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sábado, novembro 16, 2024

TDAH INFANTIL ASSOCIADO AO FRACASSO ESCOLAR.

RESUMO

Este artigo tem como objetivo orientar pais e professores sobre TDAH e o que se pode fazer para ajudar a criança a desenvolver-se na escola, diminuindo prejuízos futuros.

O TDAH é um distúrbio freqüente em crianças que apresentam os sintomas de desatenção, inquietação, dificuldade em brincar ou ficar em silêncio durante a atividade de lazer, dificuldade para manter a atenção em atividades lúdicas, não consegue terminar seus deveres escolares, tarefas domésticas ou profissionais. Na escola não conseguem exercer atividades, como, por exemplo, não copiam da lousa, não acentuam palavras corretamente, escrevem no caderno do final para o começo e dificilmente conseguem terminar o trabalho escolar. O tratamento para crianças portadoras de TDAH é baseado primeiramente na hipótese diagnóstica realizada por um especialista e um planejamento de ação de múltiplas frentes: a psicoterapia cognitivo-comportamental é o tratamento especificamente recomendado, pois atinge bons resultados – sob indicação médica, psicopedagogia, psicomotricidade, fonoaudiologia, orientação para pais e professores e o uso adequado da medicação.

Palavra-chave: transtorno de déficit de atenção/hiperatividade; tratamento; diagnóstico; orientação; escola.

INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é de origem genética causado pela pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação. Uma visão de base neurológica para o TDAH é que baixos níveis de catecolaminas resultam em uma hipoativação desses sistemas. Portanto os indivíduos afetados não podem moderar sua atenção, seus níveis de atividade, seus impulsos emocionais ou suas respostas a estímulos no ambiente tão efetivamente quanto as pessoas com sistemas nervosos normais. Há algum tempo atrás, pensava-se que os sintomas desse problema diminuiriam na adolescência, mas pesquisas mostram que as maiorias das crianças chegam à maturidade com um padrão de problemas muito similar aos da infância e que, quando adultos experimentam dificuldades no trabalho, na comunidade e com seus familiares. (Bastos; Thompson; Martinez, 2000).

O TDAH é uma doença que afeta de 3 a 5% da população escolar infantil, comprometendo o desempenho, dificultando as relações interpessoais e provocando baixa auto-estima. Embora a hiperatividade tenda a diminuir com a idade, ela pode dar origem a outros problemas como desajustamento ou quadros neuróticos, devido às frustrações repetidas. Mesmo que o TDAH desapareça na infância, a criança ainda pode ter dificuldades no aprendizado. (Smith e Strick, 2001).

Barkley (1997), afirma que crianças com TDAH apresentam um déficit de inibição comportamental.

Sagvolden e Sergeant (1998), relatam que este controle inibitório comportamental está relacionado à nossa habilidade para planejar, interromper uma atividade em andamento ou até mesmo adiar a emissão de uma resposta. Esta inibição comportamental gera prejuízo no desempenho das funções executivas, que nos dão a habilidade para responder de forma adaptativa, integrando vários eventos, avaliando suas conseqüências, coordenando a memória imediata, memória imediata verbal, auto-regulação dos afetos, internalização da fala e permite a reconstituição e análise do próprio comportamento. Alterações nesta função podem acarretar um menor controle dos impulsos, dificuldade a retenção de informações, respostas verbais inadequadas e problemas de controle motor a estímulos.

No que se refere ao desempenho escolar, este depende de diferentes fatores: características da escola (físicas, pedagógicas e qualificação do professor), da família (nível de escolaridade dos pais, presença dos pais e interação dos pais com a escola e deveres) e do próprio indivíduo. Muitas vezes é o mau desempenho escolar que faz com que a criança seja encaminhada a um especialista que faz o diagnóstico deste quadro clínico. (Araújo, 2002).

Os professores estigmatizam os alunos hiperativos logo nos primeiros meses de aula dizendo que elas não vão passar de ano. Os professores têm que saber lidar com as diferenças e não rotular os bons e maus alunos e conhecer estratégias para conquistar os alunos. Se os professores estabelecer uma rotina de atividades, incentivar o uso de agenda e realizar manejo de comportamento auxiliando as crianças com TDAH na melhoria do seu desempenho escolar e no aumento de sua auto-estima. (Oades, 1998),

O comprometimento da criança com TDAH não é só social, mas no aprendizado. Elas chegam à adolescência com muitas dificuldades como: não sabem ler, mal saberão escrever, e foram passadas no ano não por conhecimento, mas por influencias dos pais, ou por políticas como o projeto continuado.

