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quinta-feira, novembro 21, 2024

SPAs – Viver Bem é Viver com Saúde

Autoria: Patrícia Pérola

SPA

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo despertar a reflexão sobre o assunto SPA, servindo como um meio da sociedade estar se inteirando para este assunto.

Através da presente pesquisa pudemos mostrar a importância da interdisciplinaridade na prática no dia-a-dia nos SPAS; onde pudemos focar dentro do Estado de São Paulo, mais especificamente na cidade que é a pioneira e conhecida pelos SPAS de emagrecimento nela instalada, Sorocaba.

O SPA é de suma importância para um complexo turístico que providencia atividades de lazer saudável, geralmente em contato com a natureza e a água.

Esta pesquisa mostra como é a estrutura de um SPA, os padrões e o nível de geração de empregos diretos e indiretos, o comportamento do ser humano fora de sua residência, a importância da boa aparência, os eventos que acontecem dentro dos SPAS.

Procurou-se em seus capítulos aprofundar nos seguintes assuntos: Turismo, Turismo de Saúde, Termalismo, Nascimento da hotelaria, Hotelaria no Brasil, Definições de SPA e suas origens, Tipos e Categorias dos SPAS, Alimentação nos SPAS, SPA X Economia e Estatística, Comportamento da sociedade perante o SPA, o diferencial dos uniformes de um SPA, Tecnologia X SPA, Lazer e entretenimento nos SPAS, Gestão de Pessoas na Hotelaria/SPA, onde você poderá através deste trabalho formar a sua própria postura científica.

INTRODUÇÃO

Com esta pesquisa pretendeu-se mostrar a importância de interdisciplinaridade junto ao ramo de hotelaria, mais especificamente o “SPA”, com o objetivo de focalizar essa interpretação equivocada a respeito de que as disciplinas não estão interligadas como uma teia.

Através de nossas investigações bibliográficas foi possível proporcionar um maior conhecimento a respeito desta nova visão da interdisciplinaridade.

Essa visão da interdisciplinaridade é muito recente, e levará algum tempo para que haja consciência desta prática no dia-a-dia dos empresários.

O tema SPA foi escolhido porque a nossa região é pioneira nesse quesito, principalmente a cidade de Sorocaba, que é conhecida pelos SPAS de emagrecimento.

A palavra SPA é originaria de um município da Bélgica, da província de Ardenas, famosa por suas termas chamada SPA Francorchamps. Ela tem como significado “Sanus per Aquam”, Saúde pela água.

O SPA é uma designação técnica para um complexo turístico que providencia atividades de lazer saudável, geralmente em contato com a natureza. Tem como objetivo promover a saúde a senso latu (física, mental e social), atuando na prevenção, tratamento e reabilitação de doenças para melhorar e aumentar a qualidade de vida através da reeducação alimentar, diagnóstico dirigido e tratamento de estresse.

Os principais pilares do conceito dessa são a educação alimentar com dietas personalizadas, as avaliações físicas individuais, o acompanhamento psicológico e o lazer. Possui estrutura física, equipamentos e profissionais para atender diversos objetivos do público que procura os benefícios de técnicas e procedimentos para promoção de saúde e a conquista de novos hábitos.

Para um melhor desenvolvimento desse trabalho de pesquisa científica, visitamos o SPA Med Campus da região de Sorocaba para uma melhor visão da realidade dentro dele. Contudo, cabe a nós sabermos de antemão uma visão teórica do assunto em pauta, para assim poder ser verificado na prática.

Segundo os autores, Ana Lívia Silva e Cristiane Barreira (1994:41):

“SPA instituto autônomo ou ligado a uma organização hoteleira com programação definida de esportes, exercícios, lazer, fisioterapia, atividades recreativas, orientação medica, até uma dieta balanceada que tem como um dos seus propósitos remover o excesso de peso, dando ao individuo melhor aparência estética”.

Segundo o autor, Fred Lawson (2002:87)

“Os modernos spas buscam clientes em um mercado com uma variedade de necessidades e incluem uma ampla gama de disponibilidades para recreação individual e da família”.

Para os autores Nelson Andrade, Paulo Lúcio Brito e Edson Wilson Jorge (2000:85), a idéia é que

“SPAS são voltados para hóspedes interessados em saúde e cuidados com o corpo. Originalmente os SPAS vinculam-se a locais onde as propriedades terapêuticas das águas constituíam o atrativo principal. Hoje, o interesse por esse tipo de instalação vem se aplicando com o foco sendo desviado para o controle de peso e condicionamento físico”.

Pode-se notar que cada autor citado acima tem um conceito de SPA próprio, porém todos mencionam que seu principal objetivo é o de cuidar da saúde.

Iniciamos nosso trabalho com a definição de turismo e turismo de saúde. Nesta pesquisa analisamos as origens do SPA, o que significa, onde surgiu, por que surgiu, quais são os tipos e o que mudou ao longo dos anos.

Procuramos mostrar como é uma estrutura organizacional dentro de um SPA, como eles se dividem para atender os clientes.Comparamos as classificações de SPA fornecidas pelas associações ABC (Associação Brasileira de Clínicas SPAS) e ISPA (Internation SPA Association), e como é a administração do Sistema Americano utilizado nos SPAS.

Apresentamos os padrões e o nível de geração de empregos diretos e indiretos que a indústria hoteleira proporciona junto ao setor de SPA, direcionando o foco para a região de Sorocaba, onde também analisamos os preços das diárias, dos pacotes e serviços opcionais que eles oferecem, tudo isso de maneira teórica e com alguns gráficos. Analisamos o SPA como um produto turístico e qual a demanda e a oferta turística nessa categoria.

Abordamos ainda o comportamento do ser humano fora de sua residência, o porquê do ser humano ser tão diferente do que é fora do seu ambiente residencial, incluindo o comportamento social, modo de agir e falar.

Analisamos a importância do uso dos uniformes dentro do SPA e seu diferencial, os cuidados com a aparência pessoal, sobre os eventos que acontecem dentro dos SPAS e o porquê de algumas empresas preferirem os SPAS ao invés de hotéis mistos ou de negócios.

Procuramos também verificar os benefícios que os sistemas informatizados de reservas – utilizados para procedimentos tais como check-in, check-out e reservas – trouxeram para os SPAS e a sua importância na atualidade para tais estabelecimentos.

CAPÍTULO I

TURISMO

1.1 Conceito de Turismo

A palavra turismo se originou da palavra tour, que é associada à idéia de uma viagem ou turnê teatral.

O turismo pode ser definido como a ciência, a arte e a atividade comercial especializada em atrair e transportar visitantes acomodá-los, e atender com cortesia as suas necessidades e desejos.

Segundo Lord Curzon (1859-1925), governador-geral da Índia, apud, Beni (1997:17)

“O Turismo é uma Universidade em que o aluno nunca se gradua, é o Templo onde o suplicante cultua mas nunca vislumbra a imagem de sua veneração, é uma Viagem com destino sempre à frente mas jamais atingido. Haverá sempre discípulos, sempre contempladores, sempre errantes aventureiros.

Vários autores procuraram conceituar este fenômeno que foi evoluindo até chegar ao conceito mais difundido que é o da OMT, Organização Mundial de Turismo.

Em 1910 o economista Herman von Schullard, apud, IGNARRA (2003:12) definiu-o como:

“… a soma das operações, especialmente as de natureza econômica, diretamente relacionada com a entrada, a permanência e o deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região”.

Tempos após surgiu a Escola de Berlim, que estudou o turismo nos aspectos econômicos. Arthur Bormann, apud, IGNARRA (2003:12) definiu-o como:

“… o conjunto de viagens que tem por objetivo o prazer ou motivos comerciais, profissionais ou outros análogos, durante os quais é temporária sua ausência da residência habitual. As viagens realizadas para locomover-se ao local de trabalho não constituem em turismo”.

