TESTORI et al.31 (1999) compararam oíndice de sucesso de duas técnicas de cirurgiaapical: a convencional realizada com instrumentos rotatóriose a realizada com ultra-som. Foi realizado um estudo longitudinalem 302 ápices (181 dentes) que foram submetidos a cirurgiaparendodôntica. Os resultados das cirurgias foram analisadosusando radiografias periapicais padronizadas. Cada achadoradiográfico foi classificado em quatro grupos: curacompleta, cura incompleta, cura incerta ou resultadoinsatisfatório (insucesso). A cura completa após 4,6anos foi observada em 68% dos dentes tratados com o uso datécnica convencional e em 85% daqueles tratados com o uso datécnica de ultra-som.
Von Arx & Kurt32 (1999) avaliaram oresultado de cirurgias parendodônticas usando um novoconjunto de pontas para preparo de cavidades apicais. Foramarrolados para este estudo 43 pacientes que apresentavam patologiaperirradicular após tratamento endodôntico decinquenta dentes. Após apicectomia, foram realizadospreparos cavitários apicais com uso de pontas diamantadas empeça de mão sônica. Os dentes foramretrobturados com cimento EBA. A avaliação de curafoi baseada em critérios clínicos eradiográficos. Após um ano de acompanhamento, 82% doscasos cirúrgicos reexaminados apresentaram cura. Dos dentestratados, 14% foram considerados como melhorados (cura parcial) e4% foram considerados como fracasso. Os autores concluíramque as novas pontas foram consideradas como ideais para o preparode cavidades apicais, por simplificarem o acesso cirúrgicoaos ápices, onde a área de trabalho élimitada.
LIN et al.20 (1999) realizaram um estudo noqual avaliaram a presença de deformações etrincas em retropreparos ultra-sônicos e convencionais porbrocas. 20 pré-molares monorradiculares humanos recentementeextraídos foram utilizados no estudo. Todas as raízesapresentando fraturas, trincas, ou ápice incompleto foramdescartadas. Para padronizar o tamanho e forma dos canaisradiculares, cada dente foi radiografado em direçãovestíbulo-lingual e proximal sendo utilizados somente osdentes que possuíam canais anatomicamente parecidos. Todosos dentes foram estocados a 4 °C em solução deágua destilada contendo 0.2% de timol para inibir ocrescimento microbiano. A porção coronária decada amostra foi embutida em anel de alumínio usando resinaortodôntica. Para imobilizar e prevenir o deslocamentovertical durante os retropreparos, o anel contendo oespécime foi montado em base de pedra. As amostras usadas noestudo possuíam formas e dimensões parecidas para osdois grupos: cada espécime foi fotografado em aumento de 10xpor lupa estereoscópica antes e após aspreparações. Depois os 3 mm finais da raiz foramcortados, e dois tipos diferentes de retropreparos foramrealizados. Como padronização dos retropreparos,todos os procedimentos foram realizados pelo mesmo operador. Ooperador utilizou pressão mínima e intermitente. Osretropreparos foram feitos com profundidade de 3 mm. O grupo A foicomposto por retropreparos feitos com micromotores convencionais embaixa velocidade com broca n° 008 sob irrigaçãode solução de NaCl a 0.9%, simulando reaiscondições de cirurgia periapical. O grupo B foicomposto por cavidades feitas por retropontas CT-5 em baixapotência com refrigeração de água. Asraízes foram armazenadas em azul de metileno e examinadas emlupa sob aumento de x10. Com a ajuda de processador de imagem eanalise de sistema, as imagens pré-operatórias epós-operatórias foram armazenadas para posterioresavaliações. Os resultados demonstraram que ainstrumentação ultra-sônica produziutensão significativamente maior em média do que ospreparos feitos com micromotor. Do ponto de vista da fraturaqualquer técnica que produza menor tensão na raizdiminui a probabilidade de fratura da mesma; porém, nenhumatrinca foi observada nas superfícies radiculares.