A possibilidade de sucesso ou fracasso escolar não responde a determinações apenas de ordem individual. É na historia escolar, nas várias práticas do dia-a-dia, nas quais discriminação, o preconceito e atitudes julgadoras dominam, que o fracasso escolar se constitui.

O DSM-IV (2002) caracteriza TDAHI pelas dificuldades intensas e persistentes na regulação da atenção ou impulsividade e hiperatividade freqüente, que leva ao comprometimento da vida social, profissional e acadêmica. Em geral as características do TDAHI são:

Não escuta quando lhe falam diretamente.
Não presta atenção a detalhes e comete erros nas tarefas devido ao seu descuido.
Não seguem as instruções até o final e não termina tarefas escolares.
Evita, reluta em se engajar em tarefas que exigem esforço mental continuo.
Se distrai facilmente por estímulos externos.
Agita as mãos ou os pés, remexe na cadeira.
Abandona sua cadeira em sala de aula e em outras situações que lhe é exigido que permaneça sentado.
Está a mil ou a todo vapor, fala em demasia, dá respostas precipitadas antes das respostas trem sido completadas, dificuldade em aguardar a sua vez.
Em relação CID-10 (1993), percebemos que talvez por falta de uma revisão, o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é denominado Transtornos Hipercinéticos enquadrado no F-90 e trás como características:

Falta de persistência em atividades que requeiram envolvimento cognitivo e uma tendência a mudar de uma atividade para outra sem completar nenhuma, junto com uma atividade excessiva, desorganizada e malcontrolada.
Crianças hipercineticas são assiduamente imprudentes e impulsivas, propensas a acidentes e incorrem em problemas disciplinares por infrações não premeditadas de regras.
O relacionamento com os adultos são, com freqüência, socialmente desinibidos, com uma falta da precaução e reserva normal; elas são impopulares com as outras crianças e podem se tornar isoladas.
O comprometimento cognitivo é comum e atrasos específicos do desenvolvimento motor e da linguagem são desproporcionalmente freqüentes.
A atenção comprometida é manifestada por interromper tarefas prematuramente e por deixar atividades inacabadas.
A Hiperatividade implica em inquietação excessiva, em especial em situações que requerem calma relativa.
Os problemas característicos de comportamento devem ter início precoce (antes da idade de 6 anos) e longa duração. Entretanto, antes da idade de entrada na escola, a hiperatividade é difícil de ser reconhecida devido à ampla variação normal; somente níveis extremos devem levar a um diagnóstico em crianças pré-escolares.
Smith e Strick, (2001), diz que prevalência do TDAH está entre 3% e 5% em crianças em idade escolar e costuma ser mais comum em meninos do que em meninas. Em adolescentes de 12 a 14 anos, pode ser encontrada numa prevalência de 5,8%.

Critérios para diagnóstico:

O DSM-IV e a CID-10 incluem o critério de idade de início dos sintomas causando prejuízo aparece entre 6 e 7 anos, período em que as crianças consideradas com TDAH entram na escola formal que é um tormento para elas porque os hiperativos não agüentam normas.(Barkley e Bierderman, 1997).

Para realizar a Hipótese diagnóstica de TDAH realiza-se a partir de exames clínicos, no qual são analisadas características comportamentais, relacionadas á presença ou não de hiperatividade, impulsividade e distratibilidade, identificar se um dos sintomas persiste por pelo menos seis meses em grau desadaptativo e alguns dos sintomas estejam presentes antes dos sete anos de idade e que existe comprometimento em pelo menos duas áreas entre escola, trabalho e casa. Fazem-se também exames para verificar se existe alguma doença no sistema nervoso central que exija tratamento.

Para realizar uma avaliação diagnóstica devemos coletar informações com os pais, professores e a criança. É fundamental que haja uma avaliação cuidadosa de todos os sintomas da criança com os pais, pois é com eles que a história do desenvolvimento, médica, escolar, familiar, social e psiquiátrica da criança deve ser colhida.