Já Jafar Jafari, apud, IGNARRA (2003:12) apresenta uma definição mais holística do turismo:

“É o estudo do homem longe de seu local de residência, da industria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a industria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural da área receptora”.

Para Oscar de La Torre, apud, IGNARRA (2003:13):

“O turismo é fundamental social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural”.

Enfim, o turismo é conceituado pela OMT, apud, IGNARRA (2003:11), como:

“… o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por prazer, negócios ou outros fins”.

Pôde-se observar pela diversidade das definições que o turismo é um fenômeno complexo. A maioria das definições exclui dele as viagens desenvolvidas por motivos de negócios, de lucros.

O uso do termo ambiente usual tem por finalidade excluir as viagens dentro da área habitual de residência e as viagens freqüentes ou regulares entre o domicílio e o lugar de trabalho e outras viagens dentro da comunidade com caráter de hábito. Tal definição serve para padronizar o conceito de turismo nos vários países-membros dessa organização, mas não para definir a real magnitude desse fenômeno.

Por esta definição, o turismo é um fenômeno que envolve quatro componentes com perspectivas diversas:

O turista, que busca diversas experiências e satisfações espirituais e físicas;
Os prestadores de serviços, que encaram o turismo como uma forma de obter lucros financeiros;
O governo, que considera o turismo como um fator de riqueza para a região sobre sua jurisdição;
A comunidade do destino turístico, que vê a atividade como geradora de empregos e promotora de intercâmbio cultural.
Contudo, as viagens são responsáveis por grande parte da ocupação dos meios de transportes, dos hotéis, da estrutura de entretenimento, das locadoras de veículos e dos espaços de eventos. Todos esses elementos são considerados empreendimentos turísticos. Não é por outra razão que se desenvolveram os termos turismo de negócios ou turismo de eventos.

O turismo é uma combinação de atividades, serviços e indústrias que se relacionam com a realização de uma viagem: transportes, alojamento, serviços de alimentação, lojas, espetáculos, instalações para atividades diversas e outros serviços receptivos disponíveis para indivíduos ou grupos que viajam para fora de seu ambiente habitual. Ele engloba todos os prestadores de serviços para os visitantes ou para os relacionados com eles.

O turismo é toda uma indústria mundial de viagens, hotéis, transportes e todos os demais componentes, incluindo o marketing turístico que atende as necessidades e desejos dos viajantes. Do ponto de vista estritamente econômico, pode-se dizer que ele é a soma total dos gastos turísticos dentro de um país, subdivisão política ou região econômica centrada no deslocamento de pessoas entre áreas contíguas. Neste conceito, são também considerados os efeitos multiplicadores destes gastos turísticos.

Assim, podemos defini-lo como o deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual por períodos determinados e não motivados por razões de exercício profissional constante.

Uma pessoa que reside em um município e se desloca para outro diariamente para exercer sua profissão não estará fazendo turismo, mas um profissional que esporadicamente viaja para participar de um congresso ou fechar um negócio em outra localidade que não a de sua residência, sim.

1.1.1 O conceito de Turista, Excursionista e Visitantes

Os viajantes são consumidores de serviço turísticos, quaisquer que sejam suas motivações. Porém, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), estes consumidores podem ser classificados em turistas, excursionistas e visitantes.

Turista, na conceituação tradicional, é aquele que viaja com objetivo de recreação e que pernoita no destino visitado. Já em 1954, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU):

“Toda pessoa, sem distinção de raça, sexo, língua e religião, que ingresse no território de uma localidade diversa daquela em que tem residência habitual e nele permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo de seis meses, no transcorrer de um período de 12 meses, com finalidade de turismo, recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinações religiosas ou negócios, mas sem propósito de imigração”. (apud, IGANARRA – 2003:14).

Quando o visitante não pernoita em uma localidade turística, ele é definido como excursionista. Aquele que viaja e permanece menos de 24 horas em local que não seja de sua residência fixa ou habitual com as mesmas finalidades que caracterizam os turistas, mas sem nele pernoitar, é considerado excursionista ou turista de um dia.

Costumou-se designar os participantes de cruzeiros marítimos ou fluviais que visitam uma localidade, mas que pernoitam nas embarcações, com o termo visitante, embora este enquadre tanto turistas como excursionistas. Por similaridade, alguns autores o têm utilizado para designar aqueles que se hospedam em residências secundárias ou em casas de parentes.

De acordo com a amplitude das viagens, o turismo pode ser classificado em:

Local – Quando ocorre entre municípios vizinhos;
Regional – Quando ocorre em locais em torno de 200 ou 300 km de distância da residência do turista;
Doméstico – Quando ocorre dentro do país de residência do turista;
Internacional – Quando ocorre fora do país de residência do turista (intracontinental ou intercontinental);
Conforme a direção do fluxo turístico, ele pode ser classificado em:

Turismo emissivo – Fluxo de saída de turistas que residem em localidade;
Turismo receptivo – Fluxo de entrada de turistas em um determinado local.
Ele pode também ser classificado de outras formas. Cohen, em 1972, classificou em institucionalizados aqueles que individualmente ou em grupos viajam para lugares conhecidos por intermédio de agências de viagens, e em não-institucionalizados aqueles que viajam por conta própria para locais desconhecidos ou pouco conhecidos, fugindo das grandes massas de turistas.

Os viajantes não são necessariamente turistas, embora a maior parte deles demande os mesmos tipos de serviços turísticos.

A primeira distinção se faz entre residentes e visitantes. Parte dos residentes não é viajante, mas parte é; e os visitantes, por definição, são viajantes e podem ser classificados em dois grupos:

– viajantes de interesse do setor de turismo: dividem-se em internacionais, que podem ser divididos entre aqueles que viajam dentro do próprio continente onde residem e os que visitam outros continentes, e em domésticos, que podem ser classificados entre os que viajam dentro da região em que residem e aqueles que viajam para regiões mais distantes. O professor Wilson Rabahy propôs outra divisão para as viagens internas brasileiras: turismo doméstico propriamente dito e turismo rotineiro.

– Outros tipos de viajantes: representados pelas tripulações, pelos trabalhadores temporários, migrantes, estudantes etc.

Como se vê, os conceitos de viagem, turismo e recreação estão interligados e se confundem:

Viagens – A ação e as atividades das pessoas que se deslocam para um lugar ou lugares fora de sua comunidade de origem com qualquer propósito, exceto o deslocamento diário de ida e volta ao trabalho.
Turismo – Termo sinônimo de viagem.
Recreação – A ação e as atividades das pessoas que empregam o seu tempo livre de maneira construtiva e pessoalmente prazerosa.
A recreação pode incluir a participação passiva ou ativa em esportes individuais ou de grupos, em funções culturais, a apreciação dos aspectos da história natural e humana, educação não-formal, viagens de lazer etc.

1.1.2 Os Tipos de Turistas

Cohen, apud, IGNARRA (2003:17), em 1979 propôs nova classificação para os turistas:

Existenciais: Buscam a paz espiritual pela quebra de sua rotina.
Experimentais: Querem conhecer e experimentar modos de vida diferentes.
Diversionários: Procuram recreação e lazer organizados, preferencialmente em grandes grupos.
Recreacionistas: Buscam entretenimento e relaxamento para recuperação de suas forças psíquicas e mentais.
Robert McIntosh, apud, IGNARRA (2003:18), classifica-os em:

Alocêntricos: Têm motivos educacionais e culturais, políticos ou de divertimentos caros, como jogos de azar, e viajam individualmente.
Quase alocêntricos: São motivados por eventos esportivos, religiosos, profissionais e culturais.
Mediocêntricos: São motivados pela busca do descanso, quebra de rotina, aventuras sexuais e gastronômicas e tratamento de saúde.
Quase psicocêntricos: Viajam em busca de status social.
Psicocêntricos: São motivados por campanhas publicitárias.
O turismo pode ser classificado em turismo individualizado ou em turismo de massa. Essa divisão está relacionada com a diferença entre o volume de turistas. Porém, os termos têm sido utilizados também para classificar o padrão de gastos dos turistas. O turismo individualizado seria o praticado por aqueles que consomem mais e de forma mais seletiva, e o turismo de massa seria mias econômico e mais coletivo.