MORGAN et al.25 (1999) avaliaram trincas emretropreparos realizados com retropontas ultra-sônicasdiamantadas bem como a porção cavo superficial daspreparações. A primeira parte do estudo utilizou 40dentes humanos extraídos que foram estocados emsolução de 0.2% de thymol. As raízesfraturadas foram descartadas. Após os dentes terem sidoselecionados eles foram colocados individualmente em frascoscontendo 0.004% de azul de metileno. O azul de metileno delimita astrincas na dentina e melhora a visibilidade da mesma ao examemicroscópico. 2 a 3 mm apicais das raízes foramcortados por brocas em alta velocidade com spray contínuo deágua. Somente um operador realizou asressecções e os retropreparos. As raízes foramretropreparadas por ultra-som P-5 em potência 7 comrefrigeração contínua de spray de água.Os canais primeiramente foram preparados quanto a profundidade de 3mm por retroponta CT-5 de aço. Os istmos, quando existentes,também foram preparados em profundidade de 3 mm porretropontas de aço CT-5. Para completar os preparos foramrefinados por retropontas diamantadas S12/90°D. Apóspreparados os dentes retornaram aos frascos contendosolução de azul de metileno. Os preparos foramavaliados quanto a trincas no canal, trincasintra-dentinárias e fraturas completas apósressecção radicular, preparações cominstrumentos CT-5, e preparação final com instrumentodiamantado S12/90°. Toda raiz que aparentou apresentar trincasapós ressecção foi substituída poroutro dente que não evidenciava trincas. Uma lupaestereoscópica com aumento de 10x comiluminação por fibra ótica foi utilizado pordois diferentes examinadores. O tempo de observaçãofoi limitado em 2 min. A segunda parte do estudo consistiu do usodo MEV para avaliação das diferençasmorfológicas nos canais preparados por retropontas CT-5 esubseqüentemente por retroponta diamantada. Apóspreparação com instrumento CT-5, as impressõesdos retropreparos foram tiradas por material de polivinilsiloxano.Depois de realizadas as preparações com instrumentosultra-sônicos diamantados, as impressões foram tiradascomo descrito anteriormente. Foram feitas réplicas comresina a partir das impressões. As réplicas foramanalisadas e fotografadas em MEV com aumento de 60x e 350x paracomparar as diferenças na topografia dacavo-superfície, margem e ao longo das paredes dos canaisdas preparações. Os resultados revelaram que o uso deinstrumentos diamantados não resultou significativamente emtrincas na preparação e que os mesmos podem removertrincas produzidas pelo primeiro instrumento utilizado. O uso doinstrumento diamantado resultou em mais raspas e debris nacavo-superfície dos preparos podendo afetar o selamentoapical.
MORGAN & MARSHALL24 (1999) realizaram estudo invivo para avaliar a ocorrência de trincas em ápicesradiculares após apicectomias e após preparos apicaiscom ultra-som em pacientes que se submeteram à cirurgiaendodôntica. Foram realizadas cirurgias endodônticas em25 raízes de vinte pacientes. Foram feitas moldagens, invivo, com vinil polisiloxano após a secçãoapical e após os preparos ultra-sônicos, que foramfundidas em resina epóxi. As réplicas dosápices radiculares foram examinadas em microscopiaeletrônica de varredura. Não houve evidência detrincas após a amputação radicular. Houveevidência de uma trinca após o preparo apical.
