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domingo, dezembro 22, 2024

TIREOIDITES

O termo tireoidite refere-se a qualquer tipo de processo inflamatório, com envolvimento da tireoide.

Se atendermos à origem e à evolução deste processo patológico podemos considerar de uma os seguintes tipos mais frequentes de tiroidites:

Tiroidite aguda infecforma simplificada iosa
Tiroidite subaguda de De Quervain
Tiroidite crônica auto-imune

A tiroidite crônica esclerosante de Riedel é muito rara. Podem ocorrer ainda fenômenos de tiroidite em relação com a exposição cervical a radiações externas e nos casos de tratamento da tireoide com iodo radioativo.

Tiroidite aguda infecciosa

A infecção da tiróide é rara.

Diversos factores poderão contribuir para a protecção da glândula tiroideia contra a infecção; destaca-se a rica vascularização e a boa drenagem linfática, o conteúdo elevado de iodo (com possível efeito bactericida) e a separação física clara das outras estruturas adjacentes. A infecção é facilitada quando há uma doença subjacente da glândula ou quando há uma intervenção cirúrgica da tiróide ou dos órgãos vizinhos. A infecção das diversas estruturas cervicais pode atingir por continuidade a glândula tiroideia. De referir ainda a possibilidade de a infecção da tireoide ser provocada por via sanguínea e a partir de focos de infecção localizados em locais distantes, tais como a pele, as vias respiratórias, o aparelho génito-urinário ou o tubo digestivo.

As tiroidites infecciosas podem ser provocadas por diversos tipos de agentes: bactérias, fungos, parasitas ou vírus. As tiroidites bacterianas são as mais frequentes.

Na tiroidite bacteriana aguda supurativa os sinais e sintomas mais frequentes são para além da dor, rubor, calor e inchaço locais, a febre, a dor ao engolir e a rouquidão. Em geral não existe mau funcionamento da tiróide (hipotiroidismo ou hipertiroidismo) neste tipo de tiroidites.

A distinção entre a tiroidite infecciosa (nomeadamente a forma bacteriana aguda) e outras formas de tiroidite e com processos inflamatórios de estruturas adjacentes pode ser difícil.

O tratamento da tiroidite bacteriana, uma doença potencialmente grave, deverá ser o mais precoce possível e inclui a utilização de antibióticos cuja escolha deve ser guiada pelos resultados do exame bacteriológico do material das lesões. Nos casos em que há formação de um abcesso, poderá ser necessária uma drenagem cirúrgica.

Tiroidite subaguda de De Quervain

A tiroidite subaguda de De Quervain é uma forma rara de tiroidite com um início mais arrastado que a forma bacteriana.

Esta tiroidite também é denominada tiroidite granulomatosa ou tiroidite de células gigantes.

Nesta doença uma infecção viral poderá ser o fator precipitante ou mesmo causal.

Ocorre preferencialmente entre os 20 e os 60 anos e é 3 a 6 vezes mais frequente na mulher. É mais habitual o seu diagnóstico nos meses de verão. A tiroidite é muitas vezes precedida por uma infecção respiratória.

Esta entidade caracteriza-se pela dor e inchaço da tiróide (em geral assimétrica), por vezes com febre e outros sintomas gerais tais como falta de forças, dores musculares, anorexia e emagrecimento.

O mau funcionamento da tiróide faz parte do quadro clínico, com uma fase inicial de tirotoxicose, seguida da normalização da função tiroideia a que se pode seguir em cerca de 20-30% dos casos, uma fase em geral transitória de hipotiroidismo.

O tratamento é dirigido ao alívio dos sintomas e pode incluir a toma de anti-inflamatórios não esteróides (aspirina,…) e/ou corticosteróides.

Importa realçar a natureza benigna desta doença que é autolimitada, com resolução espontânea e sem sequelas ao fim de algumas semanas ou meses, mesmo sem qualquer tratamento.

Tiroidite crônica auto-imune

A tiroidite crônica auto-imune é como o nome indica uma forma crônica de tiroidite que do ponto de vista clínico pode ter pouca sintomatologia e passar mesmo despercebida. A sua origem é imunológica e está relacionada com fenômenos de auto-imunidade, com auto-agressão da tireoide pelo sistema imunitário do próprio indivíduo.

Poderão ser factores precipitantes ou desencadeantes da tiroidite auto-imune alguns medicamentos.

A tiroidite crônica é uma doença comum, 4 vezes mais frequente na mulher e cuja frequência aumenta com a idade. Existem muitas vezes familiares com bócio, alterações do funcionamento da tireoide e/ou diagnóstico de tiroidite crônica auto-imune.

A doença caracteriza-se pela presença no sangue de anticorpos antitireoideus, nomeadamente anticorpos antitireoglobulina e antiperoxidade tiroideia.

A tiroidite crônica auto-imune pode estar associada a mau funcionamento da tireoide. Pode evoluir com alguma frequência com hipotiroidismo e mais raramente com uma tirotoxicose transitória (tireoidite silenciosa).

O hipotiroidismo deverá ser tratado com hormona tiroideia (levotiroxina).

A tirotoxicose pode surgir num doente com tiroidite crônica auto-imune, em relação com uma situação denominada tiroidite silenciosa. Nos doentes com tiroidite auto-imune pode ainda haver ocasionalmente um aumento das hormonas tiroideias em circulação, por hipertiroidismo. Uma variante da tiroidite silenciosa é a denominada tiroidite pós-parto.

Nas tiroidites silenciosa e pós-parto pode haver uma fase de hipotiroidismo transitório após o episódio inicial de tirotoxicose. Em geral estas tiroidites, pela natureza passageira da disfunção tiroideia que lhes está associada, poderão não necessitar de qualquer tratamento específico.

Os indivíduos com o diagnóstico de tiroidite crônica auto-imune, deverão ser avaliados regularmente do ponto de vista funcional através de análises, para detectar e tratar precocemente um hipotiroidismo nos casos sem disfunção tiroideia conhecida e para monitorizar e ajustar o tratamento com hormona tiroideia nos casos com hipotiroidismo.

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