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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN

III ENCONTRO DE PRODUTIVIDADE EM PESQUISA-ENCIPRO
O TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN
Harnold’s Tyson de Sousa MENESES
Universidade Federal do Piauí

Resumo
O portador da Síndrome de Down é uma pessoa que carrega em si um problema genético, problema esse responsável por algumas características natural da síndrome, e por caráter da patologia é necessário estímulos para que suas atividades sejam executadas, e um específico acompanhamento de profissionais para que possam se tornar mais efetivos e satisfatórios os resultados obtidos em seu tratamento. A descrição da síndrome de Down e os métodos utilizados pela fisioterapia nos cuidados clínicos com esses portadores somam os objetivos deste trabalho, visto a grande relação de dependência dos portadores da síndrome de Down ao profissional Fisioterapeuta. Este trabalho está enquadrado em uma pesquisa de compilação bibliográfica, que traz em seu contexto a apresentação da síndrome de Down e as atuações da fisioterapia e os benefícios dessas ações para o portador da Síndrome de Down. O levantamento bibliográfico foi à principal base metodológica para o feito desse trabalho, pesquisas em artigos, livros e periódicos conceituados nesta área de pesquisa serviram como espelho para a conclusão do mesmo. Os resultados vistos são bem satisfatórios, onde ocorre uma melhora bem leve dos sistemas anatômicos funcionais, principalmente os motores que são gravemente afetados pela deficiência genética da síndrome de Down. As principais contribuições desse trabalho estão à importância da maior inclusão do profissional Fisioterapeuta no acompanhamento ao portador da síndrome de Down, devido aos seus grandes benefícios proporcionados, e a desmistificação de alguns mitos que a sociedade tinha a respeito do portador da síndrome de Down.

Palavras-chave: fisioterapia, tratamento, Down.

INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down é encarada por muitos como uma doença, que exige um tratamento especial no sentido de um acompanhamento específico para que o portador desenvolva suas potencialidades, tendo assim uma melhor qualidade de vida sendo esse um dos principais itens que o profissional fisioterapeuta busca aplicar nessas crianças. Conforme o exposto anteriormente a intuição, ao apresentar este artigo é contribuir com a discussão a cerca da relação entre o portador da Síndrome de Down e o Fisioterapeuta, construindo um texto para graduando e professores de Fisioterapeuta, que tem como objetivos:
1. Reconhecer a importância do Fisioterapeuta na promoção de qualidade de vida destes portadores.
2. Apresentação das características Físicas e Mentais presentes nesses portadores, bem como de patologias associadas justificando a presença de alguns profissionais, incluindo o Fisioterapeuta no atendimento especial e cuidados clínicos a esses portadores.
Como estudante, senti a necessidade de aprofundar meus conhecimentos sobre o que diz respeito à Síndrome de Down, acreditando nas melhorias que traz a fisioterapia para esses portadores. Sabendo que a fisioterapia tem uma relação muito harmoniosa, tornando-a de total importância para a vida dessas pessoas, trazendo muitos benefícios no que diz respeito ao bem estar, e uma minimização dos seus agravos de saúde.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1-A formação da equipe multidisciplinar surgiu para integrar
As crianças com SD possuem várias patologias associadas, sendo assim necessários vários cuidados clínicos, e uma relação um atendimento especial. Então se faz necessário a interação de alguns profissionais para o desenvolvimento bem como a evolução dessas crianças, proporcionando assim uma melhora na qualidade de vida, incluindo-os em seu meio sócio-psico-educacional.
Alguns profissionais estão disponíveis para um melhor acompanhamento às crianças com SD, proporcionando uma relação especial, e cuidados clínicos mais individuais, ou seja, mais centralizado para essas crianças. São alguns desses profissionais: Médicos, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Psicólogo, Fonoaudiólogo, Pedagogos e Assistentes Sociais, constituindo assim o que se chama uma equipe multidisciplinar.
A equipe multidisciplinar tem diferentes profissionais que trabalham dentro de sua especificidade de forma complementar, e que trabalham em prol de um único objetivo.