O turismo individualizado caracteriza-se pela maior indiferença em relação aos níveis de gastos, busca destinações mais distantes e exóticas, procura os meios de transporte mais cômodos, hospeda-se em hotéis luxuosos e procura os restaurantes mais famosos.

O turismo de massa, ao contrário, caracteriza-se por utilização de agências de viagens para a aquisição de pacotes, procura destinações mais próximas, viagens com duração mais curta, transportes mais baratos, hotéis econômicos, prefere destinações mais conhecidas, escolhe os períodos de férias escolares.

Essa divisão do turismo implica, naturalmente, exceções. Há formas de turismo individualizado, como o praticado em albergues da juventude, grandes grupos, mas com elevado nível de gastos, como é o caso dos cruzeiros marítimos.

Um fenômeno bastante singular do turismo é aquele movimentado de turistas para determinadas localidades para curtir o verão, o que, em geral, é feito em direção às cidades litorâneas, onde se curtem, praias e mar. Ele se caracteriza por ser periódico, ou seja, as pessoas procuram, via de regra, os mesmos lugares todas as férias ou todos os feriados prolongados.

Caracteriza-se, também, por períodos prolongados de permanência nas épocas de férias e por ocupar preferencialmente residências secundárias e não a estrutura hoteleira. Os turistas (veranistas) procuram se hospedar em casas próprias, de amigos ou parentes, ou alugam essas residências por temporadas.

1.2 Conceito de Turismo de Saúde

A origem do nome Turismo de Saúde deriva do termo francês week-end de santé, que quer dizer “tratamento de fim de semana”. Esse termo surgiu nos institutos franceses de “talassoterapia”, onde percebeu-se então que era possível obter resultados positivos com o uso das águas, mesmo em pequenas temporadas, num final de semana e até em três dias.

Segundo Mourão, apud, SILVA e BARREIRA (1994:20):

“O Turismo de Saúde se propõe a ser modalidade crenoterápica, na qualidade de inovação surgida recentemente, destinada aos esgotados, estressados ou acometida de certas doenças crônicas de tratamento ambulativo, que virtude de seus afazeres profissionais, questões econômicas e outras decorrências particulares”.

Pode-se dizer que o Turismo de Saúde é o conjunto de atividades turísticas que as pessoas realizam na procura de meios de manutenção ou de aquisição do bom funcionamento e da sanidade do seu físico e do seu psiquismo.

O Turismo de Saúde constitui, atualmente, uma das manifestações da área mais destacadas em muitos países da Europa, incluindo: check-ups, dietas especiais, tratamentos com complexos vitamínicos, tratamento com ervas, hidroterapia, balneoterapia, homeopatia, acupuntura e assim por diante.

Os componentes terapêuticos relacionados com a saúde não são novos; o que é novidade, entretanto, é o conceito de Turismo de Saúde como uma estratégia mercadológica deliberada e crescente.

1.2.1 Fase de Transformações

Segundo a definição de Licínio Cunha, Presidente da Comissão de Economia da FITEC (Federação Internacional de Termalismo e Climatismo), apud, SILVA e BARREIRA (1994:19):

“O Termalismo é o conjunto de relações e vantagens que derivam de deslocação e permanência das pessoas nas estâncias termais, com o fim de obterem melhores condições de saúde, ou evitarem sua degradação, mediante a utilização de fatores e meios terapêuticos”.

O Termalismo é considerado uma divisão da Medicina Física, e como tal, é uma atividade científica. Como toda Ciência, é dinâmico, está em constante evolução, adquirindo novos conhecimentos sobre a saúde do ser humano e como recuperá-la, ou seja, como manter o bem-estar físico e psíquico dos indivíduos. Sob esse prisma, a atualização em todos os seus setores é fundamental.

No decorrer dos tempos, sua evolução precisou ajustar-se às amplas mudanças políticas, econômicas e sociais ocorridas no mundo, bem como à industrialização e aos avanços tecnológicos deste final de século.

De forma mais ampla, o Termalismo passou a envolver um complexo de atividades científicas, fisioterápicas, turísticas, médicas, empresariais, públicas e administrativas.

Como conseqüência dessas mudanças, surgiu o Turismo de Saúde, em voga em alguns países europeus, no qual os turistas, geralmente habitantes das grandes cidades, em curtas temporadas, finais de semana, feriados, férias de poucos dias, à exceção dos períodos de intenso movimento, buscam tranqüilidade, repouso e bem-estar físico e psíquico.

Dessa forma, de maneira muito simplista, o Termalismo clássico de média e longa permanência nas estâncias será sempre o verdadeiro; o de curta permanência está reservado ao Turismo de Saúde, que deve ser valorizado.

As duas modalidades podem ser perfeitamente conciliadas nas estâncias, a fim de aumentar a freqüência dos turistas, principalmente nos meses de baixa estação, que caracteriza a ociosidade dos equipamentos receptivos.

1.2.2 Modalidades do Turismo de Saúde

O Turismo de Saúde se resume no Termalismo Médico de curta duração, em curas sucessivas. Realizado como processo crenoterápico, tal qual acontece na cura termal clássica, a persistência torna-se fator indispensável, devendo-se evitar sua interrupção até que os resultados desejados sejam obtidos. Em caso contrário, os pacientes não alcançarão alívio para os seus sintomas, nem mesmo temporário.

Diante dessas considerações, podemos distinguir duas modalidades de Turismo de Saúde: o transitório e o medicinal.

A primeira modalidade, o Turismo de Saúde transitório, não possui valor terapêutico preventivo ou curativo, no qual os turistas de passagem, em busca de novidades ou por simples curiosidade, vão às termas para conhecerem e experimentarem os tratamentos disponíveis. Normalmente, eles apreciam e elogiam as aplicações terapêuticas, mas os efeitos são apenas psicológicos.

Esses turistas devem ser bem tratados, pois, além de pagarem pelos serviços das termas, são “curistas potenciais” e podem ser ótimos agentes de propaganda.

A segunda modalidade, o medicinal, é considerado o autêntico Turismo de Saúde. Diz respeito aos turistas que utilizam as águas para se tratarem, mas que, por falta de tempo, não podem permanecer por um período mais longo nas estâncias. Nesses casos, o médico deve considerar o problema apresentado criando um cronograma crenoterápico a fim de que o curista possa retornar em outras ocasiões, de acordo com suas conveniências, para dar continuidade ao tratamento iniciado.

As curas sucessivas dividem-se em:

A. Pequenas temporadas – a permanência na estância deve ser de duas semanas, com uma sessão hidrotermal diária. Caso não tenha sido suficiente, o curista retornará assim que possível para uma ou mais temporadas. Independentemente do resultado obtido, para consolidar o tratamento o paciente deverá retornar dentro de seis meses, permanecendo no mínimo uma semana;

B. Curtas permanências – estadia de poucos dias (finais de semana, feriados, etc.), repetidas aproximadamente a cada três meses, até que os resultados alcançados sejam considerados satisfatórios. Somente a persistência e a regularidade no tratamento poderão proporcionar respostas clínicas adequadas.

1.2.3 Desenvolvimento do turismo de saúde

Na década de 70, a maioria das estações turísticas e termais da Europa, transferindo a ênfase do tratamento de doenças para o incremento e prolongamento da saúde num ambiente de lazer, começaram a recuperar suas atividades, resultando na modernização da infra-estrutura e numa forma de hospedagem e de entretenimentos mais bem adaptados à clientela.

Essa reação foi necessária para escapar de uma especialização excessivamente geriátrica e para atrair visitantes mais jovens, que buscaram férias junto ao mar, à areia e ao sol.