A avaliação neurológica é fundamental para a exclusão de patologias neurológicas que possam mimetizar o TDAH e, muitas vezes valioso como reforço para o diagnóstico. Para a finalização da avaliação é necessário que se avalie a gravidade dos sintomas ou qualidade de vida do paciente. Isso permitirá que se tenha uma idéia da eficácia do tratamento proposto, desde que o mesmo instrumento seja aplicado após a intervenção.

Na escola a criança hiperativa demonstra as seguintes características que definem a doença, tais como: dificuldade em se concentrar, não conseguir ficar envolvida com uma coisa só, movimentar-se e conversar constantemente. Um outro sintoma é a impulsividade que caracteriza o comportamento de não pensar antes de agir podendo provocar situações perigosas, como atravessar a rua sem antes olhar. (Mônica Araujo e Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva Revista Digital – Buenos Aires – Año 9 – N° 62 – Julio de 2003)

Nessa síndrome a criança apresenta dificuldade em discriminar a direita da esquerda, em orientar-se no espaço, em fazer discriminações auditivas e em elaborar sínteses auditivas. Apresenta alterações de memória visual e auditiva. A outra característica importante é a má estruturação do esquema corporal. (GOLFETO, 1992, p. 12).

Para melhorar a qualidade de vida e um bom rendimento escolar da criança com TDAH é preciso que o colégio e a família ambos estejam em sintonia, com um contato estreito e que a criança se sinta bem em um ambiente adequado e receptivo. Os professores devem ter: jogo de cintura para ajudar os alunos e limitar o problema, informar e entender como funciona a cabeça da criança, alternar métodos de ensino, evitar aulas repetitivas, ter muita paciência com a criança mantendo a disciplina e os limites em sala de aula. (ABDA, 2006).

Quando o professor perceber que seu aluno está apresentando os sintomas do TDAH ele deve informar a família e iniciar o tratamento médico o mais rápido possível para que diminua suas dificuldades na vida escolar.

Segundo os psiquiatras Mônica Duchesne e Ênio Roberto de Andrade (ABDA, 2002) pode-se usar métodos didáticos alternativos para melhoria do comportamento e desenvolvimento pedagógico da criança hiperativa:

Trabalhar com pequenos grupos, sem isolar as crianças hiperativas;
Dar tarefas curtas ou intercaladas, para que elas possam concluí-las antes de se dispersar;
Elogiar sempre os resultados;
Usar jogos e desafios para motivá-los;
Valorizar a rotina, pois ela deixa a criança mais segura, mantendo sempre o estímulo, através de novidades no material pedagógico;
Permitir que elas consertassem os erros, pedindo desculpas quando ofender algum colega ou animarem a bagunça da classe;
Repetir individualmente todo comando que for dado ao grupo e fazendo-o de forma breve e usando sentenças claras para entenderem;
Pedir a elas que repitam o comando para ter certeza de que escutaram e compreenderam o que o professor quer;
Dar uma função oficial às crianças, como ajudantes do professor; isso faz com que elas melhorem e abram espaços para o relacionamento com os demais colegas;
Mostrar limites de forma segura e tranqüila, sem entrar em atrito;
Orientar os pais a procurarem um psiquiatra, um neurologista ou um psicólogo.
São reforçadores para as crianças com TDAH os elogios quando se comportam bem ou realizam uma tarefa difícil, estimulá-los a compensar os seus erros e incentive-os a organizar algo que desorganizou isso fará que a criança veja qual é o comportamento correto, o faz sentir útil e diminui sua frustração com o erro.

Devido à dificuldade das crianças com TDAH lidarem com as regras, o professor pode incluir na rotina escolar as regras de conduta, pois a criança precisa saber com clareza o que se espera dela e como ela deve se comportar.

Se a caso surgir muitas dificuldades a direção pode pedir para que o terapeuta ou médico que está tratando da criança para fazer uma visita à escola e conversar com os professores e orientadores educacionais, sendo assim as dificuldades vai sendo superadas aos poucos e esse trabalho feito na escola concluirá o trabalho realizado no consultório.

Normalmente a criança hiperativa não consegue controlar seu comportamento a despeito de sua inteligência. Sua tendência é se ater a circunstâncias secundárias frente a uma explicação que está sendo dada pelo professor e geralmente está envolvida numa atividade mais produtiva durante a aula.