ZUOLO et al.35 (1999) compararam os efeitosdas pontas de ultra-som lisas e diamantadas nas superfíciesexterna e interna de preparos apicais com auxílio demicroscopia eletrônica de varredura. Foram selecionadasquarenta e quatro raízes mesiais de molares mandibulareshumanos. Os canais foram limpos, instrumentados e obturados comguta-percha e cimento. Os ápices foram seccionados emângulo de 45º, expondo os dois canais mesiais e aárea de istmo. As raízes foram divididas em doisgrupos de acordo com o tipo de preparo: a) grupo A – preparosrealizados com pontas lisas; b) grupo B – preparos realizadoscom pontas diamantadas.Os espécimes foram preparados paramicroscopia eletrônica de varredura. Asobservações da superfície externa dos preparosmostraram que as pontas lisas e diamantadas resultaram em cavidadesbem centradas, envolvendo ambos canais e a área de istmo comdesvio mínimo e sem perfurações. Quando assuperfícies internas dos preparos foram avaliadas, ficouevidente que o uso da ponta lisa resultou em paredes limpas doscanais com poucos debris superficiais e smear layer. Assuperfícies internas dos canais realizadas com as pontasdiamantadas eram irregulares, apresentando sulcos, em contraste comas superfícies mais uniformes, regulares e lisas obtidasquando as pontas ultra-sônicas lisas foram utilizadas.
GRAY et al.14 (2000) realizaram um estudocomparativo da freqüência de trincas e lascas em doisgrupos, cadáveres e dentes extraídos. 45 dentesanteriores monorradiculares e pré-molares extraídos,armazenados em formalina a 10%, tiveram suas coroas removidas najunção cemento-esmalte por broca n° 1958 em altarotação com irrigação de água.Os 3 mm apicais da raiz foram amputados perpendicularmente ao longoeixo do dente por broca fissurada n° 57 em altarotação. Cada raiz foi instrumentada comirrigação de água até a lima n° 40.Cada região cortada foi esfregada com soluçãode azul de metileno a 1%, enxaguada e inspecionada quanto a trincascom aumento de 3.25x e 16x. Os dentes que exibiram trincas foramdescartados. Três grupos de 15 dentes tiveram seus preparoscompletados por brocas n° 33 ½ em altarotação, retropontas CT-2 em baixa intensidade, ouretroponta CT-2 em alta intensidade. No grupo dos cadáveres,as coroas de 30 dentes monorradiculares anteriores epré-molares foram removidos na junçãocemento-esmalte como realizado no grupo anterior. O retalhomucoperiósteo foi elevado. O acesso apical foialcançado com broca n° 8 em alta velocidade comirrigação de água. As ressecçõesapicais, instrumentação do canal, eavaliação de formação de trincas foramrealizadas como no grupo dos dentes extraídos. Trêsgrupos de dez dentes foram retropreparados por trêsmétodos como descrito anteriormente. Todos os retropreparosforam reproduzidos usando material de impressãopolivinilsiloxano e resina epóxi. As réplicas foramfotografadas em aumento de 30x por MEV. As fotografias foramindependentemente avaliadas quanto a trincas ou lascas portrês diferentes examinadores. Estatisticamente nãohouve diferenças significantes entre todos os grupos no quediz respeito a trincas nos retropreparos. No grupo dos dentesextraídos, a instrumentação rotatóriaproduziu menos lascas do que a técnica ultra-sônica. Avariação de potência não foisignificante. Não houve diferenças significantesentre as instrumentações no grupo doscadáveres no que se refere às lascas.