O surgimento e evolução desses novos produtos posicionam os tratamentos preventivos em oposição àqueles de cura, dando assim uma nova dimensão às termas do continente europeu.

Segundo SILVA e BARREIRA (1994:22):

“Na Alemanha e Itália, existem uma cultura e uma indústria de Turismo voltados à saúde, bem estabelecidas, sendo esses dois países seguidos de perto pela França, Suíça e Áustria”.

Diante de uma tendência crescente da retomada do culto ao corpo como meio de prolongar a eficiência e as capacidades vitais, os turistas estão voltando a freqüentar as estâncias e buscam cada vez mais esses locais para se tratarem, por indicação médica ou por conselho de algum amigo.

Hoje, há um sensível aumento de jovens e adultos sadios que viajam em busca dos recursos terapêuticos nas estâncias climáticas, termais e hidrominerais, até bem pouco tempo freqüentadas quase que exclusivamente por idosos e enfermos.

Esse redirecionamento está ajudando a provocar um movimento de efetivo reconhecimento das águas mineromedicinais como recurso terapêutico e importante ponto de marketing turístico para a promoção das estâncias.

Segundo SILVA e BARREIRA (1994:23):

“O Turismo de Saúde é a alavanca que pode terminar de vez com a esfera, o desânimo e a letargia por que passam as estâncias brasileiras, vocacionadas e preparadas fisicamente para a recepção dos turistas”.

1.3 SPA – Viver bem é viver com saúde

A saúde é um aspecto muito importante de nossas vidas, mas somente nos damos conta disso quando começamos a perdê-la.

Mas a saúde não se resume somente aos aspectos físicos, também aos aspectos mentais. A prova disso é o comportamento das pessoas que se encontram acima do peso.

Partindo então deste princípio é que os SPAS atuais estão cuidando não somente dos aspectos físicos do paciente (emagrecimento), mas também dos aspectos psicológicos (mente).

As pessoas começam o mau relacionamento com sua aparência primeiramente com o espelho, depois descarregam a frustração na alimentação, principalmente em horários irregulares.

Quando chegam no estágio físico de “obeso” começam a demonstrar doenças físicas, como: dor na coluna, pernas inchadas e a pior de todas, a “depressão”.

Dentre todas as doenças de aspectos psicológicos de nossa época, talvez a mais comum seja o stress, que acarreta muitos e muitos problemas para o ser humano.

Mas por que viver bem é viver com saúde? Porque é humanamente impossível viver bem e não ter saúde, com saúde sim podemos pensar no modo de como viver bem.

Todos conhecem aquele famoso ditado popular: “As pessoas só dão valor para as cousas depois que as perdem”. Sendo assim, com a correria diária da vida moderna as pessoas não têm tempo para pensar em si mesmas, elas se esquecem de que o mais importante na vida, mais ainda que todos os bens que o dinheiro pode comprar: a saúde.

Por tais motivos surgiram os SPAS, que hoje são referência para quem quer ter uma qualidade de vida associada ao bem estar.

A maioria dos SPAS possui área verde, médicos especializados, nutricionistas, psicólogos, etc., lugares estes que proporcionam bem estar para corpo e mente.

Em geral, um dos principais motivos que leva uma pessoa a procurar um SPA é a perda da auto-estima. Este fato exige um ambiente totalmente diferente do que a pessoa vive em sua rotina normal.

Os SPAS também focam o seu atendimento para pessoas que se encontram cansadas pelo stress do dia-a-dia, principalmente os executivos, para um simples relaxamento.

Para que as mudanças de hábitos possam realmente acontecer, temos que crer que os SPAS são os melhores ambientes para que uma pessoa consiga mudar seus hábitos alimentares e começar a viver bem e com saúde.

CAPÍTULO II

TERMALISMO

2.1 Conceito de Termalismo

As estâncias hidrominerais, climáticas, termais e litorâneas possuem recursos que, por si só, podem ser utilizados de forma muito benéfica para o organismo humano. O aproveitamento dos recursos naturais de forma a produzir efeitos terapêuticos é o que define o conceito de Termalismo (thermai, do grego, e thermae, do latim, referem-se a banhos quentes).

A palavra Termalismo é utilizada de maneira genérica para designar o emprego da água mineral (Crenoterapia), do clima (Climatoterapia), do mar (Talassoterapia), das areias e emanações radiotivas (Radioclimatoterapia) e do microclima de determinadas grutas, cavernas e galerias subterrâneas (Espeleoterapia) com finalidades curativas.

Quando falamos em práticas termais, referimo-nos aqui a um conjunto de práticas que têm como agente terapêutico a água termal e que ocorrem no espaço de um estabelecimento balnear, usualmente designado em Portugal e no Brasil por balneários, termas ou casa de banhos. Os locais onde existem esses estabelecimentos têm designações diferentes conforme o país e a época histórica. São utilizadas para essas localidades as seguintes designações: caldas, termas, estâncias termais, estâncias hidrominerais. Estas expressões estão hoje definidas por legislações internacionais e nacionais relativas ao termalismo, às águas minerais e ao turismo.

A expressão termalismo tem sido usada indiferentemente por aqueles que têm escrito sobre o uso das águas termais. No entanto, as fontes e a bibliografia até agora por nós consultadas parecem indicar que a designação foi utilizada apenas no século XX.

As práticas termais tiveram uso ancestral e são associadas, sobretudo por médicos, à fase ‘religiosa’ e ‘empírica’ da medicina. Com o advento da medicina dita científicos, os médicos sentiram necessidade de se apropriar dessa prática terapêutica — para uns populares, para outros do domínio da magia — de modo a que ela acompanhasse a história da medicina.

Segundo Armando Narciso (1940:3):

“… a terapêutica termal foi até a pouco, quase julgada pela ciência oficial, como um ramo da magia. Desta situação resultou o desdém de muitos cientistas por esta terapêutica e o seu afastamento sistemático do ensino universitário”.

Nessa terapêutica, o agente é a água termal, que foi transformada no final do século XIX, particularmente na França, em objeto de estudo de uma nova ciência, a Hidrologia Médica.

E foram médicos hidrologistas que definiram o termalismo como “… um conjunto de atividades que envolvem a terapêutica pelas águas minero-medicinais aplicadas a um doente durante a sua estadia numa Estância Termal”.

Segundo Mourão, (1992:13), apud, Teixeira (1990:27):

“… termalismo ou hidroclimatismo, diz respeito ao conjunto de tratamento hidriático, climático, pelóidico, pepsâmico, cinésico, psicológico e higienodietético. E todos eles, sempre que possível, empregados simultaneamente constituindo um programa com diversas modalidades de cura e admitindo-se, em determinados casos, a complementação com fisioterapia e farmacoterapia”.

Empregamos aqui a designação termalismo quando nos referimos ao conjunto de atividades terapêuticas desenvolvidas no espaço de um estabelecimento balnear e que tem como agente terapêutico a água termal.

No Brasil, usualmente, o acesso aos estabelecimentos termais não impõe uma passagem prévia por um médico, nem esse tipo de terapia está integrado em um sistema de saúde.

Já em Portugal é necessário haver supervisão médica para se usar as águas termais. Este tipo de terapia está contemplado no sistema nacional de saúde, sendo comparticipada financeiramente pelo Estado português.

Essa conjuntura poderia induzir-nos a pensar que em Portugal haveria uma tendência entre os médicos a prescrever esse tipo de terapia assiduamente.

Mas isso não é, no entanto, o que a etnografia realizada por meio de entrevistas com usuários e médicos, permitiu perceber, nem o que decorre da leitura de alguns textos médicos.

Os usuários comentam freqüentemente que, quando questionados sobre a utilidade do uso dessa prática, os respectivos médicos dão como resposta: “Pode ir! Se não fizer bem, mal também não faz”.