Segundo Nívea Maria C. de Fabrício (2006) “O comportamento da criança hiperativa é não-reativo ás intervenções normais do professor, o que pode ser interpretado como desobediência que é conduzida uma cobrança mais rígida do professor. Esta situação agrava o problema aumentando a frustração do professor e da criança, podendo levar a utilização de instrumentos punitivos e o convite para mudança de escola”.

São notados que os pais estão cada vez mais ausentes da rotina dos filhos, eles dispõem de menos tempo e paciência para educar, ensinar limites e dar atenção e nessas situações em que os pais não estão preparados para ajudar os filhos e fica mais fácil medicar um problema de comportamento amenizando a questão.

A partir do momento em que as crianças não atendem as expectativas dos pais, eles recorrem aos medicamentos para transformar os filhos nas pessoas que eles querem que sejam. Os pais devem: compreender que para controlar o filho com TDAH em casa, é preciso ter conhecimento correto do distúrbio e suas complicações; cuidar para que seus pedidos sejam feitos de maneira positiva ao invés de negativa; recompensar o comportamento adequado ou quando consegue completar uma tarefa corretamente; escolher quando e como gastar suas energias numa batalha, sempre reforçando o positivo, aplicando conseqüências imediatas para comportamentos que não podem ser ignorados e usando o sistema de créditos ou pontos e aprender a reagir aos limites se seu filho de maneira positiva e ativa aceitando que o diagnóstico de TDAH significa aceitar as necessidades de fazer modificações no ambiente da criança. A família deve ter uma rotina bem organizada para ajudar o filho nas tarefas, podendo pregar cartazes grandes na parede com as atividades semanais da criança na qual marcará um x na tarefa realizada. (Goldstein e Goldstein, 1998).

A escola deve ter uma sala de aula adequada para crianças desatentas deve ser organizada e estruturada por regras claras, um programa previsível e carteiras separadas, os prêmios devem ser coerentes e freqüentes, um programa baseado em ganho e perda deve se parte integral do trabalho da classe, a avaliação do professor deve ser freqüente e imediata, o material didático deve ser adequado á habilidade da criança, estratégias cognitivas que facilitam a auto-correção, assim como melhoram o comportamento nas tarefas que devem ser ensinadas e variadas, mas continuar sendo interessantes para os alunos, pais e professores devem manter uma comunicação freqüente, os professores devem estar atentos á qualidade de reforço negativo do seu comportamento e as expectativas devem se adequadas ao nível de habilidade da criança e deve-se estar preparado para mudanças. (Goldstein e Goldstein, 1998).

Segundo Nívea Maria C. de Fabrício (2006) “O papel do professor enquanto mediador no processo de observação do rendimento e avaliação das crianças hiperativas. Ele representa o agente responsável pela situação de aprendizagem bem como deverá ser conhecedor das necessidades especificas dos seus alunos”.

Segundo o jornalista Rafael Alves Pereira (Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), 2006). “Os professores estão sobrecarregados e não conseguem lidar com o assunto, pois lidam com vários alunos com problemas e não possa se dedicar aos alunos com TDAH sendo difícil o professor dar atenção individualizada e conseguir acompanhar de perto as suas dificuldades de cada um. As crianças portadoras de TDAH não se adaptam bem a instituições de ensino muito tradicionais e que tenham um código disciplinar muito rígido, sendo os castigos e as suspensões recorrentes a essas crianças”.

Sandra Rief (2001), algumas condições pré-existentes podem desencadear problemas para portadores de TDAH na sala de aula, estas condições podem ser:

Físicas: fatores internos como fadiga, fome, desconforto físico etc.

Meio ambiente: barulho, posição da carteira, localização da sala, etc.

Atividades ou eventos específicos: algumas coisas frustrantes, tediosas, inesperadas ou superestimulante.

Tempo especifico: hora do dia, dia da semana.

Demonstração de habilidades ou necessidades de atuação: no comportamento, nas relações sociais, na produção acadêmica (expectativa de fazer algo difícil, desagradável ou provoque ansiedade).

Os professores podem alterar essas condições pré-existentes na sala de aula criando um ambiente seguro, reduzindo o medo e o stress; estabelecendo uma rotina previsível; ajustar os fatores ambientais (temperatura, iluminação, móveis, estímulos visuais etc.); as regras, limites e procedimentos a serem seguidos devem ser claramente definidos, ensinados e praticados; proporcionando mais escolhas e opção a fim de provocar interesse e motivação; proporcionar ritmo adequado; utilizar estratégias de cantinho para pensar, tempo para se acalmar, pausa para descanso, como medida preventiva; trabalhar as dificuldades acadêmicas, sociais e comportamentais; proporcionar maior encorajamento e retorno positivo e utilizar brinquedos que prendam a atenção, como jogo da memória e exercícios que ajudam na memória e na hiperatividade.