RAINWATER et al.27 (2000) realizaram umestudo comparando a incidência de microfraturas einfiltração por corante em preparos apicaisrealizados com pontas ultra-sônicas convencionais lisas,pontas ultra-sônicas diamantadas e brocas de açoinoxidável em alta rotação. Cento e vinteincisivos foram instrumentados, obturados e tiveram seusápices cortados em 3mm de altura com brocas de fissura emalta rotação. Foram utilizados três grupos devinte dentes para avaliação das microfraturas, antese depois do preparo apical com as pontas ultra-sônicasconvencional, diamantada e a broca em alta rotação.Após a secção apical, os dentes foram imersosem tinta Pelikan por 48 h, lavados e fotografados emestereomicroscópio com câmera Polaroid Land em aumentode vinte vezes. Três tipos de microfraturas foram observados:intracanal, extracanal e comunicante. Foi observado que, das cincofraturas ocorridas após a secção apical (antesdo preparo apical), quatro foram do tipo extracanal ou intracanal.Após o preparo apical, os dentes foram novamente imersos emtinta Pelikan por 48hs e fotografados. Ocorreram 41 novasmicrofraturas, dentre as quais 19 foram do tipo comunicante.Não houve diferença significativa entre os preparoscom pontas ultra-sônica convencional ou diamantada ou broca,com relação ao número e tipo de fraturas. Ossessenta dentes remanescentes foram preparados da seguinte forma:25 com pontas ultra-sônicas diamantadas, 25 com pontasultra-sônicas convencionais, dez com brocas de aço,usados como controle. Cinco dentes (controle positivo) nãoforam obturados e cinco (controle negativo) foram obturados eimpermeabilizados completamente com duas camadas de esmalte. Todosos outros dentes foram impermeabilizados com duas camadas deesmalte, exceto na área do ápice seccionado. Todos osdentes preparados com pontas ultra-sônicas foram obturadoscom Super-EBA. A penetração pelo corante foi avaliadaapós 5 dias de imersão em tinta Pelikan. Nãohouve diferença significativa na penetraçãopelo corante entre os preparos com pontas ultra-sônicas.
WAPLINGTON et al.34 (2000) promoveram umestudo no intuito de avaliar a capacidade de ação decorte da dentina em preparações apicais realizadaspor retropontas CT-4 e SJ-4. Ambas as pontas foram utilizadas namesma unidade ultra-sônica. A calibração doaparelho de ultra-som foi executada em mínima, médiae máximas freqüências. O plano dasuperfície dentinária foi preparado pelo polimento dasuperfície de um dente molar por rotaçãoabrasiva. Esta superfície foi instrumentada pelasretropontas citadas por 1 minuto em três diferentesfreqüências e cortes uniformes com comprimentos de 2 mm.Todos os preparos foram executados pelo mesmo operador semirrigação de água. Os debrisdentinários resultantes da instrumentaçãoforam coletados por discos adesivos de carbono para seremanalisados em MEV. Também foi realizadasinstrumentação com brocas de aço em baixarotação. A coleta dos debris foi realizada como ditoanteriormente para analise comparativa em MEV. Os espécimesinstrumentados foram secionados perpendicularmente aos sulcos deinstrumentação e as profundidades foram medidas emmicroscópio (30x). Durante a instrumentaçãohouve fratura da ponta SJ-4 na freqüência média.Os resultados indicaram que o poder de corte dos instrumentosultra-sônicos está relacionado com afreqüência em que são empregados. Asformações de lascas na dentina sãofundamentalmente diferentes das produzidas por instrumentosrotatórios.