Já os médicos queixam-se do desconhecimento e da minimização desse tipo de terapia por parte de alguns colegas, a quem acusam de contribuir para o não desenvolvimento dessa ‘ciência’. Pois em Portugal, para poder exercer clínica em um estabelecimento termal, é necessário ter formação no nível de pós-graduação em hidrologia médica.

A situação parece apresentar-se como um paradoxo: as práticas termais em Portugal são legitimadas como um saber médico ‘científico’ pela medicina e pelo Estado, mas simultaneamente são negadas no próprio contexto do corpo médico ou adotadas como placebo.

No Brasil, não é necessária a especialidade em hidrologia médica para exercer clínica em um balneário termal, sendo que hoje inexiste tal disciplina no currículo escolar das universidades de medicina.

Assim, os dois contextos levam a usos diferentes das práticas termais por parte de seus utilizadores e dos demais atores sociais envolvidos nesse processo.

2.2

Como surgiram as termas?

A relação homem/água remota aos primórdios do ser humano na face da Terra. A água cobre sete décimos desse planeta e não existe ser vivo que sobreviva sem sua existência, pois ela é veículo para elementos indispensáveis à vida, sendo o organismo humano adulto constituído de aproximadamente 60% de água.

Segundo Alvisi (2001:100)

“O uso terapêutico das águas começou quando o homem pré-histórico notou que lavadas as feridas saravam mais rápido, ou que poderia diminuir suas dores se imergisse a região afetada”.

A origem das águas minerais é discutida desde a mitologia grega, onde se relatava que Pégasus, o cavalo alado, escoiceando uma rocha, fez uma fenda e dela teria brotado a primeira fonte de água mineral. Poderes milagrosos de cura foram atribuídos a muitas dessas fontes, as quais recebiam o nome dos deuses, tais como Minerva, Vulcano, etc.

Ao redor dessas fontes, num ambiente propício para tratamentos diversos, formavam-se os “Asclepions”, que eram santuários, verdadeiros centros de peregrinação, onde o conhecimento da arte médica era passado de geração para geração por sacerdotes. Asclépio foi um médico, citado na Ilíada por Homero que sofreu um processo de glorificação e posteriormente veio a divinização, tornando-se deus da medicina. Devido à fama, teria emprestado seu nome para esses centros médicos espalhados pela Grécia, que possuíam, além das fontes, campos de esportes e divertimentos. Os gregos usavam a música para perturbações nervosas, sonhos para descobrirem a origem das doenças e a hipnose com finalidades terapêuticas, associadas ao uso das águas. A civilização grega trouxe o início da utilização das práticas hidroterápicas enquanto ciências, acompanhadas de massagens e dietas especiais.

O emprego de banhos teve seu apogeu na Idade Antiga com o Império Romano: em toda a sua extensão de domínio, havia Thermas que guardavam dois objetivos: o primeiro era de caráter curativo e revigorante das tropas e atendia também à população das localidades onde as termas eram construídas; o segundo era o aspecto social, proporcionando às famílias ricas um conjunto de facilidades destinadas, sobretudo ao repouso e ao divertimento. Essas famílias iam em caravanas até às localidades recém-conquistadas, onde as Thermas iam sendo consolidadas, desenvolvendo assim uma atividade turística. Palácios e vilas ricamente construídas junto às fontes serviam como segunda residência e neles se realizavam, a ritmo quase constante, festas destinadas a entreter os poucos privilegiados que, rodeados de escravos, gozavam as delicias de seu status político e social.

Os romanos não só impunham novas leis aos povos conquistados, como também seus costumes. Isso acarretou que grande parte da Europa e norte da África também adquirissem o “vício” das práticas termais. Mais ou menos 300 anos d.C. Roma tinha por volta de 1000 termas, onde teve origem a expressão Termalismo, referindo-se à utilização das termas. Muitas dessas termas ficaram famosas e o são fatos hoje, como a Aix-la-Chapelle (onde Carlos Magno fixou a sede de seu governo) e muitas outras.

Bath, na Inglaterra, é até hoje uma comprovação da dominação romana nas Ilhas Britânicas. É considerada uma cidade mundialmente importante porque abriga ruínas que testemunharam a história da humanidade. A arqueologia nos últimos 300 anos desvendou em Bath a complexa estrutura, com divisões arquitetônicas como as salas de teridarum (com piscina de água tépida), laconicum (verdadeiras saunas), caldarium (com piscinas de água quente), etc., que eram construções destinadas a utilizações diversas, com finalidades específicas, evidenciando a utilização das termas com propósitos curativos. Entretanto, quando sobreveio a queda do Império Romano e a passagem para a Idade Média, o corpo foi considerado por muitos como instrumento de pecado e o uso de banhos praticamente desapareceu, chegando mesmo a ser apontado como uma das causas do declínio romano.

Durante a Idade Média, as trevas culturais levaram a uma regressão de toda a Ciência invadida que se viu por conceitos místicos retrógrados, por pressões religiosas cruéis, que só visavam à reorganização e à recuperação do poder da Igreja. As pragas e epidemias que dominaram esse período reforçaram o abandono do uso dos banhos públicos.

Com a Renascença, mudaram-se os hábitos e os costumes, possibilitando o ressurgimento do Termalismo. Mas esse retorno às práticas termais pouco durou em função da sífilis. Acreditava-se que ela fosse transmitida através das piscinas térmicas. Só no final da Renascença e com o controle da sífilis é que o Termalismo finalmente renasceu.

Na França, nos séculos XVII e XVIII, os reis iam às águas com suas comitivas, e assim as fontes e os banhos foram pouco a pouco sendo redescoberto. Como os visitantes das estâncias utilizavam apenas parte do dia para os banhos, sobrava tempo para outras atividades. Assim, criaram-se outras opções de entretenimento que não tinham necessariamente alguma ligação com o aspecto medicinal e constituíam-se de teatros, casas de ópera, cassinos, pista de corrida, livrarias, salões de bailes, etc., mudando a ênfase da saúde para o lazer, atraindo a aristocracia da época. Dessa forma, as cidades adquiriram fama não pela quantidade dos tratamentos que ofereciam, mas sim pela reputação de sua clientela.

No século XIX, o Termalismo alcançou o seu apogeu. As grandes estâncias hidrominerais progrediram aceleradamente, principalmente na Europa, com a invenção das estradas de ferro, que facilitaram o acesso às estações de águas.

No final do século XIX e início do século XX, o Termalismo passou da era empírica para a clínica, com estudos científicos e controle das águas para análise química. Billard, um pesquisador francês, foi quem em 1905:

Segundo Pupo (1952:35), apud, SILVA e BARREIRA (1994:20):

“… deu início a uma série de experiências que comprovariam as qualidades terapêuticas das águas minerais e passariam a ser consideradas águas medicinais”.

Nessa época, a Hidrologia médica passou a ser ensinada nas faculdades de medicina em vários países europeus.

“Esse surto de evolução [de acordo com Fumest (s.d:6)] resistiu até o final de Segunda Guerra Mundial”, a partir da qual o Termalismo sofreu um profundo esvaziamento, em conseqüência do avanço da indústria farmacêutica, que inaugurou a era dos antibióticos e dos corticóides. O emprego de uma medicação de efeito mais rápido e mais potente permitiu que progressivamente os recursos naturais oferecidos pelo termalismo fossem caindo no esquecimento. A queda do poder aquisitivo decorrente das mudanças socioculturais e políticas do século XX, aliada à procura crescente pelas estâncias balneárias litorâneas por parte dos turistas, acabou por acentuar o declínio da procura pelas estâncias hidrominerais.

Segundo Oswaldo (1974:58), apud, SILVA e BARREIRA (1994:25):

“Crenoterapia é a mais desenvolvida área do termalismo, é o tratamento de doenças com o aproveitamento das propriedades químicas e fisicoquimicas das águas minerais naturais”.

A Crenoterapia vem reerguendo-se lentamente na França, Alemanha e Rússia desde a década de 60, onde é vista como uma forma de Medicina Alternativa, e muitas clínicas européias localizam-se em formosas e tradicionais estâncias hidrominerais.

