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sábado, dezembro 21, 2024

TOMOGRAFIA

TOMOGRAFIA

1 – INTRODUÇÃO

Tomografia significa imagens de tomos, ou de planos. Com este método, podemos estudar estruturas localizadas no interior do corpo, situadas em outros planos, sem superposição. É uma técnica também conhecida como radiografia segmentar do corpo, planigrafia, laminografia e estratigrafia. Podem ser feitas tomografias lineares, circulares, elípticas, hipocicloidal como também, transversas.

A tomografia linear é realizada por um aparelho, cuja ampola de raios-X emite radiação, movendo-se simultaneamente e em direção oposta ao filme, sendo a ele conectado por uma haste. Este método utiliza o princípio de que a irradiação de um corpo em movimento impede a formação de imagem nítida. O “plano de corte” do paciente é o único que permanece sem movimento, durante a exposição, permitindo que a imagem formada seja nítida.

A tomografia linear vem sendo largamente substituída pela tomografia computadorizada (TC) devido às vantagens que esta proporciona na quantidade e qualidade de informações. No entanto, por sua simplicidade, ela ainda pode ser de grande valia em locais onde o acesso à TC seja limitado.

A TC, como o próprio nome diz, é uma tomografia realizada com o auxílio de um computador. O método utiliza um tudo de raios-X, que emite radiações movendo-se em semicírculo, em torno do paciente. Ao invés do filme convencional, a radiação é captada por sensores conectados ao computador, que decodificam a intensidade da radiação em valores numéricos e os transformam numa escala de tons, que varia do branco ao preto, passando por várias tonalidades de cinza. (Ver quadro 1)

Na TC estudamos as estruturas em cortes axiais e, em alguns casos, coronais. A documentação do estudo é feita usualmente em filmes especiais, mais sensíveis do que os utilizados na radiologia convencional. As imagens mais importantes podem ser arquivadas em disco magnético para reestudo, ou comparação futura.

1.2 – EVOLUÇÃO

Em 1973, nos Estados Unidos os aparelhos eram específicos para realizar TC do crânio, mas em 1974 já se fazia TC de todo corpo. Com o desenvolvimento da tecnologia, o tomógrafo passou por várias gerações. O de primeira geração possui um detector e realizam cortes de vários minutos; os de segunda geração, de 5 a 50 detectores e cortes de 6 a 20 segundos; os de terceira geração, de 200 a 600 detectores e cortes de 3 a 8 segundos; e os de quarta geração possuem de 300 a 1000 detectores e fazem cortes de 1 a 4 segundos. Com maior número de detectores, de menos tempo de corte e com aumento da resolução da imagem reduz os artefatos gerados pelos movimentos respiratórios, peristálticos e batimentos cardíacos fornecendo melhores informações.

2 – PRINCÍPIOS BIOFÍSICOS

Os valores numéricos dos coeficientes de absorção dos diversos tecidos são calculados sempre em relação ao coeficiente linear da água, para o qual é atribuído o valor numérico de zero, em uma escala que pode variar de acordo com a aparelhagem usada. Entre os tecidos humanos, os ossos estariam na faixa mais alta da escala, e ar (pulmão e tubo digestivo), na faixa mais baixa. Estes valores são denominados Unidades Hounsfield ou UH (físico inglês, pioneiro da TC) ou valores de atenuação.

Como nos exames da Radiologia Convencional, a definição da imagem depende do contraste entre as diferentes densidades das estruturas, conseqüente do grau de absorção de raios-X em cada uma delas. Como o computador consegue ter mais sensibilidade na detecção da radiação, existe maior gama de tons intermediários, permitindo maiores informações que na Radiologia Convencional.

A cada valor numérico corresponde um tom de cinza, preto ou branco na composição da imagem. (Quadro 1)

Densidade na TC
Valores de atenuação
Imagem no filme

Meio de contraste
+100 a 1.000
Branca brilhante

Osso
100
Branca

Água, (partes moles)
0 a 100
Cinza médio

Gordura
-60 a –100
Cinza escuro

Ar
-120 a –1.000
Preta

Quadro 1

2.1 – DENSIDADE

A densidade é usualmente referenciada às partes moles, cujo valor é variável entre 0 a 100 UH. Fala-se, assim, de imagens hipodensas ou hiperdensas.

Imagem Hipodensa: valores de atenuação baixos, isto é, entre o ar e a água, menores ou iguais a 100 UH formam imagens do preto ao cinza escuro. Ex: ar, gordura e líquor.

Imagem Hiperdensa : valores de atenuação altos, isto é, maiores ou iguais a 100 UH, formam imagens brancas. Ex: calcificações, meio de contraste.