TRATAMENTO:

O tratamento da dificuldade de aprendizagem inclui reforços escolares, tratamento psicopedagógico, encaminhamento para escolas especiais dependendo da gravidade do problema. A baixa auto-estima, a repetência escolar e o abandono da escola são comportamentos comuns nesse transtorno. São de fundamental importância o aconselhamento escolar e a abordagem psicopedagógica. Pode também indicar a psicoterapia individual, de grupo ou familiar dependendo da situação.

O tratamento é importante para que a criança não fique com o desenvolvimento prejudicado na escola e na vida social ou atrasado em relação aos seus colegas de sala de aula, e minimizar as conseqüências futuras do problema, como a propensão do uso de drogas, transtorno de humor e transtorno de conduta.

O tratamento com medicação só é indicado quando esses transtornos estão associados ao TDAH e quando há comprometimento de auto-estima e desenvolvimento de quadros secundários como a depressão, fobia social e compulsões. Os médicos recomendam o uso da medicação de (Psico-Estimulantes específico para o sistema nervoso central, Antidepressivo ISRS e Tricícicos (Imipramina, Tofranil, Nortriptilina, Pamelor), Antipsicóticos (Neuleptil, Risperdal ou Risperiona.) ou outras medicações como a Ritalina, Tegretol,Carbamazepina).

O efeito dos medicamentos é curto de 4 a 5 horas e o horário da ingestão deve coincidir com o período em que o paciente mais necessita como o colégio e o trabalho. Os efeitos adversos são: insônia, diminuição do apetite, cefaléia, dores gástricas e vertigem, retardo do crescimento corporal, mas estes sintomas tendem a desaparecer com o tratamento continuado. (Mônica Duchesne e Paulo Mattos, 2002).

Pesquisas mostram eficácia parecida entre psicoterapia e psicofarmacologia, sendo a psicoterapia um complemento do tratamento medicamentoso que deve ser mantida pela necessidade de atenção á criança devida á mudança no comportamento e melhora dos sintomas. Os pais têm que ser ajudados a reconhecer que a permissividade não é útil para a criança, mas se utilizarem o modelo comportamental de recompensas e punições a criança pode desenvolver melhor.

É fundamental o acompanhamento da criança, família e escola e auxilio para que a mesma possa reestruturar seu ambiente, reduzindo sua ansiedade.

O papel do psicólogo é ajudar o paciente a se concentrar em seus sucessos e em suas qualificações para aumentar a auto-estima, mostrar que ele tem capacidade para modificar seu comportamento e desenvolver autocontrole e a desenvolver crenças de auto-eficácia. É fundamental a participação da família, fazendo com que eles entendem que muitos comportamentos inadequados que a criança apresenta são resultados do próprio transtorno, e isto fazem com que os pais interpretam adequadamente os comportamentos da criança. Devemos esclarecer aos pais as características do TDAHI e orientar como pode atuar para minimizar as dificuldades decorrentes desse transtorno. Quanto aos professores é indicado ter uma comunicação clara por meio de vocabulário preciso, com sentenças fáceis de entender em função das dificuldades de sustentação de atenção.

O melhor modelo de psicoterapia para crianças com TDAH é através da abordagem cognitivo-comportamental, pois atinge bons resultados. Os problemas decorrentes do TDAH não requerem a psicoterapia em longo prazo devido às crianças viver em situações sucessivas de fracassos, baixa auto-estima, sentimentos de inferioridade, ansiedade, depressão, transtorno de conduta e dificuldade para entenderem o porquê eles não conseguem corresponder ás expectativas do ambiente. (Benczik, 1997).

O psicoterapeuta deve ser treinado para estar inteirado sobre o TDAH e suas conseqüências para começar o processo psicoterápico com o paciente e ajudá-lo a entender o que é TDAH, o porquê de estar apresentando dificuldades de atenção, impulsividade e outros problemas que o faz fracassar diante ás expectativas do ambiente. O importante é que cada criança compreenda que cada pessoa tem o seu ritmo e dificuldades para desempenhar algumas atividades e facilidades para outras.