PETERS et al.26 (2001) compararam preparosapicais realizados com retropontas diamantadas (RD) e retropontasde aço (RA). Um total de 48 retropreparos foi realizado emcanais mésio-linguais e palatinos de 12 molares superioresextraídos e em canais mesiais e distais de 12 molaresinferiores que foram estocados em 0.1% de timol. Osespécimes foram selecionados de um grupo de dentesextraídos, com canais previamente instrumentados e obturadospela técnica de condensação lateral dagutta-percha com cimento AH Plus por estudantespós-graduados. Os dentes foram fixados de maneira que osápices pudessem ser cortados e os retropreparos pudessem serconfeccionados de forma parecida às condiçõesclínicas. 3 mm dos ápices foram cortados em bisel de0° por brocas diamantadas com rotação de 10.000r.p.m., por micromotor de alta rotação, sobirrigação constante. Impressões foram tiradasdas raízes cortadas e foram feitas réplicas comresina transparente. As réplicas foram examinadas em MEVquanto a trincas dentinárias em aumento de 20x e 400x. Os 48retropreparos foram confeccionados por ultra-som nafreqüência média sob irrigaçãoconstante de água, com profundidade de 3 mm cada, sobvisão de lupa estereoscópica com aumento de 10x e15x. Uma de duas cavidades apicais de cada raiz cortada foipreparada por RD. O segundo canal foi preparado por RA tipo CT-2. Otempo de preparação de ambos foi registrado.Réplicas foram feitas e analisadas em MEV como descritoanteriormente. A incidência e extensão de trincasdentinárias dos retropreparos foram registradas. Trincasvisíveis em aumento de 20x e 30x foram registradasseparadamente das visíveis somente em aumento de 300x oumais, sendo denominadas de micro trincas. A presença deranhuras, arranhões, perfurações e trincascontínuas foi registrada. Fotomicrografias digitais dasraízes cortadas e dos retropreparos foram tiradas em MEV emaumentos de 20x a 400x, por analise de imagens em software. Asfotomicrografias foram analisadas por um único examinadorquanto aos seguintes critérios: presença de microtrincas, espessura dentinária e área desecção transversal das raízes cortadas,presença de perfurações, presença dearranhões ou ranhuras (qualidade da superfície). Osresultados demonstraram que a melhor qualidade de superfíciefoi produzida pelas RD, em menor tempo do que as RA e com menorquantidade de trincas. RD removeram mais dentina do que as RA edevem então ser usadas com cuidado para que nãoocorram perfurações.
3- PROPOSIÇÃO
O objetivo principal deste trabalho foi procederà revista da literatura sobre o quanto o uso das pontasultra-sônicas na confecção dos retropreparosapicais influenciam na qualidade das retrobturaçõesquanto aos seguintes aspectos:
1) Geometria e limpeza dos retropreparos
2) Morfologia das paredes dos retropreparos
3) Selamento marginal
4- DISCUSSÃO
4.1- Geometria e limpeza dos retropreparos
WAPPLINGTON et al.33 (1997) afirma que atécnica de preparo por ultra-som apresenta vantagens queincluem um menor acesso cirúrgico, já que por seremmais delicadas permitem melhor visualização dacavidade cirúrgica, incluindo o acesso por trás daporção radicular amputada e produz um preparo apicalmais conservador e mais rápido. ENGEL &STEIMAN7 (1995), SUMI et al.30 (1996),MEHLALFF et al.22 (1997), CARR6 (1997), e LINet al.19 (1998) também concordam que os preparosrealizados por pontas ultra-sônicas são maisconservadores e apresentam menor risco de perfuraçãodo que os preparos convencionais. Porém FRAGA etal.9 (1997) defendem que os melhores preparos sãorealizados de modo convencional. VON ARX & KURT32(1999) afirmam que a nova geração de instrumentosultra-sônicos, denominados de retrotips, tem simplificado apreparação de cavidades retroapicais seguindo comfacilidade o longo eixo do canal radicular. KELLERT etal.16 (1994) citam ainda que as pontasultra-sônicas desenhadas especificamente para penetrar noforame apical com diversos tamanhos e angulaçõessão mais eficientes do que os instrumentosrotatórios, tornando os retropreparos conservadores emrelação ao diâmetro, mais profundos, maislimpos e que desta forma propiciam um selamento mais efetivo.
Nota-se também a superioridade da qualidade doretropreparo com pontas ultra-sônicas sobre os preparos combrocas nos trabalhos de FRANK et al.10 (1996), MIN etal.23 (1997), MEHLHALFF et al.22 (1997),WAPLINGTON et al.33 (1997), onde sempre éressaltada a facilidade da obtenção dasretrocavidades mais uniformes, nas medidas de trêsmilímetros de profundidade e aproximadamente doismilímetros em seu maior diâmetro, sem o risco deperfurações laterais no terço radicularapical. GAGLIANI et al.11 (1998) ressalta que esteretropreparo, independente do ângulo deressecção apical, deve atingir a profundidade detrês milímetros ou mais, seguindo o longo eixo dodente, para assegurar um selamento efetivo.
