a liberdade, onde se propõe a erguer as bases centradas na construção de uma nova ordem societária que defende a promoção do homem na sua condição humano-genérica.

A palavra Ética – originada do grego ethiké e do latim ethica – relaciona-se a um princípio de moral, que enseja um conjunto de princípios e normas consideradas como ideais para a sociedade, centrada em princípios de caráter, lisura, honestidade, discernimento e respeito. O Serviço Social de hoje, se vê inserido no processo de desenvolvimento da sociedade e dispõe de vasto conhecimento que lhe é fornecido como parte do processo de sua formação de curso superior. Dispõe de qualificações que privilegiam intervenções investigativas, através de pesquisas e analises das realidades sociais, atuam na avaliação, formulação e execução de programas e políticas sociais, voltadas para a ampliação e defesa dos direitos humanos, justiça social e inserção do indivíduo no gozo pleno de seus direitos individuais.

BIBLIOGRAFIA
VIEIRA, Balbina Ottoni, História do Serviço Social, capítulo III.
WIKIPÉDIA, enciclopédia digital livre – pesquisa realizada pela internet

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