Com as atividades lúdicas o psicoterapeuta poderá estar focalizando as dificuldades sociais da criança e desenvolver habilidades como: saber ouvir e iniciar uma conversa, olhar nos olhos e para falar, fazer perguntas e dar respostas apropriadas, brincar cooperativamente e sugerir brincadeiras, falar obrigado (agradecer) e pedir, por favor, responder a um cumprimento, manter-se sentada por um período, esperar a sua vez de falar ou jogar, ser amigável ou gentil, dar atenção aos outros, saber perder, entender que não se ganha sempre, respeitar o outro como ser diferente e que possui suas próprias opiniões e sentimentos. (Rohde & Benczik, 1999).

Barkley (1990) formulou sete passos para treinar a criança a desenvolver o autocontrole e solucionar problemas de comportamentos, onde a criança age como o agente da própria mudança: 1- Definir o problema claramente. 2- Reforçar o comportamento positivo e alternativo para a solução do problema. 3-Listar as possíveis opções. 4- Avaliar construtivamente as ações. 5- Selecionar a melhor opção e colocar em prática por uma semana e se der certo utiliza-la pelo tempo que for necessário. 6-Comprometer-se em discordar se a escolha não der certa e tentar outras opções para solucionar o problema. 7-Cumprir o plano e avaliar os resultados.

Segundo Benczik (1997) existem várias outras intervenções que podem ser utilizadas no processo psicoterápico para a criança desenvolver-se:

O jogo com regras: a criança deverá submeter-se ás regras e normas, com as quais poderá desenvolver habilidades como o raciocínio, habilidades sociais, auto-imagem, tolerar frustrações, saber ganhar ou perder, saber aguardar a sua vez, aprender a ouvir e controlar suas emoções.

Brincadeiras de representação (Psicodrama): Através dos diálogos e inversão de papéis, a criança pode desenvolver várias habilidades. O psicólogo será o seu “espelho”, ficando claro para ela o seu jeito de ser. O psicólogo poderá imitar o comportamento da criança, atuar como ela age, interrompendo-a no meio de uma frase, não dando vez a ela de falar, não aceitando perder ou não respeitando as regras do jogo.

Trabalhos com materiais tranqüilizantes: areia, argila, água, pintura com os dedos, estes trabalhos manuais facilitam o aumento de consciência dos pensamentos, sentimentos e idéias da criança.

Atividade corporal-cinestésica: O relaxamento do corpo associado ao controle da respiração, ouvir silenciosamente uma música ou massagem corporal ajuda trazer a atenção da criança para si mesma e fixando-se em si mesma. A atividade de socar a almofada, pular até cansar, gritar, ouvir música mais agitada, faz com que a criança alivie suas tensões quando se mostra irrequieta e impaciente.

Uso de sucata: A criança pode criar e dar nova forma aos materiais e assim vai desenvolvendo suas estruturas internas.

Tomada de decisão: As escolhas, o assumir responsabilidades e riscos pela escolha feita, são experiências que devem fazer parte da interação psicóloga-criança.

A psicoterapia ajudará a criança a entender que elas não são assim porque elas querem e que isso seja comum em algumas crianças, e a partir daí a criança passa a aprender com suas dificuldades, a confiar no seu potencial de crescimento e a utilizar alguns instrumentos para estar superando os problemas de seu dia-a-dia e a desenvolver uma rotina de vida.

Conclusão:

As pessoas com TDAH passam boa parte de sua vida sendo consideradas incapazes, tendo sua auto-estima rebaixada e apresentam dificuldades em relacionar-se socialmente. O trabalho coletivo entre pais, professores, psicólogos e médicos permitirá á criança incluir-se em uma rotina estruturada em seu cotidiano, criando possibilidades de desenvolverem uma vida normal.

A psicoterapia cognitivo-comportamental é a indicada para o tratamento de TDAH por fornecer resultados eficazes, mas para isso é preciso que os pais participem ativamente em casa e nas consultas simultâneas e em paralelo com a criança.

A identificação precoce do problema, seguida de tratamento adequado, tem demonstrado que as crianças com TDAH podem vencer obstáculos.

A avaliação diagnóstica indica a importância de estarmos avaliando o funcionamento familiar, pois 30 a 40% dos pais de crianças com TDAH também apresentam o transtorno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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