ENGEL & STEIMAN 7 (1995) avaliando otamanho e o tempo gasto para o retropreparo, concluem que o uso depontas ultra-sônicas produz cavidades mais conservadoras, commenor tempo de execução, fornecendo vantagens nopreparo de raízes com istmos muito profundos, reduzindo aspossibilidades de ocorrerem perfurações laterais, oque é corroborado por CARR 6 (1997), que enfatizaa previsibilidade do retropreparo com pontas ultra-sônicasseguir o longo eixo do dente e sua extrema capacidade conservadorano sentido mésio-distal.
SUMI et al.30 (1996) concluíramatravés de estudos clínicos e radiográficos decirurgias perirradiculares realizadas em 86 pacientes que o pequenotamanho das pontas ultra-sônicas produzem preparos bemdefinidos, conservadores e com 3 mm de profundidade, além denecessitar de menor ângulo de ressecção daraiz.
Quanto a superfície interna dos retropreparosZUOLO et al.35 (1999), MORGAN et al.25 (1999)e BRENT et al.5 (1999) comparando os efeitos produzidospor pontas lisas e diamantadas, concluem que as lisas produzemsuperfície mais uniforme e regular, com poucos debrissuperficiais e menor quantidade de smear layer, o que tambémfoi encontrado nos resultados de BRAMANTE et al.4(1998). Em estudo comparativo entre retropreparos com brocas epontas ultra-sônicas GUTMAN et al.15, (1994),concluíram que os retropreparos executados com pontasultra-sônicas permitiram uma maior remoção dasmear layer do que os retropreparos com brocas, o que propiciariaum melhor selamento marginal.
ENGEL & STEIMAN 7 (1995) e GORMAN etal.13 (1995) concordam que a técnicaultra-sônica combinada à técnica convencionalproduz menos debris do que a técnica convencionalsomente.
4.2- Morfologia das paredes dosretropreparos
SAUNDERS et al.28 (1994), ABEDI etal.1 (1995), FRANK et al.10 (1996), MIN etal.23 (1997), FRAGA et al.9 (1997) realizaramestudos em dentes humanos extraídos comparando preparosfeitos com pontas ultra-sônicas e feitos de formaconvencional. Concluíram que os preparos realizados porultra-som apresentaram mais trincas do que os preparos feitos deforma convencional. LIN et al.20 (1999) em seus estudos,embora não tenham encontrado nenhuma trinca nassuperfícies radiculares preparadas, observaram que as pontasultra-sônicas causam mais tensão nassuperfícies radiculares do que os preparos convencionais,aumentando a probabilidade de formação de trincas.MORGAN & MARSHALL24 (1999) que realizaram suaspesquisas em pacientes submetidos à cirurgiaparendodôntica, comparando raízes ressectadas comretropreparos ultra-sônicos, evidenciaram a presençade somente uma trinca que ocorreu no último grupocitado.
Todos os autores FRANK et al.10 (1996),LAYTON et al.18 (1996) e KRISTEN et al.17(1997) que avaliaram a presença de trincas em retropreparosultra-sônicos realizados em diferentesfreqüências, em raízes de dentes humanosextraídos, foram unânimes em afirmar que, a altafreqüência do ultra-som produz mais trincas emrelação às freqüênciasmédias e baixas. Porém, GRAY et al.14(2000) que realizaram suas pesquisas em cadáveres humanos edentes extraídos, não encontrou diferençassignificantes na variação de freqüênciasno que diz respeito à presença de trincas nosretropreparos.
MORGAN et al.25 (1999), RAINWATER etal.27 (2000), PETERS et al.26 (2001)realizaram seus estudos in vitro comparando retropreparos feitoscom pontas diamantadas com retropreparos feitos com pontas deaço. MORGAN et al.25 (1999) e PETERS etal.26 (2001) concluíram que as pontas diamantadasproduzem menos trincas em relação aos instrumentos deaço.
