O primeiro estudo sociológico sobre o suicídio foi elaborado pelo cientista social francês Émile Durkheim, em 1897. O interesse de Durkheim no suicídio como um tema e objeto de pesquisa social foram determinados pelos pressupostos teóricos que norteiam toda a obra do autor.
Durkheim concebe o suicídio um fenômeno social e o considera um aspecto patológico (isto é, uma disfunção, ou uma doença) característico das sociedades modernas.
Individuo e sociedade
Até que ponto é possível a coexistência do indivíduo e a coletividade? Esse questionamento perpassa praticamente todo o pensamento sociológico durkheimiano.
Nas sociedades modernas, a consciência individual é mais acentuada, o que acaba resultando num maior grau de autonomia e liberdade de ação. De acordo com Durkheim, porém, o individualismo, que a primeira vista foi considerado por muitos cientistas sociais como um fator desagregador da ordem social, tem resultados benéficos para a integração social à medida que contribui para a progressiva diferenciação social que se manifesta através da divisão do trabalho social.
Função sócil
A divisão do trabalho social (que deve ser entendida como a proliferação das diferentes profissões e da variedade de atividades industriais) acaba provocando uma crescente interdependência entre os indivíduos. A diferenciação social é um fator positivo para a integração social uma vez que ela gera maior “funcionalidade”.
Cada indivíduo, ou grupo de indivíduos, desempenha uma função sócil (que lhe é própria dentro do quadro de oportunidades e aptidões profissionais) e isso contribui para o conjunto da sociedade. A interdependência ou funcionalidade crescente, subjacentes às sociedades modernas é denominada por Durkheim de solidariedade orgânica.
Fonte: Uol
Autor: Renato Cancian