TIZIANO VECELLIO ( TITIAN )
Maior pintor da escola veneziana do Renascimento, Ticiano antecipou, em sua vasta e variada obra, muitos dos traços não apenas da estética barroca, mas de toda a pintura moderna.
Tiziano Vecellio nasceu em Pieve di Cadore por volta de 1490. Aos nove anos de idade foi enviado a Veneza para viver com um tio e tornou-se aprendiz de Sebastiano Zuccato, mestre de mosaico. Pouco depois ingressou no ateliê de Gentile Bellini.
Seus maiores mestres, no entanto, foram Giovanni Bellini, irmão de Gentile, e Giorgione Castelfranco, renovador da pintura veneziana. Em 1508 colaborou com Giorgione na decoração do Fondaco dei Tedeschi, trabalho preservado em forma fragmentária.
Após a morte prematura de Giorgione em 1510, Ticiano encarregou-se de terminar vários dos quadros do mestre, como a “Vênus adormecida” e o “Concerto campestre”, o que gerou polêmicas posteriores sobre a autoria principal dessas obras. Depois passou a trabalhar sozinho e provocou escândalo ao pintar nus em cenas bíblicas e em paisagens venezianas conhecidas.
Os trabalhos de Ticiano nessa fase, entre eles os afrescos da Scuola del Santo em Pádua, a “Fuga para o Egito” e a alegoria “Amor sacro e amor profano”, ainda revelam a influência do estilo paisagístico e idealista, assim como a preocupação com a luz, características do estilo de Giorgione, mas também possuem vitalidade naturalista original.
Ticiano consagrou-se em plena maturidade com a monumental tela “Assunção da Virgem”. Durante os anos seguintes deu mostras de seu gênio versátil ao alternar a criação de cenas mitológicas de marcante sensualidade e luminosidade quente — “Bacanal”, “Baco e Ariana” — com quadros religiosos caracterizados pela intensa dramaticidade, firme modelagem das figuras e tendência aos contrastes de luz e sombras, como a “Madona Pesaro” e “Descida ao túmulo”.
Nessa época, Ticiano passou a dedicar-se ao retrato, gênero em que alcançou profundidade psicológica ao procurar transmitir a personalidade de seus retratados pela escolha da atitude e intensidade do olhar, além da valorização das mãos.
Em 1530, Ticiano assistiu à coroação, em Bolonha, do imperador Carlos V, que se converteu em seu principal patrono. O rei nomeou-o pintor da corte três anos depois e lhe concedeu um título de nobreza, fato inusitado que revela o prestígio conquistado pelo artista.
Nas décadas seguintes, o trabalho de Ticiano como retratista levou-o a várias cidades italianas e à sede imperial de Augsburgo.
Uma série de obras excepcionais contribuiu para estabelecer um arquétipo de retrato oficial, como em “O duque de Urbino” e a monumental composição eqüestre “Retrato de Carlos V depois da batalha de Mühlberg”.
A singular capacidade do autor para revelar a personalidade de seus modelos mostrou-se especialmente em “Retrato do papa Paulo III com seus sobrinhos” e “Filipe II”. Caminhos diferentes seguiram suas telas religiosas e mitológicas: o apogeu naturalista da “Vênus de Urbino” cedeu lugar a uma violência formal, fruto de passageira atração pela estética maneirista.
Em 1551 Ticiano fixou-se em Veneza. O cromatismo exuberante das cenas mitológicas que pintou entre 1554 e 1562 para Filipe II da Espanha — “Danae recebendo a chuva de ouro”, “O rapto de Europa” — prenunciou o estilo revolucionário de seus últimos anos, em que se desligou gradualmente das linhas para compor as formas mediante espessas pinceladas, que ele freqüentemente retocava com os dedos.
Exemplos significativos dessa técnica quase impressionista foram a nova versão de “Descida ao túmulo”, a “Coroação de espinhos” e a “Pietà”, obra concluída por Palma o Jovem. Ticiano morreu em Veneza, em 27 de agosto de 1576.
Bibliografia:
http://www.pitoresco.com.br/universal/tiziano/tiziano.htm