Hoje existe a nível mundial uma grande preocupação com a manutenção da saúde no seu aspecto preventivo e não só com a recuperação da mesma, sob o aspecto curativo, o que direciona o indivíduo em busca de recursos naturais de tratamentos, desintoxicantes e relaxantes, tão necessários ao desgaste psicofísico provocado pela vida moderna.

Segundo Bruggemann, apud, SILVA e BARREIRA (1994:16):

“A hipótese mais provável é que a água da chuva desça pelas fendas de formação rochosa e encontre a mais de um mil metros de profundidade, rocha em fusão. Suba por pressão de temperatura e vá trazendo traços dos minerais presentes nas rochas, a maioria granito. Acaba retornando aquecida e mineralizada”.

Atualmente podemos obter informações da sua existência baseados em estudos do biólogo Fernando Bruggemann, que há 11 anos estuda educação ambiental no Resort Plaza Caldas da Imperatriz, localizado em Santa Catarina, e explica que os diferentes tipos de rochas é que são responsáveis pelo enriquecimento das águas, podendo ser alcalinas, magnesianas, radioativas, entre outras.

O gerente geral do Resort Plaza Caldas da Imperatriz SC, Eduardo Pereira Mello apud, SILVA e BARREIRA (1994:16), explica que:

“A combinação dos sais identificados na água, com a sua neutralidade, de uma pequena dose de radioatividade, aliada á temperatura, favorece o corpo todo”.

Hoje as águas presentes em cavidades subterrâneas são as principais reservas de águas e estas abastecem os rios e lagos. O seu uso é bastante diversificado entre eles: consumo, irrigação, balneoterapia.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico – IBGE (Recursos Naturais e Meio Ambiente, 1998) nos indica que “51% do suprimento de água potável se origina do recurso hídrico subterrâneo”;

2.3 Termalismo no Brasil

Embora já existissem no Brasil registros de fontes de água mineral, o Termalismo teve início real no país com a ocupação do interior pelos bandeirantes, que descobriram as primeiras fontes de água mineral e passaram a utilizá-las para a cura e o repouso.

Em 1722, Bartolomeu da Silva, desbravando o sertão goiano à procura de ouro, registrou a de descoberta de várias fontes de águas quentes. Porém, apenas os índios da região usufruíam das propriedades medicinais das águas durante esse período. Em 1777, Martin Coelho de Siqueira, também à procura de ouro em Goiás, descobriu novas fontes termais e a partir de então se deu início à formação dos primeiros núcleos habitacionais, constituídos de garimpeiros e enfermos, atraídos pelas águas termais.

Segundo Alvisi (2001:101), com o deslocamento da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, “teve início a avaliação médico – científica de nossas águas, pois nessa época, na Europa, as práticas termais já eram um hábito arraigado “.

Em 1813, foi descoberta em Santa Catarina uma fonte que viria a ser considerada a primeira estância hidromineral brasileira. Essa fonte termal foi alvo de disputa entre silvícolas e o governo da época.

Segundo Pupo (1974:37), apud, SILVA e BARREIRA (1994:17):

“Em 1845, o então Imperador D. Pedro II e a Imperatriz D. Thereza Christina hospedaram-se na localidade e deram uma contribuição de 400 mil réis para a construção de uma casa para hospedagem dos doentes que procurassem a localidade, e que passou a ser denominada ‘Caldas da Imperatriz ’”.

Em 1860, as estâncias sul-minerais, já em início de funcionamento, foram prestigiadas com a visita da Princesa Isabel para tratamento de saúde, em Caxambu, dando início a um grande desenvolvimento do Termalismo no Brasil.

Descobertas as fontes brasileiras, fossem por bandeirantes à caça de ouro (Caldas Novas, por exemplo), ou por exploradores à procura de petróleo (como é o caso de Águas de São Pedro), a confirmação do valor terapêutico das águas foi-se solidificando aos poucos.

Desta época até 1945, nossas estâncias possuíam um nível que se igualava às melhores instalações hidroterápicas da Europa. Foram criadas as estâncias hidrominerais de Águas da Prata (1935), Águas de Lindóia (1937), Águas de São Pedro (1940) e foi inaugurado o Complexo Termal-Grande Hotel Balneário na Estância do Barreiro, em Araxá (1944), caracterizando o período entre os anos 20 e 45 como o seu apogeu.

As pesquisas biológicas foram iniciadas na Bahia, por Adriano Ponde, em 1923; Otávio Magalhães no ano de 1925, em Araxá, verificou poderes microbicidas na lama medicinal e larvicida no microclima do Barreiro. Em 1936, estudos clínicos experimentais foram realizados em Águas de São Pedro por Otávio de Paula Santos e Tito de Albuquerque Cavalcante e, posteriormente, os resultados encontrados nesses estudos foram comprovados em laboratório pela cadeira de Fisiologia da Faculdade de Medicina de São Paulo, através de Cyro Camargo Nogueira. Ensinava-se Crenoterapia nas faculdades de medicinas do Brasil, porém na década de 50 essas cadeiras foram sendo desativadas.

Pela ausência de apoio e estímulo acadêmico, os médicos crenoterapeutas foram ficando isolados nas estâncias. Sem uma instrução formal, instalou-se a ignorância acerca desse recurso terapêutico que foi substituído por métodos mais agressivos e avançados, impostos pela evolução da medicina, após a Segunda Guerra Mundial:

Segundo Mourão (1976:77), apud, SILVA e BARREIRA (1994:18):

“Atribui-se à falta de ensino nas faculdades de medicina o desconhecimento e pouco progresso científico verificado na Hidrologia e Climatologia Médicas em nosso país”.

O Termalismo no Brasil esteve associado à atividade dos cassinos durante a sua fase áurea. Aliava-se o jogo à necessidade de férias, recreação, contato com a natureza, sendo que a permanência prolongada nessas cidades, pela situação econômica da época, satisfazia a necessidade do uso das águas durante 21 dias.

Em 1946, o então Presidente da República Eurico Gaspar Dutra abruptamente proibiu o jogo, provocando o fechamento dos cassinos no país, e conseqüentemente o caos na economia das estâncias hidrominerais brasileiras. Algumas estâncias reagiram, procurando diferentes alternativas econômicas ou turísticas, enquanto outras estacionaram e mantiveram-se em compasso de espera, pela reabertura dos cassinos.

Porém, essa reação no sentido de sobrevivência ao fechamento dos cassinos afastou a estância da sua vocação natural para o Turismo de Saúde. Com investimentos no Turismo convencional não direcionado para a saúde, em grande parte provocou-se a descaracterização da localidade como estância, que foi perdendo o seu maior diferencial mercadológico.

Após praticamente 30 anos de silêncio, em 1987, na cidade de Juiz de Fora foi realizado o primeiro Curso de Extensão Universitária em Termalismo, num movimento isolado de reinformar a classe médica sobre as possibilidades de utilização da Crenoterapia como recurso terapêutico de valor considerável.

Em Poços de Caldas, Benedictus Mário Mourão, diretor das Thermas Antônio Carlos, há dois anos realiza cursos sobre Termalismo para profissionais ligados à área de saúde com o intuito de difundir conhecimentos e potencialidades das estâncias de cura brasileiras, além de noções técnicas e científicas, de maneira a permitir o seu emprego em atividades profissionais.

O interesse por recursos naturais de tratamento, tão como em Yoga neste final de século, provocou um movimento de retorno à sua utilização; Crenoterapia, Homeopatia, Acupuntura, Fitoterapia, etc., usados em conjunto ou não, já começaram a serem oferecidos em balneários de algumas estâncias hidrominerais brasileiras.