Imagem mista: Imagem com as duas densidades (parcialmente hipodensa e hiperdensa).

3 – IMPORTÂNCIA

A tomografia linear é útil para melhor definição de contornos e identificação de elementos no interior de uma lesão (calcificações e cavitações) não visibilizados na radiografia convencional. As indicações de procedimentos estão diretamente relacionadas com a lesão a ser observada, a escolha desta modalidade de exame deve levar em conta vários fatores. Geralmente, áreas anatômicas, como o retroperitônio e a pelve, são, na maioria dos casos, mais adequados para orientação por TC, assim como lesões pequenas situadas em áreas críticas, em situações em que seja preciso evitar alças intestinais ou estruturas vasculares. Em pacientes imunologicamente comprometidos, em indicação clínica de uma biópsia por grande agulha cortante ou quando deve ser injetado algum tipo de agente de contraste, como o contraste urográfico ou ar, a TC também é a modalidade escolhida.

3.1 – CONTRASTE

Na TC utilizamos meio de contraste endovenoso à base de Iodo, cuja densidade metálica permite não só dissociar vasos como demonstrar processos dinâmicos de funcionamento dos órgãos estudados. A injeção endovenosa de contraste iodado permite uma melhor avaliação melhorando o detalhadamento anatômico (a visualização da estruturas bem como todos os seus detalhes anatômicos).

Os contrastes iodados são macromoléculas com densidade suficiente para absorver os feixes de raios-X. Essas substâncias são excretadas pelos rins, sendo filtradas pelos glomérulos e concentrada pelos túbulos, aparecendo em grande concentração nas vias excretoras.

Quando fazemos a injeção endovenosa do meio de contraste, as lesões podem captar ou não o iodo. Baseados nesse fato podemos classificar as lesões em:

Lesão hipercaptante – lesão que capta muito o meio de contraste;
Lesão hipocaptante – lesão que capta pouco o meio de contraste;
Lesão não captante – lesão que não capta o meio de contraste;
Lesão espontaneamente densa – lesão com alta densidade sem a injeção do meio de contraste;
Lesão isodensa – lesão que capta o meio de contraste e torna-se de igual densidade às estruturas vizinhas.
3.2 – CONTRA INDICAÇÃO

A TC é contra-indicada nas seguintes situações: mulheres grávidas, pessoas obesas (acima de 150 Kg), portadores de alergia ao contraste iodado ou com insuficiência renal crônica (somente submetem a fase sem contraste), pessoas que fizeram exames contrastado recentemente utilizando substância de sulfato de bário, pessoas com distúrbios neurológicos, portadores de mal de Parkinson e outras afecções que causam movimentos involuntários, distúrbios psiquiátricos e os extremos de idade.

3.3 – COMPLICAÇÕES

As complicações gerais de procedimento da TC são limitadas à técnica inadequada, ausência de cooperação do paciente ou processos intersticiais obstrutivos ou difusos não diagnosticados no pulmão.

3.4 – ARTEFATOS METÁLICOS

São imagens que não pertencem à lesão, e que tiveram a origem a partir de corpos estranhos, como a do metal das próteses dentárias. Isso ocorre porque o metal impede a passagem dos raios-X, como na radiologia convencional. As estruturas situadas por trás do metal não são detectadas, formando imagens lineares pretas.

3.5 – ARTEFATOS DE MOVIMENTO

Em decorrência de movimentos voluntários ou não do paciente, as imagens tornam-se tremidas (sem nitidez), perdendo a definição.

3.6 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TC

A radiografia em duas incidências permite estudar topografia e contornos da lesão. Na tomografia linear os contornos são ainda mais nítidos. Já na TC podemos estudar densidades, relação com estruturas vizinhas e planos de clivagem.

3.6.1 – VANTAGENS

Obtenção de imagens em cortes, sem superposição, capacidade de detectar diferenças de densidades tissular da ordem de 0.5% ou menos, capacidade de através da análise dos valores numéricos dos coeficientes de absorção identificar os componentes dominantes das estruturas, possibilidade de processar a imagem a qualquer momento através de dados armazenados em discos magnéticos.

3.6.2 – DESVANTAGENS

“Alto custo”, utiliza radiação ionizante e meio de contraste iodado, limitação de planos de corte em equipamentos mais antigos que não fornecem boas imagens de reconstrução.

4 – CONCLUSÃO

Concluímos que a Tomografia Computadorizada é um exame que possibilita a visualização de lesões, usando feixes de raios-X que são transmitidos para o computador resultando em um material que auxilia no diagnóstico de várias doenças. Mencionado exame evoluiu tecnologicamente, passando por modernos equipamentos, o que possibilitou uma menor exposição do paciente à radiação e resultados mais efetivos.

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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