RAINWATER et al.27 (2000) nãoencontraram diferenças significativas entre ambos.
Independente da técnica do retropreparoutilizada, estas trincas podem estar presentes no dente antes daexodontia ou desde a fase inicial do manuseio, ondevariáveis como método de exodontia, corte apical,estocagem, ambiente de vácuo na execução dosmétodos de avaliação epreparação das amostras podem contribuir para seuaparecimento. Seria necessário avaliar a passagem de umaetapa para outra, para verificar em que fase estas trincasocorrem.
4.3- Selamento Marginal
A ressecção apical executada em 90ºsegue uma recomendação para preparo retroapical compontas ultra-sônicas vista nos trabalhos de FRANK etal.10 (1996), WAPLINGTON et al.33 (1997), MINet al.23 (1997), BRAMANTE et al.4 (1998), LINet al.19 (1998), que enfatizam a facilidade deste tipode preparo, que não exige grandes áreas deápice exposto para que a retrobturação possaser executada. GAGLIANI et al.11, (1998) mostraram quehouve menos infiltração, tanto na dentina quanto nainterface parede dentinária e material retrobturador nogrupo que recebeu o corte apical a 90º, o que foi corroboradopor FIDGOR et al.8 (1994) ressaltando ainda que aprofundidade ideal para obturação retrógradadeve ser de 1.0, 2.1, e 2,5 mm para 0°, 30° e 45°.Entretanto LLOYD et al.21 (1997) concluíram que oângulo do bisel da apicectomia não influência nainfiltração. O resultado do trabalho de GILHEANY etal.12 (1994) que avaliou a infiltração emretrocavidades executadas em três diferentes ângulos deressecção apical (90, 45 e 30 graus) tambémchega a conclusão que menor infiltraçãoocorreu no grupo que recebeu ressecção apical em90º. SAUNDERS et al.28 (1994) avaliaram ainfiltração em cavidades preparadas de modoconvencional e por pontas ultra-sônicas em raízesressectadas a 45° demonstrando que não houvediferenças significativas entre os grupos, mas houve aumentoda infiltração após 7 meses. Nos parece quequanto maior a área obtida após aressecção, o que ocorre nos cortes diferentes de90º, maior a área de dentina e de canalículosexpostos, bem como a superfície da interfacedentina-material retrobturador, aumentando assim a possibilidade demaior penetração pelo corante.
5. CONCLUSÕES
As pontas ultra-sônicas realizam retropreparosgeometricamente melhores do que os realizados de formaconvencional, visto que a angulação das pontasultra-sônicas permite que os preparos sejam maiscentralizados, com paredes paralelas entre si, profundidadeadequada e menor quantidade de debris.
Morfologicamente os preparos ultra-sônicos seapresentam inferiores aos preparos convencionais, pois os mesmosapresentam mais trincas e irregularidades nas paredes.
Por possuírem pequeno tamanho eangulações diversas, as pontas ultra-sônicasconfeccionam preparos em ângulo de 900, com menorquantidade de debris e profundidade adequada, aumentando oselamento marginal.
6. SUMMARY
The proposal of this work was to accomplish a review ofthe literature about it how much the use of the ultrasonic tips inthe confection of root-end preparation influence in the quality ofretrofilling. The geometry and cleaning of root-end preparation,morphology of the walls and marginal sealing were the analyzedaspects. By the searched material, we verify be great the number ofauthors who detach a series of advantages of the use of theultrasonic tips about the conventional burs in root-endpreparation. The research showed that most authors considers thatultrasonic root-end preparation when compared to conventionalroot-end preparation, they are superior regarding the geometry,cleaning and marginal sealing and inferior regarding the morphologyof the walls.
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