2-O portador da síndrome de Down – quem é?
No ano de 1866 o médico inglês John Langdon Down descreveu a Síndrome de Down, síndrome essa que leva o seu nome em sua homenagem, onde ele afirmava que existiam raças superiores às outras, sendo a deficiência mental características das raças inferiores, que apresentavam características físicas parecidas com os habitantes da Mongólia, sendo, portanto adjetivadas de crianças mongólicas. Essas características foram descritas pelo médico como: cabelos castanhos lisos e escassos; rosto achatado e largo; olhos posicionados em linha oblíqua e nariz pequeno. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o número de pessoas com Down, corresponde a 10% dos habitantes do planeta.
A SD pode incidir em mulheres de qualquer faixa etária, contudo há uma maior probabilidade com o avanço da idade, pois mulheres acima de 35 anos apresentam maior freqüência de erros na distribuição dos cromossomos, quando comparadas com mulheres abaixo dessa idade. (Murahovschi, 2003).
Nas mães com até 30 anos de idade, a probabilidade de ter um filho com essa Síndrome é de 1 (um) em 1000 (mil) nascidos vivos, aumentando para aproximadamente 1 (um) em 400 (quatrocentos) aos 35 anos e aproximadamente 1 (um) em 30 (trinta) após os 45 anos de idade. Sua prevalência média é estimada em 1 (um) a cada 600 (seiscentos) nascimentos, variando com a idade materna como foi visto anteriormente.
Apresenta características físicas e mentais peculiares e constantes, caracterizando assim sinais clássicos, estando presentes em todos os portadores da SD. Essas são essenciais para o diagnóstico precoce da síndrome.
“Algumas crianças apresentam um número maior ou menor de sinais sem que possa estabelecer qualquer relação entre o número de sinais e o grau de desenvolvimento que a criança alcançará”. (WERNECK, 1995) Fabíola Mariana.
Os principais aspectos característicos físicos são: braquicefalia descrita com achatamento da região occipital, face redonda com presença de fendas palpebrais (para fora e para cima) e pregas epicânicas; olhos apresentando manchas de Brushfield ao redor da margem da íris e leve estrabismo convergente, nariz pequeno e com a ponta achatada, boca e dentes pequenos, língua protusa, aparentemente grande e com presença de sulcos, orelhas pequenas e com baixa implantação, os olhos, o nariz e a boca são mais próximos que o normal. (GONZALEZ, 2002; PUESCHEL, 1993) citado por Déborah Maroja.
“O termo “síndrome” constitui uma combinação de sintomas resultantes de uma única alteração ou mais comumente em conjunto, constituindo uma figura clínica distinta”. (BOTTOMLEY, Jennifer M, 2003).
A Síndrome de Down (SD) se constitui em um fator de anomalia genética caracterizada pela presença de um cromossomo 21 adicional, ou seja, fora das normalidades do ser humano, ficando assim também conhecida como trissomia do 21, por conta dessa síndrome o indivíduo portador possui características físicas e mentais específicas, e algumas globais facilitando assim o diagnóstico da síndrome.
“Esta síndrome é considerada uma das mais freqüentes anomalias dos cromossomos autossômicos e representa a mais antiga causa de retardo mental”. (GONÇALVES, 2003) citado por Déborah Maroja.
As características mentais mais evidentes, ou seja, mais freqüentes variam desde um atraso do desenvolvimento neuropsicomotor nas crianças menores até um retardo mental em crianças maiores. A literatura aponta que o quadro de deficiência mental é grave, pois é visto que 80% das crianças têm QI baixo, entre 25 e 30. Essas alterações freqüentemente presentes nessas crianças podem se manifestar funcionalmente, podendo assim interferir na capacidade das mesmas de desempenharem de forma independente, as atividades e tarefas da rotina diária as conhecidas AVDs.

3-A importância do fisioterapeuta no tratamento de portadores com SD.

