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sexta-feira, novembro 22, 2024

SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA SOCIAL

Para Simone Weil, racionalização do trabalho não é método científico.

Para a filósofa francesa Simone Weil (1909-1943), a racionalização designa certos sistemas de organização industrial, mais ou menos racionais, que reinam atualmente nas fábricas, sob diversas formas. São apresentados como métodos de organização científica do trabalho.

A ciência passou a ser aplicada tanto nas forças da natureza como no emprego da força humana de trabalho, desde o fim do século 19. Podemos considerar que o emprego desses métodos na organização do trabalho desencadeou a segunda Revolução Industrial.

Do ponto de vista do operário
A racionalização deve ser vista do ponto de vista da produção e também do operário, porque impõe a ele um determinado regime de trabalho. Mas Weil destaca: não é apenas o salário que demonstra a sujeição do operário ao patrão. A servidão também está na imposição feita pelo patrão de um padrão de existência e de condições de trabalho.

A satisfação dos homens que trabalham na fábrica não coincide com as exigências da produção. Os capitalistas resolvem esse problema suprimindo os trabalhadores da questão. Os anarquistas suprimem as necessidades da fabricação.

A solução seria produzir mais produtos bem feitos e fazer trabalhadores felizes. O desafio da classe operária consiste em encontrar um método que seja bom para a produção, para o trabalho e para o consumo. E isso nem foi formulado.

Mudanças na organização do trabalho
Na organização do trabalho, a racionalização é entendida como algo que satisfaz a todas as exigências da razão e corresponde ao interesse do operário, do patrão e do consumidor. Essa idéia tem prestígio junto ao público, assim como a expressão “organização científica do trabalho”, em virtude da palavra “científica”.

Foi Frederick Taylor (1856-1915), engenheiro mecânico norte-americano, quem introduziu mudanças na organização do trabalho e fez aumentar a cadência da produção. Sua grande preocupação era evitar perda de tempo.

Concebeu e organizou progressivamente métodos com a ficha de fabricação, as durações para estabelecer o tempo necessário a cada operação, a divisão do trabalho entre chefes técnicos e um sistema particular de trabalho por peças de prêmio.

Capacidade máxima
Esse sistema, depois chamado taylorismo, consistiu em basear o ritmo de toda a produção no ritmo de produção do melhor operário e em eliminar aqueles que não atingissem o máximo de resultados.

Taylor buscava encontrar os meios mais eficazes de forçar os operários a dar à fábrica o máximo de sua capacidade de trabalho. Seu objetivo também era tirar o controle do ritmo de trabalho dos trabalhadores e, assim, romper com a influência dos sindicatos.
Um dos métodos de ação sindical da época era limitar a produção para impedir o desemprego e a redução das tarifas

A especialização da linha de montagem substitui operários especializados, retira do operário a escolha de seu método e a inteligência do seu trabalho e transfere isso para a seção de planejamentos e de estudos.

Ciência como instrumento de pressão
Para Simone Weil, a racionalização verdadeira visaria o progresso técnico aliado a menos esforço da força de trabalho. Na realidade, houve interferência na intensidade do trabalho, coisa que não pode ser mensurada pela duração. Pode-se trabalhar de forma muito ou pouco intensa numa mesma hora. O que não se leva em consideração quando se aumenta o ritmo de trabalho é que o limite do operário já tenha sido atingido.

Acelerar o ritmo pode ser mais grave para o organismo humano do que aumentar a duração do trabalho. Esse processo desqualificou os operários, reduziu-os a moléculas dentro das fábricas e destruiu a solidariedade por meio da concorrência e das gratificações.

Esse sistema não pode ser chamado de científico, segundo Weil, porque atribui à ciência um papel de instrumento de pressão. Ele não atua para melhorar a qualidade das vidas humanas. Busca, apenas, as vantagens dos patrões por meio do aumento e do controle da produção.

Fonte: Uol
Autor: Celina Fernandes Gonçalves Bruniera

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