CAPÍTULO III

HISTÓRIA DA HOTELARIA

3.1 Nascimento da Hotelaria

A história da hotelaria começa com os primeiros deslocamentos do homem, quando as grandes distâncias e os meios utilizados obrigavam os viajantes a pernoitar em lugares seguros, onde também tivessem refeição. As razões do deslocamento dos povos foram muitas: a conquista de novas terras, a religião, o comércio, etc. tais lugares, chamados de pousadas, eram similares às tabernas, cuja profissão, a de taberneiro, já se mencionava no Código de Hammurabi.

Na antiga Grécia, estas “tabernas” se situavam próximas aos templos, onde muitas vezes sacrificavam animais, os quais eram consumidos em grandes banquetes.

O Império Romano marca fatos fundamentais, tais como a construção da Via Àpia, executada por Appius Claudius Crassus no ano de 312 a.C. (século IV a.C.), ou a construção destinada a albergue público em Lenindaran, Olímpia, também no século IV a.C. construída em razão dos jogos olímpicos.

Pouco a pouco o Império Romano foi se estendendo por toda a Europa e no ano 117 a.C. as estradas chegavam a uma extensão de mais de 80.000 km, ao longo dos quais se instalaram estabelecimentos destinados á acomodação dos viajantes (pousadas), onde sem luxo ofereciam teto e camas de feno e, em alguns casos, alimentos e bebidas (cardápios à base de carne, pão e vinho).

Com o cristianismo vão se generalizando determinados princípios, como o de dar um melhor tratamento ao próximo e abrigá-lo em sua própria casa, convertendo-o em um hóspede diferenciado. Em contrapartida, cai o Império Romano, diminuindo o comércio e desaparecendo as pousadas construídas ao longo de muitas estradas.

Na Idade Antiga, no ano de 622 d.C. (século VII), surge na Arábia o islamismo, expandindo-se com o cristianismo, sobretudo na Idade Média. A rivalidade entre estas religiões trouxe consigo o confronto: as Cruzadas ou Guerras Santas, nas quais se realizavam grandes experiências religiosas e militares cuja finalidade era resgatar os “Lugares Santos”: Jerusalém, Belém e Nazaré, em poder dos seljúcidas ou seldjúquidas (otomanos que dominaram a Ásia Ocidental nos séculos XI e XII). Depois da recuperação dos “Lugares Santos”, em 1137, foi fundada a ordem de São João de Jerusalém, formada por cavaleiros que tinham por objetivo oferecer proteção e hospedagem aos peregrinos destes lugares, fato que trouxe a fundação de hospitais, do latim hospes que significa hóspedes, de cujo vocábulo também deriva a palavra hotel. Estes hospitais serviam mais como albergues do que como centros assistenciais.

Durante a Idade Média os mosteiros foram as instituições que ofereceram hospedagem aos viajantes sem pedir nenhum pagamento; estes viajantes contribuíram voluntariamente com os gastos de tais mosteiros na medida de suas possibilidades.

Com o fim da Idade Média, o conseqüente ressurgimento da cultura ocidental, o aumento e a freqüência de viagens voltam a aparecer os estabelecimentos de hospedagem, as hospedarias e as estalagens, que ofereciam, com fins lucrativos, acomodação, alimentos, bebidas e abrigo para os cavalos. As hospedarias se localizavam nos povoados e nas estalagens ao longo dos caminhos.

É assim que surge uma casa especial de hóspedes chamada de inn ou hospedaria, a primeira de origem inglesa e a segunda do vocábulo francês Maison que significa casa. Na Grã-Bretanha, a palavra inn foi utilizada até 1956 (ano de aprovação da Ata de Proprietários de Hotel).

Já na Idade Moderna, mais precisamente em 1539, acontece um fato importante na Inglaterra: a supressão dos mosteiros, que provocou a proliferação dos inns (um censo do ano 1577 já os contava na quantidade de 1631).

Desde

o século XVII foram consideravelmente melhorados os caminhos e surgiram as primeiras diligências, que trouxeram como conseqüência a criação de estradas públicas, que por sua vez aumentaram as viagens e a demanda por acomodação.

Durante o reinado de Luis XV (1715-1774), na França já se denominava hôtel garni aos estabelecimentos de hospedagem, cuja derivação, a palavra hôtel, foi introduzida em Londres com os estabelecimentos The Grand Hotel, The Cantre Hotel e St. Ames Hotel, dirigido pelo Duque de Devoshire.

Vale destacar também na evolução da hotelaria a inauguração em Paris, em 1765, do primeiro restaurant dirigido por Boulanger, o qual se diferenciava das pousadas e tabernas que, como já se mencionou, também ofereciam acomodação. Este estabelecimento tinha em sua entrada um cartaz que ostentava em latim a seguinte frase: Venite ad me omnes qui stomacho laboratis et ego restaurabo vos (venham a mim homens de estômago roncando, que eu os restaurarei – de onde se deriva o vocábulo restaurante).

A invenção da máquina a vapor teve efeitos importantíssimos no desenvolvimento da hotelaria, assim como o surgimento da estrada de ferro, que permitiu que cada vez mais pessoas se deslocassem, com maior freqüência, e para um maior número de cidades. Isto resultou na criação de centros turísticos, aparecendo também os primeiros edifícios destinados a prestar serviços de acomodação, alimentação e recreação, chamados hotéis.

Nos Estados Unidos, em 1794, foi inaugurado em Nova Iorque o primeiro edifício com fins claramente hoteleiro, batizado com o nome de City Hotel. Este estabelecimento oferecia ao público 73 quartos. A partir deste momento, surgiu a concorrência na construção de hotéis, em cidades como Boston, Baltimore e Filadélfia; como exemplo, em 1801 foi aberto na Filadélfia o Francis Union Hotel, e em 1824 foi inaugurado o primeiro grande hotel de férias, com 300 quartos, o Mountain House.

Em 1829 é fundado na cidade de Boston o Tremont House Hotel, fato considerado como “o nascimento da indústria hoteleira”. Este hotel tinha 170 quartos (em três andares) e o mais caro edifício que até então se havia construído com tal finalidade. Introduziu uma série de inovações que o colocaram em um lugar privilegiado em relação aos demais, pois foi o primeiro que teve pessoal uniformizado (mensageiros), quarto privativo (simples e duplos), banheiro interior, porta com fechaduras, fornecimento de água e sabão incluído, e restaurante com cozinha francesa, além de dar instruções ao pessoal sobre a forma adequada de servir e tratar os hóspedes – e assim nasci a idade da Escola Hoteleira da América.

São muitas as pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do turismo e da hotelaria, mas devemos destacar dois grandes homens: Thomas Cook e César Ritz, o primeiro como precursor da comercialização de viagens e o segundo como introdutor da hotelaria moderna, que aos 28 anos já era gerente do Grand Hotel National de Lucerna (Suíça). Ritz, com a colaboração de Auguste Escoffier (segundo especialistas, o melhor chefe fé cozinha de todos os tempos), inauguraram em 1898 o primeiro restaurante dentro de um hotel. Ritz chegou a dirigir simultaneamente uma dúzia de hotéis, sendo estas empresas sinônimo do maior luxo, como o Savoy, o Claridge, etc.

No final do século XIX e os primeiros anos do século XX, começa a chamada “Belle Époque”, na qual floresceram os grandes e luxuosos hotéis, muitos dos quais continuam em atividade.

No período entre 1875 e 1950 se desenvolveram as “sociedades de consumo” e os hotéis se multiplicaram com as cidades, o crescimento econômico e a população mundial. Desta maneira, generalizou-se a influência norte-americana de converter os hotéis em “algo público”.

A influência dos EUA na hotelaria crescia a cada ano, a ponto de ter quase a metade dos hotéis do mundo (50.000 de algo mais do que 100.000) com uma média de 15 quartos com banheiro privativo (entre hotéis e hotéis de estrada) para cada mil habitantes.