São vários os comprometimentos que possuem os portadores de SD, dentre eles ele enfocamos aqui os de caráter neurológico, e cardiopulmonares já que esses constituem os principais fatores de risco a esses portadores. Dentre os artigos analisados principalmente os de casos neurológicos foi visto a ação da Fisioterapia para auxiliar e alcançar as etapas do desenvolvimento psicomotor de forma mais adequada possível para corrigir o atraso motor, equilíbrio a marcha que possuem essas crianças, devido a problemas associados à hipotonia, pois é um estado muscular no qual a tensão muscular é mais baixa que a desejada; flacidez; e acarreta na diminuição do tônus muscular, atingindo toda a musculatura e a parte ligamentar das crianças portadoras da síndrome, contribuindo dessa forma no déficit neuropsicomotor.
Enquanto os de caráter cardiopulmonares apontam os principais distúrbios relacionados ao sistema respiratório; obstrução; das vias superiores e doenças das vias respiratórias inferiores, cardiopatias congênita, hipertensão pulmonar, hipoplasia pulmonar, apnéia obstrutiva do sono, imunodeficiência, obesidade relativa e hipotonia.
Várias são as alternativas que a Fisioterapia utiliza para obter um melhor resultado na aprimoração do desenvolvimento neuropsicomotor em portadores dessa síndrome, e um desses mecanismos utilizados é a equoterapia, que corresponde uma forma de tratamento não medicamentoso, onde se é utilizado o cavalo um animal de grande porte, passando assim para essas crianças uma maior segurança e autonomia, respondendo de uma forma mais notória no que diz respeito ao desenvolvimento neuropsicomotor, auto-estima, força muscular, equilíbrio, coordenação motora e marcha.
A equoterapia é bastante utilizada como forma de desenvolvimento da criança com SD, de forma lúdica, juntamente com o cavalo e em seu próprio ambiente natural. A equoterapia além de promover resultados satisfatórios no que diz respeito à marcha, equilíbrio, noção espacial, coordenação motora, postura, é importante destacar também sua participação nos repertórios comportamentais tais como: uma alavanca para a linguagem permite um maior estado de atenção e concentração, e das ações de atitudes independentes, exemplo disso é: da lateralidade e da auto-estima. Sendo visto que nas análises dos artigos o equilíbrio, postura e marcha está relacionada ao ajuste tônico pelo simples sentar sobre o cavalo.
Foi visto também a melhora da coordenação motora, pela atenção exercida ao longo dos passeios sobre o animal, pelo comando adquirido para guiar o animal, ou seja, ter ele em seu domínio e dos exercícios para membros inferiores e superiores, com os trabalhos executados de simplesmente levantar-se e sentar-se na sela do cavalo.
Como já falado anteriormente uma das maiores complicações apresentados pelos portadores de SD está relacionado ao desenvolvimento psicomotor, deficiência essa gerada por uma hipotonia generalizada, presente desde o nascimento.
Como existe essa deficiência psicomotora o trabalho do Fisioterapeuta visa trabalhar:
1. O equilíbrio – a coordenação de movimentos;
2. A orientação espacial;
3. O ritmo dos movimentos;
4. Os hábitos posturais;
5. Os exercícios respiratórios.
Trabalhos esse que minimizam os problemas de saúde desses portadores, e promovem um bem-estar nos mesmos.
Bem como a equoterapia, a estimulação precoce é aplicada em crianças com SD tendo como principal finalidade de potencializar o desenvolvimento sensório-motor. O papel do Fisioterapeuta como componente da equipe da estimulação precoce é indispensável no trabalho de crianças com deficiência mental, como no caso da SD a fim de direcionar a facilitação das atividades motoras.
É importante destacar que a estimulação precoce não tem o objetivo de acelerar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança com SD a ponto de igualá-lo com ao de uma criança comum, nem de explorar dessas crianças limites além do que elas são capazes, mas sim servir de apoio para se chegar as etapas desses desenvolvimentos da forma mais adequada possível.
Parker et al comparam dois indivíduos, portadores de SD, porém, um deles recebeu intervenção terapêutica precoce e o outro não. O paciente estimulado precocemente andou com 1,5 anos de idade, já o paciente não estimulado começou a andar com quatro anos de idade. Então, é visto que mesmo que de forma mais lenta, a criança com SD pode atingir padrões de movimentos maduros quando estimulada.
Fidle (2005) lembra que Bronfenbrenner foi um dos primeiros a debater que uma intervenção precoce é muito mais efetiva se a família for um influente ativo na prática do tratamento. Estudos de estimulação que incluíram envolvimento dos pais indicaram um resultado mais positivo no desenvolvimento da criança com SD, enquanto estudos de intervenção que não envolvem pais foram menos eficazes.
A estimulação precoce é utilizada não só para o desenvolvimento motor estar aplicada também diretamente no que diz ao desenvolvimento global da SD. Isso se dá porque a estimulação precoce fundamenta-se nos estágios do desenvolvimento psicomotor normal (DPMN), tendo por objetivo final equilibrar o atraso no desenvolvimento global, ou minimizar, reduzir os já existentes, fazendo assim aproximar o desenvolvimento normal a valores, resultados mais significativos, buscando uma melhora na qualidade de vida.
Foi observado que a estimulação bem executada pode estabelecer o desenvolvimento da criança portadora, minimizando suas dificuldades e promovam a possibilidade de melhores respostas.
O método Neuroevolutivo de Bobath é um dos mais apropriados para o tratamento das crianças com SD por estar compatível com os objetivos do trabalho realizado em crianças. Foi visto também que o trabalho de correção postural é realizado em crianças através de métodos ortopédicos e reeducação postural global, como Isostretching e RPG.
Sabendo das dificuldades biomecânicas dos portadores de Síndrome de Down, e de suas complicações respiratórias vem sendo implantado no programa de tratamento desses pacientes, o Pilates, que se constituem de uma série de exercícios físicos que visa o alongamento e a reeducação dos movimentos, promovendo assim um aumento da flexibilidade, aumento da força muscular, exercícios esses que melhoram a ação respiratória, sendo o sistema respiratório um dos principais afetados pelos agravos presente nessas pessoas portadoras dessa síndrome, e possui também resultados na correção da postura e diminuição de atraso motores, já que os exercícios executados permitem ajustes corporais, controle dos equilíbrios estáticos e dinâmicos, além da melhoria da coordenação motora ampla e fina.
De acordo com a Fisioterapeuta Sylvia Borboni, o ideal é que o trabalho seja realizado com atendimento individual ao paciente considerado. ”Mesmo que existam mais pacientes em uma sala, atenção à pessoa com SD deve ser reforçada para que haja suporte ao equilíbrio”.

