A sociolinguística é a área que estuda as relações entre linguagem e sociedade, pois os seres humanos vivem organizados em sociedades e faz parte de um plano de comunicação oral, uma língua.
Língua e sociedade
Essa relação é mais marcante do que se imagina. A própria língua como sistema acompanha de perto a evolução da sociedade e reflete de certo modo os padrões de comportamento, que variam em função do tempo e do espaço. Inversamente. Pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestações do pensamento sejam influenciadas pelas características que a língua da comunidade apresenta.
Estudiosos da Linguística
Para Saussure, a língua e um fato social, no sentido de que é um sistema convencional adquirido pelos indivíduos no convívio social. Ele aponta a linguagem como faculdade natural que permite ao homem constituir uma língua, com isso, a língua se caracteriza por ser um produto social da faculdade da linguagem. Segundo ele: o estudo dos fenômenos linguísticos externos e muito frutíferos, mas e falso dizer que sem estes não seria possível conhecer o organismo linguístico interno. A linguagem é adquirida e construída pelo homem.
Segundo Meillet, A língua é, ao mesmo tempo, linguística e social, ele utiliza em seus estudos linguísticos uma orientação diacrônica, mas acredita que a historia das línguas é inseparável da historia da cultura e da sociedade.
A verdadeira historia da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo fato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada da enunciação ou das enunciações. A intenção verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. Afirma Bakhtin.
Dizia Jakobson que no principio a igualdade do código linguístico, postulado por Saussure, e adotado pela linguística, não passa de uma ficção desconcertante, já que todo individuo participa de diferentes comunidades linguísticas e todo código linguístico é multiforme e compreende uma hierarquia de subcódigos diversos, livremente escolhidos pelo sujeito falante.
Jakobson privilegia os aspectos funcionais da linguagem e identifica como fatores constitutivos de todo ato de comunicação verbal: o remetente, a mensagem, o destinatário, o contexto, o canal e o código.
Defensor da necessidade de um diálogo entre as ciências humanas, Cohen afirma que: os fenômenos linguísticos se realizam no contexto variável dos acontecimentos saciais. Para ele os estudos dos aspectos externos e internos de uma língua devam ser separados e assume a questão das relações entre língua e sociedade a partir de fatores externos.
Cohen estabelece temas de interesse para estudos sociológicos da linguagem, a partir do estudo das relações entre as divisões sociais e as variedades de linguagem, que permite abordar tópicos como: a distinção entre variedades rurais, urbanas e classes sociais, os estilos de linguagem (variedades informais e formais), as formas de tratamento, a linguagem de grupos segregados (jargão de estudantes, de marginais, de profissionais, etc.).
Na concepção de Benveniste língua e sociedade não podem ser concebidas uma sem a outra. e dentro da, e pela língua que o individuo e a sociedade se determinam mutuamente, dado que ambos só ganham existência pela língua.
A língua é a manifestação concreta da faculdade humana de simbolizar. É pelo exercício da linguagem, pela utilização da língua, que o homem constrói sua relação pela natureza e com os outros homens.
A linguagem sempre se realiza dentro da língua, de uma estrutura linguística definida e particular.
Para Benveniste sociedade e língua são grandezas de ordem distintas, que tem organizações estruturais diversas: a língua se organiza em unidades distintas, que são em números finitos, combináveis e hierarquizadas; o que não se observa na organização social.
A língua permite que o homem se sitie na natureza e na sociedade, o homem se situa necessariamente em uma classe, seja uma classe de autoridade ou uma classe de produção […] revela o uso particular que grupos ou classes de homem fazem dela […] e as diferenciações que daí resultam no interior de uma língua comum.
A língua é o instrumento de comunicação que deve ser comum a todos os membros da sociedade e é também o instrumento próprio para descrever, para interpretar tanto a natureza quanto a experiência.
William BRIGHT e a Sociolinguística
A proposta de Bright para a sociolinguística é a que ela deve demonstrar a covariação sistemática das variações linguísticas observáveis em uma comunidade as diferenciações existentes na estrutura social desta mesma sociedade.
Segundo ele: o objeto de estudo da sociolinguística é adversidade linguística.
Willian LABOV Sociolinguística Variacionista
O termo sociolinguística fixou-se em 1964, com Willian Labov, que fixou um modelo de descrição e interpretação do fenômeno linguístico no contexto social de comunidades urbanas conhecido como Sociolinguística Variacionista ou Teoria da Variação.
Labov sublinha o papel decisivo dos fatores sociais na explicação da variação linguística (diversidade linguística) e relaciona fatores como idade sexo, ocupação, origem étnica e atitude ao comportamento linguístico.
Objeto da sociolinguística
As pesquisas na área de sociolinguística são feitas por entrevistas e/ou amostragem.
O objeto da sociolinguística é a língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso. Seu ponto de partida é a comunidade linguística, um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas a respeito aos usos linguísticos.
Uma comunidade de fala se caracteriza não pelo fato de se constituir por pessoas que falam do mesmo modo, e sim por indivíduos que se relacionam por meio de redes comunicativas diversas e que orientam seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras.
A variação linguística: um recorte
Todas as línguas do mundo são sempre continuações históricas gerações sucessivas de indivíduos legam a seus descendentes o domínio de uma língua particular. As mudanças temporais são parte da história das línguas.
No plano sincrônico, as variações observadas na língua são relacionáveis a fatores diversos: dentro de uma mesma comunidade de fala, pessoas de origem geográfica, de idade, de sexo diferente falam distintamente.
Não há casualidade entre o fato de nascer em uma determinada região, ser de uma classe social e falar de certa maneira.
ALKMIM, Tânia Maria. Sociolingüística In: MUSSALIN, Fernanda (org.). Introdução á Lingüística. São Paulo: Cortez. 2006
MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Ana C. (org.). Introdução à lingüística: Domínios e
Fronteiras. Vol.1. São Paulo: Cortez, 2001.