A expansão das cadeias hoteleiras na década de 30 (quando dominava no mercado hoteleiro a cadeia Statler, cujo primeiro hotel foi construído por Ellsqorth Statler em 1908); o ingresso de Conrad Hilton, Ernest Henderson e Robert Moore (os quais abriram o primeiro Hotel Sheraton em 1937) e as cadeias hoteleiras Hilton e Sheraton fizeram crescer a hotelaria americana. Além disso, com o grande aumento do uso do automóvel generalizaram-se os hotéis de estrada na década de 50.

Em 1948, começa a expansão americana além das fronteiras. A Pan American Airways (hoje desaparecida) e seu grupo IHC (Inter-Continetal Hotels Coporation) construíram hotéis no Brasil, Colômbia, Cuba, Chile, México, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Conrad Hilton construiu o modelo dos Hilton Internacionais com seu Caribe Hilton San Juan, em Porto Rico.

Em 1959 começaram os vôos comerciais internacionais, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento da indústria hoteleira.

Pouco a pouco, mediante concessões exclusivas, franquias ou contratos de administração, foram se expandindo por todo o mundo as cadeias hoteleiras, como Holiday Inn (que abriu seu primeiro hotel em 1952, fundada por Kemmons Wilson), Days Inn, Sheraton, Hilton, Quality Inn, Ramda Inn, Hyatt, etc.

Os hotéis evoluíram em tamanho e qualidade de serviços, como o MGM de Lãs Vegas com 5.005 quartos.

E essa evolução só foi possível graças a boa hospitalidade, sendo definida por Lashley e Morrison como:

“A hospitalidade pode ser concebida como um conjunto de comportamentos originários da própria base da sociedade. A partilha e a troca dos frutos do trabalho, junto com a mutualidade e a reciprocidade, associadas originalmente à caça e à coleta de alimentos, são a essência da organização coletiva e do senso de comunidade… Enfim, a hospitalidade envolve, originalmente, mutualidade e troca e, por meio dessas, sentimentos de altruísmo e beneficência”.

3.2 Hotelaria no Brasil

No Brasil os primórdios da hotelaria não foram diferentes, pois havia a divisão de classes sociais. Os viajantes comuns eram acolhidos em ranchos e casas de senhores de engenho da época.

Este fato, além de ter contribuído para o desenvolvimento hoteleiro no país, proporcionou também a formação de novas cidades surgidas da aglomeração de ranchos que se expandia com rapidez.

Enquanto isso, os viajantes considerados ilustres eram hospedados nas igrejas e nos mosteiros. Aliás, no século XIII, no Mosteiro de São Bento – Rio de Janeiro, foi construída uma área destinada especialmente a hospedar viajantes de prestígio.

Em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, mais especificamente ao Rio de Janeiro, houve uma grande abertura para que estrangeiros também viessem ao país para ocupar cargos diplomáticos, científicos e econômicos. Devido a isso, ocorreu o aumento da procura por alojamentos, a ponto de a estrutura física hoteleira do Rio de Janeiro tornar-se insuficiente.

Diante dessa situação, empreendedores de outras regiões notaram que o setor de hotéis era um bom empreendimento para capitalização, e então começaram surgir novos meios de hospedagem por todo o Brasil, em especial nas grandes capitais, áreas paisagísticas e em estâncias minerais.

Dessa forma, descobriu-se o potencial turístico e hoteleiro do país, sendo este hoje uma das atividades econômicas mais significativas e em expansão no país.

3.3 Definição de Hotel.

A palavra hotel, utilizada pela primeira vez na França, deriva do latim hospes, que significa pessoa acomodada, e de hospitium, que significa hospitalidade, termo este que substituiu taberna e pousada. Devido à influência francesa generalizou-se nos demais países.

Hotel pode ser definido como um estabelecimento de caráter público, destinado a fornecer uma série de serviços: acomodação, alimentos e bebidas, lazer e deve estar orientado a três grandes objetivos:

Ser uma fonte de receita;
Ser uma fonte de emprego;
Oferecer um serviço à comunidade.
O hotel é uma empresa de prestação de serviços e diferencia-se completamente de outros estabelecimentos industriais ou comerciais.

Enquanto na indústria pode-se planejar o número certo de equipamentos, instalações e pessoal para um determinado tipo de produção, o mesmo não acontece com a hotelaria, que fica no aguardo dos clientes para pôr em funcionamento seu esquema operacional. O produto hoteleiro é estático. O consumidor deve ir até ele. Já as empresas industriais ou comerciais fazem chegar o produto até o cliente. Os custos do esquema operacional hoteleiro são fixos.

A empresa hoteleira, quando comparada a outros tipos de empresa, é menos propensa à automação, pois o tratamento pessoal, o calor humano faz parte essencial da prestação dos serviços hoteleiros. Ela emprega pessoas para cobrir praticamente todas as atividades em todos os setores, e por isso qualquer escassez de mão-de-obra tem reflexos imediatos e diretos em seu funcionamento. Alguns países europeus evidenciaram esse fato nos últimos anos com a política implantada por alguns governos que queriam diminuir o número de trabalhadores estrangeiros, verificando-se uma queda brusca na qualidade dos seviços e uma tendência preocupante ao self-service.

Além dessas características especificas e diferenciadoras, há inúmeras outras como o efeito multiplicador, a interdependência dos serviços, os aspectos organizacionais, etc.

A empresa hoteleira, um dos elementos essenciais da infra-estruta turística, constituiu um dos suportes básicos para o desenvolvimento do Turismo num país. É necessário serem criadas redes de hotéis ou similares que satisfaçam as exigências das demandas interna e receptiva, tanto no que se refere à qualidade dos serviços quanto ao conforto.

Os hotéis reservam quartos e apartamentos solicitados pelas agências de viagens, mas, considerando que muitas delas falham na última hora, eles trabalham com over booking, evitando maiores prejuízos. Portanto, tanto o hoteleiro quanto os agentes de viagem devem criar entre si uma confiança mútua. O agente de viagens deve assumir o compromisso com o hoteleiro de encaminhar os clientes ou de, pelo menos, respeitar os prazos de cancelamento das reservas. Por sua vez, o hotel, certo da seriedade do agente de viagem, não trabalhará com grande over booking, assumindo o compromisso com os clientes enviados pelo agente, tratando-os da mesma forma como trata os demais clientes.

Existe um princípio admitido universalmente para os agentes de viagens e hoteleiros entenderem-se quanto à forma de pagamento pelo encaminhamento de hóspedes individuais ou em grupos para o hotel, que é a comissão. Os problemas decorrentes da comissão são vários, dentre os quais, queixam-se os agentes de viagens por atraso no seu pagamento.

É muito comum que clientes enviados pela agência de viagens, sobretudo aqueles em grupos, não recebam o mesmo tratamento dado aos demais hóspedes. Nota-se que há um certo preconceito contra os grupos. Embora criem alguns problemas, no momento em que o hotel concordou em recebê-los deve envidar todos os esforços para dar-lhes idêntico atendimento ao dos demais hóspedes. O que se espera do agente de viagens e do hoteleiro é o amadurecimento e qualificação profissional no trato com os clientes. Caso isso não ocorra, hotel e agência de viagens perderão clientes – razão de ser de seus negócios.

Além disso, o relacionamento entre essas duas categorias profissionais decorre também da legislação específica, e tudo isso demanda tempo, mas existem clientes que se deslocam continuamente e precisam ser atendidos.

3.3.1 Hotéis segundo a sua Modalidade Comercial.

De acordo com a modalidade comercial da operação, os hotéis podem ser:

De negócios ou de cidade: Localizados nos centros urbanos, apresentam grande capacidade de acomodação e seus serviços estão direcionados às necessidades dos viajantes a negócios.
De férias (resort): Um resort é um lugar usado para relaxamento ou recreação. Como resultado, as pessoas procuram um resort para passar feriados ou férias.Geralmente, um resort é uma grande seleção com diversas atividades, como bebida, comida, alojamento, esportes, entretenimento, e compras.
Próximos a aeroportos (airports hotels): S

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