METODOLOGIA

Foi feita uma busca bibliográfica em artigos, livros e outros periódicos no período de junho de 2009 a junho de 2010, e que tem como assunto abordado, a relação da fisioterapia e o portador da síndrome de Down bem como suas características e os frutos desta relação que por sinal é bastante harmoniosa.
Então foi feita toda uma análise dos estudos destes trabalhos, e de uma forma global foram reunidos em um único trabalho dando destaque aos principais benefícios da fisioterapia para o portador da síndrome de Down.

CONCLUSÃO

Com o embasamento na revisão realizada desses artigos, foram observadas as barreiras que possuem as crianças com SD, e que as formas de tratamento utilizadas nessas crianças, somada com a inclusão familiar melhoram em vários pontos a vida desses portadores, amenizando suas principais dificuldades, como foi visto na estimulação precoce, onde o sistema de plasticidade neural é visto uma melhora, um desenvolvimento, tornando-o de total importância para o desenvolvimento global dessas crianças.
A prática dos pais quanto à questão de alguns dos exercícios usados na terapia dessas crianças, podem servir de aprendizado para assim ser aplicado no dia-a-dia dessas crianças, fazendo assim repetições de uma forma independente, dos exercícios designados. Esta forma assistencial as crianças, de executar os movimentos motores voluntários e automáticos, servem estimular os mecanismos de plasticidade do SNC, ou seja, capacidade do sistema nervoso central para se adaptar estrutural ou funcionalmente à resposta às demandas ambientais, e contribuir para o aprendizado daquela função específica.
De acordo com Bruna Marturelli Mattos, os profissionais da área de saúde possuem importante participação no sentido de informar e prestar esclarecimentos a essas famílias, bem como estimular o vínculo com a criança. Sendo assim, a forma de atendimento a essa crianças tem que ser feita de uma forma prioritária e mais humanizada, usando de afeto, carinho obtendo assim um feedback, uma resposta mais positiva para o desenvolvimento de crianças com SD.
O envolvimento a inserção familiar é de suma importância para o desenvolvimento de crianças portadoras de SD, mas para isso os pais têm que só auxiliar ensinar seus filhos a executar suas funções diárias e não fazê-la por ela.
Então, a estimulação precoce é indispensável para o desenvolvimento global da criança portadora de SD, melhorando os processos de reabilitação e aprendizagem motora destas crianças.
Como foi descrito ao longo do artigo, a fisioterapia usa de alguns mecanismos para ser implantado no tratamento da criança com Down, sendo seus principais efeitos no desenvolvimento neuropsicomotor. Atividades que expressem resultados satisfatórios vistos na Equoterapia e Pilates, onde incindem suas influências provocando melhoras principalmente no que diz respeito à força muscular, postura, marcha, coordenação motora e equilíbrio. Sendo a equoterapia a principal responsável por essa melhora, pela a grande interação da criança e o cavalo facilitando assim no tratamento.
Segundo Winnicott, citado por Danielki (2006) o cavalo é um objeto facilitador de novas experiências, possibilitando a formação de vínculos afetivos. Então assim a Fisioterapia possui um arsenal, um leque de opções que irá resultar em vários benefícios a esses portadores, melhoras essas essenciais desde uma simples mudança comportamental a uma complexa e longa etapa do desenvolvimento motor. E como se tratando de uma condição genética, dando assim uma característica irreversível tornando assim todas as ações restritas a uma margem, ou seja, a um limite, com base nisso a Fisioterapia vem a somar para contribuir para um melhor bem-estar da criança com SD, e facilitar e reduzir seus limites, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida, auto-estima e até uma melhor interação social.

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